sábado, 1 de fevereiro de 2020

Os destaques nacionais do mercado de inverno

"O mercado de Inverno em Portugal trouxe muitas surpresas e boas novidades para os clubes portugueses, algo a que não estávamos habituados a ver. Por isso irei fazer aqui um resumo do mercado, indicando as minhas opiniões sobre quais foram a melhor contratação, as principais jovens promessas a serem contratadas, a equipa que se reforçou melhor e também um top-3 das novidades do “Deadline Day”.

Melhor Contratação
Julian Weigl (Borussia Dortmund) Aqui não havia grande margem para dúvidas. A um ano e meio de terminar contrato com o Borussia Dortmund, o SL Benfica pagou 20 milhões de euros pelo internacional sub-21 alemão concretizando aquela que seria uma das transferências mais surpreendentes no futebol europeu durante este mercado de Inverno.
Mesmo com os bons desempenhos de Taarabt e Gabriel, Julian Weigl assumiu imediatamente um lugar no onze titular. Para além de ser um jogador que tem tudo para ser uma mais valia, também é daqueles jogadores que irá acrescentar mais qualidade e visibilidade ao nosso campeonato. 

Melhor Jovem Promessa
Abel Ruiz (SC Braga)outra das grandes surpresas do mercado. Campeão europeu de sub-17 e sub-19, o avançado era uma das jóias da cantera do FC Barcelona, e aceitou deixar La Masia para abraçar um novo e inesperado desafio na carreira. Abel Ruiz Ortega será o novo camisola 9 dos arsenalistas. 
Para além de Abel Ruiz, o SC Braga ainda contrataria Vítor Gabriel ao Flemengo. Entre outros jovens contratados, os principais destaques vão para Ryan Teague contratado pelo FC Famalicão; e para Matheus Mascarenhas, Elias Abouchabaka e Easah Suliman, contratados pelo Vitória SC. 

Equipa Que Melhor Se Reforçou
FC Paços de Ferreira esta pode surpreender os mais distraídos, mas a verdade é que tendo em conta a primeira metade de época complicada do clube da Capital do Móvel e as suas movimentações neste mercado, os adeptos pacenses têm razões para ficarem optimistas quanto a uma segunda metade de época mais tranquila.
Começando pelo início, o primeiro destaque vai para a contratação do extremo Adriano Castanheira, que estava a ser um dos melhores jogadores da Segunda Liga ao serviço do Sporting da Covilhã, que irá cumprir a sua primeira experiência na Primeira Liga.
De seguida, deram-se as contratações de Stephen Eustáquio e de João Amaral, emprestados pelo Cruz Azul e pelo Lech Poznan, respectivamente. Mais tarde, dar-se-ia mais um regresso ao futebol Português: o defesa-central Marcelo assinou pelos castores após uma curta passagem pelos norte-americanos do Chicago Fire.
Assim, o clube da Capital do Móvel contratou um dos melhores jogadores da Segunda Liga mais três jogadores com provas dadas no nosso campeonato, que têm capacidade para integrar o onze titular no imediato e fazer a equipa treinada por Pepa subir um patamar no campeonato.

Últimos Destaque Do Mercado
1. Dyego Sousa no Benfica – a venda de Raúl de Tomás ao Espanyol deixou no ar a possibilidade do Benfica ir contratar um ponta-de-lança neste mercado. Apesar de haver alguns nomes apontados pela imprensa, nunca houve nada em concreto, até que já na recta final o clube avançou para a contratação do brasileiro Dyego Sousa.
O brasileiro de 30 anos estava no lote de dispensáveis do Shenhzen FC devido ao limite de estrangeiros e o Benfica achou que esta era uma oportunidade de mercado que não podia desperdiçar. O antigo jogador do CS Maritimo e do SC Braga tem provas dadas na Primeira Liga e, tendo em conta a experiência recente do Benfica com avançados, esse detalhe pode ser decisivo no sucesso do jogador. Chega ao Benfica a título de empréstimo até ao final de 2020.
2. Francisco Trincão vendido ao Barcelona - (...)
3. Edmond Tapsoba vendido ao Bayer Leverkusen – este defesa-central nascido no Burkina Faso chegou a Portugal como um desconhecido com uma vida pela frente e com muitos sonhos por concretizar. Hoje, é um dos jovens em maior ascensão no futebol europeu. Tapsoba possui uma rara combinação de características físicas e técnicas que lhe valeram uma evolução monstruosa nesta época.
Com os seus desempenhos, não foi difícil o central burquinês ganhar pretendentes no estrangeiro e apesar do desejo do clube o segurar até ao final da época, a vontade do jogador acabaria por falar mais alto, com o Bayer Leverkusen a pagar 18 milhões de euros pelo seu passe, mais dois milhões por objectivos.
Ivo Vieira valorizou um jogador como nunca antes se viu no futebol português fora dos três grandes. Por isso é que a meu ver, merece ser o maior destaque do último dia do mercado."

Os leaks e o estado do Direito

"A revelação de que os Luanda Leaks tiveram origem em Rui Pinto levou muitos a invocar o Estado de direito, para excluir o uso judicial desses leaks, fazendo-me interrogar sobre o estado do nosso Direito.

