segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Rafa Silva | Uma nova vida com Jorge Jesus?


"Jorge Jesus chegou ao clube da Luz no mercado de verão, mas desde cedo começou a “arrumar a casa”. Alguns jogadores foram imediatamente colocados na porta de saída, mas outros ganharam a confiança do técnico português. Um desses jogadores é Rafa Silva, internacional português de 27 anos que representa as cores do SL Benfica há mais de quatro anos.
Natural de Vila Franca de Xira, Rafa Silva foi, no verão de 2016, transferido do SC Braga para os “encarnados” por 16 milhões de euros, o maior negócio de sempre realizado entre dois clubes portugueses.
Apesar dos 31 jogos realizados, a sua primeira época não foi produtiva dado que marcou apenas dois golos e jogou um futebol diferente daquele que jogava no clube minhoto. Com o decorrer da época 2017/2018, os números voltaram a não impressionar: 25 jogos e três golos. As criticas eram muitas e o empréstimo parecia ser a melhor solução para o jogador ribatejano.
A época 2018/2019 chegou e Rui Vitória decidiu ficar com o jogador. De facto, parece ter acertado. Nessa mesma temporada, o internacional português marcou 21 golos em 44 jogos, quase tantos como nas cinco épocas anteriores. Com 25 anos, o extremo “explodiu” e deslumbrou no então campeão nacional.
Com uma estatura física própria de um extremo móvel (1,70m e 60kg), Rafa caracteriza-se pelas sua velocidade, sendo considerado por muitos um dos jogadores mais rápidos do nosso campeonato. As explosivas diagonais, o um-para-um e a agilidade são as principais armas do extremo português que tem o seu valor de mercado fixado nos 24 milhões de euros, segundo o Transfermarkt.
Após um final de época atípico no clube da Luz e com as exibições de Rafa a deixarem “muito a desejar”, Jorge Jesus segurou o internacional português e colocou-o novamente na posição onde se sente mais confortável: extremo.
Além do seu tradicional jogo muito ofensivo, Rafa passou agora a defender mais do que fez com qualquer outro treinador e a jogar um futebol mais intenso e coletivo. No jogo frente ao Moreirense, o internacional português recuou várias vezes no campo – através da sua velocidade – para desarmar jogadores adversários e, assim, recuperar a bola para “os encarnados”. É um atributo que Rafa vem ganhando com a chegada de Jorge Jesus e que só beneficia o jogo do ribatejano.
Até ao momento, Rafa Silva contabiliza 140 jogos e 39 golos pelas “águias”. Já foi chamado à seleção por diversas vezes e esteve, inclusive, no plantel que ganhou o Euro 2016 em França."

Jornada difícil


"Contrastando com os dois jogos anteriores no Campeonato Nacional, em que a nossa equipa demonstrou enorme superioridade em relação aos adversários, desta feita o Farense teve a capacidade de dar uma excelente réplica à nossa equipa.
Não está em causa o mérito do triunfo benfiquista, por 3-2, ante um opositor que procurou, e conseguiu em vários momentos do jogo, jogar de igual para igual na Luz. Jorge Jesus reconheceu a competência dos algarvios: "Estamos habituados a comandar, a jogar por cima do adversário, hoje não o fizemos, mas isso deve-se ao Farense, teve mérito, acreditou sempre que podia disputar o jogo connosco, mesmo a perder 3-1."
O objetivo de vencer e somar três pontos foi atingido. Saliente-se que se tratou do terceiro triunfo nos três primeiros jogos do Campeonato, algo que só aconteceu pela quarta vez neste século. Os dez golos marcados perfazem um registo interessante, sendo preciso recuar a 1989/90 para se encontrar uma época mais concretizadora nestas três jornadas.
Pizzi e Seferovic foram os marcadores. O nosso avançado bisou e chegou aos 35 golos na Liga NOS, passando a ser o 40.º melhor marcador de sempre do Benfica na principal competição nacional. Destaque ainda para Darwin, autor de mais uma assistência, a quarta em apenas três jornadas (Rafa e Grimaldo fizeram as restantes). Uma palavra ainda para Odysseas, que com um punhado de excelentes defesas, incluindo uma grande penalidade, foi dos melhores em campo.
Pela negativa, temos de manifestar a nossa incompreensão pela análise do lance do segundo golo farense. A falta sobre Otamendi é evidente nas repetições de vários ângulos do lance. Felizmente, esse erro não hipotecou a vitória da nossa equipa, mas não deixa de ser grosseiro.
Este começo de época já está a ser marcado pela pressão exercida pelo FC Porto antes, durante e após os jogos.
O que se passou no jogo entre FC Porto e Marítimo é demasiado grave para que os responsáveis pelo futebol português finjam que nada viram.
Antes da partida, o treinador reclamou pelo antijogo e, na segunda parte, estando em desvantagem e sem qualquer correspondência com os tempos de paragem, foram dados mais dez minutos.
O primeiro golo do FC Porto foi precedido de falta nítida de Danilo. E o penálti assinalado devido a uma pretensa falta sobre Marega não deveria ter existido. Quem vê o lance percebe que o jogador do Marítimo chega antes à bola e o portista chuta no pé do adversário. Inexplicavelmente, o VAR nada disse.
E aqui colocam-se questões muito concretas ao Conselho de Arbitragem. Não viram? Não avaliam o que se passou? Qual a explicação para tão evidentes erros, principalmente do VAR? E qual a razão para as sucessivas nomeações do VAR Luís Ferreira para os jogos do FC Porto, quando são de todos conhecidas as suas sucessivas falhas de avaliação sempre em benefício daquele clube?
Durante o jogo, é todo um espetáculo de pressões e intimidação, por parte do banco portista, sobre adversários e equipa de arbitragem. Aliás, parece que existem duas regras nesta Liga. Uma para todos os outros clubes, impondo-se respeito e à mínima situação admoestando e bem. Outra para o FC Porto, onde tudo é permitido, desde constantes insultos e pressão, além das sucessivas entradas a matar como as de Pepe, que beneficia de uma impunidade subserviente dos árbitros que os deveria envergonhar. Só falta mesmo voltar aos tempos das fugas em corrida dos árbitros e perseguições dos jogadores do FC Porto perante a complacência de todos.
E no pós-jogo ainda se fazem de vítimas com a distinta lata de virem a público queixarem-se de eventuais erros de arbitragem, a qual lhes foi favorável conforme reconhecido unanimemente.
Para o sistema ser perfeito, vêm depois os órgãos disciplinares aplicar castigos a quem denuncia e prova, com factos, os erros que ninguém entende por que razão existem (ainda mais com o VAR sentado calmamente com múltiplas televisões e ângulos a não ver o que todos vemos) e que nunca se interrogam sobre a repetição de algumas nomeações de quem está sempre por trás desses erros e finge não ver as constantes pressões antes, durante e após os jogos por parte dos diferentes responsáveis daquele clube.
Os mesmos, afinal, que nunca viram os bonecos insufláveis, representando árbitros, enforcados em viadutos, e até hoje promoveram um apagão sobre a célebre invasão ao centro de treinos de árbitros. 
Estamos apenas na terceira jornada e veja-se quem, nos jogos com Braga e Marítimo, já beneficiou de erros que ninguém entende como foram possíveis. Será que no Conselho de Arbitragem ninguém viu nada?
De que têm medo?"

VARistas!!!


