sábado, 17 de abril de 2021

SL Benfica | As novas dinâmicas de uma águia revitalizada


"O SL Benfica tem respirado ar puro e nos últimos sete jogos conquistou outras tantas vitórias – entre jogos da Primeira Liga e da Taça de Portugal. De facto, não parece a mesma equipa dos primeiros cinco meses da época.
Mas o que mudou neste SL Benfica? Além do óbvio problema com as infeções pela Covid-19, que atingiu maior parte dos jogadores, staff e equipa técnica dos “encarnados”, as próprias dinâmicas da equipa sofreram bastantes alterações.
O maior tempo de treino, a maior coesão e conhecimento entre os elementos da equipa e a implementação das dinâmicas de Jorge Jesus no plantel fizeram com que o SL Benfica começasse a ganhar os jogos e a sofrer poucos (ou nenhuns) golos. Para uma perceção mais simples e eficaz, vou dividir as dinâmicas em quatro setores: baliza, defesa, meio-campo e ataque.

A Baliza
Uma das grandes alterações em toda a equipa e que motivou maior cobertura mediática foi, sem dúvida, a troca de guarda-redes. O até então crónico titular na baliza encarnada, Odysseas Vlachodimos, foi afastado do onze titular e deu lugar a Helton Leite. O ex-Boavista FC, de 30 anos, tem uma estatura física e uma experiência que Vlachodimos não tem e Jorge Jesus teve isso em conta.
Além disto, Helton Leite joga praticamente como um guarda-redes líbero, ou seja, deixa a baliza para trás e joga no limite da grande área para ajudar na construção de jogo. O “à vontade” em jogar com os pés deu-lhe bastantes pontos e foi um dos principais pontos na escolha do técnico português.
A verdade é que Helton Leite não sofre golos para a Primeira Liga há 680 minutos – cerca de sete jogos e meio. Com este registo, o guardião entra para uma lista restrita de guarda-redes que conseguiram manter a baliza “a zeros” durante tanto tempo ao serviço das “águias”, sendo que entre eles se encontram Manuel Bento, Robert Enke, Ederson Moraes e Silvino Louro.

A Defesa
O setor que mais alterações sofreu nas últimas semanas. Além da chegada de Lucas Veríssimo proveniente do Santos FC, Diogo Gonçalves foi ganhando espaço a titular até se afirmar definitivamente como o lateral direito da equipa.
Com a chegada do central brasileiro, muito se falou se Jorge Jesus iria atuar com um sistema de três defesas ou se iria optar por deixar um dos jogadores no banco de suplentes – entre Nicolás Otamendi, Lucas Veríssimo e Jan Vertonghen. A verdade é que a lesão do internacional belga facilitou, em parte, a decisão de Jorge Jesus, que jogou até à partida com o FC Paços de Ferreira com quatro jogadores na defesa.
Com o regresso à melhor forma física do ex-Tottenham HFC (nesta última jornada), o técnico português optou por fazer regressar o sistema de três centrais com que tinha defrontado o Arsenal FC, na Liga Europa.
A outra alteração deu-se no lado direito da defesa. Seja com dois ou três centrais, Diogo Gonçalves dá uma amplitude ofensiva que Gilberto não dá de perto nem de longe e com a excelente temporada que o sub-21 português realizou ao serviço do FC Famalicão na época passada – fazia praticamente todo o corredor direito da equipa – mereceu a confiança de Jorge Jesus e foi ganhando espaço.
Se elogiamos Helton Leite por não sofrer golos há 680 minutos, o mérito também deve ser dado ao resto da equipa, claro, mas em especial à defesa que, seja numa linha a quatro ou a cinco, tem dado uma confiança que até há uma semanas não se via na Luz

O Meio-Campo
Ainda que tenha sofrido ligeiras alterações, o meio-campo é o setor menos mexido por Jorge Jesus. Em 4x4x2 ou em 3x4x3 – como foi usado no jogo em Paços de Ferreira – o SL Benfica mantém duas peças fulcrais: Julian Weigl e Adel Taarabt. São estes jogadores que dão o equilíbrio ofensivo e defensivo da equipa.
O médio alemão cresceu bastante esta época e ajuda na construção junto dos defesas. Isto permite aos alas – Diogo Gonçalves e Grimaldo – subirem no terreno e darem a largura pedida. Ainda que já tenha sido acompanhado por Gabriel, Pizzi ou Taarabt, é com o marroquino que Weigl se sente bem e confortável no “miolo”.
Se por um lado o alemão pauta o jogo, levanta a cabeça e inicia a construção, Taarabt é exatamente o oposto. O marroquino é uma autêntica locomotiva dentro das quatro linhas e isso já lhe deu várias críticas dada a sua “explosão excessiva” quando a bola lhe chega aos pés.
Ao longo das últimas épocas, o jogador tem vindo a mostrar uma impulsividade e irresponsabilidade na tomada de decisões, mas as últimas semanas têm vindo a provar o contrário e é um dos “favoritos” de Jorge Jesus naquela posição.
Com Pizzi remetido para o lado direito do meio-campo e Gabriel fora das contas há alguns jogos, esta é a dupla que dá as dinâmicas essenciais para o SL Benfica encontrar o equilíbrio entre a defesa e o ataque.

O Ataque
O ataque tem sido umas das principais melhorias em toda a equipa e se os golos sofridos são nota de destaque, os golos marcados também merecem ser falados. Nos últimos sete jogos, a equipa marcou 17 golos e a principal figura é Haris Seferovic, que marcou nada mais nada menos do que seis golos e uma assistência em quatro jogos durante o mês de março – este registo deu-lhe o prémio de ‘Avançado do Mês’. Além disto, este mês deu um impulso incrível para igualar o registo de Pedro Gonçalves, do Sporting CP, na lista de melhores marcadores da Primeira Liga, com 16 golos.
O companheiro do suíço na frente de ataque tem vindo a ser Rafa e Luca Waldschimdt. Na última jornada frente ao FC Paços de Ferreira, Jorge Jesus optou por atuar em 3x4x3 com Rafa a extremo direito e Waldschmidt do lado esquerdo no apoio ao avançado suíço. A verdade é que a equipa marcou cinco golos, sendo que dois foram de Seferovic e um do internacional português.
A melhoria nos três homens da frente tem sido bem evidente e a colocação de Waldschmidt na esquerda tem dificultado a vida a Everton, que tarda em afirmar o valor dado na sua transferência e as exibições que os adeptos viram no Brasil."

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