sexta-feira, 6 de março de 2020

Desiludido...

"... mas nada derrotado. Era só o que faltava. Restam 11 jornadas, há 33 pontos em disputa e, sejamos claros, não obstante os erros que se possam apontar à nossa equipa, temos sobretudo de lamentar a falta de eficácia e de alguma sorte também. O nível exibicional apresentado nas últimas partidas tem estado aquém do desejado, mas seria manifestamente injusto considerar que os resultados espelharam o que se passou em campo, em particular nos jogos com SC Braga e Moreirense, os quais, pela quantidade de oportunidades de golo criadas, poderíamos ter vencido sem contestação.
Fruto dos desaires, vimo-nos ultrapassados na classificação por um FC Porto que não tem convencido. Estou convicto de que, persistindo as exibições descoloridas do nosso adversário, o mais certo será, assim o permitam as equipas de arbitragem, que venha a perder pontos.
É portanto, proibido desistir. Esta restrição aplica-se ao plantel e a todos nós, benfiquistas, a quem caberá o dever de empurrar a equipa para o bicampeonato que, não duvido, está ao nosso alcance. E diga-se, em abono da verdade, que não refiro nada de transcendental. Ainda no ano passado foi desta forma que conseguimos, todos juntos, conquistar um título que, esse, sim, parecia perdido.

PS: A cerimónia de entrega dos anéis de platina e dos emblemas de dedicação é um dos pontos altos da militância benfiquista. Comove-me, em particular, ver a emoção dos sócios agraciados com o anel de platina, e sonho com o dia, em 2028, em que receberei o emblema de ouro. E, sobretudo, satisfaz-me constatar, a cada ano, a vitalidade associativa do Sport Lisboa e Benfica. Neste ano foram mais de três milhares aqueles a quem o clube retribuiu a filiação clubística!"

João Tomaz, in O Benfica

Nós e o Benfica

"Cada um de nós tem uma relação diferente com o Benfica. Podemos chamar-lhe Benfas, Glorioso ou Maior de Todos, mas todos sentimos o emblema de uma forma única e incomparável. Há quem apoie o clube à distância e raramente vá ao estádio. Há quem viva perto da Catedral e não perca um jogo em casa. Há ainda quem encha bancadas pelo país nos jogos fora, e há quem só os possa ver pela televisão. E todos festejamos e sofremos. Há quem tenha estado na fila - na altura dizia-se bicha - das rampas de acesso ao velho estádio durante horas, à espera de conseguir um bom lugar no Terceiro Anel. Há quem chegue à Rotunda Cosme Damião dez minutos antes de o jogo começar, estacione no parque subterrâneo e suba de elevador até ao camarote. Há quem tenha 25, 50 ou 75 anos de associado. Há quem faça parte da enorme família de 6, 8 ou 14 milhões de adeptos e simpatizantes. Há quem seja benfiquista por influência do pai, da mãe ou dos avós. Há quem o seja justamente para os contrariar. Há quem tenha assistido aos feitos dos anos 1960. Há quem só conheça o Benfica do século XXI. Há quem tenha passado horas à mesa do café a discutir tácticas com amigos e rivais, e quem não saiba sequer o que é um pé em riste. Há quem só se sinta vivo debitando ódio no teclado de um computador ou de um telemóvel, e há quem goste de desmontar críticas com uma piada e ironia. Somos todos diferentes. E todos podemos ser alvo de crítica. O que não podemos é ser labregos. Nem ordinários. Nem ter baixo nível ou ser insultuosos para quem nos representa dentro e fora de campo. Porque para isso já há uma legião de profissionais do ridículo. O Benfica é maior do que a soma de todos nós. E vai continuar a sê-lo."