"Conforme prometido, fazemos agora novo post para nos dedicarmos exclusivamente à arbitragem e VAR do jogo do Benfica contra o Farense.
Bem, meus amigos, nem sabemos por onde começar tal a vergonha deste novo “Apito Dourado” que vamos baptizar de “Apito Descarado”.
O Otamendi percebeu da pior forma o que é estar do lado errado dos árbitros.
Comecemos do mais flagrante para o menos:
Ponto 1 – 2º Golo do Farense obtido depois de falta clara e óbvia sobre Otamendi. Se até podemos dar o benefício da dúvida ao árbitro, nada justifica a não intervenção do VAR. É um acto deliberado para prejudicar o Benfica. A falta é clara, óbvia e grosseira. Do mesmo VAR que no ano passado em Portimão confundiu um peito com uma mão. E está tudo dito em relação a este senhor de nome Vasco Santos. É um VAR ao serviço do novo “Apito Descarado”, a beneficiar propositadamente o Calor da Noite, sem olhar a meios. Ele que, junto com Luis Ferreira, fez mais de 50% dos jogos do Calor da Noite no ano passado.
https://www.record.pt/futebol/arbitragem/detalhe/vasco-santos-assume-erro-no-penalti-a-favor-do-fc-porto-em-portimao

Ponto 2 – 1º Golo do Farense obtido num canto sem nenhuma irregularidade, não fosse o mesmo no seguimento da rábula de 2 penaltis erradamente repetidos. Vlachodimos está em ambos com um pé na linha. Ou seja, o 1ºpenalti foi repetido por invasão da área. Acontece que a invasão da área foi feita apenas por jogadores do Farense, quer no primeiro quer no segundo penalti. Logo, o penalti não deveria ser repetido, mas sim marcada falta por invasão da área começando o jogo com um livre a favor do Benfica. Ou seja, um jogo que o Benfica deveria ter vencido por 3-0, vence por 3-2, tendo o adversário agarrado ao jogo por duas decisões tão vergonhosas como deliberadas.

Ponto 3 - A escandalosa dualidade de critérios a nível disciplinar. Na primeira parte, Rafa parte para contra-ataque e sofre falta. Claro lance de amarelo. Nada. Zero. Uma vergonha. Infractor esse que fez mais três de seguida, todas elas para amarelo. Viu o amarelo apenas perto dos 90 minutos, depois de falta sobre Pedrinho no final e apenas depois de muitos protestos.

O árbitro deste jogo foi Tiago Martins. Também já aqui falámos desta personagem vaidosa variadas vezes. Um árbitro que no ano passado simulou uma agressão com uma moeda de 5 cêntimos atirada pelo público da Luz. Que mais seria necessário para que este árbitro não voltasse mais a apitar o Benfica?
Agradecemos a newsletter oficial de hoje do Benfica mas os seus efeitos práticos são zero. O que está a passar na arbitragem teria de ser alvo de intervenções públicas, deviam ser marcadas com carácter de urgência entrevistas nos 3 principais canais de TV com o Presidente para falar disto. É muito grave o que se passa. E não pode continuar sob pena do futebol entrar em falência total.
São 4 nomes que saem deste fim de semana e que, pela reincidência, não podem mais estar ligados a jogos de Benfica ou Calor da Noite.
Rui Costa, Luis Ferreira, Tiago Martins e Vasco Santos. Quatro nomes. Quatro indivíduos que o Benfica tem de denunciar publicamente sem qualquer tipo de receios!
Há outros sim, mas esses iremos desmascarar também à medida que forem participando neste "Apito Descarado"."

O (ab)uso da linguagem e os casos da jornada


"O facto de termos estádios sem público tornou mais audível nas transmissões televisivas todas as comunicações efectuadas, quer entre os jogadores de campo, quer por parte dos bancos de suplentes, e, nesse sentido, a tal linguagem que se banalizou como sendo própria do futebol passou a ser tema de conversa e análise, pois as injúrias, as ofensas e as palavras grosseiras, que são penalizadas de acordo com a lei 12 (faltas e incorrecções) com cartão vermelho, sobretudo quando são dirigidas aos intervenientes do jogo, e particularmente às equipas de arbitragem, têm-se traduzido num aumento de sanções disciplinares nestas três primeiras jornadas.
Que não se vulgarize este tipo de linguagem, pois também é possível fazer-se críticas e passar mensagens com elevação, com linguagem correcta, pois no futebol também há espaço para a educação e para as pessoas de bem. Posto isto, vamos à análise dos casos de jogo mais relevantes.

FC Porto-Marítimo
Minuto 12, golo bem anulado a Correa, por fora-de-jogo de 9 cm.
Minuto 17, Alex Telles tem o braço nas costas de Rodrigo Pinho, mas não o agarra, empurra, puxa ou carrega, pelo que não houve motivo para penálti.
Minuto 24, golo bem validado a Rodrigo Pinho, não havendo posição irregular, neste caso por 22 cm. 
Minuto 42, o golo portista, obtido por Pepe, foi irregular: há claramente falta atacante, cometida por Danilo, que com o seu braço direito empurra e faz cair Zainadine. Esta acção retirou ao jogador insular a possibilidade de interceptar a bola.
Minuto 70, a bola não passou totalmente a linha de baliza. Relembro que conta, não a base da bola em contacto com o solo, mas a face redonda da mesma, que, ao projectar-se no solo, tem de estar totalmente para lá da linha.
Minuto 78, Edgar Costa faz um tackle deslizante e toca claramente na bola, promovendo de seguida um contacto normal com Manafá: não houve motivo para penálti.
Minuto 86, penálti incorrectamente assinalado a favor do FC Porto. O defesa madeirense chega primeiro à bola e é Marega que posteriormente pontapeia o pé do seu adversário. Na execução do penálti, Amir defende, mas deveria ter havido intervenção do videoárbitro (VAR), no sentido de mandar repetir o mesmo. A lei 14 (o pontapé de penálti) prevê que o guarda-redes deve ter, pelo menos, parte de um dos pés a tocar ou alinhado com a linha de baliza, o que não aconteceu. Antes da execução, Amir estava dentro da baliza, ou seja, com ambos os pés atrás da linha de baliza, o que também não é permitido, pois deve permanecer com os pés sobre a linha de baliza, podendo movimentar-se ao longo da mesma.

Benfica-Farense
Correcta a intervenção VAR para indicar que Otamendi cometeu infracção para pontapé de penálti, quando de forma negligente falhou a sua entrada à bola e pisou e derrubou Stojiljkovic.
Minuto 52, Ryan Gauld executou o penálti, Vlachodimos defendeu, a bola sobrou para Luca que, na recarga, fez golo. O VAR verificou que o jogador do Farense tinha entrado na área antes da execução e, se fosse ele o único a cometer esta infracção, o jogo teria de recomeçar com pontapé livre a favor do Benfica no local onde ele entrou na área. Mas como, simultaneamente, houve jogadores “encarnados” a pisar a linha limite da área (as linhas fazem parte das áreas que delimitam) o VAR deu indicação para a repetição do pontapé de penálti, ou seja, a repetição tem a ver com a infracção cometida por ambas as equipas, pois se fosse só do Farense seria livre indirecto. É importante relembrar que o VAR pode intervir na execução dos pontapés de penálti, apenas quando o jogador que cometer infracção toca na bola ou tira partido dessa irregularidade.
Minuto 59, golo anulado ao Farense por fora-de-jogo (56 cm) de Ryan Gauld.

Portimonense-Sporting
Houve pequenas falhas disciplinares. Fali Candé deveria ter sido advertido (minuto 31) por ter acertado com o braço, de forma negligente, na cara de Pedro Porro, da mesma forma que Gonçalo Inácio deveria ter sido advertido (minuto 75) por, de forma negligente, ter pontapeado o seu adversário à entrada da área leonina.
Ao minuto 80, foi anulado um golo ao Sporting: Coates, ao elevar-se para cabecear, apoiou o seu braço direito no ombro de Dener, impedindo desta forma o jogador algarvio de poder disputar a bola. Uma infracção atacante bem assinalada. Apenas um senão neste lance: o árbitro apitou a infracção de imediato e com a bola ainda na sua trajectória e antes de entrar na baliza, o que inviabilizava uma posterior intervenção VAR para corrigir uma eventual decisão errada.


PS: Este consegue ver os pés dos jogadores do Benfica em cima da linha da grande área, no penalty mandado repetir, mas já não capacidade de ver a cacetada que o Otamendi levou no 2.º golo do Farense...!!! E ainda tem a certeza que o Alex Telles não empurrou nem agarrão ninguém... Um verdadeiro artista do tacho...!!!

