quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

E mais uma vez Liège sob o voo da águia real...


"Primeira deslocação do Benfica à Bélgica foi a convite do Royal Liège, hoje nos campeonatos amadores. 8 de Setembro de 1961, vitória por 1-0. Golo de Eusébio, que ainda não era completamente imprescindível.

Na semana em que o Benfica foi a Liège, defrontar o Standard para a Liga Europa, se procurarmos nos arquivos descobrimos que foi precisamente Liège a primeira cidade belga que o Benfica visitou ao longo da sua centenária história. No dia 8 de Setembro de 1961, uma semana antes de ir a Montevideu disputar a Taça Intercontinental, frente ao Peñarol, o convite chegou por parte do Royal Football Club de Liège, o primeiro campeão da historia do campeonato belga, clube fundado em 1892, para um encontro particular. Nesse tempo, toda a gente queria ver jogar o campeão da Europa, ainda por cima reforçado com a presença de um jovem que chegara há pouco de Lourenço Marques que se chamava Eusébio da Silva Ferreira. O Benfica arregaçou as mangas e tratou de ganhar o jogo, ainda que apenas por 1-0.

Golo de Eusébio
Eusébio não foi titular. A linha avançada foi composta, inicialmente por José Augusto, Santana, José Águas, Coluna e Cavém. Na segunda parte, Béla Guttmann trocou José Augusto por Eusébio. Santana foi encostar-se à direita. Era necessário deixar à Pantera Negra espaço central para fazer a diferença nos pontapés formidáveis que desferia de que distância fosse.
'Não fico aborrecido por não jogar de início, acreditam', disse Eusébio no fim. 'O facto de entrar só quando sou necessário permite-me ter tempo para observar, de fora, os adversários, entendendo as suas fraquezas. Depois vou-me habituando a marcar os meus golos'.
Delhasse, o guarda-redes do Liège, tinha também algo a dizer: 'Para já, preciso de agradecer aos meus companheiros de defesa, que impediram a temível linha avançada do Benfica de criar mais lances de perigo, não me obrigando a defesas muito complicadas. Quanto ao golo, fui atraiçoado pela forma como a bola chutada por Eusébio, com muita força, bateu no relvado à minha frente, impedindo-me de defender. Talvez pudesse ter feito melhor se esse desvio não se desse. Mas é preciso reconhecer que a equipa portuguesa é fortissima'.
Era fortíssima e foi-o mais uma vez.

A feijões, mas...
Mesmo que o encontro fosse, como se costuma dizer, a feijões, os portugueses levaram-no a sério.
A pouco e pouco, como um torno que aperta o ferro de uma defesa dura e inamovível, o ataque encarnado ia impedindo os belgas de respirarem. Coluna ganhava bolas atrás de bolas, Santana distinguia-se pelos movimentos bem gizados e executados com precisão, José Águas deixava os centrais Brare e Defraigne de cabelos em pé, ao contrário dele próprio, sempre tão impecavelmente penteado.
Eusébio ia sendo Eusébio: lançava-se em golpes repentistas e desferia os seus pontapés fumegantes.
Foi a vitória da calma sobre a sofreguidão; da organização sobre o ímpeto; da classe sobre a força.
Não se pense, no entanto, que foi uma daquelas vitórias de uma perna às costas. O keeper encarnado, Costa Pereira, teve de trabalhar e muito nesse final de tarde em Liège. Um punhado de defesas vistosas fez dele uma das figuras da partida. Respeitosos, os adeptos belgas aplaudiram-no sonoramente quando impediu  lances protagonizados por Kilola, Caraballo e Letawafe de se transformarem em golos.
À sua frente, Neto, Saraiva e Cruz estavam intratáveis.
O Benfica de Guttmann era uma máquina colectiva poderosa e não permitia a adversários que não se aproximassem do seu nível sonharem com vitórias improváveis. Fazia o seu trabalho com a regularidade de um relógio. A visita a Liège apresentou ao público belga um campeão europeu na sua inteira plenitude. Não eram precisos esforços suplementares, os benfiquistas não necessitaram de ir buscar energias ao fundo da alma. Limitaram-se a ser eles próprios e a não facilitarem a vida ao opositor. No fim, ninguém saiu do Campo de Rocourt com dúvidas sobre a justiça da vitória dos portugueses. O Royal Football Club de Liège, que hoje está tristemente afundado nos campeonatos amadores, pôde receber os aplausos dos seus adeptos de cabeça erguida e peito composto de quem cumpriu a sua missão. Ficaria, muitos anos depois, mundialmente famoso por ser o clube contra o qual Mark Bosman abriu aquela guerra que mudou para sempre a face do futebol do universo. E ficaria para a história como a primeira equipa belga a receber em sua casa aquele grupo inquieto de globetrotters que formaram o Benfica que viajou por toda a superfície da Terra, de Sydney a Lima, de Tóquio ou de Bagdade a Tegucigalpa. Com passagem por Liège. Nesta semana, mais uma vez..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Homenagem a Firmino Bernardino