Ricardo Santos, in O Benfica

Admirável futebol português

"Um jogador do Famalicão, formado no FC Porto, demonstra uma inusitada agressividade na partida da Taça com o Benfica antes do clássico, só não lesionado um ou mais jogadores encarnados porque o destino assim não quis.
Um jogador do Gil Vicente, formado no FC Porto, força o cartão amarelo para limpar o castigo em jogo contra um adversário directo, e poder actuar frente ao Benfica na jornada subsequente.
Um jogador do Portimonense, com vários anos de FC Porto, atira um penálti para a bancada do Dragão, saindo de campo sob aplausos dos adeptos portistas.
Um jogador do V. Setúbal afirma que não se importaria de perder todos os jogos até final do campeonato desde que ganhasse ao Benfica.
Tudo isto se passou nas últimas semanas, e, sem questionar o profissionalismo dos atletas - até porque as situações não são iguais -, eu gostaria de saber o que se ouviria por aí se acontecesse o contrário, ou seja, se em vez de FC Porto lêssemos Benfica e vice-versa.
O futebol português anda doente. Não só dentro do campo, onde um exagerado desfile de clubes, irrealista face à dimensão do país, finge que existe, finge que tem adeptos, finge que paga salários e finge que joga. Mas sobretudo fora do campo, onde comunicação social e comunicação dos clubes por vezes se confundem numa guerra em toda a linha visando o Benfica - talvez por ser o maior clube, talvez por ser o campeão, talvez por ser tão invejado pelos rivais. É uma espécie de todos contra o Benfica.
A única resposta possível é vencer. É encontrar força nos ataques e colocá-la em campo. Só aí conseguiremos ser melhores. É aí que lhes dói."

Luís Fialho, in O Benfica

Galardoados

"Mais um grande momento na vida do Sport Lisboa e Benfica. Do Campo Pequeno para o mundo a mensagem presidencial foi muito clara - só a união da família benfiquista permitirá lutarmos por todos os objectivos traçados no início desta década. Leu bem - década. A presente década está prestes a terminar. Temos a oportunidade de fechar este ciclo como o melhor de sempre na história do clube. Até agora, conquistámos 339 títulos em várias modalidades, quer no sector masculino, quer no feminino. Em 2018/19, as nossas equipas conquistaram 30 títulos e esta época já festejámos por 17 vezes. Os vários galardoados mereceram as escolhas feitas e por todos eles temos enorme admiração. A começar por Pizzi, o futebolista do ano. Na esteira de Diamantino Miranda, Carlos Mozer, Ricardo Gomes, António Veloso, Rui Águas, Vítor Paneira, Rui Costa, João Vieira Pinto, Preud'Homme, Hélder, José Calado, Poborsky, Nuno Gomes, Robert Enke, Simão, Katsouranis, Luisão, Fábio Coentrão, Pablo Aimar, Nico Gaitán e Jonas, chegou a vez de Pizzi. Uma eleição justíssima para um atleta exemplar, decisivo na conquista da hegemonia do futebol português.
Pizzi disputou 269 jogos oficiais com a camisola do SL Benfica, marcou 71 golos, fez um número de assistências cuja conta perdi há muito tempo. Graças ao seu talento e à sua entrega total à equipa, ajudou-nos a conquistar dez títulos. Se Pizzi mereceu, André Almeida também merecia o galardão Cosme Damião.
Tal como mereciam os outros nomeados - Darlene, Rúben Dias, Grimaldo, Rafa e Seferovic. Só nesta categoria se prova o grau de excelência que o SL Benfica atingiu."

Pedro Guerra, in O Benfica

O que nasceu primeiro: o ovo, ou a galinha?

"É certamente um dos mistérios, mais insolúveis da existência humana. E porque será?
Simplesmente porque o homem, habituado a tudo ter um início e um fim, tem obrigatoriamente de dar um início à galinha, mas depois deparou-se com o facto de ser a galinha que põe o ovo, e aí ficou baralhado de todo!
Os meios de comunicação social existem para informar. Mas alguém muito esperto percebeu que poderia aplicar a teoria do ovo e da galinha às notícias. Assim, em vez de descrever os factos informando, percebeu que os pode criar e informá-los depois!
Foi com base nesta mesma ideia que se criou aquilo a que se designa por 'falsos directos'!
Quem não se apercebeu já de uma entrevista de um qualquer adepto à porta de um estádio, onde ainda é de dia, mas afinal, se olharmos pela janela, já é de noite?
É assim que se altera a realidade. Fabricando-a!
Mas também alguém ainda mais esperto percebeu que podia utilizar as pessoas da comunicação social para eles próprios criarem uma realidade, ou seja, o manipulador manipula a comunicação social, que por sua vez manipula a informação.
Os factos, esses, vão-se buscar ao baú dos tesourinhos, e é à vontade do freguês! Sem espinhas nem vouchers!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Coração vermelho

