sábado, 15 de agosto de 2020

O samba chega à Luz: Everton Cebolinha assinou pelo SL Benfica

"Everton Soares, mais conhecido como Cebolinha, acaba de ser anunciado como reforço do SL Benfica (juntamente com Vertonghen e Waldschmidt). O extremo brasileiro abandona o Grémio a troco de 20 milhões de euros mais 20% de uma futura mais valia. Ou seja, se o jogador for vendido por 40 milhões de euros, o clube de Porto Alegre receberá 20% dos 20 milhões de lucro.
Everton é um dos mais entusiasmantes jogadores a chegar a Portugal nos últimos anos. Pondo em perspectiva: o extremo brasileiro de 24 anos é, neste momento, muito melhor jogador do que aquilo que era Di Maria quando chegou ao clube encarnado.
Cebolinha era um dos melhores, senão mesmo o melhor, jogadores do Brasileirão. Em 2017, foi decisivo na conquista da Taça Libertadores e subsequente Recopa Sul Americana. Esteve na equipa do ano do campeonato brasileiro de 2018. Em 2019, fez 57 jogos ao serviço do Grémio PA, de Renato Gaúcho, e apontou uns impressionantes 20 golos.
Depois das boas exibições ao serviço do tricolor, Everton foi convocado para a Copa América de 2019 (competição onde iria demonstrar todo o seu valor). Disputando a competição em casa, Everton foi o melhor marcador e muito contribuiu para a conquista do título por parte da selecção brasileira.
Everton chega para ser titular de caras na equipa encarnada. Pode fazer ambas as alas, mas é à esquerda que mais brilha, fazendo-se valer do seu excelente pé direito. Everton é muito forte a executar diagonais para o meio e procurar o remate, como indicam os seus 2.1 remates por jogo.
Apesar de procurar muito o remate e aparecer bem em zonas de finalização, Everton consegue encontrar colegas em zonas privilegiadas e fazer chegar-lhes o esférico de forma adequada. Realiza cerca de um passe chave por jogo e fez sete assistências em 2019.
O desequilíbrio individual é a grande característica do jogador. Com a bola no pé é um autêntico mágico. É um jogador capaz de levantar uma bancada. É um jogador com muita capacidade em espaço curto, quase ao estilo do samba brasileiro, mas também consegue partir para cima do adversário em velocidade (onde o seu baixo centro de gravidade muito contribui). Realiza 3.5 dribles por jogo, o que equivale a cerca de 60% dos dribles tentados por partida.
Esta capacidade de desequilíbrio é algo que não existia no plantel encarnado, sobretudo nas alas (Taarabt talvez fosse o único capaz de desequilibrar no drible). Com a chegada do extremo brasileiro e do seu conterrâneo Pedrinho, o SL Benfica fica muito bem servido neste capítulo.
Relativamente a Rafa ou a Cervi, habituais titulares à esquerda, Everton é bastante diferente. O português é um jogador que procura muito mais o espaço e o argentino dá um contributo defensivo que nunca vimos Cebolinha dar. O novo reforço de Jorge Jesus é um jogador que prefere muito mais receber a bola no pé e muitas vezes contemporizar os lances, por vezes até demais.
A nível defensivo Everton é uma debilidade, mas já vimos muitos jogadores evoluírem bastante na transição defensiva com Jorge Jesus.
Everton é, para mim, o grande reforço desta temporada no SL Benfica, mesmo que a chegada de Cavani se confirme.
As características do jogador e a sua atitude em campo vão certamente cativar os adeptos e os colegas. O samba chega à Luz!"