"Mais do que uma festa, uma cruzada a favor do ciclismo

Em meados dos anos 70, o ciclismo nacional vivia momentos conturbados. A modalidade exigia anualmente elevados investimentos financeiros, aos quais a maioria das colectividades não conseguia fazer face. A nova realidade económica do pós-25 de Abril ditou o abandono do ciclismo profissional por parte dos grandes clubes. O amadorismo era agora a nova palavra de ordem. O alvoroço foi grande entre os ciclistas, uns emigraram, outros abandonaram o desporto, enquanto outros continuaram a rolar pelas estradas. Foi nessa condição que Firmino Bernardino conquistou a Volta a Portugal de 1976 para o clube 'encarnado'.
Para comemorar o feito e homenagear Firmino Bernardino e a restante equipa, no dia 28 de Novembro a secção de ciclismo do Benfica realizou um grande festival no Estádio da Luz. O evento foi um verdadeiro êxito e teve grande impacto quer no ciclismo 'encarnado' quer no ciclismo nacional.
Foi grande a afluência de público e de participantes que, pelas 10 horas, enchiam o recinto para ver as provas infantis. O entusiasmo e expectativa era enorme e, por entre os aplausos do público, os miúdos aceleravam as suas máquinas em busca da glória. O Sporting da Damaia destacou-se como o grande vencedor nos vários escalões.
Às 11 horas foi a vez de se disputar no Pavilhão da Luz um torneio quadrangular de futebol em que participaram as equipas do Benfica, Lousa Pinheiro de Loures e Costa do Sol. O evento despertou a maior curiosidade, visto que as equipas eram compostas por ciclistas. A sorte acabou por sorrir ao Benfica, que venceu o torneio.
Com 'a barriga a dar horas', os ciclistas e a grande massa de adeptos rumaram ao restaurante do Estádio da Luz, para um almoço de confraternização no qual estiveram presentes mais de 500 pessoas, com as receitas a reverterem inteiramente para a secção de ciclismo dos 'encarnados'. No final do repasto assistiu-se a uma bonita homenagem a diversos ciclistas do Clube, vencedores de várias provas ao longo da época.
Seguiu-se um programa de variedades que durou mais de cinco horas, abrilhantando por nomes como Tristão da Silva, Manuel Almeida, Jorge Fontes, Maria Dilar ou Helena Santos, que com o popular tema 'Marcha do Benfica' levou a sala ao delírio.
Apesar da festa memorável e das garantias dadas por Borges Coutinho de que a actividade do ciclismo iria continuar, em Dezembro de 1978 aconteceu a inevitável suspensão da modalidade no Clube, seguindo-se uma 'longa travessia no deserto'.
Saiba mais sobre esta e outras histórias do ciclismo na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."

Ricardo Ferreira, in O Benfica

Jean-Clair Todibo | Uma incógnita por desvendar


"Jean-Clair Todibo chegou ao SL Benfica já em cima fecho do mercado de transferências de verão. O central francês apresentou-se ao trabalho e sofreu uma lesão na primeira semana de treinos. Esta lesão e as sequelas subsequentes fizeram com que o jogador estivesse afastado das opções por um longo período de tempo.
A verdade é que neste momento o nome do jogador já não consta no boletim clínico, mas ainda assim Todibo não foi convocado uma única vez. A que se deveu este afastamento absoluto do jogador? 
Segundo Jorge Jesus, o jogador não tem nem condição física nem capacidade tática para jogar na equipa encarnada. O treinador natural da Amadora parece não contar mesmo com o jogador, que, inclusive, já tem guia de marcha. Aliás, só não regressará ao FC Barcelona porque o clube blaugrana não aceitou o fim do empréstimo.
É verdade que Todibo já não jogava desde maio, fazendo com que a sua condição física provavelmente não fosse a melhor. No entanto, o mesmo se passou com Otamendi, mas com uma diferença: o argentino foi imediatamente titular após chegar.
Depois de uma exibição de estreia desastrosa, Jorge Jesus afirmou que Otamendi não estava na melhor condição física e que ainda não estava taticamente enquadrado com a equipa.
Pergunto: qual é a diferença entre Otamendi e Todibo? Muito simples. Um (Otamendi) veio a pedido de Jorge Jesus e o outro (Todibo) não. Vemos diariamente a confiança e insistência do treinador das águias nos jogadores que foram seus pedidos expressos.
Utilizar repetidamente Gilberto em detrimento de Diogo Gonçalves, mesmo com as limitações que o brasileiro tem apresentado, demonstra o quão importante é este requisito para Jorge Jesus.
A posição de defesa central é outro exemplo evidente. Otamendi tem estado a um nível absolutamente penoso. Verthonghen não tem convencido totalmente. Jardel continua a ser muito inconsistente e sofre, repetidamente, dos habituais problemas físicos. Ainda assim, não houve um desejo de preparar física e taticamente Todibo ou mesmo de utilizar Ferro (totalmente encostado, sem grande justificação). 
Continuo a achar que Todibo é um central com muita qualidade e um potencial enorme, mas não sendo opção surge outra pergunta: se já era evidente que não teria oportunidades, qual é o sentido de pagar a taxa de empréstimo do jogador?
Talvez a chegada do francês fosse para testar um esquema de três centrais, mas a lesão de André Almeida veio estragar o plano. Talvez fosse necessário outro central, mas então porque é que Todibo e Ferro têm 18 minutos combinados (todos de Ferro)?
Como sempre, as decisões parecem ser tomadas ao sabor do vento. Não existe qualquer tipo e planeamento a médio/longo prazo. Em janeiro virá certamente outro central para a equipa da Luz.
Há coisas que não se percebem."

Associação Corrupta !!!


"A candidata anticorrupção que recebeu o apoio do líder do clube condenado por corrupção.
Tudo isto seria surpreendente, não fosse absolutamente expectável.
Já todos percebemos – seja por chantagem, ambição política e/ou outros interesses – que @AnaMartinsGomes é um dos peões da estratégia do ataque mediático ao SL Benfica. Estratégia essa que teve como base o crime de roubo e divulgação de correspondência privada, que a própria assume como uma luta sua, e uma campanha de desinformação, suspeição e manipulação, em alinhamento com outros avençados do FC Porto, por forma a lesar a reputação e bom nome do Sport Lisboa e Benfica.
Ana Gomes tem se dedicado a comentar de forma injuriosa toda a atualidade relacionada com o SL Benfica, sendo esse um fascínio e uma obsessão que seria tolerável, não fosse persecutório e contrária à sua abstinência para comentar os mesmos assuntos relacionados com outros clubes. Basta verificar a forma como catalogou a transferência de um dos maiores prodígios de sempre do futebol português (João Félix) e se remeteu ao silêncio pelos milhões de um jogador (Fábio Silva) que nada provou.
A teia, ligações e motivações da candidata são por demais evidentes e este apoio é apenas a sua oficialização.
A luta contra a corrupção de Ana Gomes continua. Sem se desviar um milímetro."

