domingo, 30 de agosto de 2020

Gonçalo Ramos | Que planos para o jovem goleador do SL Benfica?


"Gonçalo Ramos: nome em voga, nome de goleador cada vez mais prolífico, nome de jogador cada vez mais completo. O jovem formando do SL Benfica tem vindo a inserir, por direito próprio, o seu nome na discussão do plantel com que as águias vão atacar a próxima temporada.
Numa fase em que é cada vez mais patente que haverá pouco espaço nas opções de Jorge Jesus para jovens da formação (excepção feita a Rúben Dias e, eventualmente, Ferro e Florentino), o olhanense de 19 anos vê a sua inclusão no grupo de trabalho dificultada. Dificuldade acrescida pelo facto de ainda não estar integrado nos trabalhos de pré-época, no qual se podia mostrar ao novo técnico dos encarnados.
Contudo, Ramos tem demonstrado, além da sua enorme qualidade, vontade e paixão para representar o SL Benfica em qualquer escalão. Como tal, não teve problema algum em “descer” aos Juniores para ajudar na tentativa de conquistar a UEFA Youth League, mesmo após se ter estreada de forma brilhante pela equipa principal, bisando em sete minutos.
Na prova europeia de sub-19, Gonçalo Ramos apontou oito golos, os mesmos do italiano Piccoli, da Atalanta, e ainda somou três assistências. As estatísticas e as exibições superlativas levaram a UEFA a atribuir-lhe o prémio de Melhor Jogador da Competição. Com isto, o polivalente futebolista somou, por certo, muitos pontos junto de JJ e da estrutura encarnada, já familiarizada com a sua qualidade.
A sua polivalência pode ser o seu maior trunfo na cartada que o olhanense jogará por um lugar ao sol na quadra encarnada que, consta, ainda será bastante reforçada. Não será fácil, ainda assim, mas as inúmeras funções que Ramos desempenha com qualidade e maturidade dão-lhe alguma vantagem em relação a outros projectos do Seixal que poderão vir a ser aposta, como Tiago Dantas, Paulo Bernardo ou Tiago Araújo.
Gonçalo começou a ser moldado como médio-centro, com especial enfoque nas funções de um “8” relativamente moderno – mais chegada à área sem bola e menos transporte a mesma até lá, mais técnica e menos robustez física e capacidade de choque. A facilidade e eficiência que demonstrava nas aproximações à área e a eficácia com que finalizava foram certamente duas das premissas que levaram os técnicos dos escalões de formação, de forma concertada, a fazer avançar Ramos no terreno.
De “8” passou a “10”, de “10” passou a “9,5”, de “9,5” passou a “9”. Cumpre em qualquer das posições ainda, mas é cada vez mais indiscutível que Gonçalo Ramos pode ser o futuro avançado de classe mundial do Sport Lisboa e Benfica. Importa, assim, gerir bem as expectativas e a progressão do “matador” de 19 anos apenas. O primeiro passo é decidir o papel de Ramos na época 20/21.
A venda, naturalmente, está fora do leque de opções. A titularidade na equipa principal é de difícil alcance. Resta o empréstimo ou a inclusão no plantel como uma das opções secundárias para a frente de ataque – alinhando na equipa B regularmente. Tendo em conta a forma como o jovem tem agarrado as oportunidades e a polivalência que ninguém no plantel garante como ele, a segunda é a melhor hipótese.
Assim, Gonçalo Ramos deve – ou devia – ser já esta época integrado nos trabalhos da equipa principal, descendo à equipa B apenas para jogar, caso as oportunidades para ter minutos na principal equipa escasseiem. Será, acredito, a melhor forma de fazer progredir o atleta e de garantir um reforço a custo zero que pode dar à equipa o que poucos podem: finalização, mobilidade, alcance de terreno pisado, ligação entre os dois últimos terços do campo, trabalho incansável e vontade de honrar o nome Sport Lisboa e Benfica. Não é para todos."