Cultura é desporto / Desporto é cultura


"Nunca uma frase deve ter provocado tanta confusão no desporto nacional como a que titula um artigo saído no jornal Público (2020-10-02) da autoria do presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP). A frase título é a seguinte: “É possível uma cultura sem desporto, não é possível um desporto sem cultura”. Não se percebe nem aceita que um presidente de um Comité Olímpico Nacional (CON) se permita debitar sobre as relações entre jogo, desporto e cultura sem esclarecer minimamente o assunto, acabando por concluir que o seu discurso se trata de um “arrazoado”. De um arrazoado para justificar a sua opinião relativamente a uma notícia saída no jornal Le Monde (2020-09-17), um jornal liberal politicamente alinhado pela social democracia, que noticiou a posição de trinta intelectuais e figuras políticas francesas que, no quadro atual da situação económica e social do país, se opõem à realização dos Jogos Olímpicos em Paris no ano de 2024 pois consideram ser tal evento uma “fonte de lixo e poluição que desrespeita o ideal do Olimpismo”. Os referidos intelectuais franceses chegam ao ponto de perguntar se o Estado francês “não tem nada melhor para fazer do que alinhar num “ideal olímpico” há muito corroído pelos negócios, pela corrupção, por um doping endémico e por uma economia criminosa (privada ou estatal)? E, levantando um dos problemas mais graves que hoje corrói o Espírito Olímpico afirmam: “Os Jogos Olímpicos de Paris, como todos os Jogos anteriores, beneficiam principalmente a “multinacional” olímpica que é o Comité Olímpico Internacional (COI), que se comporta exatamente como o GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft) quando sequestram os códigos de trabalho, destroem o planeamento urbano e se apropriam dos recursos públicos à custa dos contribuintes”. E continuam, os Jogos Olímpicos, “concebidos e organizados como uma vasta campanha de comunicação de marketing, mascarados pelos habituais slogans sobre os "valores do desporto", não têm outro propósito senão legitimar os interesses mercantis do COI e a sua colonização do espaço público”.
No seu artigo, o presidente do COP, com o choradinho do costume, sai em defesa dos Jogos Olímpicos e escreve: “Sem querer rebater os motivos, o certo é que, lá no fundo, está um antiquíssimo preconceito de não considerar o desporto um domínio da cultura, mas algo totalmente à margem das práticas sociais vulgarmente designadas como tal”. Ora, a este respeito, basta reparar o que se passou e continua a passar no Rio de Janeiro para se aquilatar quanto os Jogos Olímpicos no figurino atual são uma fonte de desperdício promotora de mais e cada vez maiores injustiças sociais que contradizem a letra e o espírito dos sete princípios fundamentais do Olimpismo. É neste quadro que deve ser entendida a posição dos intelectuais e políticos franceses e não num quadro de luta entre cultura e desporto ou desporto e cultura que só serve para justificar o injustificável e cobrir a mais profunda mediocridade social, oportunismo político e ganância economicista que está a tomar conta do Movimento Olímpico (MO). E, diga-se em abono da posição dos referidos franceses que eles não estão sós na medida em que o que se está a passar em Itália e nos EUA anuncia uma nova era que vai, certamente, acabar com esse paradigma inaceitável que é o de muitos Comités Olímpicos Nacionais (CONs) por esse mundo fora, exorbitando daquilo que decorre da Carta Olímpica, considerarem-se uma espécie de Estado dentro do próprio Estado, ao ponto de, para além de serem responsáveis por situações profundamente condenáveis, ainda se permitirem criticar as decisões dos Presidentes da República e as opções políticas dos Governos de países democráticos.
O discurso do presidente do COP utiliza uma argumentação de vitimização completamente descabida desde logo porque procura atribuir, aos cerca de trinta intelectuais franceses, “…um antiquíssimo preconceito de não considerar o desporto um domínio da cultura…”, como se isso fosse possível e como se, do texto dos intelectuais franceses fosse possível tirar tal conclusão.
Este tipo de discurso de vitimização tem raízes no esquerdismo republicano da velha educação física nacional saída da 1ª República, posteriormente reforçado no Estado Novo que se traduz no - coitadinho do professor de educação física que ganha pouco, mora longe e ninguém o compreende -. Trata-se de um discurso que formatou o pensamento de uma classe profissional ao longo do século passado que, salvo uma ou outra exceção, nunca foi verdadeiramente capaz de ver a floresta da universalidade do desporto para além do corporativismo medíocre da árvore de uma educação física esgotada no tempo. E, hoje, por motivos cuja explicação ultrapassa o presente texto, mas já por mim expostos noutros artigos e ensaios, o referido discurso “do coitadinho” é o grande responsável pelo endémico estado de subdesenvolvimento do desporto nacional. Nunca um verdadeiro desportista, praticante, técnico ou dirigente, lhe passaria pela cabeça argumentar contra a posição dos intelectuais franceses a partir de um discurso de vitimização do desporto perante a cultura. O verdadeiro homem do desporto, no seu íntimo, sabe que o desporto é um jogo que antecede, catalisa e consubstancia a cultura. Quer dizer, desporto é cultura e os intelectuais e políticos franceses sabem-no melhor do que ninguém, porque sabem que cultura é desporto. Tanto a cultura quanto o desporto são jogo que, enquanto competição que é, como refere Hans-George Gadamer na Verdade e Método, “é o fio condutor da explicação ontológica”. Tal como para Friedrich Schiller na Educação Estética do Homem “o homem joga somente quando é homem no pleno sentido da palavra, e somente é homem pleno quando joga”. Nesta conformidade, porque, em matéria de desporto e da sua universalidade instituída por Pierre de Coubertin, não é possível diferenciar do próprio conceito de jogo o comportamento do jogador, o desporto é, hoje, um elemento universal em todas as culturas. Nenhuma outra atividade humana pode reivindicar tal categoria histórico-epistemológica. Por isso, não existem quaisquer complexos de inferioridade ou superioridade entre desporto e cultura e cultura e desporto. A existirem, só estão na mediocridade que, tanto no desporto quanto na cultura, tomou conta das Políticas Públicas em muitos países por esse mundo fora.
Deixemo-nos de lamechices e de subalternismos culturais. Hoje, o desporto é, não só, um espaço de cultura erudita que, há muito, assentou arraiais nas universidades e centros de investigação e cultura por esse mundo fora, mas também é um espaço prático e teórico de cultura popular que determina e reflete atitudes, comportamentos e padrões sociais que se afirmam à escala do Planeta. Assim, as “arrazoadas” preocupações desportivo-culturais do presidente do COP não têm qualquer razão de ser, direi mesmo que, na minha opinião, relativamente aos intelectuais e políticos franceses, não passam de uma hipotética teoria da conspiração sem qualquer credibilidade.
“It's the economy, stupid” é uma frase cunhada em 1992 por James Carville conselheiro estratégico de Bill Clinton que o levou à vitória presidencial sobre George H. W. Bush. É o que se passa com a posição dos intelectuais e políticos franceses. A sua posição nada tem a ver contra o desporto, nem nada tem a ver com a ostracização do desporto da cultura. A sua posição tem a ver com a economia sobretudo porque, desde que o antigo presidente do COI António Samaranch proferiu a frase “yes to commercialization”, os custos da realização dos Jogos Olímpicos, para além de todos os outros inconvenientes, dispararam para valores absolutamente obscenos. Pequim (2008) custou 32 mil milhões de euros. Londres (2012) custou 11 mil milhões de euros. Rio (2016) custou 33 mil milhões de euros. Tóquio (2020) vai acabar por custar cerca de 25 mil milhões de euros. Em conformidade, os intelectuais franceses limitaram-se a afirmar que o País, para além de tudo o mais, com os coletes amarelos na rua a reivindicarem melhores condições de vida, não está em condições de despender cerca de 7 mil milhões de euros a fim de receber os Jogos da XXXIII Olimpíada que, depois das contas feitas, vão, certamente, ser multiplicados por duas ou três vezes.
A questão, ao contrário daquilo que afirma o presidente do COP, não tem nada a ver com qualquer preconceito de ordem cultural relativamente ao desporto, tem a ver com uma simples posição de racionalidade económica que passa por dizer que os Jogos Olímpicos no figurino desportivo, económico e financeiro atual, são, simplesmente, obscenos. E esta obscenidade replica-se nos vários países do Mundo em que os programas de preparação olímpica acabam por consumir milhões à custa do prejuízo da prática desportiva da generalidade das populações sobretudo das mais jovens. Um CON de um país com uma dívida pública de mais de 120% do PIB e défices crónicos das contas públicas há dezenas de anos, que, entre atletas, técnicos, dirigentes e convidados leva uma Missão aos Jogos Olímpicos de mais de cem pessoas, gasta cerca de vinte milhões de euros para trazer uma medalha que podia ser nenhuma num país com taxas de prática desportiva miseráveis, não tem nada a ver com o Espírito Olímpico preconizado por Pierre de Coubertin quando instituiu o MO moderno em finais do século XIX, como, também, nada tem a ver com o Espírito Olímpico preconizado na Carta Olímpica.
O presidente do COP, termina o seu artigo socorrendo-se de Pierre de Coubertin arguindo que que “revisitar uma parte do seu legado ajudaria a ultrapassar estes antagonismos cultura versus desporto”. Não diz que parte de Coubertin é que pretende revisitar, todavia, seja qual ela for, e esteja ele onde estiver, perante o atual figurino dos Jogos Olímpicos, Coubertin, que sempre teve uma questão nunca resolvida com os seus concidadãos, desta vez, estará, certamente, de acordo com a posição dos intelectuais e políticos franceses. Porque, a questão nada tem a ver com cultura, tem tudo a ver com a irracionalidade económica e a irresponsabilidade social que tomou conta do MO moderno."