Apurados para a Final Four


"A nossa equipa, verificado o empate a uma bola no tempo regulamentar, venceu o Vitória de Guimarães no desempate por pontapés da marca de grande penalidade e obteve o apuramento para a final four da Allianz Cup.
Tratou-se de uma partida difícil em que nos vimos em desvantagem, por volta dos 15 minutos, contra a corrente do jogo. Após o golo sofrido, os comandados de Jorge Jesus reforçaram a toada atacante, persistindo em manobras ofensivas e só raramente foram importunados pelos atacantes contrários. A insistência deu um fruto, finalmente e depois de várias ocasiões claras de golo desperdiçadas, no 83.º minuto, mantendo-se o empate até ao apito final. Nos "penáltis", vencemos por 4-1.
A haver um vencedor no tempo regulamentar, só poderia ter sido o Benfica, dada a evidente superioridade demonstrada ao longo do jogo. O Vitória de Guimarães, muito bem organizado defensivamente, demonstrou porque só sofreu sete golos nas nove jornadas da Liga NOS já disputadas.
Pizzi, o autor do golo benfiquista, teve uma noite recheada de simbolismo. Ao entrar na partida no início da segunda parte, atingiu a impressionante marca de 300 jogos de águia ao peito em competições oficiais. Foi o trigésimo a consegui-lo, algo que é ainda mais significativo por estar "apenas" na sua sétima temporada ao serviço do clube. E, com o golo marcado ao Vitória de Guimarães, elevou a contagem pessoal, no Benfica, para 86 golos em competições oficiais, passando a ser o 25.º melhor de sempre do Clube neste ranking.
Eliminado o Vitória de Guimarães e selado o apuramento para as meias-finais da Taça da Liga pela 11.ª vez em 14 edições da prova, a nossa equipa já se prepara para o próximo embate, que será no domingo, dia 20, em Barcelos, frente ao Gil Vicente a contar para a Liga NOS.
Mais uma vez escasseará o tempo para preparar o jogo seguinte, mas este é o cenário desejado por todos os benfiquistas e almejado pelo nosso plantel, pois significa que continua a competir em todas as frentes.
De Todos Um, o Benfica!"

Nos últimos jogos, (...) tem visto Waldschmidt encostado num canto a tirar pétalas de uma flor enquanto contém as lágrimas


"Helton
Devia ter trocado de camisola com o Noah no final do jogo. Às páginas tantas confundi-o com o Vlachodimos, mas nem o grego joga tão mal com os pés.

João Ferreira
Porque é que nos continuam a fazer isto? João Ferreira tem tantas condições para ser o futuro lateral direito do Benfica como eu tenho para ser campeão de cliff diving, na medida em que ele sabe calçar umas chuteiras e acertar num objeto esférico, e eu sei nadar.

Jardel
Uma perda de bola à meia hora de jogo quase provocou o 0-2 e fez com que desligasse a televisão. Às vezes penso se teria sido melhor assim.

Vertonghen
Deve estar a chegar a qualquer momento para marcar o Estupiñán. Tirando essa desatenção num lance decisivo, esteve sóbrio. A realização gosta de o filmar após lances mais perigosos. A cara dele parece sempre igual à minha. Estamos ambos a tentar perceber como é que viemos aqui parar.

Nuno Tavares
Não é para todos. É preciso um gosto educado e uma certa forma de ver e sentir o mundo para apreciar este jogador. Se tivesse que identificar um termo de comparação, diria que Nuno Tavares é uma versão futebolística de BDSM. Há quem retire prazer do sadomasoquismo, apesar de a maioria de nós não compreender exactamente como nem porquê.

Weigl
Caviar e lentilhas, Jorge Jesus e a língua portuguesa, leitão da bairrada e sumol, pizza e ananás, queijo de Nisa e alcatrão, sexo tântrico e transportes públicos, Weigl e Taarabt.

Taarabt
Ninguém sabe lidar com Taarabt. Se formos um adversário, o mais provável é levarmos um estalo. Se formos um colega de equipa, o mais provável é acabarmos a correr desalmadamente por causa dele. Se formos adeptos, as suas acções em campo provocam reacções algures entre o entusiasmo e uma taquicardia.

Rafa
Sortudo. Infelizmente nem todos podemos ser substituídos aos 65 minutos. Alguns de nós tiveram que ficar até ao final.

Everton
Jorge Jesus avisou na véspera que os adversários podiam defender com seis que não havia problema. Das duas uma: ou Jorge Jesus está a brincar connosco ou então não tem visto os jogos que Everton e companhia têm feito.

Waldschimidt
A prova de que coisas não estão bem é quando até os alemães jogam mal. Mandaria a nacionalidade de Waldschmidt que este fosse frio, racional e metódico à frente da baliza ou nas suas imediações. As suas últimas aparições em campo parecem o contrário: vamos sempre dar com ele encostado num canto a tirar pétalas de uma flor enquanto contém as lágrimas. Alguém que explique ao rapaz que ele está no Benfica. Se não se sente abençoado por cada dia mais vivido na baía do Seixal, o problema é dele. 

Darwin
Quando é que nós enquanto sociedade decidimos que íamos deixar de usar a palavra perdulário para qualificar exibições de futebolistas? Desculpem lá, mas ninguém me consultou.

Gilberto
Não sei se foi objetivamente o melhor em campo, mas a cada jogo que passa Gilberto vai tornando evidente algo que nos devia preocupar a todos: é dos poucos que aparenta deixar tudo em campo. Eu sei. Não tem piada nenhuma.

Pedrinho
O cruzamento que fez para Darwin deixou-me furioso: não pelo cruzamento em si, nem sequer pelo falhanço do Darwin, mas por não ter acontecido 60 minutos antes.

Pizzi
Mexeu com o jogo, marcou no momento decisivo, e assistiu colegas para a reviravolta. É o nosso paracetamol. Não salva vidas mas está sempre lá para aliviar as dores de cabeça. Se as dores de cabeça forem permanentes convém ir ver isso.

Seferovic
Marcou autoritariamente o penalty decisivo, de raiva, como se fosse um direito absoluto do Benfica estar na final da Taça da Liga e só uma sucessão de infelizes coincidências nos tivesse conduzido àquele tortuoso desempate. Engana-me que eu gosto.