O sucessor de João Félix: Luca Waldschmidt já veste de encarnado

"O interesse em Luca Waldschmidt não era de agora, mas finalmente o SL Benfica conseguiu convencer o avançado alemão a transferir-se para o clube encarnado. Waldschmidt assinou um contrato válido por 5 temporadas e custou aos cofres das águias 15 milhões de euros.
Jorge Jesus tem vindo a renovar o plantel do SL Benfica e desta feita renovou com um desejo passado de Luís Filipe Vieira. O interesse no alemão já vem desde a temporada passada, aquando da saída de João Félix, mas as negociações não haviam corrido da melhor forma.
Pois bem, o SL Benfica fez nova investida no avançado de 24 anos e informou hoje à CMVM a chegada do internacional alemão ao clube encarnado.
Assim, Benfica e Friburgo chegaram a um entendimento após Rui Costa e Tiago Pinto se terem deslocado à Alemanha para fechar o negócio e demonstrarem que o interesse no jogador era sério. O administrador da SAD e o Director Geral para o futebol do Benfica, respectivamente, alcançaram o objectivo e trazem consigo Waldschmidt.
O ponta de lança germânico conta com passagens pelo Eintracht Frankfurt, Hamburger SV e Friburgo e esta será a sua primeira experiência “fora de portas”. Nesta edição da Bundesliga disputou 24 jogos e apontou oito golos. No ano transacto foi o melhor marcador do Europeu Sub-21 ao apontar sete golos em apenas cinco partidas, o que lhe valeu o estatuto de melhor marcador da competição.
Tecnicamente evoluído, Gian-Luca Waldschmidt pode actuar como ponta de lança e até mesmo como segundo avançado. Joga, muitas vezes, descaído à direita do terreno de jogo, e faz das suas diagonais e grande capacidade de rematar fora da área uns dos seus pontos fortes. Com Jorge Jesus como treinador pode ainda aprender bastante tacticamente, uma vez que terá o “mestre da táctica” como seu treinador. 
A grande margem de progressão do jovem avançado, aliada às suas capacidades técnicas, fazem do alemão uma grande contratação para o Sport Lisboa e Benfica. Resta saber como se adaptará ao futebol português e se terá o mesmo impacto que teve na Alemanha.
Na Luz terá concorrência de peso, tal como Carlos Vinícius, Haris Seferovic, Chiquinho e dos regressados Ferreyra e Cádiz. Claro está que nem todos deverão ficar no plantel das águias e por isso são expectáveis transferências futuramente. Também uma possível transferência (bastante complicada) de Edison Cavani pode vir a ser mais uma “ameaça” ao lugar de Waldschmidt.
O avançado germânico virá para preencher um vazio deixado por João Félix, aquando da sua saída para o Atlético de Madrid, e, antes disso, da reforma de Jonas. Ainda que esteja uns quantos furos abaixo de qualquer um dos anteriores, penso que Waldschmidt tem potencial para brilhar em Portugal.
Assim, o Sport Lisboa e Benfica reforça o seu ataque com um jogador com qualidades acima da média, com grande margem de progressão e que chegará, certamente, para brilhar e marcar golos."

Salvação?!

"Está-se a cozinhar uma golpada de Jorge Mendes no sentido de salvar o Calor da Noite. O parceiro estratégico do Benfica, nas palavras de Luis Vieira, é o principal aliado do Calor da Noite neste mercado. O objectivo é vender miúdos que não interessam por dezenas de milhões de euros e assim conseguir manter a base da equipa da época passada sem necessidade de venda dos jogadores titulares. 
A questão é: se os próprios titulares têm pouco ou nenhum mercado, como é que Jorge Mendes consegue o milagre de vender jogadores que quase nem participaram na equipa principal?
Pois, Jorge Mendes vai fazer uso do seu carrossel (Mónaco, Wolves, Valência ou Milan) para impor a estes clubes jogadores juniores a troco de milhões, os famosos Mendilhões. Vamos falar de um exemplo prático: já foi veiculado pela imprensa dominada pelo Calor da Noite, e em especial pelo Chefe de Redacção do Record (o ex-jogador de Poker Vitor Pinto, andrade até ao tutano) que Fábio Silva vai ser vendido por 40 Mendilhões. O objectivo é repeti-lo várias vezes para que as pessoas se habituem à ideia de considerar normal a venda de um jogador que na época de 2019/2020 tem 790 minutos de competição sénior e 3 golos marcados. Fazemos uma sugestão e desafiamos a PJ a meter o Rui Pinto ao trabalho para descobrir o porquê deste milagre.
Outro exemplo: o Valência vendeu o Ferran Torres, com 20 anos e quase 2300 min na liga espanhola por 25M. E agora vai espetar 20M no Diogo Leite com 21 anos que jogou 376 minutos no poderoso campeonato Português! Tudo normal, não é Ana Gomes?
Para branquear este crime, já foi posto a circular também a ideia que Jorge Mendes fez o mesmo com o Benfica há uns anos atrás. Nada mais mentiroso. O que Jorge Mendes fez com o Benfica não foi despachar meia dúzia de miúdos por milhões. Os jogadores do Benfica, como Cancelo, Bernardo, Hélder Costa, Ivan Cavaleiro, etc, foram todos emprestados uma primeira época e os clubes apenas os compraram na época seguinte por 15M€ porque Todos eles jogaram, tiverem muitos minutos e foram relevantes nos respectivos clubes a que foram emprestados. Caso contrário, teriam vindo recambiados para o Benfica. Muito diferente do cheque em branco que Mendes está a dar ao Calor da Noite agora. 
Aguardamos serenamente os próximos desenvolvimentos, na certeza que se estes negócios avançarem e não forem investigados, será uma das maiores vergonhas de sempre do futebol em Portugal."