Apelam ao texto de certas normas para, sem oferecer margem para outras interpretações, defender a inconstitucionalidade e ilegalidade de tal uso. Sucede que normas idênticas existem em muitos estados de direito (quase toda a Europa, EUA e Canadá) sem conduzir à mesma conclusão...
Um relatório europeu sobre o uso judicial de prova obtida ilegalmente* (em particular, através de violações da vida privada, como as intrusões informáticas), comprova isto mesmo. Em todos os países europeus existem normas (constitucionais ou não) que excluem o uso de prova obtida ilegalmente, mas estas normas têm sido interpretadas, atendendo a outros valores do sistema de justiça, de forma a permitir o uso dessa prova. Praticamente todos os estados permitem usar essa prova, satisfeitas certas condições, nomeadamente sendo ela corroborada por outras provas ou impondo que o juiz faça uma ponderação entre a importância dessa prova para a descoberta da verdade e o valor da protecção da esfera privada nesse caso concreto.
Esta posição, comum à quase totalidade dos estados europeus, é também a posição do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que entende que "o uso de prova obtida ilegalmente, em particular prova obtida em violação do Artigo 8 da Convenção, relativo ao direito ao respeito pela vida privada, não determina, necessariamente, que o processo não seja justo". Mais, o relatório recorda que a justificação para limitar o uso desta prova em tribunal é ainda menor se a violação da privacidade não foi cometida pelo Estado, mas sim por um privado, acabando depois por ir parar à posse do Estado (é o caso dos leaks).
Nesta circunstância, o uso desta prova pelo Estado não recompensa qualquer violação cometida pelo próprio Estado e a violação feita pelo privado continuará a ser sancionada. Logo não se colocam em causa os valores do Estado de direito que se pretende proteger limitando o uso de certos meios de obtenção de prova pelo Estado. Outra coisa é se a utilidade dessa prova para outros processos e a colaboração de quem a obteve ilegalmente podem mitigar a responsabilidade criminal dessa pessoa (no caso português, Rui Pinto). Normalmente isso acontece, mas é uma questão distinta. O que resulta claro deste relatório é que ou temos um problema de violações sistemáticas do Estado de direito na Europa (com a feliz exceção portuguesa...) ou temos um problema com a compreensão do Estado de direito em Portugal.

* Opinion 3/2003 of the EU Network of Independent Experts on Fundamental Rights "

Importância do Avançado fazer jogar em Transição Ofensiva – Raul Jimenez


"No momento do ganho da bola, a tendência natural de uma equipa será afastar para rapidamente ter espaço para jogar. Neste preciso momento, o mais comum é que os jogadores da frente subam no terreno, ganhando metros, procurando chegar primeiro que os defesas adversários ao espaço prometido.
Contudo, para a boa ligação de uma equipa há sempre um elemento a quem cabe demasiadas vezes realizar o movimento oposto – O de vir de cima para baixo, com o intuito de dar opção rápida a uma possível saída em Contra Ataque que se quer ligada.
Cabe portanto ao Avançado o movimento contrário para que quem rouba e fica em posse tenha um elemento que está a ver o que se está a passar e é referência imediata para receber a bola num espaço mais adiantado e posteriormente poder ligar o jogo ou com extremos que entram, ou com médios que surgem e vêem o jogo de frente.
O trabalho de Raul Jimenez no golo do Wolves contra o Liverpool é absolutamente notável. Do início ao final. Do apoio frontal que permitiu ao Wolves contra atacar, à condução para fixar defesa adversária, até à finalização final.
Raul e o Wolves de Nuno Espírito Santo continuam a dar lições de contra atacar em terras de sua majestade."

Pós-Brexit: a Premier League que se prepare

"Leia aqui o artigo de opinião de André Duarte Costa, da Federação Portuguesa de Futebol, sobre a saída do Reino Unido da UE e como vai afetar o mercado de transferências de jogadores de futebol. 

Dia 31 de Janeiro de 2020 marca a saída do Reino Unido da União Europeia pelo que, consequentemente, deixará o território britânico de ser considerado território europeu. Não obstante, tanto os cidadãos europeus como os britânicos poderão continuar a circular livremente entre o Reino Unido e a União Europeia, pelo menos até ao fim do período de transição.
No que diz respeito à transferência internacional de jogadores, o artigo 19.º, número 1, respeitante à protecção de menores, do Regulamento FIFA sobre o Estatuto e Transferência de Jogadores (RETJ) dispõe que as transferências internacionais de jogadores só são permitidas se o jogador tiver idade igual ou superior a 18 anos. Porém, resulta do artigo 19.º, número 2, alínea b) do referido regulamento uma excepção à regra anteriormente referida. Nos termos desta é permitida a transferência de jogadores com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos se esta se efectuar dentro do território da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu.
Ao longo dos anos os clubes britânicos têm-se feito valer da dita excepção para proceder à contratação de jovens jogadores de elevado potencial antes de os mesmos perfazerem 18 anos. Após a saída do Reino Unido da União Europeia, deixará de ser aplicável aquela excepção àqueles clubes, em face de, como anteriormente mencionado, o território britânico deixar de ser considerado europeu e, por isso, não se encontrar preenchido o pressuposto geográfico. Passará, então, a existir uma desvantagem de dois anos no que concerne ao recrutamento destes jovens jogadores comparativamente aos clubes europeus, resultando numa inevitável desvantagem competitiva.
A isto acresce que actualmente os clubes da Premier League, a primeira divisão inglesa, têm de incluir na sua lista de 25 jogadores para a época desportiva um determinado número de home grown players, isto é, jogadores formados localmente. De acordo com a definição dada pela Premier League, jogador formado localmente será aquele que, independentemente da sua nacionalidade, tenha sido registado por qualquer clube afiliado à Football Association ou à Football Association of Wales, por um período, contínuo ou não, de três épocas desportivas ou de 36 meses antes do seu 21º aniversário (ou ao final da época desportiva na qual completa 21 anos de idade). Ora, não sendo aplicável a excepção do artigo 19.º, número 2, alínea b) do RETJ aos clubes britânicos a partir do momento em que se efective a saída do Reino Unido da União Europeia, tornar-se-á difícil a jogadores europeus adquirirem o estatuto de formado localmente, pelo facto de terem menos 2 anos para se qualificarem enquanto tal, em resultado de só poderem ser contratos depois de completados os 18 anos.
Atento o exposto, devem então os clubes britânicos ultimar as contratações de jogadores menores de 18 anos, uma vez que após o fim da presente janela de transferências não o poderão voltar a fazer. Assim o será, a não ser que a FIFA altere a excepção constante do artigo 19.º, número 2, alínea b) do RETJ no sentido de incluir o Reino Unido, durante o período de transição, nos territórios aos quais aquela se aplica, algo que nos parece improvável."