Rúben Dias chegou a Manchester e pareceu que jogava ali há anos; Otamendi chegou a Lisboa e pareceu que não jogava futebol há anos


"Vlachodimos
Defendeu tudo o que havia para defender, em especial na 2ª parte. Melhor só se tivesse retirado o Otamendi do relvado.

André Almeida
A visão de outro ser humano no lugar de André Almeida é um cenário apelativo, uma espécie de fruto proibido que atrai os benfiquistas, pelo menos até estes considerarem as alternativas. Tivemos o Tomás Tavares, um rapaz bem intencionado que não chegou a ser paixoneta de verão. Chegou um Gilberto que terá sido chumbado ao primeiro toque na bola e dizem-nos que o Diogo Gonçalves está na oficina de Jorge Jesus à espera de pneus de relva e de uma nova caixa de velocidades.

Nicolás Otamendi
O Rúben Dias chegou a Manchester, treinou duas vezes, estreou-se no onze titular e pareceu que jogava naquela defesa há anos. O Otamendi chegou a Lisboa, treinou duas vezes, estreou-se no onze titular e pareceu que não jogava futebol há anos. Depois de uma primeira parte positiva, milhares de utilizadores do Twitter viram-se obrigados a rever as suas convicções quando o argentino desatou a fazer merda. Ainda não foi desta que afastou os rumores que o dão como um espião do FCP. Felizmente foi barato. 

Jardel
Muito bem a coadjuvar Otamendi como protagonista da nova longa metragem de Jorge Jesus “estão a ver porque é que eu preciso de um central?”

Álex Grimaldo
Mais uma assistência decisiva em vésperas de fecho de mercado. Depois admiram-se que as coisas correm mal.

Gabriel
Ok, mas, e aquele passe de 50 metros para o Grimaldo?

Pizzi
Mais um golinho. Imaginem se tivesse jogado bem. Everton Sabes que não foi uma boa noite quando até o Ryan Gauld pareceu mais jogador do que tu.

Rafa Silva
Estou grande fã desta nova especialidade do Rafa em que ele recua de mota para recuperar a posse de bola e imediatamente retoma o caminho da baliza adversária. Há uma autoridade engraçada neste tipo de lance, uma espécie de troça da confiança do adversário. Até aqui, os adversários de Rafa caminhavam aristocraticamente com a bola colada ao pé como se esta estivesse ali para ser. A partir de agora vão parecer vítimas num filme de terror, tomadas pelo medo de cada vez que a bola lhes chega aos pés.

Darwin Núñez
Coitado do miúdo. Aquele sorriso depois de assistir o Seferovic para o 3-1 não engana ninguém. Vale a pena rever. Por um lado, reconhece-se a alegria resultante de ter ajudado o Benfica a vencer mais um jogo. Por outro lado, aqueles olhos não mentem: Darwin continua a viver preso no papel “ponta-de-lança generoso”, um arquétipo trágico para quem pratica esta modalidade na esperança de poder vir a tornar-se ídolo. Especialmente se esse ídolo for o Seferovic.

Luca Waldschmidt
Quando lhe disseram que ia jogar contra uma equipa do Algarve, Waldschmidt recorreu às suas memórias de infância com os pais nudistas na ilha da Armona e imaginou uma série de indivíduos vagarosos de bronze impregnado na pele, plenamente satisfeitos por terem residência fiscal numa das melhores regiões do mundo. Não foi bem assim, mas felizmente desta vez estavam todos vestidos. 

Pedrinho
E eu a pensar que este era um daqueles brasileiros ensonados. Nada disso. Correu de forma desenfreada, tomou melhores decisões do que a maioria e ajudou a equipa a manter a bola o mais longe possível de Otamendi.

Weigl
E o bálsamo que foi ter o Weigl em campo? Equilibrado, agressivo q.b., até passes para a frente o homem conseguiu fazer. Para a frente! É uma pena que tenha demonstrado tudo isto logo agora que vai ter de recuar para central.

Seferovic
Que bonito ouvi-lo responder em português às perguntas do João Martins depois de decidir um jogo enguiçado. Nota-se que o Seferovic gosta de estar por cá. Enfim. Nas palavras imortais do Trio Parada Dura: aceita que dói menos.

Ferro
Não sei quem é este, mas entrou bem. Fez o Otamendi parecer o Ferro.

Chiquinho
Entrada oportuna para permitir uma ovação imaginária a Darwin. Que saudades de insultar o árbitro sem os meus filhos por perto."

Cadomblé do Vata (rescaldo...)


"1. Jogo que demonstrou claramente que vamos ter muitas dificuldades quando começarem os jogos da Liga Europa... bastou vermos o sorteio na sexta feira para baixarmos logo o nível.
2. O FC Porto perdeu no Dragão, o Man. United enfardou 6 e o Liverpool empochou 7... num fim de semana destes, desculpem se fico eufórico com a nossa vitória raquítica.
3. Darwin vai em 4 jogos pelo SL Benfica e zero golos... e no entanto, por agora a única coisa que me preocupa nele é aquele carrapito manhoso na nuca.
4. "Com este jogo todos perceberam porque quero um central"... o JJ também reparou que meter um portista no centro da defesa é barraca certa.
5. "Jardel já não dá mais"... o contexto de Hélder Conduto era o jogo, o meu é a temporada."

SL Benfica 3-2 SC Farense: Seferovic e Odysseas ajudam a quebrar maldição de Jorge Jesus


"A Crónica: Benfica Vence Numa Segunda Parte de Loucos
O Estádio da Luz foi palco do duelo entre o SL Benfica e SC Farense, onde os encarnados procuravam aproveitar o deslize dos dragões frente ao CS Marítimo. Em cima da mesa estava também uma maldição que persegue Jorge Jesus há uns anos: nas primeiras seis temporadas que comandou as águias, o técnico nunca venceu as três primeiras jornadas do campeonato. Restava saber se era hoje que a maldição se quebrava.
O Farense começou bem atrevido e até foi o primeiro a criar perigo. Logo aos três minutos, Amine chama Odysseas ao serviço não uma, mas duas vezes. Ainda assim, o guardião das águias correspondeu em ambas as ocasiões. Nos minutos seguintes, vimos a equipa de Jorge Manuel Ribeiro a rasgar bem o terreno, aproveitando essencialmente o jogo direto, mas a verdade é que conseguiu ir criando perigo. Depois do susto, o Benfica procurou “acalmar as águas” com mais posse de bola.
Apesar da postura da equipa de Faro, quem se adiantou no marcador foi mesmo o conjunto da casa. Aos 15 minutos, Pizzi marca o primeiro tento depois de um grande trabalho de um Rafa supersónico que, depois de uma recuperação a meio-campo, faz um arranque desenfreado e serve o número 21 do Benfica.
O Farense reagiu bem ao golo sofrido: continuou a pressionar, a dificultar a progressão do adversário do terreno e chegou mesmo a ameaçar a baliza das águias. Aos 27 minutos, Stojiljkovic aparece na área para cabecear e obrigou mesmo Vlachodimos a uma das grandes defesas do jogo até ali. Foi uma primeira parte com um jogo aberto em que, apesar de estar a perder, o Farense não colocou o autocarro à frente da baliza e ainda conseguiu criar algum perigo.
A segunda parte teve bastante emoção e houve mesmo muito para contar. Logo aos 52′ houve penálti a favor do SC Farense depois de uma falta de Otamendi. E é aqui que começa o imbróglio, caros leitores. Odysseas defende, na recarga o Farense marca, mas o árbitro manda repetir. Na repetição, Vlachodimos defende e o resultado mantém-se no 1-0. Mas foi sol de pouca dura, depois do penálti, há mesmo empate do Farense: depois de um canto batido pelo lado direito e de uma grande confusão na área, os algarvios restabelecem a igualdade por intermédio de Lucca. É caso para dizer: Não foi à primeira, não foi à segunda, foi mesmo à terceira. Pelo meio o Farense viu o golo do 1-2 ser anulado. Ainda que não tivesse sido validado, ficava a sensação de uma defesa encarnada muito apagada e passiva.
A ameaça do Farense parece ter acordado o Benfica que começou a ser mais pressionante. A qualidade dos encarnados evidenciou-se nos minutos finais da partida. A falta de argumentos do Farense traduziu-se mesmo no resultado aos 79 minutos. Depois de um cruzamento de Grimaldo, Seferovic, no alto e possante, consegue bater Defendi para o 2-1. Mas desengane-se quem acha que ficamos por aqui. Seferovic saiu do banco mesmo inspirado e marcou mesmo o 3-1 depois de mais uma assistência de Darwin. Uma segunda parte de loucos em que o Farense ainda conseguiu fazer a mínima justiça no resultado aos encurtar para 3-2 depois de uma hesitação de Otamendi em que Patrick aproveita e marca na cara do guarda-redes encarnado.