De Paula na rota encarnada


"O Sport Lisboa e Benfica de Jorge Jesus continua forte no ataque ao mercado de transferências. Após as chegadas de Gilberto, Everton Cebolinha, Luka Waldschmidt, Pedrinho, Jan Vertonghen e Helton Leite, as transferências no clube da Luz não parecem terminar por aqui.
Até ao momento, em contratações, o Benfica já gastou cerca de 70 milhões de euros, sem contar com Vertonghen que assinou a custo zero. Bem, parece que o investimento de Luís Filipe Viera não ficará por aqui e que mais jogadores chegarão a Lisboa nos próximos tempos.
Um dos nomes mais falados recentemente é o de Patrick De Paula, médio defensivo brasileiro de apenas 20 anos. Os valores da transferência rondarão, supostamente, os 18 milhões de euros por 80 porcento do passe do jovem médio.
De Paula tem sido apontado como uma das melhores jovens promessas do Brasil, falando-se até que estará para breve uma chamada à convocatória de Tite para representar os canarinhos. No Palmeiras, Patrick de Paula é um dos destaques, levando até dois golos em 16 jogos nesta temporada.
No plantel do Sport Lisboa e Benfica encontraria a concorrência directa Julian Weigl e, em zonas mais avançadas, Taarabt, Gabriel e até Pizzi. Assim sendo, e a confirmar-se a transferência de De Paula para a Luz, deverão existir saídas no miolo do SL Benfica, e Jorge Jesus poderá até apostar em jogar com dois médios defensivos, fazendo uma parceria Weigl/De Paula.
A sua versatilidade na zona do meio-campo faz de Patrick De Paula um alvo apetecível para o Benfica de Jorge Jesus. Pode actuar como médio defensivo, mas também pode ser um médio “box-to-box”, capaz de jogar em espaços curtos e transportar a bola para zonas mais avançadas no terreno.
De Paula é capaz de se movimentar por todo o campo, tendo a capacidade não só de criar oportunidades de golo, bem como as finalizar. As bolas paradas são uma das especialidades do médio brasileiro que tem muito sentido de baliza e faro de golo. Na temporada transata apontou dez golos em 50 jogos pela equipa de São Paulo.
A sua tenra idade fazem dele um dos jovens jogadores mais apetecíveis do Brasileirão.
Em declarações à Antena 1, De Paula garantiu “estar tranquilo” e que é preciso esperar para ver o rumo que as negociações tomam. As negociações foram também confirmadas por Anderson Barros, director para o futebol do Palmeiras e terão, como intermediário, Giuliano Bertolucci que é o empresário do jogador e que tem boas relações com os encarnados, uma vez que é até o agente de Everton Cebolinha. 
Assim, Patrick De Paula seria uma boa adição ao plantel do Sport Lisboa e Benfica embora o sector do meio campo esteja bastante “povoado”. A verdade é que De Paula parece ter um futuro bastante promissor e Jorge Jesus poderá ser o treinador que o jovem necessita para desenvolver o seu jogo."