"Desta vez foi Moçambique, antes já o foram Haiti, Mali, Madeira, Cabo Verde. Cada vez que o mundo recorda aos homens que não aguenta tudo o que lhe fazem, uma catástrofe se alavanca e nos convoca a todos a emergir na solidariedade. Nesses momentos, o Benfica ergue-se, gigante, e uma vez mais vai além de si próprio, ciente de que provocar a paixão dos povos não é que baste. É preciso dar-lhes a mão e unir esforços para reerguer a dignidade humana. O povo português sabe ver isso e reconhece-o ao Benfica, entende e gosta do trabalho da Fundação, por isso, sempre que tocamos a reunir, junta-se e acolhe todos os pedidos, mobiliza-se e faz. Os benfiquistas, claro está, surgem na primeira linha e energizam a Fundação para que faça o que há a fazer. Exigem dela uma permanente atenção ao mundo e que seja capaz de criar soluções que funcionem, que resolvam, ou que mitiguem impactos sociais e humanos. Por isso, também, cada vez que tocamos a reunir, o Benfica fervilha e trabalha. Aquele Benfica que joga e vence, como o que nos bastidores da organização assegura o seu presente e constrói o futuro visionado por todos. Mas também aquele Benfica Povo, todo entrega e paixão, a quem ferve o sangue no estádio e se entrega à vida de alma cheia, com um ideal de justiça, humanismo e excelência que a todos brota do ancestral ADN benfiquista. É este Benfica que a Fundação tem o privilégio de servir o mobilizar para o desenvolvimento social e para a solidariedade humana sempre que esta se impõe urgente e tantas vezes dramática.
É de má memória o ciclone Idai, pelas vistas que ceifou o pelo sofrimento causado. Não tenhamos disso quaisquer dúvidas, até porque o vimos na primeira pessoa. Mas são seguramente indeléveis as memórias da reacção benfiquista a este apelo distante, dum povo irmão que fala e sente como nós, berço dum ídolo imortal, colosso da bola e da humildade, eterno Eusébio. Uma vez mais, nos unimos e realizámos obra como uma equipa de milhões que se fechou num bloco e durante duas semanas trabalhou laboriosamente com uma ideia fixa, dos Açores à mais recêndita das aldeias, dos adeptos individuais às Casas do Benfica de todo o país, com uma só dieia: latas e comida dentro delas... 138 toneladas mais concretamente que chegaram a 25000 irmãos nossos no distante vale ao rio Búzi, quase Zimbabué, ainda Moçambique, mas sempre... Benfica!"

Jorge Miranda, in O Benfica

As 'manhãs dos Emblemas'