A Figura
Seferovic Confesso que já tinha a minha figura de hoje muito direcionada para Vlachodimos. Ainda assim, o que Seferovic fez depois de sair do banco ditou mesmo o destino desta partida e por isso merece esta distinção. Uma nota ainda para o guarda-redes dos encarnados porque, sem ele, o Benfica podia mesmo ter sofrido mais golos esta noite.

O Fora de Jogo
Segunda parte de Otamendi Fez uma primeira parte muito boa, mas a segunda foi mesmo muito fraca. Foi capaz do pior e do melhor neste jogo aqui na Luz. Está ligado aos dois golos do Farense e também é ele que comete a penalidade a favorecer o adversário algarvio. Ainda assim, é evidente que consegue melhor do que aquilo que mostrou hoje. Principalmente nesta segunda parte.

Análise Táctica - SL Benfica
O Benfica jogou num 4-5-1 a defender e num 4-3-3 a atacar. As águias tiveram algumas dificuldades em dar resposta à pressão do adversário. O Farense estava a pressionar alto desde logo numa primeira fase e a equipa de Jorge Jesus sentiu algumas dificuldades em construir por isso mesmo. Ainda assim, quando os encarnados ultrapassavam a primeira barreira de pressão dos algarvios, criavam desequilíbrios com relativa facilidade. 
Os encarnados estavam a permitir muitos espaços no meio-campo, principalmente no inicio da segunda parte. Nota também para as alterações de Jorge Jesus assim que o Farense marca. O técnico não teve medo de mexer cedo e isso ajudou na conquista dos três pontos. Todas elas foram substituições que fizeram sentido: Rafa começou bem, mas perdeu fulgor; Já Wadschmidt e Gabriel também estiveram algo apagados no jogo.

Onzes Iniciais e Pontuações
Odysseas (9)
Grimaldo (4)
Everton (5)
Gabriel (4)
Darwin (7)
Waldschmidt (4)
Pizzi (6) Rafa (5)
Otamendi (6)
Jardel (4)
André Almeida (5)
Subs Utilizados
Pedrinho (5)
Weigl (5)
Seferovic (9)
Ferro (5)
Chiquinho (-)

Análise Táctica - SC Farense
O Farense apresentou-se num 4-3-3 a atacar e num 4-5-1 a defender. Como já aqui o disse, o conjunto de Faro estava a pressionar alto e a conseguir criar perigo em jogadas rápidas e de contra-ataque. O Farense conseguiu aproveitar quase sempre as alturas em que o Benfica estava mais subido no terreno e mais descompensado em zonas mais recuadas. Foi uma equipa inteligente nesse sentido. Ainda assim, a falta de argumentos sentiu-se a meio da segunda parte, mas de ressalvar a grande qualidade de movimentações da equipa de Faro e a grande garra que apresentaram neste jogo na Luz.

Onzes Iniciais e Pontuações
Rafael Defendi (7)
César Martins (6)
Amine (6)
Stojiljkovic (7)
Fabrício Isidoro (7)
Ryan Gauld (7)
Cláudio Falcão (6)
Cássio Scheid (6)
Lucca (7)
Alex Pinto (6)
Fábio Nunes (6)
Subs Utilizados
Mansilla (5)
Patrick (-)
Hugo Seco (-)
Bura (-)"

Curto, Curtinho mas com vista para a liderança


"A primeira parte do Benfica foi uma tremenda desilusão mesmo tendo saído para o intervalo em vantagem. Sem conseguir somar boas acções consecutivas, somou erros atrás de erros técnicos, com isso perdeu bolas, não se instalou no meio campo adversário nem foi capaz de criar em ataque posicional.
Sem uma única boa exibição do ponto de vista individual – Otamendi a única excepção – Baixaria o nível para acompanhar o dos colegas na segunda parte – e sem resguardo no processo colectivo – Jesus menosprezou a potencial valia do Farense, é a única explicação para uma vez mais apresentar um oito que não tem capacidade de recuperação da posse. Pizzi teve chegada à frente, marcou o golo da vitória, ainda teve bons recortes técnicos – entre muitas perdas com passes para fora – mas sem conseguir tirar a bola a ninguém, e ainda sendo constantemente driblado numa posição determinante para que se possa poder assumir o jogo, e roubar a posse para a guardar não pode ocupar tal espaço.
Mas o médio foi também vítima do péssimo jogo dos homens da frente. Se não tivessem errado sistematicamente, teria tido um jogo com menos momentos para defender. De menor exposição ao que é menos capaz.
Everton teve um a nível verdadeiramente lastimável – não somou qualquer desequilíbrio e ainda decidiu quase sempre mal, e Rafa Silva exceptuando pequenos lances em que acelerou não esteve muito melhor – Sempre a soltar a bola sem qualquer critério, quer no tempo quer no para o espaço. Os mais adiantados Darwin e Luca viram-se forçados a um jogo quase sem bola – o Uruguaio só deu 24 toques, num total de 10 passes (7 certos), e o alemão ficou-se pelos 18 toques e 15 passes (Somente 10 certos) – e não foram capazes de acrescentar nas poucas ocasiões em que esta chegou. A decisão de Darwin em oferecer o golo a Seferovic depois de ultrapassar o defesa, e o movimento sem bola de Luca no golo de Pizzi foi o que de melhor fizeram na partida. Pouco.

Benfica instalado em Ataque Posicional foi quase uma miragem

Ritmo baixo, desplicência, pressão sem funcionar e um Farense muito limitado individualmente marcou, quase fez o segundo e pelo meio viu Gauld falhar dois penaltys.

Organização Defensiva vista em poucos períodos – Maioritariamente SLB estendido a tentar pressionar, mas sem conseguir recuperar a bolas de forma sistemática

Uma exibição paupérrima ainda marcada pelos erros de Otamendi, e pela presença dos dois laterais sem capacidade de criação – Grimaldo desmentiu-o uma vez, quando encontrou Seferovic para o segundo golo, e que acabou por ser salva (a exibição) pelo resultado final e pelas entradas felizes de Seferovic e Pedrinho.

Darwin assiste Seferovic depois de driblar o central algarvio


Nota Final: para um Farense de Sérgio Vieira sempre bem organizado, a mostrar-se bem competitivo muito mais pela qualidade do seu processo de trabalho do que pelo nível apenas razoável das suas individualidades."