O pai não é pescador e Miguel esteve naquela última curva


"Nas motos não há retrovisores, os espelhos são os instintos e o que está decalcado nas entranhas de cada piloto, escrevo eu, que nunca sentei o traseiro sobre duas rodas capazes de acelerar até aos 300 km/h e jamais sentarei. Essas tripas de inconsciência perante a velocidade terão talvez feito Jack Miller pensar que, bloqueando a ultrapassagem de Pol Espargaró por fora, travando também tarde para o empurrar além pista, estaria a defender-se com mestria do derradeiro ataque, dali faltando apenas um endireitar da moto e uma última contorção de pulso para garantir o primeiro lugar no Grande Prémio da Estíria, numa lógica tão lisa como o são os pneus e a pista que confluem no MotoGP.
Mas, como tantos maravilhosos 'mas' no desporto que nos fazem maravilhar e nos agarram, atrás vinha o português, esperto enquanto se aproximava da picardia que o precedia, paciente quando manteve a trajectória e glorioso ao acelerar assim que as consequências da luta alheia lhe abriram o caminho para, voltando a pegar na minha ignorância, poder desenfrear os gestos que todo o piloto dedicado a esta categoria de motociclismo deve sonhar: abanar o corpo agarrado ao guiador, soltar um braço em gancho, contorcido pela força da alegria, socando o ar e presumivelmente enchendo o capacete de berraria festiva.
Miguel Oliveira ganhou uma corrida de MotoGP, um português logrou o que nunca um português conseguira.
Ele nasceu num país pequeno em território, em número de gente e em dinheiros para apoiar outras modalidades que não o futebol todo-conquistador de afectos, como o é na maioria dos países no planeta redondo que se arredondou neste gosto, que afunila a atenção mediática, uma e outra vez, para a mais circular das bolas, mundialmente gerida pela FIFA, organização em que há mais membros (211) do que países reconhecidos pelas Nações Unidas (195). É um círculo vicioso ao qual, esta segunda-feira, os três jornais desportivos portugueses escaparam, engrandecendo nas primeiras páginas quem escapou, ainda imberbe, ao que teria sido um gosto natural por futebol.
Miguel Oliveira ganhou na última curva do Red Bull Ring, na Áustria, no circuito da marca que patrocina o português e a Tech3, equipa de segunda da KTM, ultrapassando o piloto sentado na moto da equipa principal da construtora - Espargaró, que substituirá na próxima época - porque, obviamente, é um grande piloto, foi o maior deles todos no domingo, mas, eis o 'mas', sobretudo porque era ele ainda canalha, como se diz na terra de onde vem a Lídia Paralta Gomes, que segue e percebe de motociclismo bem mais do que eu, e o pai deu-lhe um exemplar de corrida de duas rodas que o agarrou à paixão do progenitor, já ele um divergente no gosto desportivo generalizado de um país, que ensinou e deu condições ao filho para também ele apanhar o gosto e tornar-se no melhor português de sempre a aparecer no motociclismo.
E Miguel começou por ser o mais lento em todas as corridas nas quais participou, na primeira vez em que correu o circuito nacional de velocidade. Já se espetou várias vezes e cicatrizes tem que o provem. Diz que não tem medo da quase inevitabilidade de cair em pista, da única vez que com ele falei até tentou explicar que é quase como desligar um botão mental do medo e acelerar por aí fora, esquivando-se de outros motos e tentando ultrapassar um contexto que sempre estaria contra ele, por se ter dedicado, como o pai, a uma modalidade sem tradição na cultura desportiva portuguesa. "Se tivesse sido pescador, hoje estaria a pescar", confessou o piloto, num perfil que lhe filmaram há tempos, remetendo, sim, para o que é bem mais português do que andar montado em cima de uma moto a desafiar a sorte com velocidade.
Bem português, claro, é o futebol, e honra teve Portugal e Lisboa em acolherem a fase final improvisada da Liga dos Campeões. A final jogou-se no mesmo dia de Miguel Oliveira e o PSG inflacionado pelos milhões de injeção qatari perdeu com o Bayern de Munique milionária por tradição. E Neymar, o mais caro dos futebolistas por quem uma fortuna foi paga para inspirar o clube até a vitória que nunca estivera tão perto, chorou copiosamente, talvez porque o brasileiro é cobrado e escrutinado como ninguém e ele exigem costas larguíssimas para lhe caberem nas cavalitas todo um desejo que continua a canalizar investimento para Paris.
Não é uma nota de rodapé, nem poderia ser, mas, puxando dos 'mas', a Champions não teve um clube ou jogador português presente em estádios sem gente para os ver, apesar da pomposa magnitude com que a competição foi apresentada, a meio de junho, com Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Fernando Medina, Eduardo Ferro Rodrigues e Fernando Gomes a discursarem na cerimónia. A prova, vendida pelo primeiro-ministro como "uma vitória antecipada para todos os portugueses", um prémio inexistente que premeia ninguém, já foi jogada, e nenhuma das figuras então presentes veio, nos dois meses já passados, dizer, por exemplo, se haverá, ou não, futebol de formação na próxima época. 
Qualquer miúdo ou miúda que jogue futebol em qualquer clube prefirirá jogar futebol do que apenas vê-lo, ainda por cima só pela televisão. Mas o futebol de formação não é a Liga dos Campeões."

