quarta-feira, 14 de abril de 2021

Darwin | A emoção de quem sente o peso da camisola


"Darwin Nuñez foi apresentado no SL Benfica a 4 de setembro de 2020. O avançado, de apenas 21 anos, custou à equipa encarnada 24 milhões de euros e tornou-se a contratação mais cara da história do clube – e do futebol português. Na cerimónia de apresentação, Rui Costa afirmou que o uruguaio, ex-jogador do UD Almería, era um reforço de peso e que será um dos grandes avançados da década, no futebol mundial.
Darwin prometeu dar o melhor de si, marcar golos e ajudar a equipa o máximo que conseguisse. Com estas declarações, e com uma cláusula de rescisão no valor de 150 milhões de euros, é impossível não sentir uma responsabilidade acrescida. Apesar do jogador ter assegurado que estes dados monetários não eram um peso, a verdade é que nunca deixam de o ser. Com este peso e responsabilidade vem também outro sentimento – a emoção. E de facto, Darwin e os sentimentos fortes parecem andar de mãos dadas.
Tudo começou nesse dia 4 de setembro. Depois de ter recebido a camisola do clube com o número nove, número que enverga, das mãos de Rui Costa, o jogador beijou o símbolo do clube e mostrou estar emocionado. Mas a história não ficava por aqui.
O uruguaio foi aposta de Jorge Jesus logo na primeira jornada da Liga NOS, frente ao FC Famalicão, fez as assistências para o primeiro e quinto golos da partida, mas não marcou nenhum golo. Mais jogos se passavam e os golos teimavam em não aparecer. Até que esse jejum terminou. Ao minuto 42 do jogo frente ao KKS Lech Poznań, a contar para a fase de grupos da UEFA Europa League, um cabeceamento fulgurante do jogador permitiu que as “águias” se adiantassem no marcador. Escusado será dizer que o uruguaio não conseguiu esconder a raiva que sentia até ao momento, por não conseguir faturar ao serviço da equipa.
A partir desse momento a tempestade parecia ter chegado ao fim, e o jogo frente ao Rangers FC demonstrou que Darwin sabia qual era o verdadeiro peso de vestir o Manto Sagrado. O jogador entrou aos 60 minutos e alterou o rumo do jogo. A equipa lisboeta perdia por 3-1, mas o jovem avançado decidiu que esse não era o resultado justo. Aos 77 minutos assistiu Rafa e aos 91′ marcou o golo do empate. Mais uma contribuição fulcral que permitiu que a equipa continuasse na competição. 
Competições europeias à parte, na Primeira Liga o panorama não é o mais desejado pelo jogador. Até ao momento, tem cinco golos marcados e sete assistências, em 22 jogos, sendo que foi titular em 18 e suplente utilizado em quatro. Psicológico afetado, falta de confiança e exibições que ficavam aquém do esperado, a questão do peso da camisola parecia assombrar o jogador, visto que já não marcava desde fevereiro. No entanto, é importante referir que foi um dos muitos jogadores afetados pela COVID-19 e, a juntar a isso, sofreu uma lesão em março que, segundo Jorge Jesus, ainda o “incomoda um pouco em alguns movimentos de velocidade e travagem”.
Como se costuma dizer “depois da tempestade vem a bonança”. No último jogo, frente ao FC Paços de Ferreira o jejum foi novamente quebrado. Seferovic assistiu o “menino” do SL Benfica, que fez o 5-0 aos 89 minutos de jogo. E se no início se podia falar de emoção, agora este tema ganhou ainda mais destaque. Nos festejos, Darwin não conteve a emoção e, abraçado pelos colegas de equipa, desfez-se em lágrimas.
No final do jogo, o treinador elogiou-o e confessou que a qualidade que o avançado outrora tinha demonstrado em campo vai voltar. E assim esperam os adeptos. Não só pelo investimento que SL Benfica fez para o contratar, mas também porque pode ser uma peça fundamental para ajudar a equipa na reta final da Primeira Liga. Exibições menos positivas à parte, o mais importante a reter é que só quem passa por situações como estas é que sabe e sente o verdadeiro peso de vestir esta camisola. Darwin não é exceção."

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