Gabriel
Ajudou a dar alguma ordem à casa. Falhou um remate como eu já não via desde o Beto. Lembram-se dele? Foi aos quartos de final da Champions. Eu sei. Já foi há algum tempo."

E contra onze, Jorge?


"Não fosse Jorge Jesus a proferir, na antevisão deste Benfica-Vitória para a Taça da Liga, que o Benfica estaria agora preparado para jogar contra qualquer sistema defensivo, e acharíamos surpreendente que alguém afirmasse neste momento que o Benfica actual esteja preparado para coisa alguma. Talvez sentindo falta da habitual autoridade com que as suas equipas condicionam os adversários, o técnico decidiu adiantar-se à realidade e afirmar (ou desejar) que, agora sim, a fluidez ofensiva e a imponência defensiva fossem capazes de dizimar (ou arrasar) quem lhes aparecesse pela frente. Contudo, e independentemente do resultado, saltaram de novo, e pela enésima vez, as carências habituais, quer no afunilamento ofensivo (cheio de erros técnicos e caminhos duvidosos que só com a corda ao pescoço escolheram os corredores), quer no já recorrente registo extra soft nas divididas.
De facto, grande parte do jogo desta noite assemelhou-se mais a uma partida de walking football do que àquilo que o Benfica precisa para garantir o respeito que os adversários parecem ter perdido por si. Exceptuando aqueles minutos em que a trilha sonora da TSF começou a forçar os encarnados a incluírem intensidade no seu plano de jogo, com o upgrade que foi a utilização dos corredores, nunca a águia conseguiu (e repeti-lo-emos até à exaustão) meter a pata no jogo. De frente para um Vitória com onze, desenhados num 451 preparado para o futsal reumático do Benfica, raramente a águia almejou aquilo que sabemos que o seu técnico deseja. E quando esteve perto de o fazer (exceptuando alguma excitação ao início, e um lance pontual de Taraabt na primeira metade) foi quando decidiu usar os corredores e, porque não é crime, fazer cruzamentos que, aparte de modas, tiveram o condão de encontrar dificuldades não antes vistas no processo defensivo desenhado por João Henriques. Quer por que fixavam os vimaranenses, quer porque dão oportunidades de ganhar segundas bolas, quer porque Darwin ganhou o espaço aéreo com alguma facilidade.

Recepção orientada de Edwards encontrou via rápida para o golo. Mau momento defensivo do Benfica deixa registos para a posteridade em todos os jogos. Aqui, quer no posicionamento, quer no duelo (espaço à frente da linha defensiva; Nuno Tavares dá o meio ao inglês)

Ora, o Vitória – que não entrou com 5, nem com 6, nem com 7 defesas – entrou com 11 solidários conqvistadores que o Benfica teve dificuldades quer em desequilibrar, quer em parar, num momentum favorável que foi aproveitado por Marcus Edwards para mostrar debilidades que aqui, em tempo útil, foram demonstradas. Da jogada do pequeno mago londrino – que encontrou a habitual permissividade encarnada no momento defensivo – nasceu a união entre extremos que, depois, serviu Estupiñan. O golo do colombiano dará origem a títulos pouco simpáticos para com a sobranceria comunicativa de JJ que, desde que retornou à Luz, tem encontrado pouca réplica na performance.

Depois de Taraabt forçar na área, Weigl ganha 2.ª bola e cruza. Alívio permite a Everton ganhar novamente a 2.ª e criar a melhor oportunidade do Benfica na primeira parte. Vitória pareceu sempre mais desconfortável com jogo mais directo e Benfica pareceu encontrar alguma autoridade perdida com o recurso a jogo mais vertical

Assim, menos Weigl mais Pizzi, menos João Ferreira mais Gilberto e menos Rafa mais Pedrinho, o único registo que importará para Jorge Jesus será o forcing intenso que, mais perto do final, se assemelhou a algo que pode fazer alguma mossa em qualquer linha defensiva. Pelo meio, pelos corredores, e a espaços pelo ar, mas – mais importante – com enorme velocidade, com e sem bola, o Benfica pôde disfarçar mais as lacunas e – mais importante também – pôde fazer dançar a organização defensiva de um Vitória que, só aí, duvidou que o Benfica lhe pudesse roubar alguma coisa do jogo. Que o penálti de Pizzi (que empatou a partida) e que os restantes pontapés na lotaria tenham dado a passagem dos encarnados à final-four, acaba (dada a urgência do Benfica em encontrar o seu melhor futebol) por ser secundário. Exibições como a desta noite (em 90% do jogo) e como as que têm sido habituais, ficarão sempre curtas, em maio, para as pretensões das águias.

Da mesma forma que o Vitória foi competente e inexcedível a bloquear o jogo curto do Benfica, os vimaranenses sentiram extremas dificuldades para controlar os cruzamentos e as segundas bolas que daí advieram. Não se trata de algo estético, não se trata de defender que com cruzamentos é que é. Trata-se de fazer notar que, neste jogo em particular, o recurso à largura e ao cruzamento criou as dificuldades que o Benfica necessitaria para ter autoridade territorial e moral no jogo – coisa que nunca teve, especialmente quando recusou também aproveitar a linha defensiva excessivamente alta do Vitória na 1.ª metade."


Benfica: “Problemas no corredor central”, individuais ou colectivos?


"Apesar de ter vencido após o desempate por grandes penalidades frente ao Vitória SC, foi mais uma exibição pobre deste Benfica que tende a não atingir a regularidade que se esperava. Numa época atípica, com calendários apertados e muitas semanas com 3 jogos, o Benfica continua sem apostar numa grande rotação do plantel nas taças, mas nem por isso a equipa mostra evolução. No final do jogo, Jorge Jesus revelou que a equipa teve problemas no corredor central, tanto a atacar como a defender. Ora, apesar das declarações de Jorge Jesus terem sido mais direcionadas a Darwin e Waldschmidt, estes problemas tem sido uma constante na temporada. Seja com Gabriel, Weigl, Taarabt, Pizzi ou Samaris no meio-campo, o Benfica não consegue controlar os seus jogos com ou sem bola, não sofrendo em apenas 7 dos 19 jogos já disputados.
O golo do Vitória no jogo de ontem mostra que, apesar de haver problemas individuais e de não existir um par perfeito ao estilo de JJ no meio-campo, a equipa parece ainda não ter compreendido as referências defensivas que o seu treinador defende há já muitos anos: bola, colegas, espaço e só depois adversário. Entre problemas nas distâncias durante a pressão, pormenores de atenção individual e falta de proteção do espaço central, a equipa benfiquista pecou mais uma vez em vários momentos num só lance. A ligação Taarabt-Weigl foi inexistente, o Benfica não conseguiu orientar Marcus Edwards para o corredor lateral e depois, já perto da área, a falta de referência dos adversários em zonas perigosas. Ligue o som do vídeo, e acompanhe esta visão sobre o lance."