O nosso tradicional antijogo

"Este ano, a época de caça ao antijogo começou mais cedo. Costuma ser mais para o fim da temporada, quando os pontos ficam mais caros, o desespero toma conta das cabeças dos que lutam pelo título e os mais fracos esbracejam para ficarem acima da linha de água. O início de época atípico graças à Covid-19 e as dúvidas enervantes sobre a constituição dos plantéis – o mercado de transferências só fecha hoje e o Futebol Clube do Porto, por exemplo, arrisca-se a perder duas das suas maiores figuras – puseram o foco nesse produto típico do nosso futebol que é o antijogo.
É uma pena. Tal como o cante alentejano nasce da paisagem e das duras condições de vida dos trabalhadores, o antijogo, denominação de origem demarcada, peça em filigrana artesanal de engano e esperteza que usa os atrasos na reposição da bola e a simulação de lesões como matéria-prima, nasce dos estádios sem espetadores, da luta sem tréguas pela sobrevivência e dos salários em atraso. Ninguém vai para treinador com o sonho de fazer antijogo. O antijogo é resultado das condições árduas, de quem se vê obrigado a fazer omeletes com cascas de ovo e a lutar pelo pontinho nosso de cada semana. O antijogo é o bife dos pobres. Devia ser mais apreciado.
Conceitos como “teologia negativa” ou, noutro campo, “antimatéria”, têm o prestígio das coisas complexas. Já o antijogo não tem muitos defensores. O que para mim é motivo de espanto. Algumas expressões sobre um jogo de futebol – “matar o jogo”, “arrefecer o jogo”, “controlar o jogo”, “adormecer o jogo” – parecem saídas do léxico de um psicopata assassino em série. O que está em causa é o controlo. Às equipas mais fracas não convém um jogo demasiado vivo. Torna-se imperioso “quebrar o ritmo” do adversário porque quanto maior a velocidade do adversário, mais imprevisível e perigoso se torna. Não é de admirar que todos os treinadores de equipas pequenas quando jogam contra equipas mais poderosas se preocupem, em primeiro lugar, em anular o adversário. Não só porque defender é mais fácil mas porque é a estratégia mais sensata. Irritar o adversário, frustrá-lo, enervá-lo ao ponto de ele perder lucidez e concentrar-se mais na irritante estratégia do rival do que nos instrumentos de que dispõe para a contornar.
Na antevisão do jogo com o Marítimo, Sérgio Conceição ofereceu de mão beijada um trunfo ao adversário quando reconheceu que a habitual estratégia de Lito Vidigal o irritava. Ao reconhecê-lo, expôs-se. Acredito que tenha sido uma exposição calculada e com dois objetivos: primeiro, condicionar Lito Vidigal, fazendo-o envergonhar-se antecipadamente da sua estratégia, na esperança de que, de um dia para o outro, o treinador do Marítimo, para corrigir a imagem negativa, entrasse no Dragão cândido como um lírio a pedir para ser colhido; em segundo lugar, passar uma mensagem ao árbitro: se for preciso dar dez ou vinte minutos de compensação, então que se dê.
O segundo objetivo foi conseguido. Na segunda parte, o árbitro concedeu uns generosos dez minutos de compensação que, apesar disso, não alteraram a configuração do jogo. O Porto continuou a atacar atabalhoadamente, o Marítimo continuou a defender-se em bloco e a atacar de forma cirúrgica. Nos descontos os madeirenses marcaram um golo em contra-ataque, os portistas marcaram um golo com um remate desesperado de meia-distância que ainda desviou num defesa.
Já o primeiro objetivo não foi alcançado. O bom Vidigal não caiu na esparrela de Conceição. Mordeu o orgulho e manteve-se fiel aos seus princípios negativos. Apresentou-se no Dragão não como o treinador adversário desejaria, mas da maneira mais apropriada para lhe causar dano. Conceição não pode levar a mal que os adversários não colaborem com a sua ideia de jogo e que não entrem no Dragão com a disposição turística de oferecer um grande espetáculo e almoçar cinco ou seis batatas. E se o treinador teve a hombridade de assumir o falhanço das suas escolhas, também deveria assumir que os “mind games” (os “jogos da mente”, como diria o saudoso Rui Vitória) lhe correram mal. Aquele ataque preventivo teve o condão de acicatar Lito Vidigal e de tornar mais fácil a tarefa de motivação dos seus jogadores.
É curioso que, no final do jogo, Conceição tenha recorrido à analogia da dança, dizendo que são precisos dois para se dançar o tango. A sabedoria popular diz que uma equipa joga o que a outra a deixa jogar, mas Conceição preferiu uma metáfora cooperativa. Porém, o futebol, como bem sabe o combativo treinador do Porto, não é dança. Na dança os parceiros colaboram, procuram o mesmo objetivo. O sucesso de um é o sucesso de outro, a nota artística de um é a nota artística do outro. Num combate – e o futebol é um combate – o objetivo é anular o adversário, a não ser que admitamos um jogo de futebol em que um dos contendores quer que o outro brilhe. Isso sim seria o verdadeiro antijogo e uma falta de respeito pelos espetadores.
Dito isto, fiquei triste com o ataque ao antijogo, um dos baluartes do nosso futebol e do nosso desequilibrado campeonato. O antijogo não é a causa dos desequilíbrios estruturais, é a sua consequência. É o fruto de uma árvore doente, mas que é a nossa árvore doente. Se não gostamos dos frutos e da compota amarga que eles dão, devíamos cuidar da árvore. Até que esse dia chegue, sejamos capazes de acarinhar o antijogo. Vamos importando expressões estrangeiras – catenaccio, tiki-taka, gegenpress – que fazem do futebol uma amálgama transnacional quando devíamos olhar para o nosso reduto e comemorar a magia provinciana do tradicional antijogo e do futebol para o pontinho que tem o sabor inconfundível a comida caseira mesmo que faça mal ao colesterol e dê cabo da tensão arterial. Nada que não se resolva com sais de fruto e um pezinho de dança com um parceiro de boa vontade."

Jornada histórica para a arbitragem


"Há muitos anos que não víamos tantos e tão graves erros sempre para o mesmo lado numa só jornada. E por isso vamos dividir os posts e falar uma coisa de cada vez.
Neste momento, com o Presidente do Benfica mergulhado em processos, estamos completamente desprotegidos, sente-se no ar a impunidade em nos ferir.

Vamos falar alto e bom som e de forma séria de uma vez por todas o que se está a passar na arbitragem ou vamos deixar continuar a andar como se nada fosse para voltarmos a ser enrabados no final do ano? 
Vamos deixar passar novamente a prestação de Luis Ferreira como VAR em jogos do Calor da Noite? Ontem foi apenas mais um penalti para entrar no anedotário nacional em que um jogador do Marítimo corta a bola, leva uma patada do Marega e é sancionado penalti. Já damos de borla que o árbitro Rui Costa tenha marcado penalti. O que nunca poderia acontecer era ter sido validada a decisão pelo VAR. E nesse VAR estava, para variar, Luis Ferreira. O VAR que deixou passar um penalti na primeira parte por agarrão e empurrão de Telles a Rodrigo Pinho e que deixou validar o 1ºgolo do Calor da Noite com uma falta no bloqueio de Danilo. Um VAR que, em conjunto com Vasco Santos (já vamos também falar dele mais adiante), esteve em mais de 50% dos jogos do Calor da Noite no ano passado. Uma palavra final em relação a este jogo para o árbitro Rui Costa: demo-nos ao trabalho de cronometrar a segunda-parte do jogo do Calor da Noite. Até ao minuto 90, entre assistência a jogadores do Marítimo, VAR e substituições, o jogo esteve parado 7 minutos, 51 segundos e 87 centésimos. Sendo que em duas dessas paragens, os jogadores do Marítimo tiveram que ser substituídos por lesão real. Num jogo normal, um árbitro daria 6 ou 7 minutos pois, como se sabe, nunca se compensa todas as paragens ao segundo. Pode-se assim dizer que 10 minutos é o maior roubo da história dos tempos de compensação, sendo que o jogo acabou mais 11 minutos até. É completamente à descarada. Rui Costa que, no ano passado, foi também o árbitro que deu mais minutos de compensação num jogo do Calor da Noite em Portimão, adivinhem com que resultado? Sim, o Calor da Noite estava empatado e o jogo prolongou-se também aos 100 minutos, sendo que acabariam por marcar o golo da vitória aos 99 minutos.