Sinal intermitente

"Benfica deixou o jogo correr na segunda parte e com os golos sofridos, suou até final

Petit foi audaz
1. Foi um Belenenses SAD personalizado e com uma ideia de jogo extremamente positiva e audaz que se apresentou na Luz. Apresentando um sistema em 3-4-3 a atacar e defendendo em 5-4-1, mas posicionado num bloco médio alto de forma a surpreender e pressionar a primeira fase de construção do Benfica, conseguiu criar um certo desconforto ao seu adversário, aliando essa agressividade defensiva a uma boa circulação de bola, procurando a capacidade de Licá atacar a profundidade da defesa contrária.
Silvestre Varela, de livre directo, criou a primeira oportunidade do jogo proporcionando uma grande defesa a Vlachodimos, deixando o alerta que não iria ser uma noite descansada para as hostes encarnadas.

Génio à solta
2. Até que à passagem da meia hora, como se alguém tivesse esfregado uma lâmpada mágica, soltou-se o génio chamado Adel Taarabt, que através da sua irreverência e fantasia concedida a Vinícius mais um desejo e carimbava com a sua assinatura o 2-0. Taarabt é um daqueles jogadores onde nem todos os treinadores conseguem chegar, são diferenciados, diferenças essas que podem elevar um atleta ao Olímpo ou a fazer autênticas travessias no deserto em busca do seu rumo. Lage teve esse dom de descobrir a lâmpada mágica e libertar o génio adormecido do marroquino.

Velocidade de cruzeiro
3. Inconscientemente ou não, o calendário infernal que o Benfica irá ter nas próximas semanas parece ter pesado numa segunda parte que, após os primeiros dez minutos, foi deveras intermitente.
Uma equipa a deixar o jogo correr, com menos intensidade na transição defensiva e na reacção à perda da bola faziam adivinhar o que viria a acontecer com o golo do Belenenses SAD aos 70 minutos. No entanto, a resposta com golo de Chiquinho logo a seguir fazia pensar ter sido apenas um susto.
Puro engano, a equipa azul não baixava os braços e através de uma grande penalidade por Licá reduziu novamente para a margem mínima, obrigando o Benfica a suar até ao fim para garantir os 3 pontos. E são três pontos importantíssimos, que lhe permitem encarar o embate no Dragão com a vantagem mínima de sete pontos adquirida antes deste jogo.

Inconformismo pelos Varelas
4. Num jogo emotivo com cinco golos, pincelados de incerteza pela resposta final do conjunto azul, importa sublinhar os desempenhos muito competentes e valentes de Nilton Varela e do seu tio, o experiente e consagrado Silvestre Varela. Indiferente à sua juventude num palco como o da Luz, o primeiro a deixar sinais bem promissores, ao passo que o antigo extremo do FC Porto provou que tem muito a dar a esta equipa de Petit.
Do lado do Benfica, tendo-se já referido o papel cimeiro de Taarabt, o brasileiro Carlos Vinícius manteve o pé quente e repetiu papel determinante, a marcar e a assistir Chiquinho no 3-1."

Filipe Martins, in A Bola

Cadomblé do Vata

"1. O SL Benfica ganhou, o Petit fez-nos a vida negra e o "Ferrari Vermelho" assinalou penalty contra o Glorioso... depois admiram-se dos anti-benfiquistas andarem tão apaixonados pelo andebol.
2. Ontem Bruno Lage disse que para entrar nesta equipa era preciso correr muito e hoje Vinicius mostrou o que o treinador queria dizer... no 1-0 foi à direita cabecear à barra e de seguida apareceu à esquerda a fazer a recarga.
3. Silvestre Varela entrou na área vestido de azul, caiu sem ninguém lhe tocar e o árbitro assinalou penalty... esta frase foi escrita em 2010 e lida em 2020.
4. Geralmente, vitórias em casa pela margem mínima com exibições fracas sabem a azedo, mas a de hoje tem o condão de me deixar aliviado... já pensava que nunca mais ia ver o SL Benfica disputar um derby contra um rival que desse luta.
5. Em cima do fecho de mercado, este jogo deixou patente que o SL Benfica precisa mesmo de se reforçar... é pegar nos 20 milhões do Bruno Guimarães e comprar o preparador físico do Cristiano Ronaldo, para sacarmos mais 5 anos de Taarabt ao nível que se exibe actualmente."

A exibição inspiradora de Taarabt, (,,,): foi mais uma mensagem de esperança para todos os vencidos da vida

"Odysseas
Temos mais um grego que sabe falar português. Depois de quase 90 minutos a evitar todos os percalços que lhe puseram à frente, foi simultaneamente assustador e bonito ver a passividade da nossa equipa enquanto Odysseas dizia “F***-Se, Calma!” Não conheço em detalhe os critérios para obtenção de nacionalidade portuguesa, mas para mim está feito.

André Almeida
Foi pelo flanco dele que aconteceram algumas das incursões mais perigosas do clube virtual defrontado pelo Benfica, mas não é isso que me mais apoquenta. Interessa-me mais saber se daqui a uns meses, quando a Netflix fizer o documentário sobre a vida do Taarabt e se falar do seu primeiro golo ao serviço do Benfica, irão falar do homem que tornou isso possível ao encontrar o marroquino na entrada da pequena área?

Rúben Dias
Esta aguardente velha não me permite precisar, mas eu sei bem o que vi: um desarme monumental, creio que ainda durante a primeira parte, tão bem feito e tão oportuno que deu pena ver o tipo do B SAD sem saber exactamente o que fazer com o seu corpo depois de se ver privado do esférico. Desengane-se no entanto quem acha que a intervenção de Rúben Dias no terceiro golo foi mais um passe vertical executado de forma exímia. Pareceu-me sim uma tentativa de afastar a bola de Ferro tanto quanto possível. Seja o que for resultou.

Ferro
De pouco valeram os gritos de Rúben Dias para o banco pedindo assistência médica, primeiro, depois uma maca, e finalmente a intervenção das autoridades policiais de forma a retirar Ferro do relvado. O jovem central manteve-se impávido e sereno, perdão, aterrorizante, algures entre o centro da nossa defesa e as profundezas do inferno, conseguindo o terceiro autogolo da equipa esta temporada, o segundo da sua autoria. Ferro parece hoje possuído pelo espírito de Tahar el Khalej. Chamem o Nhaga, o Alexandrino ou então o Jardel. Decidam vocês.

