quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Até sempre, Mortimore


"Esta manhã fomos surpreendidos pela triste notícia do falecimento de John Mortimore, aos 86 anos, nosso treinador ao longo de cinco temporadas, distribuídas por duas passagens no Clube, com vários títulos conquistados e um legado de amizade e respeito mútuos.
Depois de se ter notabilizado como jogador ao serviço do Chelsea entre 1956 e 1965, onde chegou a capitanear a equipa, retirou-se aos 31 anos após uma época em que representou o Queen's Park Rangers. Abraçou a carreira de treinador e chegou ao Benfica em 1976 pela mão de Borges Coutinho. 
O começo titubeante no Campeonato gerou alguma desconfiança (à 5.ª jornada, seis pontos de atraso para o líder – a vitória valia dois pontos), afinal o Benfica era o bicampeão nacional em título e ganhara 13 dos 17 Campeonatos anteriores.
Aparentemente imperturbável, Mortimore promoveu várias alterações no onze-base da equipa, com destaque para os "miúdos" Chalana (ainda júnior), José Luís, Eurico e Pietra, além dos também muito utilizados Alberto e Romeu, partindo então o Benfica para mais um tricampeonato, fruto de 25 partidas consecutivas sem conhecer a derrota (22 vitórias e três empates), com o título a ser garantido na antepenúltima jornada.
Na época seguinte, envolta em polémica, Mortimore não conseguiu revalidar o título, apesar de o Benfica ter terminado o Campeonato invicto pela segunda vez na sua história e de ter obtido a mesma pontuação do campeão. Apesar da vantagem no confronto direto, vigorava a diferença de golos como primeiro critério de desempate. O insucesso em 1978/79 ditou a sua saída do Clube.
Regressou em 1985, contratado por Fernando Martins, com a equipa ainda órfã das saídas, um ano antes, de Eriksson e Chalana. No Campeonato, o título fugiu perto do final da prova, mas a época ficou marcada pela conquista da Taça de Portugal e pela goleada infligida ao Sporting, por 5-0, nos quartos de final da competição.
No ano seguinte, tudo pareceu desmoronar quando, em Alvalade, perto do ocaso da primeira volta, sofremos uma derrota pesada, por 7-1. Mais uma vez, Mortimore pareceu imune ao contexto adverso e liderou a equipa para mais um triunfo no Campeonato Nacional, ao qual juntou a sempre apetecida Taça de Portugal, redimindo-se da goleada sofrida em Alvalade sagrando-se campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal em partidas frente ao Sporting.
Nas cinco temporadas em que serviu o Benfica, venceu dois Campeonatos, duas Taças de Portugal, uma Supertaça e três Taças de Honra. Nos anos subsequentes, fez sempre questão de vincar a admiração e respeito sentidos pelo Clube que lhe proporcionou os anos de maior sucesso na sua carreira de treinador.
Em 2012, durante o intervalo do embate dos quartos de final da Liga dos Campeões entre Benfica e Chelsea em Stamford Bridge, Mortimore deu uma volta ao relvado e foi saudado efusivamente pelos adeptos dos dois clubes. Merecido!
Obrigado, Mortimore, até sempre!

P.S.: Hoje celebramos o 12.º aniversário da Fundação Benfica, cuja ação social muito enobrece o Sport Lisboa e Benfica. Parabéns!"

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