Valeram os penáltis


"O Vitória de Guimarães começou a ganhar e o Benfica demorou muito até entrar verdadeiramente no jogo e, já na 2.ª parte, conseguir empatar, de penálti... e fechar a vitória, mais uma vez, nos penáltis Desde que a Taça da Liga foi criada, em 2007/08, tem havido um denominador comum entre os vencedores: Benfica. 2008/09, 2009/10, 2010/11, 2011/12, 2013/14, 2014/15, 2015/16: foram sete os troféus que o Benfica já arrecadou na prova, mas, esta época, a Taça da Liga começou bem tremida para a equipa de Jorge Jesus.
É que foi o Vitória de Guimarães a parecer bem mais interessado em avançar para a final four da prova - onde já estavam Sporting e FC Porto; o Sporting de Braga recebe quinta-feira o Estoril Praia (20h15, SportTV) - e foi mesmo a equipa de João Henriques a primeira a colocar-se em vantagem no jogo. 
Logo aos 16 minutos, Marcus Edwards fez o que quis de Nuno Tavares e, com um receção bem medida, entrou pelo meio-campo adversário até passar a Rochinha, já em cima da área, e ver o colega cruzar para o desvio certeiro de Estupiñán, que já nem tinha Helton Leite pela frente.
A entrada frouxa do Benfica tinha, mais uma vez, consequências - entrar em desvantagem já parece um hábito recorrente da equipa de Jesus... - e não se pode dizer que os encarnados tenham feito muito por merecer o empate nos primeiros 45 minutos.
Com Helton, Jardel, Nuno Tavares e Rafa a serem únicos resistentes em relação ao onze que defrontou o Vilafranquense - entraram João Ferreira, Vertonghen, Weigl, Taarabt, Everton, Waldschmidt e Darwin -, o Benfica pouco testou o guarda-redes Trmal, com exceção para um remate fraco de Darwin e outro de Everton, ambos após passes de Taarabt.
O Benfica mostrava dificuldades em superar o bloco baixo do Vitória, até porque hoje não havia a qualidade de Grimaldo pelo corredor - Nuno Tavares e João Ferreira estiveram muito discretos -, e os visitantes iam tentando aumentar a vantagem sempre através de ataques rápidos. Após uma perda de bola infantil de Jardel na área, Edwards ofereceu o remate a Miguel Luís, mas o médio permitiu a defesa de Helton Leite.
Jesus não gostava do que via e, por isso, mexia logo ao intervalo: Gilberto e Seferovic entraram para os lugares de João Ferreira e Waldschmidt. Mas o Benfica só começou mesmo a melhorar quando entraram outros dois trunfos: Pizzi e Pedrinho (para os lugares de Weigl e Rafa). O extremo brasileiro criou logo perigo pela direita, oferecendo à cabeça de Darwin a primeira grande oportunidade do Benfica, mas a bola saiu ao lado.
No Vitória, as investidas atacantes tinham estagnado desde o início da 2ª parte, mas melhoraram consideravelmente com as entradas de André Almeida e Ricardo Quaresma, os dois homens que criaram a maior ocasião de golo para os visitantes na segunda metade, mas Janvier não acertou nas redes.
Nos últimos minutos do jogo, já só dava Benfica, com o Vitória a remeter praticamente todos os jogadores para junto da sua área, e Pizzi quase empatou, depois de um excelente trabalho individual de Darwin, que contou com a colaboração de Everton, ao abrir as pernas na área para permitir que a bola chegasse aos pés de Pizzi.
Contudo, o golo só surgiria aos 83', três minutos depois de João Henriques colocar em campo Denis Poha. O médio francês de 23 anos não poderia ter entrado pior: derrubou Pedrinho na área. Penálti que Pizzi aproveitou para empatar o jogo.
Já nos descontos, Darwin até podia ter virado o jogo, mas Trmal não o permitiu, e a decisão foi mesmo adiada para os penáltis. Aí, a noite cinzenta de Poha passou a negra: o médio praticamente ofereceu a bola a Helton Leite, já depois de André Almeida também ter enviado uma bola ao poste.
Contas feitas, apenas Pepelu marcou para o Vitória, já que, do lado do Benfica, Everton, Pizzi, Gabriel e, por fim, Seferovic, marcaram e colocaram o Benfica na final four da Taça da Liga."

SL Benfica 1-1 Vitória SC (4-1 GP): Lotaria (adiantada) de Natal dá viagem para Leiria