Grimaldo
Não fez o melhor dos jogos, mas continua a deixar-me perplexo que ao fim de oito janelas de transferências Grimaldo continue connosco. Sinto-me grato, pelo futebol que ele nos tem dado e por não ter que levar com capas de desportivos a dizer que o Ansaldi está por horas.

Weigl
Ao fim de 4 jogos multiplicam-se as análises que põem em causa o valor de Weigl, apesar de o rapaz quase não cometer erros. Só vejo um problema nisto: o corpo humano não está preparado para engolir um sapo tão grande como o que se avizinha.

Taarabt
Três desarmes, oito recuperações, um slalom sem o qual não teríamos inaugurado o marcador e um golo que valeu por muitos, a terminar em beleza o mais longo ramadão. Foi mais uma mensagem de esperança para todos os vencidos da vida. No final confessou que Rui Costa o avisou que iria marcar hoje. Fez bem em não acrescentar que o Rui disse isto nos últimos oito jogos. Era hoje que tinha de ser e não há mais conversa. Façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para impedir que a realidade estrague uma história linda como esta. E agora, sem mais demoras:

Pizzi
O maestro compareceu mas a batuta parecia sofrer de disfunção eréctil. Melhores noites virão. 

Cervi
Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.”
- um guru qualquer
“Escolhe um trabalho de que gostes, baixa a bolinha e trabalha até caíres para o lado. Repete tudo no dia seguinte e assim sucessivamente, até alguém te passar uma lata de Sagres para a mão." 
- Cervi

Rafa
Não só não marcou como ainda fez um penálti. É evidente que esta micro-crise exibicional terminará no Dragão quando Rafa assistir Seferovic para o 1-3 e pedir ao suíço para se levantar e regressar ao nosso meio-campo porque queremos golear.

Vinicius
Fundamental. Voltou a faturar, tanto a marcar como a assistir. Excelente combinação com a trave no lance do primeiro golo, como se se conhecessem desde sempre. Não me admiraria se vendêssemos aquela baliza ao Espanyol por 40 milhões de euros.

Gabriel
E daquela vez que meia dúzia de nós disseram que o Lage devia sentar o Gabriel? Fogo, éramos mesmo burros nesse tempo. Pelo menos foi isso que pareceu durante alguns minutos.

Chiquinho
Mais um que volta a encontrar o caminho da baliza. É frequente dizermos que Chiquinho não tem golo, quase tão frequente como acharmos que feito o 3-1 num jogo na Luz podemos finalmente descansar. Chiquinho celebrou fazendo uma pose zen como que aconselhando calma aos presentes, mas alguns dos colegas nunca tinham tentado meditar e acabariam por adormecer. Mindfulness o tanas. É preciso cuidado com estas manias new age.

Seferovic
Não me interpretem mal, mas será que ofereceram mesmo 25 milhões e nós recusámos?"

Redenção!

""É bom jogador. Quem não decide é que sabe tudo na vida. Eu não percebo nada de futebol, mas tenho um gajo ao meu lado que percebe muito, que é o Rui Costa. Vimos e revimos jogos dele. Mas há coisas que lhe falham. Chegou com seis quilos a mais, mas hoje está dentro do peso. Depois da entrevista que deu, não vestirá a camisola do Benfica de certeza. Mas vamos ter a habilidade suficiente para o emprestar.”
Adel Taarabt chegou ao futebol português, ao Benfica, em 2015/16, proveniente do Queens Park Rangers.
Imediatamente, seria posto de parte...
Estava gordo...andava na noite...era indisciplinado... pelo que não calçava! Rui Vitória, então treinador encarnado, nem para ele olhava e Luís Filipe Vieira via-o como um negócio completamente falhado!
Seria emprestado ao Genoa, para queimar um pouco mais de tempo do seu contrato!
Regressaria, sabendo que o seu destino seria estar encostado...dar uns toques na equipa B... ser alvo de chacota nas redes sociais!
Porém, Rui Vitória partiria, sendo substituído por Bruno Lage!
O setubalense, logo nos primeiros jogos, surpreendeu! Chamou o marroquino, que ainda hoje é idolatrado e lembrado em Milão pelo período que lá passou, em que pintou quadros de bom futebol em San Siro!
Aos poucos, voltou a ser jogador, mas a sério... a sentir-se importante...e a querer retribuir a confiança de quem arriscou apostar nele!
Tornou-se um jogador importante nos encarnados... dos mais evoluídos tecnicamente do seu meio campo, uma das suas almas criativas, sendo quase indispensável!
Hoje, no jogo frente à B SAD pintou a manta... lance mágico a originar o golo de Vinicius e o seu primeiro tento desde que chegou à Luz!
Lembrar-se-á Luís Filipe Vieira de ter proferido as palavras que supra citamos?"