Passar com uma esponja o Benfica 2019-20? Os números de uma época histórica (no mau sentido).

"Duas semanas. Foi o período de nojo necessário para conseguir voltar a debruçar-me sobre o futebol do Benfica, e sobre o que se passou neste ano civil. Uma época a lembrar os bons tempos do Vietname, pautada por exibições paupérrimas e pela escassez de títulos: uma supertaça, naquele que (para muitos) foi o melhor jogo da época... a 4 de Agosto de 2019. Ou seja, tanto a melhor exibição como o último troféu do futebol sénior do Benfica ocorreram há mais de 1 ano.

Uma época... atípica. Talvez seja este o melhor adjectivo para o que aconteceu nesta temporada, marcada pela interrupção de jogos oficiais durante 3 meses devido à pandemia.
Comecemos pelo final de temporada: a Taça de Portugal. O Benfica tinha a hipótese de conquistar este troféu pela 27.ª vez, sendo que tinha enfrentado o FC Porto na final por 10 vezes, com um historial favorável de 9-1 (a última derrota na final deste troféu ocorreu no longínquo ano de 1958). Acresce ainda que Sérgio Conceição nunca tinha vencido a final da Taça das duas vezes que lá chegou (como treinador). Outro dado favorável ao clube: o Benfica tinha vencido 26 das 37 finais a que chegou, enquanto o FC Porto só tinha vencido 16 das 30 finais. Além disso, o Benfica tinha vencido as suas duas últimas finais, e no sentido inverso, o FC Porto tinha perdido as suas últimas duas finais da Taça, competição que não vencia desde 2011, ano em que completou a sua última dobradinha. E em campo considerado neutro, as duas equipas defrontaram-se por 15 vezes, com vantagem dos encarnados, que somavam nove vitórias, contra cinco triunfos dos portistas. Ou seja, os números estavam favoráveis ao clube da Luz.
E o Benfica, contra todas as tendências estatísticas, perdeu a final da Taça de Portugal. O FC Porto venceu, pela 4.ª na sua história, todos os jogos contra o Benfica numa temporada em que se defrontaram por 3 ou mais vezes. Foi também a 2.ª vez que o FC Porto venceu uma final em desvantagem numérica, a 1.ª sem vantagem no marcador. O Benfica de 2019-20 entra assim na história do clube azul e branco pelos piores motivos, algo que os adeptos benfiquistas detestam.
Quanto à Taça da Liga, o Benfica iguala o seu pior registo com apenas 3 pontos na fase de grupos, numa competição que já não vence desde 2016. Na Europa, o Benfica fica pela 2ª vez consecutiva em 3.º lugar na fase de grupos da Champions League (não segue para os oitavos-de-final há 3 anos), e alcançou a 1.ª vitória por mais do que um golo (!) nos últimos 23 jogos (6V - 3E - 14D). Contudo, e pela 1.º vez na sua história, o Benfica é eliminado logo na primeira eliminatória da Europa League (formato actual), e a 3.ª vez (séc. XXI) que completa uma competição europeia sem vitórias.
Quanto à Liga Portuguesa, desde 2013-14 que o Benfica não marcava tão poucos golos (71), sendo que a grande maioria desses golos (42) foi marcada na 1.ª volta do campeonato. Não admira que apesar de o melhor marcador do campeonato ter sido novamente um jogador do Benfica (Seferovic tinha sido o melhor marcador do campeonato na época passada com 22 golos), são precisos 13 anos (!) para se ver um Bota de Prata com um registo tão fraco: 18 golos. Os mesmos que Pizzi, que foi igualmente o jogador da Liga com mais assistências. A título de curiosidade, remeto os leitores para um "comparómetro" com a prestação dos 4 principais pontas-de-lança do Benfica nesta época (o artigo completo encontra-se aqui):
Registou a 2.ª pior marca defensiva e o 2.º pior goal average desde 2011-12, onde 17 golos foram sofridos de bola parada (8 de cantos, 4 de grandes penalidades, 4 de livres indirectos, e 1 de livre directo). O Benfica foi apenas a 4.ª equipa com mais posse de bola durante a temporada (FC Porto liderou esta lista), a 8.ª com menos passes falhados, a 9.ª com mais perdas de bola, a 10.ª com mais golos de bola parada, e a penúltima (!!!) em golos marcados fora da área.