"A Crónica: Ó Poha, Assim Estragaste a Pintura
Do castelo de “Onde Nasceu Portugal” veio o Vitória SC. Esta é uma das equipas que menos sofrem golos nas competições nacionais, mas, do outro lado, há uma autêntica fortaleza de manteiga… ou como quem diz: a defesa do SL Benfica. Não foi preciso esperar muito para que esta frase se tornasse tão verdade nesta partida. Depois de 16 minutos sem qualquer emoção, houve um autêntico desbloquear do jogo. Marcus Edwards “partiu” todo o meio campo encarnado, fez o que quis e passou, em zona avançada, a Rochinha. Depois, o português só teve de ver onde estava Oscar Estupiñán para este marcar o primeiro da partida. Portanto, o habitual cenário, ou seja, vermos os encarnados a sofrer primeiro.
Isto de os jogos serem à quarta-feira e não existir o hino da Liga dos Campeões faz com que isto seja uma daquelas peladinhas que se marca com os amigos. Mas, alguém me diga onde se aluga o Estádio da Luz, pois, não deve ser nada fácil. Via-se um jogo aborrecido e bola para lá e para cá sem qualquer critério ou ideias. Por isso, fez a diferença o golo vitoriano (0-1), a única jogada com cabeça tronco e membros em toda a primeira parte. Podia continuar a bater na mesma tecla?
Podia. Se o vou fazer? Não. Como é que descobrem como foi o início da segunda parte? É só reler a linha três e quatro do terceiro parágrafo. Um exercício tão complicado tal como ser espetador atento deste “belíssimo jogo”.
Pois bem, se não acontecia nada. Houve algo para contar ao minuto 82, visto que foi marcado um castigo máximo contra o Vitória SC. Poha não podia ter entrado melhor na partida (*risos*) e fez aquilo que mais se temia: estragar a pintura que estava a sair tão bem na tela verde da Luz. Já se sabe que Luís Miguel, mais conhecido por Pizzi, raramente falha penaltis e fez o empate (1-1). Digamos que foi o suspiro forte de Jesus e companhia. Sim, um suspiro. Estava longe, mas ouvi.
Um suspiro que se deve ter um autêntico desespero, pois íamos para as grandes penalidades. Já vi grandes penalidades complicadas, mas o Benfica foi muito eficaz do que todos os 90 minutos juntos. Everton, Pizzi, Gabriel e Seferovic introduziram a bola na baliza. Já, do lado do Vitória SC apenas Pepelu marcou, pois André Almeida sonhou com o poste e Poha nem devia ter entrado. A lotaria de Natal chegou mais cedo para o SL Benfica que nos penaltis salvou uma exibição horrível, contudo, segue para a final four da Taça da Liga em Leiria.

A Figura
Pepelu A isto chama-se um jogador invisível, ou pelo menos o seu trabalho é. Passou despercebido durante todo o jogo? Sim. Mas foi a peça mais importante naquele meio campo do Vitória? Sem sombra de dúvida. A atacar, mas, principalmente, a defender foi o homem que amais trabalhou durante o jogo. Tem qualidade este jovem espanhol e se já tinha mostrado muito do seu potencial no CD Tondela, tem tudo para voltar a fazê-lo em Guimarães.

O Fora de Jogo
Poha Achava que não havia possibilidade de conseguir haver uma exibição tão má ou pior do que aquela que o coletivo dos encarnados fez. Mas, pelos vistos, o jogador do Vitória SC conseguiu fazê-lo. Entrou aos 80 minutos, aos 82 minutos acaba por cometer um penalti que dá o empate ao Benfica, e depois consegue falhar um penalti no momento mais importante. Foi um descalabro. Arrisco-me a dizer, em jeito de brincadeira, que esta é talvez a pior substituição do Futebol Português.

Análise Tática – SL Benfica
Jorge Jesus tinha avisado que ia haver alterações no 11 inicial, mas ninguém esperava que seria uma autêntica revolução. Em relação ao último jogo, apenas quatro jogadores resistiram com a titularidade: Helton Leite, Jardel, Nuno Tavares e Rafa. No entanto, a aposta em jogadores já habituados ao 11 inicial, mas não com tantos minutos continuou. Vimos as águias num típico 4-4-2 em que Waldschmidt dava apoio a Darwin e a grande surpresa será talvez a inclusão de Julian Weigl.
Devagar, devagarinho era esta a tática dos encarnados em toda a primeira parte. O tão falado “ataque posicional” verificou-se, mas acho que a equipa de Jorge Jesus não se preparou muito bem, tendo em conta aquilo que praticou durante esta partida. Por isso, na segunda parte houve Seferovic para a posição mais avançada com Darwin a baixar. Depois, houve a entrada de Gilberto, visto que Jorge Jesus não gostou muito da atuação do jovem João Ferreira.

11 Inicial e Pontuações
Helton Leite (5)
Nuno Tavares (4)
Jardel (5)
Vertonghen (5)
João Ferreira (5)
Weigl (5)
Adel Taarabt (3)
Everton (4)
Rafa (4)
Waldschmidt (4)
Darwin (5)
Subs Utilizados
Gilberto (4)
Seferovic (6)
Pizzi (5)
Pedrinho (5)
Gabriel (-)

Análise Tática – Vitória SC
Se nos encarnados houve uma revolução, João Henriques não quis também ficar atrás no que diz respeito a alterações. Foram seis alterações em relação à última partida para a Taça de Portugal frente ao CD Santa Clara. Porém, a surpresa deve ser, sobretudo, a troca em peso da frente de ataque vimaranense, onde acabaram por entrar Marcus Edwards, Rochinha e Oscar Estupiñán. A baliza também ficou para Trmal, o guarda-redes checo. Ainda assim, continuou o 4-3-3 como já tinha apresentado na última partida.
A nível defensivo, interessante de se verificar que Pepelu é o médio mais recuado e que acabava por ser peça importante no controlo da linha e, sobretudo, para não permitir que os jogadores do Benfica jogassem entrelinhas. Quando esta situação acontecia acabava por os vimaranenses ficar num 4-1-4-1. Uma situação que funcionou muito bem, porque os encarnados estavam a ter dificuldades na tentativa de entrar pelo meio.

11 Inicial e Pontuações
Trmal (6)
Falaye Sacko (5)
Abdul Mumin (5)
Jorge Fernandes (5)
Sílvio (5)
Janvier (5)
Miguel Luís (5)
Pepelu (8)
Rochinha (7)
Marcus Edwards (7)
Oscar Estupiñàn (6)
Subs Utilizados
André Almeida (5)
Quaresma (5)
Lyle Foster (5)
Poha (3)
Maddox (-)

BnR na Conferência de Imprensa
SL Benfica
Não foi possível fazer pergunta ao treinador do SL Benfica, Jorge Jesus.