Benfica x Belenenses: Triunfo sofrido em exibição mediana

"O jogo antevia-se fácil. O Benfica recebia o Belenenses, o primeiro classificado contra o décimo-quinto, que havia demonstrado grandes dificuldades em pontuar fora de casa. O Benfica almejava deixar o rival Porto a 10 pontos do primeiro lugar, pelo menos até os azuis jogarem, e ir ao Dragão com uma margem pontual algo confortável. O Belenenses que luta para não descer, tentava resgatar pelo menos um ponto do embate com um treinador recém-contratado, o conhecido Petit.
O Benfica entrou em campo com o mesmo onze de Paços de Ferreira, à excepção da inclusão do futuro bola-de-ouro, Adel Taarabt no lugar de Gabriel. As bancadas estavam, à semelhança do correr de Taarabt, desengonçadas, algo expectável tendo em conta a hora do jogo, 19 horas, para muitos hora de saída do trabalho.
À semelhança da chuva, a primeira parte foi fraca. O Benfica não criou grande perigo mas aos 31 minutos chegou ao golo, através de uma arrancada Messiana de Adel Taarabt que viria a dar um cabeceamento de Vinicius à trave, que fez com que no início pensássemos que o guarda-redes do Belenenses tinha feito uma grande defesa até nos lembrarmos que este era André Moreira e por isso sido na barra. No seguimento da jogada e graças à pressão na primeira fase de construção, teve “Gol do Vinigol” e a Pose. 7 minutos depois, o mágico marroquino que havia assistido antes, marcou o primeiro golo ao serviço do Benfica numa bola parada. Fora os últimos 15 minutos da primeira parte, esta teve uma diversão semelhante ao filme da Netflix “Dois Papas”.
Se a primeira parte foi fraca, o que dizer da segunda. Se os níveis de intensidade fossem os mesmos da NBA, Kobe teria os jogadores do Benfica de “Softs” dada a falta de vontade e intensidade demonstrada. O Belenenses entrou melhor e criou mais perigo, o golo vinha sendo adiado por Vlachodimos mas chegaria mesmo ao minuto 70. Aos 78 minutos, Vinicius mostrou que tanto marca como assiste e assistiu de calcanhar Chicão (sim, o aumentativo está de volta), para este quebrar o síndrome de Rafa 16/17. Destacar também que Vinicius continua com mais assistências em 2020 que Ronaldo, Messi, Ronaldinho, Gullit e Nuno Assis juntos. Uns segundos, Gabriel escolheu finalmente as chuteiras dos anos 80 com que queria entrar entrou para o lugar de Cervi, que saiu ovacionado numa ovação que deveria ter sido para Kobe Bryant. Aos 85 minutos, Silvestre Varela foi empurrado pelo fantasma de Yebda (lembram-se certo?) e penalti para os azuis. Um penalti inventado pelo árbitro e confirmado pelo VAR que continua dar show. Na conversão, o ex-quase-bola-de-ouro Licá reduziu.
O Benfica conseguiu aguentar a vitória até ao fim num triunfo muito sofrido, em vésperas de ir ao Dragão. A exibição foi medíocre e pareceu pairar algum nervosismo nos jogadores, num jogo muito equilibrado entre as duas melhores equipas de Lisboa. Terça-feira há mais, frente ao Famalicão para Taça de Portugal e no próximo sábado, o duelo que pode decidir o campeonato, Porto - Benfica. 

Notas de jogadores:
Odysseas: 8
Excelente exibição, um dos melhores, defendeu o que pôde e ainda fez umas grandes defesas
André Almeida: 2
Miserável. Tanto no plano ofensivo como no plano defensivo. Entra Tomás, acorda Lage.
Rúben Dias: 7
Esteve seguro, cumpriu e não comprometeu.
Ferro: 6
Mostrou alguma insegurança em alguns lances mas fez uns grandes cortes.
Grimaldo: 5
Esteve melhor que nos últimos jogos mas voltou a ser precipitado e frágil a defender. Quando a razão para um médio ala jogar é o lateral do mesmo lado não saber defender, não é bom sinal.
Weigl: 8
Fez a melhor exibição de águia ao peito, tem vindo a ganhar confiança para levar o jogo para a frente a cada embate, irrepreensível no passe.
Taarabt: 9
Coroou a exibição com um golo e assistência e foi magistral. No dia mundial do Mágico, o nosso mágico regressou à titularidade com um grande nível.
Cervi: 5
Peço desculpa a todos os benfiquistas mas Cervi não me convence. Quando a melhor característica de um jogador é esse ter muita garra, esse jogador não é, por hábito, grande espingarda. Apesar de ter a Mamba Mentality, Cervi toma muitas decisões erradas no plano ofensivo que comprometem jogadas. As vénias deviam ser para os jogadores especiais, já agora.
Pizzi: 4
O rendimento de Pizzi desceu muito nos últimos jogos e além de falhar passes fáceis, não tem acrescentado nada ao jogo.
Rafa: 5
Não foi feliz, falhou algumas recepções e desapareceu na segunda parte, apesar de alguns desequilíbrios.
Vinicius: 9
Faz tudo bem. Combina a técnica e o físico de maneira perfeita. Uma excelente assistência e um golo na raça. Grande exibição.
Chiquinho: 7
Entrado do banco, finalmente marcou o tão desejado golo. Entrou aos 66 minutos para o lugar do apagado Pizzi e esteve bem. É um suplente de luxo.
Mamba out."

Curtas – Benfica ganha em jogo duro e chega ao Dragão com 18 vitórias em 19 jornadas

"Jogo começou “encaixado”. Belém SAD em 541 a saltar com extremos sempre que accionavam pressão e lateral a encostar no jogador da largura do Benfica. Para além da dificuldade que é atacar uma linha defensiva de 5 elementos, fortes a retirar espaço entre linhas ao jogo encarnado. Benfica a defender muitas vezes com Pizzi junto de Rafa e Vinícius para parar a construção a 3 do Belém SAD com os 2 médios nos 2 médios adversários e Cervi mais baixo, muitas vezes até a aparentar uma linha de 5.
Encarnados quando perceberam que o espaço estava na profundidade e começaram a agredi-la mais, seja com bolas a entrar nas costas da linha defensiva adversária ou apenas com movimentos de ruptura, criaram dificuldades à Belém SAD, não só porque conseguiram alguns lances isolados, mas porque aumentaram o espaço entre linhas para poder jogar.
Adel a desbloquear o jogo em mais uma exibição monumental do marroquino. Furou em condução no primeiro golo e perante a linha defensiva adversária definiu bem e deixou Cervi em situação de cruzamento já dentro de área. Marcou o 2° golo do Benfica e não obstante de tudo o que oferece ofensivamente, ainda o compromisso, o foco e a agressividade em todos os comportamentos, posicionamentos e duelos defensivos.
Weigl ainda sem a notoriedade que terá, mas com um grau de acerto assinalável. Sempre seguro em posse, percebe o contexto, não perde a bola e muito, muito importante quando o primeiro, segundo passe após o ganho é dele (quase sempre vertical a sair da pressão e deixar colegas em posição de contra-ataque).
Apesar de tudo, a melhor notícia para o Benfica foi o regresso de Rafa. Já Vinicius, para além dos golos, cada vez mais capaz a jogar de costas e a relacionar-se com os colegas.
Ainda assim, defensivamente encarnados com alguns problemas a controlar envolvimentos da Belém SAD e a sentir a falta de alguém que quer na reacção à perda quer em organização, oferece a agressividade, inteligência e capacidade de recuperação de Gabriel."