Corria o mês de Janeiro e o Benfica estabelecia, em Alvalade, a melhor 1.ª volta de sempre de uma equipa numa Liga com 18 equipas (batendo o recorde estabelecido pelo FC Porto de António Oliveira, em 1996-97, com 47 pontos), e o 6.º melhor aproveitamento de pontos (94%), bem como o recorde de vitórias fora (17, que depois seriam 18 com o jogo em Paços de Ferreira já na 2.ª volta). Tudo parecia correr sobre rodas. O universo benfiquista já sonhava.
Mas, à semelhança de épocas anteriores, a mesma equipa que deslumbrou no passado, acaba por engasgar nos melhores momentos. Na 2.ª volta, o Benfica totalizou 29 pontos contra 41 do FC Porto. Aliás, no campeonato da 2.ª volta, o Benfica terminaria no 5.º lugar, a 12 do clube azul e branco. Teve, na 2.ª volta, um rácio de 1.71 pontos por jogo, o 5.º pior rácio de pontos por jogo nas últimas 50 voltas de campeonatos (ou seja, desde que as vitórias valem 3 pontos). Enquanto na 1.ª metade do campeonato só encaixa 6 golos (com 12 "clean sheets"), na 2.ª encaixa 20 (apenas 5 "clean sheets"), sendo apenas a 6.ª melhor defesa nestas últimas 17 partidas. Mas a tragédia continua.
Os adeptos benfiquistas tiveram de esperar 16 jogos para ver uma vitória por 2+ golos (em casa frente ao Boavista, a 1.ª na Luz no ano de 2020), 7 meses para ver uma goleada (4+ golos, contra Desp. Aves), e 19 jogos para ver 2 jogos consecutivos sem sofrer golos... e porque o adversário era o Desp. Aves, lanterna vermelha do campeonato e um clube a passar por gravíssimos problemas desportivos. Com 4 derrotas na 2.ª volta, o Benfica totalizou 5 em 2019-20, o seu pior registo desde 2010-11.
Em sete partidas em Fevereiro (2V, 2E, 3D), o Benfica só venceu dois jogos, frente ao Gil Vicente [F] e FC Famalicão na Luz para a Taça de Portugal. Não se via um mês tão negro desde Dezembro 2017 com Rui Vitória (2V, 3E, 2D). Mas a série negativa continuou, e o Benfica faz 13 jogos onde somou apenas 2 vitórias, 6 empates, e 5 derrotas – uma série onde esteve sem vencer em 5 jogos consecutivos, e onde não venceu na Luz também em 5 jogos consecutivos (a 1.ª vez que tal ocorreu neste século). Mas não foram os únicos registos históricos.
Há 20 anos que não ficava em branco nos Barreiros (jogo que ditou a saída de Lage); foi a 1.ª vez neste milénio que sofreu 4 golos em casa (frente ao Santa Clara, equipa que nunca tinha vencido um dos 3 grandes fora de portas, e a 1.ª a marcar 4 golos no Estádio da Luz); foi a 1.ª vez na sua história que o Benfica deixa fugir a vitória após uma vantagem de 2+ golos em jogos consecutivos (Shakhtar e Portimonense); e também a 1.ª vez na sua história que teve 5 empates consecutivos. Se acham que o pesadelo termina aqui, enganam-se. Eu é que não tenho estômago para aqui colocar os outros registos históricos ocorridos nesta segunda metade do campeonato.
«Convém que o Benfica se esqueça rapidamente da época que acabou», dizia recentemente Nuno Gomes no programa MaisFutebol da TVI (07/08/2020). Discordo, em toda a linha.
É essencial que o Benfica nunca se esqueça da época 2019-20: das 3 derrotas contra um dos piores FC Portos do séc. XXI; do retorno à incapacidade para encontrar soluções na dinâmica ofensiva; das evidentes dificuldades em defender bolas paradas; da problemática falta de opções com qualidade na frente de ataque, no eixo defensivo, e na baliza; e sobretudo, da preocupante falta de maturidade para conseguir não só manter a constância exibicional, mas também dar a volta aos maus resultados.
Numa altura em que há muita esperança nos novos reforços que chegam agora à Luz, é imperativo que a nova equipa técnica do Benfica identifique e minimize estas fraquezas, antes de poder partir para uma época que, esperamos todos, seja de retoma aos títulos mas acima de tudo, que volte a entusiasmar o universo benfiquista."