"Comovem-me muito as 'manhãs dos Emblemas«. Considero que as manhãs daqueles sábados, sempre os mais próximos do dia 28 de Fevereiro de cada ano, são a festa mais bonita e genuína que os Benfiquistas oferecem a si próprios, para celebrarem o Benfica. É uma comemoração absolutamente diferente de todos os outros dias do Benfica. E chega a ocorrer-me a ideia de que aquele ambiente, tão único, que se vive sempre na tradicional Cerimónia da Entrega dos Emblemas e Anéis de Dedicação aos Sócios do Sport Lisboa e Benfica é diferente, até, do que vivenciamos num dia de eleições, ou mesmo num dia de jogo no nosso Estádio...
Numa tarde de jogo grande, com todo aquele ambiente indescritível no apoio à nossa Equipa de elite, depois, no fim do desafio, podemos ganhar, ou perder, ou empatar... Participar num acto eleitoral, por outro lado, é vivenciar, com a solenidade própria de uma circunstância não tão frequente, o indizível sentimento da Democracia no nosso Clube, e o sentido íntimo de cada um de nós ficado na construção do próximo futuro comum do nosso Glorioso Clube. Ou mesmo as inigualáveis comemorações das grandes conquistas desportivas dos campeonatos nacionais nas multidões do Marquês, que temos voltado a vulgarizar na última década, não deixam de ser sempre catarses colectivas de enorme expressão popular que muito gostamos de vivenciar...
E, no entanto, estas 'manhãs dos sábados dos Emblemas' representam, sem dúvida, algo de bem mais profundo no que nos liga de modo muito especial à 'ideia' de Benfica. Glorioso Benfica! Porquê? Porque aqui, no partilharmos a alegria de testemunhar a outorga de um galardão do Clube com aqueles que nos são queridos, nos sentimos a reforçar a ideia que, através do exemplo dos nossos Maiores, nos chegou do próprio passado Glorioso do Benfica, na transmissão de valores desportivos e éticos que nos honram, ajudando a desenvolver ainda mais o Clube, no presente e no futuro. A magia destas cerimónias consiste na convivialidade genuína em que todos juntos (nas nossas próprias diferenças) tão despojadamente aceitamos consagrar o fortalecimento da união de amigos e desconhecidos - todos nos sentimos mais ligados entre nós, no seio de uma mesma grande família que tanto gostamos de partilhar, para além da espuma dos dias. E para nós, no nosso Jornal O Benfica, estes eventos anuais representam o acrescido orgulho muito especial com que jamais esqueceremos de evocar o facto histórico de, em 1945, terem sido os nossos próprios Fundadores - sob a direcção de José Magalhães Godinho, a criar e desenvolver sistematicamente as inesquecíveis cerimónias de Entrega de Emblemas (e Anéis) de Dedicação aos Sócios do Sport Lisboa e Benfica. Honra a eles, como a todos os galardoados de 2019/2020!

Dedicação e Mérito: à memória de João Sequeira Andrade
Entretanto, no contexto da Cerimónia dos Prémios Cosme Damião realizada na passada quarta-feira, o Benfica celebrou a saudosa memória do senhor João Sequeira Andrade que há quatro meses nos deixou, partindo para o nosso 'Quarto Anel'.
A sentida homenagem do Presidente Luís Filipe Vieira, mediante a atribuição do galardão de Dedicação e Mérito dos Orgãos Sociais do Clube à figura deste grande Benfiquista, foi muito merecida e bonita: o nosso querido Amigo Sequeira Andrade consagrara grande parte da sua longa vida a uma operosa e constante ligação ao Glorioso e, em especial, ao nosso Jornal, de que foi muito ilustre décimo quinto Director.
Curvando-nos, de novo, perante o seu exemplo de Dedicação e Mérito, não quero deixar de assinalar que no Jornal O Benfica sentimos de modo profundo esta homenagem a 'um Homem bom, sábio e afável mestre'. Um grande Benfiquista. Um dos nossos melhores. Obrigado, Benfica."

José Nuno Martins, in O Benfica

'Dura lex, sed lex' doa a quem doer...

"À Justiça o que é da Justiça. Respeitando timings próprios, que nada têm a ver com calendários futebolísticos ou estratégias eleitorais. Num estado de Direito deve ser assim que as coisas funcionam, à margem do justicialismo demagógico ou dos heróis de conveniência. No mais, dura lex, sed lex, totalmente cega quanto aos prevaricadores.
A Operação Fora de Jogo, desencadeada no âmbito das transferências do futebol profissional, servirá, pelo menos, para apurar se há, ou não, ilegalidades no modus operandi de clubes, jogadores e agentes, para ludibriar o fisco e lavar dinheiro. As autoridades lançaram os dados e a partir de agora valerá a pena aguardar, sem especulações populistas, pelos resultados que, como se sabe, podem tardar, mas acabam por chegar. E também valerá a pena lembrar a presunção de inocência, que é direito dos acusados...
Destas movimentações da Justiça resultarão, por certo, de imediato, boas notícias para o futebol, que tem sido pasto de arrivistas, que não são suficientemente escrutinados e se comportam como predadores, arruinando clubes em todos os escalões.
O futebol, em Portugal, não foi capaz, até agora, de defender-se devidamente de quem o procura como instrumento de malfeitorias, seja através de apostas ilegais, lavagem de dinheiro, fuga ao fisco ou entreposto de mão da obra duvidosa. E como o caminho de autorregulação não tem funcionado, é bem-vindo qualquer acção da Justiça que ponha fim ao fartar vilanagem.