Quem precisa de reforços quando tem Adel Taarabt?

"No dia em que o mercado de inverno encerra (e em que o Benfica assegurou Dyego Sousa), depois de uma 1ª parte pouco conseguida, em que Taarabt foi o único a brilhar, a equipa de Bruno Lage colocou-se em vantagem, com dois golos, mas o Belenenses SAD ainda complicou as contas na Luz, reduzindo e reentrando na discussão do resultado até ao final (3-2)

Não chegou neste mercado de inverno, nem sequer esta época - às vezes até nos esquecemos, mas ele entrou na Luz, rotulado de craque, já lá vão quase cinco anos, em 2015/16.
Só que as épocas passaram e ele teimou em confirmar as queixas que já antes tinham dele: que não treinava bem, que não se esforçava, que não queria, no fundo, nada com aquilo.
Em 2015/16, só jogou mesmo pela equipa B do Benfica, em sete ocasiões, marcando então o seu primeiro golo.
Em 2016/17, emprestado ao Génova, a regularidade também foi escassa: só foi utilizado em seis jogos.
Em 2017/18, já teve uma época mais "normal", completando 23 jogos, a melhor marca que tinha desde 2012/13, quando somou 33 presenças - e se notabilizou - no QPR.
Em 2018/19, voltou a começar o ano na equipa B do Benfica, sendo utilizado em três jogos, e saltando, eventualmente, para a equipa principal, reabilitando-se com a ajuda de Bruno Lage, em ambas as equipas, e somando sete jogos.
E foi assim que, finalmente, em 2019/20, Adel Taarabt se tornou um enorme reforço para o Benfica - já lá vão 24 jogos esta época, muitos deles como o homem providencial a liderar a equipa para a vitória, como aconteceu esta sexta-feira à noite, na Luz, perante o Belenenses SAD.
Sendo a única novidade no onze do Benfica, por troca com Gabriel (Odysseas, Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Weigl, Taarabt, Pizzi, Cervi, Rafa e Vinicius), Taarabt protagonizou, na 1ª parte, a exibição que a equipa necessitava para se superiorizar ao Belenenses SAD agora treinado por Petit. 
Não foi, na verdade, uma parte propriamente brilhante do Benfica, em termos colectivos, mas a liderança de Taarabt foi guiando a equipa para a área contrária, tanto em condução como através de passes longos, para procurar ultrapassar a muralha do Belenenses SAD, disposto em 5-4-1 - mas, ainda assim, a procurar condicionar a construção do Benfica logo lá na frente, por vezes em 5-2-3. 
Depois de um livre directo para cada lado - André Moreira defendeu o de Grimaldo e Odysseas defendeu o de Silvestre Varela -, foi o Benfica a ter a primeira grande oportunidade, na sequência de um ressalto num canto, quando André Almeida, sozinho na área, rematou por cima.
Sem grande volume ofensivo, o Benfica primou pela eficácia, marcando, aos 31 minutos, na primeira jogada bem conseguida, que começou nos pés de Taarabt: Cervi cruzou, Vinicius cabeceou à trave e, na recarga, o avançado brasileiro insistiu e fez o 1-0.
Depois de um grande remate de Rafa de fora da área, para defesa de André Moreira, o Benfica atravessava o melhor período do jogo e chegava ao 2-0, na sequência de um canto, semelhante ao golo anterior, mas com outros protagonistas: Pizzi cruzou, André Almeida cabeceou para o centro da área e Taarabt apareceu a rematar.
O marroquino de 30 anos fez, com um remate potente, o seu primeiro golo pelo Benfica e tranquilizou os adeptos, assegurando uma vantagem de 2-0 mesmo antes do intervalo.
Só que as vantagens, podendo tranquilizar quem as tem, também podem servir de narcótico - e que o diga o Benfica de Bruno Lage, que já tinha, precisamente contra o Belenenses SAD, na época passada, desperdiçado um 2-0 na Luz, ainda nos tempos em que Silas liderava a equipa.
Esse fantasma começou a assombrar o líder na 2ª parte, quando Varela, Show e Cassierra rondaram a baliza de Odysseas - grandes defesas -, naquele que foi o melhor período do Belenenses SAD no jogo.
Aos 70', já com Chiquinho em campo, por troca com Pizzi - Bruno Lage tentava que a equipa tivesse mais bola para controlar o jogo, mas a tarefa parecia difícil -, a equipa de Petit reduziu, através de um toque a meias entre Ferro e Licá, na área, após um cruzamento de Silvestre Varela.
O Belenenses SAD, 15º da tabela, ganhava novo ânimo, mas o Benfica iria aumentar a vantagem: Weigl encontrou Vinicius com um passe vertical e o avançado isolou Chiquinho, que fez o 3-1.
O jogo parecia então finalmente resolvido, mas os visitantes ainda voltariam a assustar: o árbitro entendeu que Rafa derrubou Varela na área e Licá concretizou o penálti.
Os últimos minutos na Luz foram então de sobressalto, com o Belenenses SAD a tentar aproximar-se da baliza de Odysseas e o guardião benfiquista a ter de resolver situações apertadas, particularmente depois de um (mau) passe atrasado de André Almeida (jogo para esquecer..).
Ainda assim, a vantagem manteve-se e o Benfica pôde, assim, respirar de alívio: mantém a vantagem para o FC Porto - aliás, até os portistas jogarem, sábado, em Setúbal, aumentou-a, para 10 pontos -, precisamente antes de ir ao Dragão, a 8 de Fevereiro, para a 20ª jornada da Liga."