Sporting vs. Braga: o desaparecimento ou a emergência de (mais) um grande?

"Discute-se hoje o encurtamento das distâncias entre SC Braga e Sporting CP. Será esta uma moda de curta duração ou uma tendência emergente? Estaremos perante um quarto grande ou deveremos deixar de colocar Sporting no lote dos três grandes, dadas as distâncias cada vez mais evidentes para SL Benfica e FC Porto?

Tradicionalmente, no futebol português são identificados três grande clubes: FC Porto, SL Benfica e Sporting CP. Isto deve-se, possivelmente, aos seus números de associados, palmarés ou questões financeiras. Contudo, discute-se hoje o encurtamento das distâncias entre SC Braga e Sporting CP. Será esta uma moda de curta duração ou uma tendência emergente? Estaremos perante um quarto grande ou deveremos deixar de colocar Sporting no lote dos três grandes, dadas as distâncias cada vez mais evidentes para SL Benfica e FC Porto?
Parece-me claro: o Sporting é um clube grande, e por muito que o Braga venha encurtando as diferenças, não é um clube grande. Vamos a números: em termos sociais, o Sporting tem cerca de quatro vezes mais sócios que o Braga (107.000 v 28.000); em termos de palmarés, e considerando apenas quatro maiores troféus nacionais (campeonato, taça, taça da liga e supertaça), o Sporting tem 49 títulos e o Braga apenas 4; e em termos financeiros, o Sporting tem um activo 4.23 vezes superior (301M€ v 71M€) e receitas operacionais 4.75 vezes superior (76M€ v 16M€) do que o Braga. Isto permite que o valor (contabilístico) dos jogadores do Sporting per si seja reconhecida pelos mercados financeiros como sendo 5.56 vezes superior à do Braga (89M€ v 16M€). Por inerência, a sua folha salarial é também 3.73 vezes superior (69M€ v 18.5M€).
Não obstante, isto vale o que vale, porque nos últimos 10 anos, o Sporting não ganhou nenhum campeonato, e conquistou apenas duas taças de portugal, duas taças da liga e uma supertaça. No mesmo período, o SC Braga ganhou o mesmo número de campeonatos e taças da liga, e menos uma taça de portugal e uma supertaça. Pelo meio, Braga tem ainda uma final europeia e o Sporting não. E na última época Braga terminou o campeonato à frente de Sporting… Parece claro que existem formas de mitigar o impacto desportivo da diferença de dimensão entre clubes, e o Braga aparenta saber como.
Do ponto de vista estratégico, de gestão, financeiro, comunicação e, sobretudo, desportivo, o Braga aparenta ter os seus processos muito mais bem definidos e estáveis. Possui hoje uma cultura organizacional muito mais clara e definida, tendo uma estabilidade directiva grande que lhe permite ser mais consequente e clarividente na comunicação com os seus stakeholders. Este clima positivo permite o desenvolvimento de talento de forma sustentável. Tem demonstrado outputs dos melhores em Portugal, tanto no seu departamento de scouting (ex., Paulinho) e como no seu departamento de formação (ex., Pedro Neto, Trincão e Bruno Jordão), servidos por instalações de excelência. Até nas transacções com Sporting é no sentido Sul-Norte que tem fluído a valorização de activos (ex., Esgaio, Palhinha e Wilson Eduardo) e o fluxo do dinheiro proveniente de transferências (ex., Rúben Amorim). Por incrível que possa parecer, o Braga tem hoje uma estrutura financeira muito mais equilibrada que o Sporting. O seu endividamento é de 73%, considerando os capitais próprios positivos de 19M€. Já o Sporting, continua em falência técnica, com um endividamento de 108% e capitais próprios de -24M€. Isto permite que o Braga invista apenas menos 30% em aquisições de jogadores que o Sporting (8.4M€ v 12M€).
Em 2019/20, Portugal recuperou o 6º lugar do ranking de clubes de UEFA, garantido que o 3º classificado da liga portuguesa possa ter acesso à UEFA Champions League (UCL) de 2021/22. Considerando que cada clube ganha (i) por participação na UCL 15.25M€ mais 1.1M€ por cada lugar no ranking dos 32 participantes da UCL, e (ii) por desempenho 2.7M€ por vitória e 0.9M€ por empate, bem como 9.5M€ se passar aos 1/8° final, é possível admitir que em 2021/22 Sporting ou Braga consigam uma receita de cerca de 40M€ na UCL. Ou seja, para Braga um 3.º lugar na liga portuguesa em 2020/21 pode valer um aumento de 2.5 vezes da sua receita anual operacional ou o pagamento de 77% do seu passivo a pronto. Para o Sporting um 3.º lugar na liga portuguesa em 2020/21 pode significar um aumento de 53% na sua receita anual operacional ou o pagamento no imediato de 58% da sua folha salarial. Mais, o maior mediatismo do Sporting e respectiva instabilidade directiva pode também ser utilizada em benefício do Braga: a expectativa dos associados leoninos é lutarem lado a lado com Benfica e Porto. Voltando a não cumprir essa expectativa, será muito mais fácil (re)instalar-se uma crise social que prejudique inclusive a manutenção do 3.º lugar. Este ano promete ser de importância extrema para ambos os clubes."

