"É o que somos, nós, os benfiquistas, mas temos de nos juntar pelas causas que acreditamos justas e pelo sonho de continuar a erguer a imensa obra desportiva que nos trouxe até aos dias de hoje a partir de uma simples ideia e de um punhado de homens com visão.
Há um objecto no Museu Benfica que sempre me impressionou: uma réplica evocativa da primeira bola de cauchu do Clube. Em primeiro lugar, pelo facto de ser uma simples evocação e não o objecto original, mas por isso mesmo ainda mais simbólica. É que da primeira nem os ossos sobraram, de tão esfarrapada que ficou, gasta pelos pés famintos de golo das primeiras 'papoilas saltitantes'. Em segundo lugar, e acima de tudo, porque essa bola em segunda mão foi o sonho dos nossos fundadores, que tiveram de rapar as parcas algibeiras numa altura de crises económicas e convulsões políticas que fazem corar as mais negras dificuldades que enfrentamos nos dias de hoje. Nasceu daí um dos maiores clubes de sempre, com uma história e uma dimensão inigualáveis, no entanto, nenhum desses homens o sonhou para isso ou imaginou ser possível a maior aventura do desporto português nascer desse simples juntar de mãos e rateio de algibeiras. Mas foi assim, sem tirar nem pôr, que aconteceu.
Hoje o Benfica vai muito para lá do futebol, a tantas e tantas e tantas modalidades, a áreas vanguardistas como a sport science ou novos modelos de gestão, a práticas ambientais e modelos de sustentabilidade avançados, à televisão, à intervenção exemplar no património ou mesmo à responsabilidade social, sendo uma vez mais pioneiro com a mais importante e interventiva fundação do desporto nacional, ombreando na sua obra social com os maiores da Europa e do Mundo.
Esta é uma história extraordinária e exemplar de como todos unidos em torno de um sonho comum podemos atingir tudo, mas também de como todos, unidos a contribuir para uma obra social, podemos ajudar a humanidade, os países que falam português e os mais vulneráveis e desfavorecidos deste Portugal, que sonha justiça mas a quem pesam ainda as desigualdades, a pobreza e os problemas estruturais herdados do passado.
Por isso, hoje que o mundo nos desafia novamente, olhemos para estas lições da história benfiquista e, de mãos dadas e sonhos unidos, enfrentemos solidariamente mais esta grande crise. Nem que seja pelo acto simples de consignar 0.5% do IRS de cada um, porque, com os milhões que somos, o que não poderemos fazer?"
Jorge Miranda, in O Benfica
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