Vitória SC
BnR: Principalmente, a nível defensivo verificava-se uma situação interessante em que o Vitória acabava por ficar em 4-1-4-1 em que o Pepelu controlava bem as bolas que entravam entrelinhas e também a bola que chegava a Taarabt. Foi esta a intenção inicial?
João Henriques: Já não é a primeira vez que o fazemos. Nós ao fazermos isso era mesmo isto aquilo pretendíamos isso. Era fechar o jogo interior do Benfica, controlar os contramovimentos dos avançados [Darwin e Waldschmidt] e fazer com que esse espaço estivesse preenchido. Baixando a linha defensiva, o objetivo era que quando recuperássemos a bola conseguíssemos explorar as costas dos centrais, procurando o lado contrário e também a profundidade. Todas estas estratégias foram aplicadas com ou menos sucesso, ora devido ao mérito do Benfica ou então demérito nosso. Contudo, estrategicamente a minha equipa esteve muito bem, principalmente a nível defensivo.
O nosso guarda-redes fez três defesas e nenhuma delas é uma extraordinária e foram boas defesas. O Helton Leite fez duas, onde uma foi difícil e outra que não teve muito trabalho. Em termos de remates, estávamos iguais. Claro que o Benfica fez mais remates e esteve por cia, mas isso só aconteceu porque marcámos primeiro e deixámos que isso acontecesse.
Fica um amargo na boca, depois deste resultado, mas ganhámos mais qualquer coisa com este jogo. Vir aqui [ao Estádio da Luz] e fazer este jogo. De estar a ganhar aqui e com tudo o que aconteceu este dias e a equipa foi solidária. Nesse aspeto, olhando para o futuro, nós saímos daqui com um horizonte mais alargado e queremos continuar o nosso objetivo no campeonato para consolidar a posição [5.º lugar]."

O desporto, as competências de vida e o futuro. Porque urgem medidas de atuação sólidas e concertadas?


"Nas últimas décadas os estudos têm apontado para a alteração de algumas características dos indivíduos que as sociedades têm vindo a “produzir” – por uma questão de propósito deste artigo, iremos refletir sobre uma ínfima parte.
Se, por um lado, temos gerações mais hábeis do ponto de vista tecnológico e até cognitivo pela natureza das tarefas a que se dedicam horas a fio – logo em contexto de “treino involuntário” de competências – como sejam os “e-games” ou a destreza em navegar na internet (se bem que, demasiadas vezes, em sites de qualidade científica duvidosa e/ou redes sociais), pelo oposto, assistimos também a um decréscimo assinalável no que respeita a competências de auto-consciência e auto-regulação emocionais e, consequentemente, na capacidade empática com o outro, diminuindo por isso mesmo a capacidade de cooperação e integração positiva em grupo de pares (ao “vivo e a cores” e não através de um ecrã”).
Em boa verdade, com esta “evolução” (não creio ser o melhor termo, mas enfim), estamos mais sedentários e deprimidos, logo com maior prevalência de um sem número de patologias físicas (ex: obesidade) ou de natureza psicossomática que agravam, naturalmente, não só a despesa pública (com a saúde) mas também os indicadores de eficiência, felicidade e comprometimento dos trabalhadores em horário laboral – afinal, mais um “daqueles” custos que em Portugal ninguém avalia e, por isso, “faz de conta” que não existe...
Poderíamos dizer, de grosso modo, que estamos a ficar com índices mais elevados em quociente cognitivo e, inversamente, índices deficitários em quociente emocional.
Tratando-se o contexto académico por ser, maioritariamente, um contexto formal de aprendizagem de conteúdos também eles iminentemente de natureza cognitiva ou, por outra, onde as aprendizagens de natureza cognitiva se fazem de forma sistematizada e planeada, mas as de natureza de consciência e regulação emocional, ficam a cargo de cada um dos indivíduos (em ensaios de tentativas e erro) e da capacidade dos seus próprios agregados familiares em poder integrar estas aprendizagens (na realidade, competências fundamentais de vida) no seu quotidiano, acredito poder ser legitima a questão:
Qual será, então, um dos contextos mais propícios à aprendizagem (mais sistematizada) de competências de vida, afinal, as que irão determinar no futuro a capacidade dos nossos jovens se transformarem em cidadãos com indicadores de saúde global (mental e física) mais elevados e, por isso mesmo, também mais capazes de se envolverem com a comunidade como exemplos positivos das mesmas?
O contexto Desportivo, claramente.
Podemos, com isto dizer que a mera exposição à prática desportiva eleva as competências de vida de quem a integra no seu estilo de vida?
Não necessariamente – ou seja, não existe uma causalidade direta comprovada (ou seja, não acontece a todos os sujeitos em todos os contextos), mas eleva de facto as oportunidades de os jovens experienciarem situações onde poderão ver as suas competências desenvolvidas.
Daqui decorre que, em larga medida, os jovens que se dedicam de forma sistematizada à prática desportiva, em contextos capacitados com técnicos dotados de competência específica para o efeito, onde as aprendizagens se encontram planeadas de acordo com o seu nível de maturação, tendem a exibir competências mais elevadas de, por exemplo, regulação emocional (porque necessitam fazer esta aprendizagem obrigatoriamente em interação com grupos de pares), de desenvolvimento de esforço em contextos de frustração onde, de forma prolongada, aprendem a manter o esforço sem retorno imediato evidente (logo, competências de superação), de disciplina e organização (inevitáveis para serem capazes de dar uma resposta positiva às tarefas académicas e desportivas em simultâneo), entre muitas muitas outras.
E como estas competências se transferem para a sua Vida (na realidade, para a “nossa” porque são estas gerações que irão ser responsáveis pelos desígnios da nossa Sociedade quando começarem a ocupar posições de poder)?
Alguns exemplos a título de curiosidade:
(...)
Por esta razão, em muitos contextos profissionais, se valoriza em situação de recrutamento, aquele candidato(a) que evidencia um passado desportivo sólido – antecipa-se que, à partida, terá mais probabilidade de vir mais bem preparado(a) com as competências necessárias ao sucesso em contexto profissional, uma vez que supostamente teve maior exposição a situações onde, necessariamente (e comparando com outros candidatos em passado desportivo) se viu “obrigado” a treinar essas mesmas competências.
Desporto de Formação e Futuro
Inúmeras seriam as razões que poderiam ser aqui apontadas para a urgência de uma valorização consciente do Desporto de Formação em Portugal – algumas foram já reportadas em artigos anteriores e, por essa razão, não voltaremos às mesmas.
Até porque, pelo anteriormente exposto, em boa verdade, não é o desporto de formação que necessita de uma intervenção urgente – Somos nós, do plano individual ao organizacional.
Somos nós que, de uma vez por todos, e aproveitando a crise instalada, precisamos rever a “pequenez” da gestão a curto-prazo instalada desde as nossas vidas privadas às mais altas instâncias, que nos faz saltitar de crise em crise sem aprendizagem alguma.
O que está em cima da mesa é o nosso futuro e não há nenhuma “magia” ou “regresso ao futuro” algum que nos salve, se não assumirmos de uma vez por todas a responsabilidade de tomarmos as decisões necessárias a curto-prazo (por vezes, nem sempre as mais “populares”) que potenciam as nossas possibilidades, qualidade de vida e bem estar global a médio longo prazo."