PS - Dois comunicados da ANTF sobre treinadores sem certificação, um repto ao Governo, e do lado do executivo, um silêncio ensurdecedor..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Rui Pinto e o estatuto de "bandido útil"

"Há coisas que são para mim tão óbvias que me custa perceber como podem ser entendidas de forma exactamente oposta pela elite reinante. Sinto-me com a síndrome do rei vai nu. O caso de Rui Pinto desencadeou uma crise. Neste caso tenho a Justiça do meu lado. Esta semana a Justiça não serve para companhia recomendável, mas não fosse ela e a solidão neste caso seria insuportável.

uma centena de notáveis (muitos de quem gosto e com bom senso) que não se importam que lhes espreitem os emails, lhes leiam os SMS e lhes vasculhem a correspondência. Estão no seu direito. “Quem não deve não teme.”
Eu, pelo contrário, não gosto. Detesto. Não suporto. Irrita-me profundamente. Cheira-me logo a regimes totalitários. Métodos pidescos, bufaria, violação do Estado de direito e assim por diante. Em resumo; como diria o antigo primeiro-ministro almirante Pinheiro de Azevedo, “chateia-me”. Por isso, por mais útil que possa ser o produto do assalto à correspondência alheia, mesmo que, de arrastão, ela possa servir para apanhar “gangues” de bandidos, não consigo olhar para o” bisbilhoteiro”, seja ele carteiro ou pirata informático, como gente de bem. E o estatuto de “bandido útil”, para mim, é poucochinho.
Deve ser por isso que, onde os notáveis veem um Rui Pinto vítima e herói, eu só vejo um vilão com excesso de gel. Juro que não é pelo aspeto. Podia ser um beto rural, ou mesmo gente normal, e eu não mudaria de opinião. Há momentos em que hesito: será que foi o mundo que enlouqueceu ou eu que “emaluquei”?
Há coisas que são para mim tão óbvias que me custa perceber como podem ser entendidas de forma exatamente oposta pela elite reinante. Sinto-me com a síndrome do rei vai nu. O caso de Rui Pinto desencadeou uma crise. Neste caso tenho a Justiça do meu lado. Esta semana a Justiça não serve para companhia recomendável, mas não fosse ela e a solidão neste caso seria insuportável.
Vamos por partes para ver se consigo explicar o meu ponto:

1. Abuso de prisão preventiva
Eu, como os 98 signatários do manifesto por Rui Pinto, sou favorável ao escrupuloso cumprimento das normas que garantem os direitos humanos, sobretudo dos presos mais fragilizados. Além disso, revejo-me na “presunção de inocência”. Sou contra prender primeiro e investigar depois. Acho que os prazos de prisão preventiva não devem sequer esgotar-se, pelas consequências desastrosas que tal facto tem na vida de pessoas sem culpa formada nem julgamento marcado. Mas convenhamos que admito excepções: por exemplo, num caso que envolve um processo de extradição e um mandado de captura internacional, mesmo que outras polícias estejam interessadas em aproveitar a colaboração do preso atrasando o processo, não me choca por aí além um ligeiro atraso. Depois de marcado o julgamento, se o atraso se deve ao recurso, não me choca mesmo nada. Embora lamente que demore a libertação ou o julgamento a que Rui Pinto tem direito e não se consiga acelerar o processo.

2. Libertação imediata
Infelizmente, sei que essa ultrapassagem de prazos não é caso único. E se excepções houver, a de Rui Pinto parece-me das mais compreensíveis: alguém que através de uma inteligência prodigiosa e de uma inimaginável capacidade informática já provou que apenas precisa de ter acesso a um mero computador para que seja possível (e provável) a continuação da actividade criminosa, que pela mesma via pode alterar provas e prejudicar o inquérito, não creio que deva ser colocado numa situação em que tudo isso possa acontecer.
Então vai ser prejudicado só porque é mais esperto? Neste caso não vejo como não, a menos que se consiga libertar, garantindo que fica debaixo de uma nuvem inibidora de sinal, tipo Presidente russo, que o persiga para todo o lado. Mesmo assim não se garantiria que outro não pudesse, através de instruções recebidas, ser tão eficaz como ele.

