terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A primeira é por nossa conta!


"Espalhados pelo país, os voleibolistas do Benfica foram às suas custas a Ílhavo para vencer a Taça de Portugal de 1965/66

Em Agosto de 1966 era inaugurada a Ponte sobre o Tejo, em Lisboa. Mais a norte, a Federação Portuguesa de Voleibol, decidira que a fase final da 2.ª edição da prova-rainha da modalidade se iria disputar no Pavilhão Desportivo de Ílhavo.
Para aí chegar, o Benfica enfrentara duas eliminatórias difíceis, perante as históricas equipas do Técnico (V 3-0), e do Internacional (V 3-0). Esperava-o, agora uma meia-final espinhosa!
Toda a comitiva se deslocou motu proprio, indo de Lisboa até Aveiro nos seus próprios automóveis, inclusive o treinador.
Alguns dos atletas encontravam-se de férias, como Vítor Carvalho, que estava no Algarve, deslocando-se até Ílhavo para depois voltar ao Sul. Artur Monteiro, o capitão, e José Magalhães estanciavam-se na Caparica com as suas famílias, as quais deixaram para rumar à ria aveirense.
Aí se reuniram as equipas de voleibol do SC Espinho, do CDUP, do Lisboa Ginásio e do Benfica, a única que não tinha uma conquista nacional e que sofria constantes insinuações face 'ao amadorismo dos nossos atletas'. No entanto, a equipa tinha estado 'presente em todas as provas' do país, numa época que fora considerada 'de ascendente técnico-físico do conjunto'.
Na meia-final, defrontou o SC Espinho, grande referência do voleibol português e detentor da prova-rainha, que tivera, na época anterior, a sua primeira edição.
'Perante assistência numerosa e interessada', as equipas desempenharam um 'extraordinário jogo de voleibol', que foi encarado como 'verdadeira final da Taça de Portugal' por ambas as equipas. Foi 'a melhor exibição da época', tanto do Espinho como do Benfica, que derrotou o adversário por 15-4 no último set, depois de dois difíceis sets de 15-13 e 15-10.
Na final, em 14 de Agosto, o Benfica venceu o seu primeiro troféu a nível nacional frente a um Lisboa Ginásio sem os seus principais atacantes, por 3-1. Na viagem de regresso, o treinador Nuno de Barros ofereceu uma festa regada de espumante 'no Pedro', hoje centenário restaurante da Mealhada.
A deslocação da equipa por sua própria conta deu à taça um valor e 'extraordinário brilho', representando a 'muita dedicação e espírito de sacrifício', espelho de percurso do voleibol benfiquista desde o seu começo em 1939.
Num tempo 'em que um grosseiro materialismo parece querer corroer (...) o Desporto', foi salutar o comportamento disciplinar da secção, que 'foi por demais realçado a apreciado'.
Conheça esta e outras conquistas do voleibol benfiquista na área 3 - Orgulho Eclético no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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