Everton


A grande contratação do defeso (até agora!), e mesmo se o Cavani vier, muito sinceramente, creio que esta acaba por ser a 'entrada' mais surpreendente! Devido à idade e à qualidade do jogador...
Contratar um titular da selecção brasileira, ainda por cima um jogador de características ofensivas (são mais caros do que os defesas...), que na última competição internacional de selecções que o Brasil participou foi o melhor jogador... que era praticamente o único titular da selecção que ainda jogava no Brasileirão... tudo isto, parece 'impossível', mas tornou-se realidade!
Ainda me recordo das chegadas do Valdo, do Ricardo Gomes, do Mozer, do Aldair, do Elzo (e também do Paulo Nunes e do Donizete.... e do Roger!!!)... Nos últimos tempos, só a chegada do Luisão (muito jovem...) e do Ramires se podem aproximar à importância desta movimentação...
Tenho poucas duvidas sobre o impacto do Everton no Benfica... e o período de adaptação será curto, porque vem com ritmo, e nas pré-eliminatórias da Champions, será seguramente decisivo...
Drible, boa chegada na área, com remate potente, faro de golo, velocidade e força... sendo que defensivamente não se esconde...
A minha única preocupação, é que um jogador desta qualidade, no Benfica, treinado pelo Jesus, vai despertar o interesse dos tubarões rapidamente... Portanto, desfrutem...!!!

Waldschmidt


Jovem alemão, talentoso... aquele que devia ter sido o substituto do Félix, na época que terminou, que acabou por só chegar este ano!
Nas grandes selecções Alemãs dos anos 80 e 90, normalmente tínhamos 10 jogadores de qualidade, trabalhadores, disciplinados tacticamente, fisicamente fortes e depois havia sempre um criativo lá no meio, um Thomas Hassler!!! O Luca, parece-me ser um desses...!!!
A minha única dúvida, está ligada ao estilo de jogo do Benfica: no seu anterior Clube, jogava muitas vezes, contra equipas 'superiores', que depois permitiam 'saídas' rápidas... no Benfica, na maior parte das vezes, vai jogar contra equipas muito fechadinhas, vamos ver como se adapta!

Vertonghen


Quando saíram as primeiras notícias do interesse do Benfica, no internacional Belga, não acreditei! Mas aparentemente neste defeso, aquilo que parece bom demais, é mesmo 'verdade'!!!
Central experiente, forte fisicamente, bom no jogo aéreo, canhoto, boa capacidade de passe para um defesa 'matacão'... e até tem alguma velocidade, já que jogou muitos minutos como defesa esquerdo em Inglaterra!
Vamos ver como se irá adaptar às 'ordens' do treinador... e qual será a atitude competitiva, mas tem tudo para ser a garantia das nossas melhorias defensivas...

PS: Vamos ver quem será o companheiro do lado! Muito se tem falado de contratações, mas também existe a possibilidade de haver algumas saídas sonantes...!!!

