sexta-feira, 25 de setembro de 2020

A esperança no lugar do desespero...


"O extremismo nasce e cresce na revolta, como erva daninha nos viveiros da injustiça e da pobreza. Alimenta-se de si mesmo, avoluma-se e produz mais e mais revolta, mais e mais extremismo, até que, um dia, salta das palavras para fora e exige acção, castiga o mundo, ou o que dele está mais exposto e explode em violência, por vezes literalmente.
Tem sido assim desde sempre na história, mas o século XX, com a escala da indústria e o poder da tecnologia, mostrou que o extremismo entrou no novo século com uma dimensão civilizacional. Ora, uma chaga social desta magnitude não pode combater-se apenas com repressão, como uma doença grave e profunda se não pode tratar apenas combatendo sintomas. É preciso ir às causas profundas e actuar sobre elas. E essas causas não são apenas de ordem económica ou política, mesmo que a concentração de riqueza e a sua imperfeita e injusta distribuição no mundo sejam um reprodutor de pobreza e de imobilidade social que se transforma numa verdadeira armadilha dos povos.
É preciso espreitar bem mais fundo, para a diferença, a identidade e os sistemas de crenças e valores. Entramos no domínio da civilização e da cultura que veste a biologia e a nossa percepção colectiva como ordem do mundo e sanciona-a mutas vezes com a religião. A única forma de combatermos a divisão entre os povos e a segregação é através do diálogo intercultural em todos as suas formas e patamares. Por isso as Nações Unidas são uma instituição tão valiosa e insubstituível, nascida da convicção da humanidade de que os grandes conflitos globais não podem voltar a repetir-se, tendo de ser evitados pelo diálogo entre as nações. Desafios como o terrorismo e o extremismo escapam a este diálogo, porém a ONU sabe o que divide os povos, como sabe, como ninguém, que o desporto é uma das únicas actividades humanas que têm o poder de os unir. Sabe como sabia Mandela que o desporto tem o poder de 'fazer nascer a esperança onde antes havia só desespero'. Os grandes clubes, como o Benfica, são cada vez mais, com as suas fundações sociais, as fábricas dessa esperança."

Jorge Miranda, in O Benfica

A decadência e o dolo



"1. Para o comum consumidor de informação, são cada vez mais inquietantes os sinais de mistificação e degenerescência que o jornalismo está a dar de si próprio nas páginas dos jornais e nas horas outrora nobres das TV generalistas. No actual contexto da mediocridade mediática, só se salva ainda (e a duras penas, por quanto tempo escapará?) e placidez da rádio, que tradicionalmente sempre se manteve mais credível em todas as crises... A saturnal fancaria das 'notícias' inventadas e não confirmadas, a rasquice das 'opiniões' descarada e sistematicamente pagas por ocultos (com rabo de fora) e o mais acabado registo de deboche nos ordinários 'debates' estão hoje generalizadamente consagrados como os novos modelos comunicacionais, tornados imperativos nas mesas de decisão de editores e programadores da imprensa e da televisão.
A palavra de ordem que - nas correias de transmissão destes meios - é imposta às autênticas marionetes que -no fim da linha - nos servem esses podres menus de inquidades será, certamente, 'quando pior, melhor!' Ou então, 'quanto mais inverosímil, mais convincente'; ou, ainda, 'quanto mais escandaloso, mais impreterível'...
2. A estúrdia, a insinuação e a calúnia substituíram-se à serenidade de análise, ao esforço de investigação e à deontologia, no que se transformou o corrente desempenho de uma 'nova ética' informativa. É disto, e apenas disto, que agora se faz o 'novo jornalismo' à portuguesa, assim ajustado aos 'novos caracteres' dos ratos ocultos (com rabo de fora...) que passaram a validar e sustentar nas administrações em Portugal esses 'novos comportamentos' próprios dos tais 'novos decisores'. De um estado inicial de desnorte conforme à euforia do começo da década, o auge da primeira crise socioeconómica do século propiciaria que, no teatro da generalizada fraude informativa instalada, o 'novo jornalismo' do escangalho rapidamente passasse a ultrapassar, com total impunidade, sucessivos patamares da inteligência e, mesmo, do senso comum.
3. O álibi dos plumitivos passara a ser, dizia-se, 'a defesa' dos seus postos de trabalho: e, para eles, todos os meios justificavam essa parte do fim (próximo). A desenfreada corrida pela conquista do audimetrias desprevenidas, portanto, dispensava regras e cabrestos, passando a valer tudo.
Primeiro, serviram-se eles do inédito, do não acontecido e do não confirmado para cativar incautos. A seguir, recorreram ao incrível para agarrar pacóvios. Depois, para encandear cegos, já devassavam o impossível. E por fim, perdendo todos os escrúpulos, escarafuncham os inconcebíveis para tentarem tomar todos os portugueses como parvos.
4. A justificação, para eles, será simples. Mas, de tão simplória, o que ela legítima, afinal, é revelar não mais do que as profundíssimas contradições dos seus próprios mistificadores.
Quando se chega ao estado de coisas de que as inconcebíveis bravatas desta últimas semanas (nos campos do jornalismo e da opinião publicada relativos ao Desporto, ao Associativismo, à Política, à Justiça ou, até, à Economia, como também à vida de Cidadãos probos) constituem exemplos tão contundentes, de espuma dos dias nada mais ficará para a História do que a inevitável decadência da classe e o fatal dolo no consumo da Informação."