Mulher atleta e gravidez


"Nos últimos anos, a presença feminina no desporto registou um aumento notável. Tomemos como exemplo o caso dos Jogos Olímpicos de Londres, onde 44% dos atletas participantes eram atletas femininos.
Certamente que tal facto significa um grande avanço no que toca à igualdade de género na prática do desporto de alta competição. Foquemo-nos agora na percentagem dentro destes 44% de mulheres. Quantas eram mães? Embora não se consiga obter um número concreto, é com segurança que se pode afirmar que a percentagem é muito reduzida, por vários motivos. Comecemos por analisar as dificuldades que o desporto de alta competição pode originar na gravidez.
Citando a especialista em medicina reprodutiva e directora do Fertility Medical Group de Campo Grande, Suely Resende, “embora o sedentarismo seja um problema de grandes proporções, a prática de exercícios físicos intensos pode dificultar uma gravidez, exigindo, inclusive, ajuda médica especializada para ter um bebé. Sendo assim, é muito importante intercalar um tempo de recuperação para o corpo e a mente.” Como explica Suely Resende, o stress físico e emocional pode ter graves repercussões hormonais nas atletas Olímpicas, pois a mulher atleta ainda sofre bastante com a pressão imposta não só pelos treinadores e pelos patrocínios, como também pela vontade própria de alcançar resultados. Ainda segundo Suely, os problemas mais comuns entre atletas de alta performance são: a baixa produção de progesterona, menstruações escassas ou, em alguns casos, interrupção completa da menstruação. “É válido considerar, também, outros problemas que podem agravar o quadro da paciente, como baixo peso e teor de gordura corporal, além de estados hipoestrogénicos, que podem resultar em perda prematura de massa óssea”, diz a especialista.
Não só as dificuldades na gravidez se apresentam como entrave à maternidade no desporto de alta competição, também a carência de apoios financeiros e as dificuldades em termos psicológicos têm influência.
A dificuldade começa logo no planeamento do tempo certo para engravidar. A vida da maioria dos atletas é organizada em ciclos quatro anos, de acordo com a realização dos Jogos Olímpicos. Então importa planear muito bem qual a melhor altura para engravidar, de forma a ser ainda possível regressar a tempo de estar em forma e garantir o apuramento para os Jogos.
E quando menciono dificuldades psicológicas que uma mãe atleta enfrenta refiro-me ao seu calendário desportivo, tão rigoroso, que a obriga a passar grande parte da infância do seu ou dos seus filhos longe, e por vezes, inclusive, com problemas de natureza diversa, difíceis de resolver devido à distância. Estes fatores prejudicam o rendimento desportivo, pois afectam o lado psicológico. Como todos sabemos, quando se trata de um familiar que não está bem, ficamos afectados psicologicamente, mas quando é um filho nosso a necessitar de ajuda o caso afecta-nos a um nível acima do preocupante.
Para analisar a falta de suporte financeiro basta recuarmos dois anos para verificar um exemplo da falta de apoio financeiro às atletas mães, quando, em 2018, a Nike propôs à velocista olímpica Allyson Felix um corte de 70% do salário antes de engravidar. A atleta pediu garantias de que não seria penalizada se rendesse abaixo do seu nível nos meses que antecedem e sucedem o parto, tendo recebido uma resposta negativa.
