quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

«Só vou para um clube que dê garantia de contar com os árbitros.» - José Maria Pedroto


"FC Porto - Juventus é um dos jogos dos oitavos de final da Liga dos Campeões, mas este não é apenas mais um jogo. É um encontro entre dois clubes intrinsecamente desleais e que têm no seu historial sérios problemas em cumprir a Lei.
A Juventus esteve envolvida no processo Calcio Caos por manipulação de resultados na época 2004/05. Juventus, Milan, Lazio e Florentina foram alguns dos clubes envolvidos. A Justiça italiana foi implacável. O Milan começou a época seguinte com -8 pontos, a Fiotentina com -19 e a Lazio com -11. Já a Juventus, foi condenada à descida de divisão, com a agravante de começar com -17 pontos. Adicionalmente, vários dirigentes foram condenados, com destaque para Luciano Moggi (diretor-geral da Juventus). Foi suspenso por cinco anos, tendo sido mais tarde banido do futebol.
Relativamente ao FC Porto, temos o famigerado e saudoso Apito Dourado. Escândalo que surgiu em 2004, albergando factos de cerca de três décadas, e que implicava vários clubes, dirigentes e árbitros, em alegados casos de corrupção e/ou tentativa de coação, tráfico de influência, agressão a dirigentes desportivos, etc. Vários clubes estiveram implicados, sendo o FC Porto o clube de maior dimensão. 
Durante a investigação, em escutas realizadas na época 2003/04, Pinto da Costa foi apanhado a tentar corromper um árbitro, oferecendo-lhe "fruta", código decifrado, segundo os especialistas, para prostitutas. Esse mesmo árbitro, de nome Jacinto Paixão, viria a confessar essas tentativas de corrupção. Noutra ocasião, na mesma época, Pinto da Costa recebe, imagine-se, a visita do árbitro Augusto Duarte em sua casa. A justificação de Pinto da Costa? Foi Augusto Duarte a ir pedir-lhe conselhos matrimoniais.
Poderíamos continuar a elencar situações idênticas, como a rábula da fuga para Vigo após aviso da PJ, mas avancemos.
Numa primeira fase, o FC Porto foi condenado pelo Comité Disciplinar da LFP à perda de 6 pontos e ao pagamento de 150 mil euros. Sublinhe-se que o FC Porto, na altura, acatou a sentença, aceitou-a perante a UEFA, e deu-se como culpado. O comunicado na imagem anexa não mente. Honorabilidade à parte, a decisão do FC Porto compreende-se. Tinham ganho o campeonato anterior por mais de 6 pontos, e sabiam que o Boavista, também implicado por casos idênticos, havia sido condenado a pena bem mais pesada: descida da divisão.
Mais tarde, tendo o processo sido arrastado e alvo de voltas e mais voltas, a condenação ao FC Porto foi revertida, tendo como base da decisão questões processuais relativas à legalidade da obtenção dessas provas. Ou seja, não interessou o conteúdo, mas sim a forma como o mesmo foi obtido. Mas houve algo que permaneceu: a admissão de culpa do FC Porto, e o conteúdo das escutas. Algo que recomendamos ouvir, sobretudo àqueles que sofrem de surdez súbita quando o assunto não lhes é conveniente.
O que se conclui é que, devido a questões processuais, o FC Porto passou praticamente incólume ao caso, com todas as evidências que estão disponíveis para todos consultarem. Uma Justiça a duas vozes, que não hesitou em "matar" o Boavista para salvar o FC Porto.
Terminamos com uma citação de Santiago Segurola, à data diretor adjunto do jornal “A Marca”: «Há clubes que fazem tudo para vencer, para se auto proclamarem vencedores, e que transgridem as regras de forma obscena. Uma das coisas mais surpreendentes de tudo isto é a repetição nos nomes das equipas. São quase sempre as mesmas: Juventus, FC Porto…».
Este artigo não se trata de reciclagem de palavras, trata-se, sim, de um lembrete de factos. Muitas das personagens envolvidas no Apito Dourado continuam no ativo e, apesar das palavras de Luís Filipe Vieira («o Apito Dourado nunca mais volta»), as evidências estão à vista de todos. Volvidos 17 anos, continuam presentes as mesmas práticas de coação, pressão, violência e jogos de influência, com a agravante de o fazerem sem qualquer pudor. Se antes o tentavam fazer discretamente, hoje não o escondem.
Em relação ao anterior artigo sobre as fugas de informação do clube, nunca foi nossa intenção colocar em causa a competência profissional da pessoa em questão e muito menos colocar em risco a sua segurança pessoal. Fizemo-lo, apenas e só, com intenção de divulgar o que nos chegou de forma anónima, como centenas de outras denúncias que recebemos e tentamos cruzar e filtrar diariamente, de maneira a verificar a sua legitimidade e veracidade. O que se seguiu foi de baixo nível, pois foi-nos transmitido que essa pessoa sofreu ameaças pessoais por parte de terceiros, às quais somos completamente alheios. Decidimos, por isso, retirar de imediato o artigo da nossa página de forma a proteger a integridade familiar da pessoa em questão. Se há algo que repudiamos, é esse tipo de ações e provocações e, sem rodeios, endereçamos o nosso sincero pedido de desculpas ao Prof. Márcio.
Esta equipa luta, dia após dia, precisamente contra este tipo de comportamentos e, tudo o que fazemos, é com a intenção de ajudar a tornar o desporto em Portugal transparente e mais justo, mitigando os habituais casos nocivos que persistem em assolar este país.
Se somos quem somos e fazemos o que fazemos, é porque todos acreditamos defender a verdade e a justiça e, não menos importante, os supremos interesses do Sport Lisboa e Benfica."

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