Comecemos de uma vez por todas a chamar os bois pelos nomes porque começam a ser poucos os árbitros com condições para apitar jogos da 1ªLiga e fazerem o papel de VAR. Neste caso em específico, Rui Costa como árbitro e Luis Ferreira como VAR, não têm condições para voltar a arbitrar Benfica ou Calor da Noite porque simplesmente não oferecem qualquer condição de isenção ao jogo! Luis Ferreira então, não sabemos o que mais terá de fazer para que seja erradicado de VAR. Já fez de tudo."

O 'Gym' de Boxe e a gestão do capital - Corpo


"O “gym” (termo consagrado em países de língua inglesa) é um espaço complexo e polissémico, carregado de funções e de representações que não fáceis de perceber e de interpretar para um observador pouco experimentado. Quando olhamos para uma sala de boxe, por exemplo, nada parece ser mais banal e evidente, mas Loïc Wacquant, professor universitário, num magnífico livro (Corps et âme: carnets ethnographiques d’un apprenti boxeur, 2000), dá-nos conta da sua complexidade em Woodlaw Boys Club, Chicago (EUA). Segundo Wacquant, o “gym” (clube, ginásio, sala) é uma força que forja o pugilista e o corpo-arma. É nele que se vão polir as habilidades técnicas e os saberes estratégicos. Ele isola da rua e tem um papel de segurança e de escape das pressões da vida quotidiana. É também uma escola de moralidade, no sentido de Émile Durkheim, isto é, uma máquina de fabricar o espírito de disciplina, a criação de laços sociais, o respeito dos outros e de si mesmo e a autonomia, coisas indispensáveis para a eclosão da vocação pugilista. Wacquant apresenta-nos um conjunto de dados etnográficos precisos e detalhados, produzidos pela observação direta e participante, sobre um universo social mal conhecido para muitos. O boxe (nobre arte) é como uma dança. É um dos terrenos onde se coloca com acuidade máxima o problema das relações entre a teoria e a prática, e também entre a linguagem e o corpo. O ensino de uma prática corporal, como já referi em muitos dos meus estudos, levanta um conjunto de questões teóricas de primeira importância, na medida em que as ciências sociais se esforçam por definir a teoria das condutas sociais que se produzem, na sua grande maioria, no subconsciente. O boxe é uma das práticas desportivas que tem inspirado muitos realizadores de cinema e romancistas de talento. Na nossa civilização, ele é um arcaísmo (do grego archaismós), uma das últimas barbáries consentidas, o último espelho. Enquanto “ilha” de estabilidade e de ordem, um “gym” pode ser um local de sociabilidade protegida. Os campeões demonstram “in vivo” as virtudes mais altas da profissão (coragem, força, tenacidade, inteligência e ferocidade) e encarnam as diversas formas de excelência pugilista. Até as conversas são muito ritualizadas, como acontece nos dojos das artes marciais. O boxe é um conjunto de técnicas no sentido de Marcel Mauss, isto é, atos tradicionais eficazes. Aprender a boxear é modificar o esquema corporal e a relação com o corpo. Interioriza-se uma série de disposições mentais e físicas, que fazem do organismo uma máquina (inteligente, criadora e capaz de se autorregular) de dar e receber golpes de punho. A nobre arte é paradoxal, na medida em que é ultra-individual, cuja aprendizagem é forçosamente coletiva. No fundo, o “gym” está para o boxe como uma igreja está para a religião: é uma comunidade moral, um sistema solidário de crenças e de práticas. O livro de Wacquant é uma referência para quem quer estudar e perceber o boxe."

De Teilhard de Chardin a António Damásio


"Quando, no raiar da década de 60, tentei chegar à compreensão da Lei da Complexidade-Consciência, de Teilhard de Chardin, logo me pareceu evidente que aos dois infinitos que assustavam Pascal (o infinitamente grande e o infinitamente pequeno) importava acrescentar o infinitamente complexo onde, através do fenómeno da cefalização, o Espírito desponta. Assim, a Evolução, em Teilhard, é uma subida para o Espírito: é uma subida da Matéria à Vida e da Vida ao Pensamento. E, no Pensamento, do animal que sabe ao homem que sabe que sabe. E, com o ser humano, a hereditariedade de cromossómica, veiculada por genes, passou a noosférica, transmitida pelo meio ambiente, pela cultura (a cultura, de facto, não se transmite hereditariamente). E assim o ser humano surge inteiramente “bios” e surpreendente e inteiramente “logos”. A Evolução tem, de facto, um sentido: o Homem – o Homem que é, simultaneamente, Matéria, Vida e Espírito. O livro de Jean Le Boulch, Vers une science du mouvement humain (Les Éditions ESF, Paris, 1971), que rejeitava o dualismo metodológico de Descartes, e adiantava a criação da ciência do movimento humano, ou seja, sem que o tornasse público, fez um “corte epistemológico – o livro de Jean Le Boulch encontrou-me com alguma preparação para entender os móbeis da sua atitude, dando especial atenção ao significado biológico e filosófico do movimento. Na página 105 deste livro, ele sublinha mesmo que uma educação do corpo, sem outros objetivos que os da saúde e da recreação, omite boa parte do conteúdo paradigmático que deve norteá-la. Também para Jean Le Boulch a ginástica sueca de Ling não passa de uma caricatura do mecanicismo cartesiano. O primado da perceção sobre a razão, em Merleau-Ponty, dilucidava situações onde o dualismo antropológico cartesiano não cabia também. E de Merleau-Ponty trazia eu algumas ideias da Faculdade de Letras, que me faziam alinhar o passo pela fenomenologia…
Por isso, mal me chegou às mãos o livro de António Damásio, O erro de Descartes. Emoção, razão e cérebro humano, (Europa-América. Lisboa, 1995) retenho na memória a alegria que me tomou, ao lê-lo, embora a minha ignorância, no que à neurologia diz respeito. Mas, porque é filósofo o médico António Damásio e eu mero “aprendiz de filosofia”, ousei entrar, com o devido respeito, numa obra de tão vasta informação erudita. Aliás, a invulgar culta inteligência e a exemplar devoção ao convívio ciência-filosofia de António Damásio a tanto me convidavam. Segundo ele, um neurologista de fama que abrange o mundo todo, “a razão humana está dependente, não de um único centro cerebral mas de vários sistemas cerebrais, que funcionam de forma concertada, ao longo de muitos níveis de organização neuronal” e que portanto “todos estes aspectos emoção, sentimento e regulação biológica desempenham um papel na razão humana” (op. cit., p. 15). No INEF, no ISEF e na FMH, a conclusão final de António Damásio já era um dado adquirido, a começar pela recusa da ideia de um espírito sem corpo. Mas, reconheçamo-lo, sem o suporte neurofisiológico do autor deste livro, que vinha trazer um valioso contributo à ciência em trabalho interdisciplinar com a filosofia, como outros sábios médicos o têm feito, com inteiro aplauso, ao longo da História da Medicina. Em entrevista à Dra. Clara Ferreira Alves, jornalista e hermeneuta da cultura, no Expresso, de 2020/9/26, afirma o Doutor António Damásio: “O clima, as alterações que nos matam e fazem sofrer são resultado da nossa ação. Os animais são apanhados nela. Estes problemas estão conectados. Clima, animais e vírus têm as escolhas do homem na origem. Não deverá estranhar-se, por isso, que uma biologia do comportamento se adentre nas fronteiras da filosofia, designadamente da axiologia. O corpo determina a visão do mundo. Daí, “um movimento dentro da ciência, constituído por pessoas que estão interessadas em pensar a sua ciência, dentro da história, fazendo a ligação às humanidades e à filosofia”…
Guardando certas semelhanças com Teilhard de Chardin, António Damásio opina que “não há consciência sem sentimento, A consciência começa no momento em que há sentimento. E não é possível compreender a consciência sem compreender a relação entre mente e corpo. E não só para os seres humanos. A mente existe e atua dentro do corpo. O sentimento é o processo biológico que permite essa relação”. Mas não é verdade que no ser humano se erguem questões que se situam, para além do âmbito da biologia? E que por isso não há formas inferiores ou superiores de vida, pois que todas são momentos da Evolução? Por isso, cada organismo percebe o mundo, baseado no seu sistema de perceção e de valoração. Fazendo minha uma frase de André Breton, em Teilhard de Chardin e António Damásio, tudo se passa “como se eu me tivesse perdido e me viessem dar notícias minhas!”. Mas tornemos ao António Damásio da referida entrevista: “As emoções fazem parte do armamentário para lidar com a vida à nossa volta. E têm longos anos. Não aparecem nas primeiras criaturas vivas. Nas bactérias, há aspetos emocionais, mas não há emoções. E muito menos sentimentos. A emoção está ligada ao comportamento e não à mente, nada tem de subjetivo. O que é subjetivo é o sentimento”. Bebi, a largo fôlego, nos últimos trinta anos do século passado, o que, pela minha impreparação científica, pude aprender em Jacques Monod, em François Jacob, em Henri Laborit, em Freud e noutros autores de menor nomeada, como Marc Oraison: (autor que o António Alçada Batista me aconselhou, numa das minhas habituais visitas à Livraria Moraes):”aquilo que é especificamente humano, para um conhecimento científico moderno, não é já apenas a estruturação molecular ou o funcionamento fisiológico das organizações cada vez mais complexas, que constituem o animal superior: é muito precisamente este mundo absolutamente novo e infinitamente vasto da relação. Relações intersubjetivas, múltiplas e recíprocas; relações intergrupos, com as suas mil e uma modalidades e as suas diferenças consideráveis de intensidade emocional, é tudo isto que constitui o facto humano como tal” (Marc Oraison, O acaso e a vida, Moraes Editores, Lisboa, 1973, p. 63).
António Damásio, tamisado pela ciência e a ética, escreve no seu A Estranha Ordem Das Coisas (Círculo-Leitores, Lisboa, 2017): “Aumentar o conhecimento da biologia, desde as moléculas aos sistemas, reforça o projeto humanista. Vale também a pena repetir que não há qualquer conflito entre as versões do processo cultural, que favorecem fatores culturais autónomos, ou seleção natural ou seleção natural e transmissão genética. Ambas as versões estão em jogo. Os seus fatores atuam em ordem e proporções diferentes. De acordo com os problemas e as ocasiões” (p. 331). Extraindo desta entrevista o que ela me parece ter de singular, continuo a citar António Damásio: “A emoção é a reação ao exterior, é comportamento, e o sentimento é a forma como aprecias mentalmente a reação. Até ao momento em que aparecem os primeiros sistemas nervosos, há cerca de 500 milhões de anos, a possibilidade de ter uma emoção existe, mas a possibilidade de sentir não existe. Um vírus não pode sentir. É improvável que a nossa vida mental, a tua e a minha e a de todos exista há mais de 100 mil anos. Existem prolegómenos. A mente humana é muito recente”. Nas suas aulas da École Normale Supérieure, Merleau-Ponty, ao versar o tema clássico da “união da alma e do corpo”, meditava a filosofia de Maine de Biran (1766-1824), filósofo que chegou ao ponto de ter descoberto, há tão remotos anos, o estatuto subjetivo do corpo próprio, a partir da experiência do movimento (cfr. Luís António Umbelino, Somatologia Subjectiva – Apercepção de si e Corpo, em Maine de Biran, tese de doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010). Por isso, fez bem o Doutor António Umbelino (que me distinguiu com a oferta pessoal da sua tese) em entrelaçar pensamento e corpo, Maine de Biran e Merleau-Ponty. Para eu poder descobrir, em António Damásio, mais uma fase evolutiva da “noogénese” de Teilhard de Chardin. Segundo Julien Green, “l’avenir n’est à personne”. Mas eu encontro, em António Damásio, um novo paradigma, uma nova episteme…"