José Nuno Martins, in O Benfica

Obrigada, Fejsa

 

Um dos grandes jogadores das últimas épocas do SL Benfica, que mesmo com os problemas físicos recorrentes, foi fundamental nas nossas vitórias, dentro e fora do campo...

Fraude aos regulamentos?


"A lista é cada vez mais extensa mas, para início de conversa, Waris (Estrasburgo), Abel Ruiz (Braga) ou, num passado mais distante e à escala global, Mbappé (PSG) são casos de estudo em matéria de direito desportivo. O motivo resulta do facto de todos eles terem sido objecto de empréstimos iniciais com cláusulas de compra obrigatórias. Fraude à lei ou melhor, neste caso, aos regulamentos? Somos levados a crer numa resposta afirmativa e, em particular, perante as regras emanadas pela UEFA quanto ao seu fair play financeiro. Retomemos, em particular, o processo de transferência do internacional francês que trocou o relvado do paraíso fiscal pelo da capital francesa e que continua a ter contornos um tanto ou quanto escandalosos: o crónico campeão francês não podia contratar o atleta a título definitivo, caso contrário, desencadearia um problema inevitável com as contas do clube, disparando os custos ou encargos e arriscando sujeitar-se a multas pesadas da UEFA ou até sanções desportivas. Solução? Os clubes envolvidos acertaram um empréstimo fantasma em 2017 reforçado por uma série de condições que constituíam uma compra obrigatória tout court posterior já em 2018, por 187,50 milhões. Um desses termos consistiu na garantia de que o valor seria liquidado - contratando-se assim o jogador em causa definitivamente - quando o PSG assegurasse matematicamente a permanência na Ligue 1. Tal cláusula roça a desonestidade intelectual jurídica mas, bem vista a situação e enquanto deixar passar acertos deste género, a UEFA permite ser ela própria que devia saber controlar. E isto numa altura em que a figura central (Al-Khelaifi, presidente do PSG) que negociou Mbappé a par do antigo número 2 da FIFA (Jérome Valcke) se encontram perante a hipótese de serem condenados a 28 meses e a 3 anos de prisão, respectivamente. Para se ser sério, não basta sê-lo..."

João Diogo Manteigas, in A Bola

Estreia na Luz


"Amanhã, sábado às 18h30, ante o Moreirense, dar-se-á a estreia, na presente temporada, da nossa equipa no Estádio da Luz, em competições oficiais, numa partida a contar para a segunda jornada da Liga NOS 2020/21.
Ambos os clubes venceram na ronda inaugural. O Benfica visitou o Famalicão e obteve um triunfo, por 1-5. Enquanto o Moreirense, na condição de visitado, bateu o Farense por 2-0.
O Moreirense tem vindo a cimentar a pertença ao escalão primodivisionário, tendo conseguido, nas últimas duas temporadas, as suas melhores classificações de sempre (6.º em 2018/19 e 8.º em 2019/20). Acresce que venceu a Taça da Liga em 2016/17.
O histórico de confrontos entre Benfica e Moreirense é favorável às nossas cores. Nos dez jogos do Campeonato Nacional realizados no Estádio da Luz, vencemos seis, empatámos três e perdemos um. Após dois empates iniciais, conseguimos uma série de seis triunfos consecutivos, mas há dois anos perdemos e, na época passada, empatámos.
Não será, portanto, um desafio fácil para a nossa equipa. O objetivo, como sempre, será obter uma vitória e somar três pontos. Vencer é sempre o objetivo, se for possível convencer também, tanto melhor.
Os bons sinais evidenciados em Famalicão deixam-nos otimistas para uma temporada que todos desejamos gloriosa.
O nosso plantel já era forte e foi bem apetrechado, os reforços vão demonstrando que se estão a adaptar muito bem e Jorge Jesus é reconhecidamente um treinador muito competente. As expectativas são elevadas, mas acreditamos que a nossa equipa saberá cumpri-las.