Venha lá mais um craque

"A comprar assim este Benfica é uma carraça para os adversários

O Benfica tem comprado a bom ritmo e com inegável qualidade. Helton Leite, Gilberto, Cebolinha, Waldschimidt e Vertonghen são aperitivo, prato e sobremesa para uma época de sonho. Parece melhor que o melhor dos sonhos. O sonho, depois destas compras, é que dia 15 de Setembro chegue rápido. Embora os adeptos queiram sempre mais (eu também), este plantel já tem muito talento e, nas mãos de Jorge Jesus, vai mesmo render o triplo. Mas, como sou adepto, venha lá mais um craque (esse mesmo em que estão a pensar) para aumentar o nosso contentamento e a preocupação noutras latitudes. A comprar assim este Benfica é um carraça para os adversários.
Este ano pode haver um factor lotaria na competição, como se viu com dois infectados no Atlético de Madrid e um no Barcelona em vésperas de jogos importantes. Um plantel ligeiramente mais longo, para atacar todos os títulos, faz, este ano, algum sentido acrescido. Porque este ano é para ganhar todos os títulos nacionais.
Por falar noutras latitudes parece óbvia que o SC Braga está a fazer as coisas muito bem e será candidato nas várias competições que vai disputar. Carlos Carvalhal é muito bom treinador, Nico Gaitán é um excelente jogador, daqueles que só estão ao alcance de equipas com ambição. Este ano ainda não sei quantos serão os candidatos ao título, mas sei que o SC Braga será um deles. Nos supostos candidatos há quem tente comprar, há quem tente vender e há quem tente existir.
Luís Castro levou os ucranianos do Shakhtar Donetsk às meias-finais da Liga Europa. Quando venceu o Benfica numa disputada eliminatória percebemos que era uma equipa de topo.
Daqui a um mês começa a competição e logo com uma terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Começa sem o Benfica fazer um jogo oficial. Dia 15 de Setembro o campeonato já devia ter uma ou duas jornadas e a Supertaça (adiada) disputada. Uma realidade que prejudica muito o Benfica e o futebol português. Jogar uma partida de €50 milhões sem um jogo oficial anterior é uma planificação de amadores. Mas temos papas e bolos e assim se enganam os tolos.
Na próxima semana, o Benfica participa na Youth League, também com os nossos jogadores a viverem a dificuldade da ausência de jogos competitivos, mas isso não diminui a ambição de uma equipa cheia de talento. Boa sorte na partida contra os simpáticos e talentosos croatas do Dínamo de Zagreb que deixaram o Bayern pelo caminho."

Sílvio Cervan, in A Bola

Pontapé de saída

"Gostei bastante da entrevista concedida por Jorge Jesus à BTV, em que nada foi esquecido ou escamoteado. Na linha do que ficara patenteado na apresentação do nosso novo treinador, foi reforçada a ambição de recolocar o futebol benfiquista no trilho do sucesso. Se dominarmos as próximas temporadas, não tenho a mínima dúvida de que, no futuro, faremos a retrospectiva do decénio e considerá-lo-emos hegemónico da nossa parte. A época 2019/20 foi uma desilusão, vencemos somente a Supertaça. Ainda assim, nos últimos 7 anos, conquistámos 15 dos 28 troféus em disputa, mais do que todos os nossos adversários juntos conseguiram. Fazer da última temporada e de 2017/18 excepções será a desígnio de todos os benfiquistas e de quem o serve e representa nos próximos anos.
Mas houve mais que manifestações ambiciosas para o futuro próximo do Benfica. Entre o muito que poderia destacar, escolho a convicção de Jorge Jesus acerca da formação.
Primeiro deixou bem vincado que a competência não se restringe a escalões etários mais velhos e que terá sempre de ser, independentemente da idade, o factor determinante na escolha dos jogadores que compõe o plantel. Depois alargou, e bem, o conceito de formação a atletas que, não tendo percorrido as camadas jovens do clube, são contratados em idades precoces com o intuito de ser desenvolver, ao máximo, o seu potencial. Por último, defendeu a necessidade de dar tempo, logo jogo, às jovens promessas, o que passa, na esmagadora maioria dos casos, pela maturação na equipa B ou o recurso a empréstimos. Não poderia estar mais de acordo. Até porque, se aparecerem outros João Félix ou Renato Sanches, as oportunidades surgirão naturalmente, em nome da competição."

João Tomaz, in O Benfica

Paga o que deves!

"Quem cumpre não faz mais do que a sua obrigação. Quem não cumpre é estranhamente protegido por um sistema que perpetua os maus pagadores. Os pouquíssimos clubes que respeitam a lei, que pagam a tempo e horas ou que não têm dívidas a outras sociedades desportivas não são agraciados com medalhas ou elogios da Liga profissional. Já os outros, os incumpridores, podem fazer o que lhes dá na real gana: adiam pagamentos, reestruturam dúvidas, contratam treinadores e jogadores sem pagar, e nada lhes acontece. Continuam a jogar no campeonato dos mais fortes, desvirtuando a verdade e quebrando regulamentos. Vem isto ainda a propósito das já noticiadas despromoções de Desportivo das Aves e Vitória FC (Setúbal) por não apresentarem as garantias necessárias para disputar o principal campeonato de futebol. Entre elas, por exemplo, estão dívidas a outras sociedades desportivas.
É assim que deve funcionar o futebol profissional? Não me parece. Se queremos um campeonato forte, com equipas profissionais e competentes e em igualdade de circunstâncias, não pode haver protegidos. Nada contra avenses e vitorianos (tanto, que o processo do VFC ainda decorre), o alvo é geral. Quem não cumpre não pode jogar. E se pode haver alguma compreensão em ano de pandemia, já o mesmo não podia ter acontecido ao longo dos últimos anos. Nem nos próximos. Já para não falar da megalomania de ter 18 equipas na divisão principal. E ter tantos incumpridores entre elas."