SL Benfica 3-2 Belenenses SAD: Chiquinho-mate!

"A Crónica: Individualidades Pesam Nas Contas
Sentia-se um dia de inverno no Estádio da Luz e o jogo começou também ele muito frio e sem história. Foi preciso esperar 20 minutos para uma grande oportunidade de perigo, que pertenceu ao Belenenses SAD. Um livre bem batido por parte de Silvestre Varela que só não entrou por causa de uma grande defesa de Vlachodimos, que voou para a bola e para uma bela fotografia.
Sem grandes oportunidades de perigo de parte a parte, tínhamos uma partida muito jogada a meio campo. Taarabt rasgou a defensiva dos azuis e passou para Cervi. O argentino cruzou para a área onde apareceu Vinicius. À primeira, a barra negou o golo ao brasileiro, mas depois foi à insistência, ganhou a bola e rematou cruzado para o primeiro dos encarnados (1-0). O número 95 iguala Pizzi na lista de melhores marcadores da Liga (12 golos).
A grande defesa de André Moreira, após o remate de Rafa de fora da área, impediu o golo encarnado aos 37 minutos. Mas no minuto seguinte já nada podia fazer. Canto de Pizzi do lado esquerdo, passe de cabeça de André Almeida e depois foi Taraabt a aparecer como um goleador e a disparar uma autêntica bomba para o 2-0. Digamos que foi um penalti em andamento visto que o marroquino estava na zona dos 11 metros.
A segunda parte começa a lume brando, talvez com um Benfica pensar numa semana complicada com os dois jogos que estão por vir. O grande perigo até começou por ser imposto pela equipa de Petit. Aos 64 minutos, Vlachodimos, quase à queima-roupa, nega o golo ao Belenenses SAD depois de uma grande confusão dentro da área. O perigo ainda continuava iminente mesmo depois da defesa do guarda-redes. O médio Show remata com o pé direito ligeiramente descaído para o lado de esquerdo, à entrada da área, mas quem deu show foi também o número 99 do Benfica que defendeu o lance bastante perigoso.
O Belenenses SAD entrou muito bem nesta segunda parte e conseguiu mesmo a reduzir a desvantagem. Aos 70′, depois de uma defesa encarnada completamente a dormir, Varela cruza e um erro de Ferro permite o golo ao Belenenses SAD. Mas apesar de o Benfica ter estado a tremer, consegue ser feliz novamente graças a um homem saído do banco. Bem, parece que se está a tornar tendência, não? Pois, bem, Chiquinho marcou o 3-1 depois de uma grande combinação entre Rúben Dias, Vinicius e o próprio, alienado também, verdade seja dita, com alguma passividade por parte dos azuis.
Mas as emoções não tinham meio de acabar. Varela, nos últimos minutos, ainda conseguiu espalhar o pânico no corredor do flanco esquerdo. Rafa trava o seu colega em falta e acaba mesmo por cometer uma grande penalidade assinalada pelo árbitro Nuno Almeida. Aos 87 minutos, Licá traduz o pontapé dos onze metros no golo do 3-2 no Estádio da Luz.
O resultado permaneceu intacto até ao final. O SL Benfica conseguiu levar a vantagem por 3-2, num jogo em que as individualidades das águias pesaram muito. Principalmente em alturas em que o Belenenses SAD tentava investir e dar uma resposta à desvantagem.

A Figura
Taarabt Esteve muito bem esta noite. De salientar também a excelente exibição de Odysseas que, à sua semelhança, foi uma peça fundamental no jogo de hoje. Enquanto Taarabt estava a ser fulcral na construção de jogadas em busca da vitória, o guarda-redes encarnado, por outro lado, estava a ser importantíssimo para segurar a vitória no lado da baliza.

O Fora de Jogo
Segunda Parte do SL Benfica Os encarnados acabaram por ser felizes, é verdade, mas o seu segundo tempo teve muito que se lhe diga. O Belenenses SAD fez uma segunda parte de grande qualidade e apenas as individualidades conseguiram dar resposta ao impto da equipa de Petit após o intervalo.

Análise Táctica – SL Benfica
Os comandados de Bruno Lage voltaram a entrar em campo com o típico 4-4-2 em que Vinicius e Rafa voltaram a ser as opções para a frente de ataque a dois. A única troca existente no onze inicial foi mesmo a saída de Gabriel, que ficou no banco, para a entrada do marroquino Adel Taarabt, que fez dupla com Weigl. Talvez uma opção para jogar mais em jogo interior do que com passes mais longos como, normalmente, o brasileiro aposta muito.
A estratégia não mudou muito na segunda parte, mas a atitude da equipa bastante! Dava ideia que já se geria o jogo conforme as comodidades benfiquistas. Claro está numa semana em que os encarnados vão defrontar o FC Famalicão para a Taça de Portugal e o FC Porto no Estádio do Dragão. Nos momentos finais da partida, numa altura em que o jogo estava mais partido, as individualidades acabaram mesmo por fazer a diferença.

Onze Inicial e Pontuações
Odysseas Vlachodimos (8)
André Almeida (4)
Rúben Dias (5)
Ferro (4)
Grimaldo (5)
Weigl (6)
Taarabt (9)
Pizzi (5)
Cervi (7)
Rafa (5)
Vinicius (7)
Subs Utilizados
Chiquinho (8)
Gabriel (6)
Seferovic (-)

Análise Táctica – Belenenses SAD
Petit apostou no mesmo onze inicial que venceu o Portimonense SC na última jornada do campeonato, mas com algumas trocas de posições, com Nuno Coelho, que estava no centro da defesa no jogo anterior, a trocar de posição com Akas Chimas. Esta alteração aconteceu devido à aposta de um 5-4-1 para defender. Um jogo onde se viu claramente que estavam a aproveitar o espaço ao longo de todo o campo e a controlar bem o meio campo, fosse a defender ou a atacar.
O 5-4-1 muito elástico a defender e o 3-4-2 do Belenenses SAD quando tinha a bola fez com que o Benfica sentisse o atrevimento do seu adversário. Principalmente nos minutos iniciais da partida. Ainda assim, o peso das qualidades individuais das águias foi sobrepondo-se cada vez mais ao seu adversário.
O Belenenses SAD voltou com a mesma estratégia na segunda parte e, com um Benfica mais apático também, conseguiu causar estragos. Não suficientes para conseguir arrecadar pontos, mas fica a nota para uma excelente segunda parte do Belenenses SAD que lutou olhos nos olhos com o actual líder do campeonato.