“Nós, atletas, temos muito medo de dizer publicamente que se tivermos filhos corremos o risco de os nossos patrocinadores nos cortarem o salário durante e depois da gravidez. É um claro exemplo de uma indústria desportiva onde as regras são feitas maioritariamente por homens”, escreveu, visto que não se registam casos onde entre os homens que são pais tenha havido qualquer tipo de penalização. Também Alysia Montaño e mais de uma dúzia de atletas olímpicas deram o seu depoimento no que toca à discriminação feita às mães atletas. Três meses após o artigo de Alysia Montaño ser publicado no jornal The New York Times, a Nike, assim como outras empresas, mudou a sua política no que toca às mães atletas. No entanto, tal não significa que o problema esteja erradicado. Um atleta de alta competição recebe em função do seu desempenho desportivo, verifica-se portanto uma brecha no que toca ao apoio na maternidade, pois, com excepção de alguns casos, como a manutenção da bolsa do Projecto Olímpico para as atletas que estejam integradas, uma atleta mãe não recebe qualquer tipo de apoio financeiro durante a gravidez.
Ser mãe não é o final de uma carreira, pois muitos são os casos onde se verificam resultados desportivos semelhantes e até superiores após a gravidez, como é o exemplo da tenista americana Serena Williams, que depois de ter sido mãe venceu o torneio de Auckland, sendo a segunda maior campeã da história de torneios “major”, apenas a um título de igualar a australiana Margaret Smith Court; a velocista americana Alysson Felix foi campeã do Mundo; a velocista jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce foi também campeã do mundo dos 100 metros. Passando agora para alguns exemplos nacionais, eu mesma conquistei um bronze europeu, classifiquei-me no 5.º lugar no Mundial e fui aos Jogos Olímpicos de Londres; a maratonista Sara Moreira foi 3.ª na maratona de Nova Iorque; Jéssica Augusto foi 3.ª na meia-maratona de Amesterdão; a mesatenista Fu Yu obteve uma medalha de ouro nos Jogos Europeus de Minsk 2019, entre muitas outras atletas que após serem mães obtiveram resultados excepcionais, inclusive superando os resultados anteriores à gravidez. Com todos estes exemplos podemos concluir que ser mãe não significa um impedimento à prática do desporto de alta competição.
Em suma, gostaria de apelar ao incremento de apoios e até mesmo à criação de alguns novos, pois é de facto preocupante que o desporto aos olhos da sociedade não tenha a devida consideração – inclusive, o Governo demonstrou não reconhecer o desporto o suficiente, tendo-o deixado de fora do Programa de Estabilização Económica e Social. Algumas das medidas que gostaria de sugerir de modo a melhorar a situação da maternidade no desporto de alta competição são, por exemplo: a criação de um subsídio de maternidade, sendo disponibilizada ajuda financeira durante os meses de gravidez, visto que nós, mães, temos de suspender a prática da actividade desportiva; estender o seguro de saúde fornecido aos atletas aos seus filhos, sem custos adicionais nos primeiros anos de vida; existir prioridade de vaga nos infantários, dado que tanto os infantários públicos como os privados estão na sua maioria lotados - é uma necessidade para uma mãe atleta inscrever o seu filho, pois está muito ausente em competições internacionais; ajuda nas despesas, nos campos de férias, pois as férias de verão dos seus filhos coincidem com provas importantes como o Campeonato do Mundo e os Jogos Olímpicos; a clarificação do contrato de preparação Olímpica, de modo a tornar mais perceptível o tópico da gravidez e os apoios disponibilizados, nomeadamente a extensão da bolsa garantida durante o período da gravidez e do período expectável de regresso à competição, pois, volto a referir, ser mãe não é um ponto final na carreira de uma atleta mas sim uma vírgula que separa uma fase de outra."