Ricardo Santos, in O Benfica

Há coisas engraçadas

"Só no jornal O Jogo, a decisão da SIC (e, ao que parece, também da TVI), de descontinuar os programas televisivos com 'adeptos' dos clubes já gerou três (!) editoriais. Aliás, a primeira reacção negativa veio justamente da newsletter do FC Porto (que, diga-se, é quase a mesma coisa).
Também do outro lado da 2.ª Circular se ouviram vozes discordantes. E a reacção de um dos membros de painel, um tal Rodrigo-não-sei-quê (a propósito: quem é? Como foi lá parar?), corre por aí como exemplo de azia mal disfarçada.
Isto é engraçado, mas não surpreende.
Há muito que deixei de ver os ditos programas, e se, entretanto, uma ou outra vez, lá fui espreitar, logo me senti indisposto. Uma das razões foi o facto, óbvio, de há muito terem deixado de falar de futebol - a dada altura tornaram-se meros debates de arbitragem, e depois... nem disso. Outra foi perceber que tais programas representavam uma sofisticada forma de tiro ao Benfica.
Se o nosso clube tem uma representatividade social claramente maioritária no país, nesses painéis ela via-se reduzida a 33%, contra uma dupla normalmente bem oleada de rivais, ao jeito de um que mata e de outro que esfola. Por melhor que fosse o desempenho do nosso 'representante' (e houve de tudo), só por milagre se evitava que os rivais vendessem o seu peixe.
É claro que os problemas do futebol português não ficam todos resolvidos com o fim destes programas. E a comunicação tóxica vai muito para além deles - começa em certos directores de comunicação, e acaba em alguns jornalistas 'independentes'. Mas este não deixa de ser um passo positivo, que me curvo para saudar."

Luís Fialho, in O Benfica

A entrevista

"A guardada com enorme expectativa, a entrevista de Jorge Jesus à BTV foi um grande momento de TV, de futebol e de benfiquismo. Frontal e sem truques, Jorge Jesus respondeu a todos as perguntas de Hélder Contuto, mesmo as mais difíceis. O nosso treinador provou que está completamente focado no novo projecto que visa manter a hegemonia interna e lançar o Benfica europeu. Jorge Jesus explicou, de forma clara e transparente, e que pretende fazer, quantos jogadores quer, como os quer a actuar e onde pretende chegar. A radiografia que fez sobre o actual panorama do futebol português é cruel e devia fazer-nos reflectir. Os melhores jogadores portugueses duram pouco tempo no nosso campeonato, e os bons que contratamos estão de passagem por Portugal. É contra esta tendência que o SL Benfica tem de lutar. Estamos a montar uma grande equipa, e os investimentos da SAD são a prova provada do esforço que está a ser feito. Jorge Jesus voltou a desmontar a questão da formação e deixou pistas para reflexão. Para compreender esta complexa questão, vou dar dois exemplos. Em 2009/10, quando chegou ao SL Benfica, Jorge Jesus tinha cinco defesas-centrais no plantel - Luisão, David Luiz, Sidnei, Miguel Vítor e Roderick Miranda. Ninguém dúvida do real valor de Miguel Vítor e Roderick Miranda, jovens nados e criados no Benfica. Mas todos temos noção de que estavam tapados por dois grandes jogadores - Luisão e David Luiz. Os percursos de ambos são conhecidos, e graças a esta dupla conquistámos muitos títulos. Sidnei era um jovem com 20 anos e com um futuro risonho. Nessa época, Luisão fez 45 dos 51 jogos. David Luiz falhou apenas 2. Sidnei alinhou em 10 jogos. Miguel Vítor e Roderick jogaram 7 e 2, respectivamente. Nessa temporada, conquistámos 2 títulos - o Campeonato Nacional e a Taça da Liga. A pergunta impõem-se: alguém pode questionar as opções do nosso treinador?"

Pedro Guerra, in O Benfica