P.S.1: Hoje, das 14h30 às 22 horas no Estádio da Luz, decorrerá a votação para aprovação do Relatório e Contas do Sport Lisboa e Benfica. Para poder votar, necessita da quota de julho regularizada. Participe!

P.S.2: Felicitamos Rio Ave e Sporting pela passagem à ronda seguinte da Liga Europa."

Desporto é muito mais do que os resultados


"“Um país pode considerar-se realmente desportivo quando a maior parte dos seus habitantes sente o desporto como uma necessidade pessoal”
Pierre de Coubertin

Talvez por ser fruto de uma mãe e de um pai licenciados em Educação Física que desde pequeno sonhava em trabalhar no desporto.
Minha mãe conta-me a história que todos os anos obrigava o meu irmão a escolher um desporto até que lá encontrou o seu e pratica há mais de 20 anos. Comigo era ao contrário... podia praticar no máximo dois, e nem mais um, porque caso contrário ficava sem tempo para os estudos. Não fossem estes limites, por mim passava os dias a praticar desporto e a descobrir novas modalidades!
Conselhos sábios com que as mães nos guiam e que hoje me possibilitam trabalhar no Comité Olímpico de Portugal, realizando o sonho de trabalhar no desporto e para o desporto.
De quatro em quatro anos, desconhecendo todas as outras Missões em que Portugal participa honrosamente, entre Jogos Olímpicos (o maior evento desportivo à escala mundial), alguns amigos gostam de questionar – e medalhas? Sendo a minha resposta, conquistámos uma medalha, dez diplomas Olímpicos (classificações nos oito primeiros) e 18 classificações nos 16 primeiros, entre cerca de 11 000 atletas participantes de 206 Comités Olímpicos Nacionais. Aproveito sempre a oportunidade para concluir o tema com a seguinte questão – consegues dizer-me outro sector da nossa sociedade em que Portugal atinge, à escala global, estes resultados de excelência?
Antes dos Jogos Olímpicos é também muito comum ouvir a seguinte questão – quantos Atletas já fizeram os mínimos para os Jogos Olímpicos? Mínimos? Que expressão tão exígua para descrever um feito gigantesco que só está alcance de muito poucos e que resulta do trabalho de, pelo menos, 1430 dias (3 anos x 365 dias + 11 meses), a anteceder cada edição de uns Jogos Olímpicos.
Atletas esses que são referências nacionais e exemplos pela capacidade de lidar com a adversidade, pela capacidade de decidir mais rápido perante o risco, por serem extraordinariamente resilientes, com um incrível espírito de sacrifício e força de vontade, persistentes, empenhados, focados nos objetivos finais, habituados à pressão, determinados e criativos.
Quantas empresas não gostariam de recrutar e ter nos seus quadros trabalhadores com estas características?
Não descurando o facto, estudado e comprovado, de que o aumento dos indicadores de atividade física e desportiva têm associados ganhos de produtividade, influenciando positivamente o resultado económico global e uma redução significativa nas despesas de saúde e dos níveis de absentismo das populações.
O desporto é muito mais do que alcançar resultados em Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo ou Campeonatos da Europa. A atividade física e desportiva é um fator cultural indispensável na formação integral das pessoas, podendo através dela combater o racismo, criar uma sociedade melhor e mais saudável, contribuindo para a paz mundial e para o entendimento entre todas as nações.
Tal como quando era criança sonhava em trabalhar no desporto e para o desporto, sonho com um País que valoriza socialmente o desporto... Um dia chegaremos lá!

“O mais importante nos Jogos Olímpicos não é vencer, mas sim participar, assim como o mais importante na vida não é o triunfo, é a luta. O essencial não é ter vencido, mas sim ter lutado bem.” 
Pierre de Coubertin"