3. Dívida social
A sociedade não devia já agradecer a Rui Pinto o facto de ele ter permitido desmascarar a podridão que reina no mundo do futebol ou o possível esbulho do povo angolano por uma alegada elite cleptocrática, através do “Football Leaks”, do “Luanda Leaks” (e de outros tantos “leaks” que ele ainda promete revelar…)?
Provavelmente sim. Mas o facto de ele ter feito chegar às mãos de 120 jornalistas de investigação milhares de ficheiros roubados, que lhes deram a possibilidade de pesquisarem nesse enorme caixote de lixo informático material de prova que permitiu “desmascarar” casos de fuga ao fisco e de branqueamento de capitais e provocar o desmoronamento de alguns impérios construídos com base em teias de tráfico de influências, nepotismo, corrupção, etc., não basta para branquear a violação de todas as garantias de um Estado de Direito, ao estilo “os meios justificam os fins”. Este é um princípio moralmente errado e inaceitável. E os signatários “pró-Pinto” são os primeiros a condenar essa metodologia em relação ao abuso de prisão preventiva.

4. E que tal uma aliança tácita com o “denunciante”?
Não. Rui Pinto não é um denunciante. Apenas um pirata (roubou informação confidencial e cometeu milhares de crimes de violação de correspondência pessoal e empresarial). E ao tentar, pelo menos por uma vez, embora sem sucesso, extorquir dinheiro, chantageando uma das vítimas, mostra que os motivos da denúncia não são nem foram desde início o interesse público. O julgamento o dirá, mas até agora parece que o Plano B (entrega da informação aos jornalistas) substitui o A (uso indevido em benefício próprio da mesma). Gente inteligente não desilude nem desiste facilmente.
O benefício público veio por arrasto e o resultado da investigação subsequente é fruto da investigação jornalística. Se, por arrastão, a informação acedida por maus motivos se torna prova conhecida, que permite desmascarar uma sucessão de gangues, não é graças a Rui Pinto mas apesar dele. Se não porque continua encriptada outra tanta?

5. A verdade não prescreve
Os pró-pintistas recordam que o crime de tentativa de extorsão foi cometido há quatro anos. Pois a Justiça é de facto muito lenta, mas com isso pretendem defender que já prescreveu ou que o pirata era jovem demais para saber o que estava a fazer? A moral não tem idade mínima. Aliás, quando Rui Pinto manda dizer pelo seu advogado que os portugueses merecem saber “ainda muita coisa” sobre, por exemplo, “os vistos gold” e outros, não sei porquê mas pareceu-me uma espécie de aviso mafioso. E isso não me cheira nada bem!

6. Contratem-no
Mas não devia o pirata, agora reconhecido nas suas capacidades, ser ajudado pela Justiça e cooperar com ela? Seguramente. Contratem-no. Talvez certas perícias se tornem mais fáceis e mais rápidas. Talvez os cruzamentos de informação mais fidedignos e os bandidos apanhados na rede subam em exponencial. Mas façam dele alguém que, cumprindo as regras do Estado de Direito, ajuda na investigação. Um polícia “bom” (ou melhor, um informador da polícia) com estas características pode até ser precioso.

7. Então não devia gozar de uma delação premiada?
Não creio. O estatuto de denunciante previsto agora em novas leis europeias, como tem sido amplamente explicado, surge quando alguém que trabalha numa organização tem conhecimento de um crime nela praticado e com o qual não pretende colaborar e, pelo contrário, quer denunciar para lhe por cobro. Para isso canaliza informação para a Polícia Judiciária e o Ministério Público (e não para a CMTV, nem para um sindicato de “freelancers”) e com aval destes pode posteriormente ajudar na obtenção de prova, que seria impossível de obter não fosse esse conhecimento próximo com a organização.
Ora, Rui Pinto não fazia parte de nenhuma das entidades assaltadas e a informação “roubada”, quanto muito, foi obtida na base do “aqui deve passar-se qualquer coisa…ora deixa lá ver”. É o velho ditado do “não há fumo sem fogo” ou “cheira-me a esturro…”.
Imaginem um Estado a funcionar assim. Nós não queremos uma polícia pidesca, que vá à procura do crime, que mande para a cadeia uns “maçadores”, uns “corruptos”, uns “déspotas” ou simplesmente “uns oposicionistas” que conviria “arrasar”... Isso é o que o senhor Trump gostava que os ucranianos fizessem por ele.