Vantagem curta...

Benfica 28 - 26 Fivers
(15-12)

Primeiro jogo da época, no regresso das modalidades de pavilhão, com muitas caras novas, mas mesmo descontando o período de adaptação dos reforços e do treinador... mesmo descontando a falta de ritmo e automatismos nesta fase da época, notou-se a falta de profundidade no banco! Deixando a eliminatória em aberto para a 2.ª mão, quando devia ter ficado 'fechada', contra um adversário bastante acessível...

Notas sobre a pré-época do Benfica




"Vinte e sete dias já passaram desde a final da Taça de Portugal, onde um Benfica em superioridade numérica desde os 38 minutos foi capaz de perder para um FC Porto com uma garra, intensidade e querer que não foi igualado e nem uma palavra fomos capaz de ouvir da "estrutura" sobre tamanho desastre. É que não se tratou de um acidente de percurso, mas sim da cereja no topo do bolo de um descalabro, de um Titanic a afundar-se. Recordo: nos últimos 20 jogos o Benfica venceu 7, empatou 7 e perdeu 6. Um registo digno de uma equipa de meio da tabela.
E no entanto não houve uma justificação, uma palavra, um mea culpa. No dia seguinte a newsletter do clube saiu-se com um "é tempo de virar a página", que é como quem diz "é tempo de fazer de conta que nada aconteceu". Mas por mais camiões de areias chamados Jesus e Cavanis que nos atirem para os olhos, continua por explicar como um Benfica a respirar aparente saúde financeira foi capaz de perder 2 campeonatos em 3 para um FC Porto intervencionado pela UEFA. Se não dizem eles, digo eu: incompetência. Complacência. Arrogância. E mais algo que se terá passado nas quatro paredes daquele balneário que algum dia venhamos a saber.
Mas viremos então a página. Jorge Jesus, de quem LFV dizia em 2016 que com ele "não era possível preparar o futuro" está agora de volta e jogadores como Vertonghen de 33 anos chegam à Luz. Isto apesar do mesmo LFV dizer há 4 anos que "vamos passar a comprar muito menos e o Benfica de agora não vai investir no Aimar e no Saviola como fez no passado" O que mudou então? Muitos dirão: o petróleo que o Benfica aparentemente agora encontrou está relacionado com as eleições em Outubro. Até porque em 2018 podia-se ter conquistado um inédito Penta, mas aí a ordem foi vender e nada gastar. Recordemos então mais uma vez palavras de LFV, desta vez em Setembro de 2019: "Se estivesse aqui um demagogo qualquer, queria era investir para apresentar uma super equipa, mas imaginem que aquilo não resultava? A queda era grande." Sorte então a do Benfica que não tem um demagogo...
Cavani foi uma paixão de verão que parece ter terminado em divórcio. Nisto não critico ninguém. Não foi possível, mas gosto de ver o Benfica atrás deste tipo de jogadores. Antes isto que contratações que ninguém entende como Cádiz ou Yony González. De qualquer maneira, Vertonghen, Everton e Waldschmidt parecem ser excelentes reforços e Jorge Jesus é a garantia de qualidade, intensidade e exigência. Tudo aquilo que o Benfica precisava. Sinto-me entusiasmado para a temporada 20/21. Independentemente das razões e do timing, o Benfica parece estar a mexer-se bem este ano. Mas precisa de se mexer mais.
O FC Porto escreveu um tweet muito infeliz a gozar com a derrota Benfiquista na UEFA Youth League. Nem os miúdos se safam desta rivalidade atroz que os dois clubes vivem. É uma rivalidade feia e o Benfica também não está isento de culpas. Ainda hoje não sei o que me envergonha mais, se o FC Porto ter sido campeão na Luz em 2011 ou o que se seguiu, com as luzes apagadas e o sistema de rega ligado. O clube nortenho vive desta gasolina do "contra tudo e contra todos" e faz do Benfica o seu sol, mas o maior clube Português tem que ter outra matriz e responder de maneira diferente. Como? Dou um exemplo do passado: Em 1988 Pinto da Costa "roubou" Rui Águas e Dito da Luz e gozou o prato dizendo que o próximo treinador do Benfica seria o Papa, porque os do Benfica eram uns anjinhos. João Santos respondeu contratando Ricardo Gomes, Valdo, Vítor Paneira e Vata e o Benfica acabou campeão com 7 pontos de avanço (com a pontuação de hoje seria algo como 13 pontos), para um FC Porto que nada venceu esse ano. É assim que o Benfica tem que voltar a responder: não nos tweets, não nas newsletters, não nas capas de jornais, mas no campo. Ao longo do campeonato e no confronto directo. Investindo tudo o que tem aí. Sendo superior porque tem melhores jogadores e porque, ao contrário de Coimbra, iguala ou superioriza no querer, na garra e na intensidade um rival que será sempre fortíssimo e duríssimo. Isso sim, é responder à Benfica."