Vermelhão: Qualificação nas penalidades...

Benfica 1 (4) - (1) 1 Guimarães


Neste momento os dois jogadores mais importantes no Benfica, são o Gabriel e o Pizzi! O luso-brasileiro já o defendi várias vezes, é de longe o nosso melhore recuperador de bolas, entende a pressão alta muito bem... e apesar de falhar alguns passes 'fáceis', arrisca, faz as mudanças de flanco, e empurra a equipa para a 'frente'! O transmontano, mesmo sendo odiado por alguns adeptos, jogando bem ou mal, está quase sempre nos lances dos golos, a marcar ou a assistir!!!
Hoje o Pizzi entrou aos 55' e o Gabriel aos 86'... e a equipa ressentiu-se!
E nem sequer esteve em causa o domínio da bola ou o domínio territorial, mas para o caudal ofensivo que tivemos, fomos sempre pouco objectivos, e criámos poucas oportunidades tendo em conta a posse...!!!
Vejam-se os jogos europeus em Glasgow e em Liège onde a entrada do Pizzi foi fundamental para as recuperações... e até o jogo com o Vilafranquense onde o Gabriel iniciou algumas das jogadas dos golos!

Se no 1.º tempo o Guimarães, ainda criou perigo em contra-ataque, no 2.º tempo o jogo foi todo nosso, apesar disso não se reflectir no número de oportunidades. Assim, só chegámos ao golo de penalty... e obtivemos a qualificação nos penalty's!!!

O Guimarães está a fazer uma época muito abaixo do potencial do seu plantel. Ainda no fim-de-semana passado foi eliminado da Taça de Portugal pelo Santa Clara em casa! Por isso esperava-se um resultado mais desnivelado, mas contra o Benfica tudo é 'possível'!!!

Jogo muito complicado em Barcelos no domingo, nas vésperas da adiada Supertaça contra os Corruptos! Espero que não exista 'descanso' a pensar no jogo seguinte, pois o Gil Vicente, em casa, seguramente em contra-ataque vai dificultar a nossa vida... Até porque a equipa continua a demonstrar fragilidades, o que dá ainda mais esperança aos nossos adversários!

Estrela da Amadora


Vamos defrontar o 'novo' Estrela da Amadora na próxima eliminatória da Taça de Portugal. Este 'novo' clube é a mistura entre o 'antigo' Estrela e o Sintra Football! Que na actual edição da Taça, já eliminou por exemplo, o Farense da I Liga!!!

Em caso de vitória, vamos defrontar nos Quartos-de-final o vencedor da 'tripla': Fafe - B Sad/Sp. Espinho.
Em caso de vitória, nas Meias-finais(dois jogos, o primeiro fora), iremos encontrar um dos 'cinco': Rio Ave/Estoril - Marítimo/Salgueiros//Sporting!!!

Despedida em Londres...

Chelsea 3 - 0 Benfica


O Chelsea fez muitas alterações, mas mesmo assim foi muito superior. Com uma pressão alta que praticamente não deixou o Benfica jogar... A lesão da Catarina Amado, ainda com o 0-0, acabou por desfazer a estratégia dos 3 centrais...
Voltámos a sofrer golos evitáveis com clara culpa da guarda-redes...

Ter chegado a esta eliminatória, foi de facto extraordinário, mas a 'partir' daqui, contra as equipas top europeias, a diferença ainda é muita!

Lagartices


"Haverá reacção mais típica de um sportinguista do que aquela do presidente leonino após o jogo em Famalicão? Disse Varandas: “Este golo jamais seria anulado aos nossos rivais”, referindo-se abusiva e delirantemente a Benfica e Porto, e que o preocupa “a natureza como é visto o VAR nos jogos em que o Sporting perdeu pontos”, acrescentando que lhe custa muito “ver quatro pontos retirados por se utilizar mal o VAR”. E para que se atingisse o expoente máximo do lagartismo, justificou o tal “erro”, pois “seriam quatro pontos de avanço e começam a tremer”.
Sobre a rivalidade, refira-se que deriva da implantação social dos clubes e de razões históricas, mas nem por sombras, no presente, da força futebolística. E, por isso, é com um misto de vergonha alheia e sadismo que oiço Varandas aludir a um pretenso receio dos “rivais” por, imagine-se, a possibilidade do Sporting, quase sempre perdedor nas últimas quatro décadas, poder dispor de uma vantagem de quatro pontos à nona jornada. O Sporting nunca deixará de ser o Sporting e é com isso que conto quando faz umas flores, quase nunca me decepcionando.
E o VAR... não obstante as costumeiras e pretensiosas alusões tipicamente lagartas duma pretensa exclusividade de comportamentos éticos recomendáveis, só o preocupa os erros quando o Sporting perdeu pontos. Que um seu jogador tenha marcado um golo irregular, como foi o caso de Pedro Gonçalves ao Moreirense na semana anterior, já não é da sua conta. Nem a questão da legalidade: objectivamente, Coates fez falta. Um detalhe que, de um ponto de vista lagarto, convém escamotear, não vá pensar-se, afinal, que “má utilização do VAR” signifique, nada surpreendentemente, “inconveniente ao Sporting”..."

João Tomaz, in O Benfica