8. As causas da indignação
Mas então porque é que 98 líderes de opinião se indignam por, a 17 de Janeiro, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa ter decidido levar a julgamento Rui Pinto, acusado de 90 crimes de acesso ilegítimo, violação de correspondência, sabotagem informática e um de tentativa de extorsão (menos 57 dos que pretendia o Ministério Publico!)? Porque a Justiça funciona? Embora a própria PGR tenha sido alvo de devassa? Arrisco que, embora muito mal, a Justiça talvez funcione ainda qualquer coisita. Recuso-me a admitir que seja por “vingança” que Pinto continua preso.

9. Como recompensar o génio?
Que fique claro que eu acho que o jovem “assaltante” é seguramente um génio. Coisa que o velho Alves dos Reis também era, ao imprimir moeda falsa que tinha a magnífica qualidade de ser absolutamente verdadeira. Leiam-lhe a história. Tinha apenas 32 anos quando foi apanhado pela última vez. Já tinha inventado um diploma de engenharia numa faculdade inexistente de Oxford, vivido em Angola à grande e à francesa, comprado fábricas e feito múltiplos negócios, tentado comprar o “Diário de Notícias” e criado o Banco Angola e Metrópole.
Em 54 dias de prisão congeminou o seu maior golpe. Rodeou-se de cúmplices e gente totalmente inocente e fez emitir 200 mil notas de 500 escudos em Londres (aumentando a massa monetária em 1% do PIB nacional, apropriando- se de uns escassos 25% dessa maquia ). As notas Vasco da Gama série 2, impressas no mesmo papel, na mesma casa e com os mesmos números das verdadeiras, eram de tal modo iguais que Salazar, anos mais tarde, acabou por desistir de as retirar de circulação porque era virtualmente impossível. Justificação apresentada em julgamento: “Só queria contribuir para desenvolver Angola!”. Deixou herdeiros."

O desporto escolar em Portugal

"No artigo 79 da Constituição da República Portuguesa é referido que “todos têm direito à cultura física e ao desporto” e “incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e colectividades desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto, bem como prevenir a violência no desporto”. Assim sendo, o desporto escolar procura contribuir para a formação e realização pessoal de cada aluno. O desenvolvimento da prática desportiva no quadro escolar assume uma vertente de política educativa. Com o desporto escolar, procura-se:
· Favorecer a aprendizagem de valores de cidadania;
· Promover o respeito por si mesmo, das regras, do adversário e do árbitro;
· Favorecer a noção de equipa;
· Promover espaços de socialização e de concertação, formando o (futuro) cidadão;
· Contribuir para a igualdade de oportunidades e de integração, dando a todos os alunos os mesmos direitos e os mesmos deveres;
· Melhorar a higiene de vida, participando na prevenção de condutas aditivas e de educação para a saúde.
Os tempos dos encontros desportivos são uma fonte de promoção de amizades, de alegrias, de emoções fortes, de teatro de experiências inesquecíveis, entre outros aspectos. Com o propósito de reflectir sobre o desporto escolar, a Comunidade de Investigação e Aprendizagem (ReLeCo) “Educação Desportiva, Corpo e Ética”, inserida no CeiED/ULHT, vai promover uma mesa-redonda, no dia 20 de Abril de 2020, pelas 17h30, no Edifício U, da ULHT. Contará com três excelentes oradores convidados: Professores Luís Bom e Mário Guimarães, da ULHT, e Nuno Ferro, da Sociedade Portuguesa de Educação Física. A moderação do evento estará a cargo da Investigadora Teresa Teixeira Lopo, CeiED/ULHT, e membro da ReLeCo. A Entrada é Livre!"