Vermelhão: Sofrido!

Benfica 3 - 2 Farense


Não estava à espera de um jogo destes, e aparentemente nem a equipa técnica do Benfica, pois desta vez pareceu-me que a estratégia do Farense surpreendeu o Benfica, pois raramente conseguimos travar as saídas para o ataque dos alargavios, que acabaram o jogo na Luz, com mais remates à baliza e provavelmente mais oportunidades do que o Benfica! Algo raríssimo acontecer na Luz em jogos do campeonato...!!!

Do ponto de vista do espectáculo até foi um bom jogo, diferente daquilo que estamos habituados no Tugão, mas nós como Benfiquistas, dispensamos este tipo de emoções... Um jogo decidido ao intervalo, é sempre bem mais agradável!!!

A superioridade do Farense no meio-campo foi quase fatal, na minha opinião o Luca deveria ter 'baixado' para o meio-campo...  Assim ficámos sem capacidade para recuperar bolas na pressão alta, deixando a nossa linha defensiva exposta à velocidade nas costas, que com o Jardel em campo foi muito explorada pelos adversários! Aliás até na nossa fase de construção, houve um 'ataque' premeditado sempre que o Jardel recebia à bola!!!

E assim, o Odysseas acabou por ser provavelmente o melhor em campo...!!! Sendo que o Seferovic saltando do banco, com dois golos decisivos, foi eleito MVP... O Otamendi ficou ligado aos golos do Farense, mas até fez uma exibição razoável... sendo que para mim, o único problema 'grave', é mesmo o jogo aéreo como se viu no 1.º golo do Farense, no Canto, pois é ele que não chega à bola..! A 'definição' lá na frente: falhou! Tivemos vários jogadas em superioridade numérica, junto da área do Farense, e quase sempre os nossos avançados decidiram mal... só no golo do Pizzi, houve golo, e sem o ressalto na César se calhar não entrava!!!

Em relação ao senhor da 'moeda', mais uma encomenda inacreditável: entradas duríssimas por trás e a cortar contra-ataques do Benfica, sem qualquer Cartão foram muitas; no penalty existe uma falta clara sobre o Jardel imediatamente antes, e nada foi marcado... para mim, não é penalty, o Otamendi, entra duro, com o pé 'por cima', mas toca claramente na bola, só depois pissa o adversário...; a repetição do penalty é completamente absurda: o Ody tem um pé em cima da linha e outro atrás da linha, a única irregularidade são os dois jogadores do Farense dentro da área, que efectuam a recarga... devia ter sido marcada falta ofensiva, nunca a repetição do penalty!!! Só para esclarecer: sim a Lei diz que um pé tem que estar em cima da linha, não pode estar à frente, nem atrás... mas como é possível verificar nas imagens, o pé direito está mesmo em cima da linha!!! No 2.º golo do Farense a falta sobre o Otamendi é claríssima: não é um lance igual ao penalty de ontem dos Corruptos, aqui o Otamendi é um único jogador que toca na bola, o jogador do Farense não toca na bola, dá um patada na caneleira do argentino... mas com o Vasco Santos como VAR, passou tudo... E para finalizar, ainda tivemos aquele minutinho extra, aos 6 minutos de compensação, só para ver o que dava!!!

Esta paragem do campeonato é perigosa... por um lado, permite dar tempo às recuperações do Vertonghen e do Taarabt, vamos ter o 'fecho' do Mercado e também dá tempo ao Otamendi para treinar... mas por outro lado, vamos ter muitos jogadores nas selecções, e quando regressarem todos, vamos estar com as malas feitas para a deslocação difícil a Vila do Conde...
Mas para já, 100% vitoriosos, a jogar bem ou mal, neste momento não interessa... normalmente as equipas do Jesus, só lá para meio da época, carburam a 100%, por isso é fundamental nesta altura onde ainda existem detalhes a acertar, não perder terreno e se conseguirmos ficar em vantagem, ainda melhor!!!

Questão Central !!!


"Hoje ficou evidente para todos aquilo que já era evidente para muitos. Esperamos que a referência à palavra “central” por 6 vezes em 25 segundos (!) e o pedido expresso relativo à sua contratação sejam suficientes para ser correspondido.
PS: O VAR, uma vez mais, a mostrar dualidade de critérios entre os jogos do SL Benfica e FC Porto. Num, o jogador do FC Porto comete falta e é assinalada falta contrária e respectivo penálti a favor. Noutro, o jogador adversário comete falta e é golo da equipa adversária, sem que o VAR invalide. Continuamos a aguardar pela posição oficial de Fontelas Gomes e Pedro Proença a respeito da dualidade de critérios da arbitragem."