Reconhecer e valorizar o dirigente desportivo

"Todos temos consciência da importância vital que os dirigentes desportivos têm na estrutura e funcionamento das organizações desportivas, sejam os clubes de base, sejam as associações regionais ou de classe, sejam as federações nacionais.
É por isso estranho e condenável que os normativos legais que os enquadram sejam antigos e desfasados de um tempo novo, que apresenta novos desafios e exigências, que exigem respostas e apoios diferenciados e concretos.
Temos um Estatuto do Dirigente Associativo Voluntário com mais de 15 anos de vigência, e um Decreto-Lei que estabelece o regime de apoio aos dirigentes desportivos em regime de voluntariado com mais de 24 anos!
Estamos a falar em especial daqueles que em regime de voluntariado se dedicam à causa associativa, muitas vezes com prejuízo da sua carreira profissional e mesmo da sua vida familiar.
Talvez por isso os números que temos em Portugal são preocupantes e revelam que os cidadãos que se entregam à direcção de actividades associativas são poucos, envelhecidos e com uma formação de base deficitária.
Traduzindo em números:
- apenas 12,7% da população nacional se encontra em actividade voluntária ou benévola;
- desses cidadãos apenas 17% têm menos de 20 anos e 16% têm um grau superior universitário.
É um quadro particularmente preocupante se comparado com o contexto europeu, no qual nos inserimos.
Urge, pois, intervir, a nível legislativo, mas também no quadro de promoção e captação de novos dirigentes.
A quem seja garantido um regime de formação contínua.
A quem seja permitida uma carreira dual de dirigente e estudante.
Que possam aspirar a uma possível bonificação do tempo de voluntariado na contagem do tempo de serviço e idade de reforma. 
Que possam beneficiar de uma bolsa de horas para serviço voluntário.
Mas também que, de forma inequívoca, não sejam postos em causa direitos que já existem, e que muitas vezes são questionados, como o direito ao reembolso das despesas efectivamente suportadas em representação das entidades que servem.
Para que tudo fique ainda mais claro, que se assuma sem equívocos que esses dirigentes, voluntários, exercem, no seio e âmbito das organizações desportivas, uma missão de Interesse Público.
Todos reclamamos por melhores princípios de governação financeira e desportiva.
Todos defendemos o primado da ética desportiva.
Todos somos responsáveis pela prevenção e o combate à violência no desporto.
Todos lutamos pela integridade das competições.
São respostas que o movimento associativo, os dirigentes desportivos, têm que dar no seu quotidiano de luta intensa e, muitas vezes, tão solitária.
Mas não podemos deixar de exigir ao poder político as medidas que urgem para que esses dirigentes, que dedicam grande parte da sua vida ao movimento associativo, sejam reconhecidos e valorizados. 
No fundo, que gozem de efectiva protecção legal dos seus direitos.
Este é o tempo certo para o fazer, longe de disputas eleitorais, e com a certeza que existem mais pontes para nos unir, do que muros para nos afastar."

Todos a Setúbal

"A nação benfiquista está empenhada e determinada em ajudar a nossa equipa de futebol a regressar à posição cimeira da tabela classificativa da Liga NOS. Se será já nesta jornada ou em qualquer outra, é pouco relevante, conquanto esteja assegurada a liderança no derradeiro apito da temporada.
Na primeira das finais por disputar, o adversário será o Vitória de Setúbal, com desafio agendado para amanhã, sábado, às 18 horas, no Estádio do Bonfim. Os sadinos ocupam a 12.ª posição e dispõem de uma distância pontual confortável no que concerne à luta pela manutenção.
Não se augura uma jornada fácil para a nossa equipa. Sabemos da habitual enorme motivação dos nossos adversários e conhecemos as dificuldades inerentes a defrontar o Vitória de Setúbal no seu reduto.
No entanto, conforme ficou bem patenteado na Gala através dos discursos de Bruno Lage, Pizzi e Ferro, a nossa equipa mantém-se unida, continua ambiciosa e permanece focada no cumprimento dos objectivos a que se propõe para o resto da temporada – sagrar-se bicampeã nacional e vencer a Taça de Portugal.
Que a acompanhemos nesse desiderato e que não lhe faltemos ao nível do apoio, a começar já em Setúbal, pois ela merece.
#PeloBenfica"