Onze Inicial e Pontuações
André Moreira (7)
Tiago Esgaio (5)
Gonçalo Santos (6)
Akas Chima (5)
Nilton Lopez (6)
André Santos (7)
Nuno Coelho (-)
Show (7)
Silvestre Varela (7)
Mateo Cassiera (6)
Licá (7)
Subs Utilizados
Matias (5)
Phete (5)
Chano (-)

BnR na conferência de Imprensa
SL Benfica
Não foi possível fazer perguntas ao treinador do SL Benfica, Bruno Lage.

Belenenses SAD
BnR: Preparou o jogo para aproveitar de certa forma alguma debilidade defensiva do André Almeida que estava em risco para o Clássico e também por ser este o melhor lado de construção da sua equipa?
Petit: Nós jogamos a procurar espaços interiores, mas também as alas. Um miúdo como o Nilton, fez um grande jogo. Não quero individualizar. Mas houve aqui jogadores, como o Show, como o Chima, que saem a jogar e que nos dão mais consistência. Mas acima de tudo, nós tentámos de fora, de dentro, conforme aquilo que trabalhámos para este jogo. Depois temos de analisar os dois golos que não são nada fáceis de marcar derivado às poucas oportunidades que tivemos."

Vermelhão: Soneca, golos, ansiedade, vitória...!!!

Benfica 3 - 2 B-SAD


Safamo-nos desta!!! Estes jogos pré-clássicos são sempre muito perigosos... recordo-me de muitos onde não ganhámos, independentemente da qualidade do adversário! Alguns por incapacidade nossa, outros, outros por factores externos...!!! Hoje, entrámos a dormir... e tivemos alguma 'sorte' na forma como chegámos à vantagem... 
Mas quando o jogo parecia decidido, com um Benfica que quase não sofre golos no campeonato, uma vantagem de dois golos, parecia segura... um auto-golo e um penalty manhoso, obrigou a mais um final dramático, com muita ansiedade, fora do campo, e dentro da quatro linhas! Houve momentos inclusive de déjá-vu... parecia que estávamos a reviver o empate do última época, com o golpe de vista falhado do Ody e o atraso fatal do Rúben!!!
Este ex-Belenenses, agora B-SAD, tem uma 'cultura' de posse de bola chata, vem das últimas épocas com o Silas, e o Petit que normalmente tem um estilo de jogo muito mais pragmático, ainda não teve tempo para alterar! Trocam muita bola nas linhas atrasadas, quase sempre longe da baliza... Sendo assim não me surpreendeu as nossas dificuldades na pressão alta, mas além disso, tivemos muitos problemas a 'parar' as diagonais do Licá e as descidas do Varela (curiosamente o Varela no jogo contra a sua ex-equipa, os Corruptos, perdeu a bola mais de 15 vezes... hoje estava mais concentrado!).
Além da questão da apatia geral, o Lage na minha opinião cometeu um erro: neste tipo de jogos, contra este tipo de adversários, o Rafa não pode jogar como segundo avançado, no meio! Não tem as rotinas, nem as qualidades necessárias para o jogo entre-linhas, necessárias em espaços muito reduzidos! Neste tipo de jogos, o Chiquinho é claramente a melhor opção...
O única ala rápido que temos é o Rafa, hoje sem velocidade nas laterais, e sem um cérebro no meio, os nossos ataques foram presa fácil... Quando a bola chega ao Pizzi e ao Cervi, os nossos adversários sabem que podem pressionar imediatamente, porque nenhum deles tem a velocidade necessária para os ultrapassar. O Chiquinho sabe aproveitar muito bem os 'buracos' deixados pela subida dos laterais adversários... o Rafa não tem essa leitura. A única vantagem no Rafa nestas circunstâncias, é a profundidade, mas com o adversário a defender muito atrás, com um libero, é muito difícil colocar uma bola nas costas dos Centrais... Noutros jogos, contra outros adversários, talvez, mas na Luz, contra a B-SAD não!
Sendo assim, acabou por ser o Taarabt a desbloquear o jogo: uma grande jogada no 1.º golo e a marcar o 2.º... Mas além das jogadas do golo, o Adel foi de longe o jogador mais intenso em campo. A atacar e a defender!!!
Com o Taarabt a merecer o MVP, destaco também o Vinícius com mais um golo (sem desistir) e uma assistência e muitas bolas conquistadas; o Ody com três defesas muito boas (apesar de uma bola mal socada... e que na sequência do canto, obrigou a duas dessas três grandes defesas!)
O Ferro que até por começou bem... voltou a ficar muito ansioso na parte final! O Rafa até podia ter marcado, mas perdeu demasiadas bolas estupidamente... e ainda foi anjinho no penalty! O Pizzi também não acertou uma... O Almeida quis 'recordar' o mau atraso do Rúben do ano passado... Apesar de mais uma assistência do Almeidinhos, continua a demonstrar dificuldades...
O Weigl teve alguns problemas de posicionamento (devia ter dado mais apoio frontal aos Centrais)... mas fez um jogo razoável... foi 'apertado' várias vezes, facilmente podia ter perdido a bola, com alguns passes à 'queima' mas conseguiu sempre encontrar uma linha de passe...
O Rúben voltou a ser o melhor da defesa, mesmo assim, cometeu alguns erros... por exemplo, no 1.º golo estava mal posicionado no início da jogada... para compensar começou a 'assistência' para o 3.º golo, mais uma vez! O Grimaldo, discreto... E Cervi do costume, muita luta, fundamental ao ajudar os dois médios, já que do outro lado, o Pizzi raramente 'ajuda'!!!
Boa entrada do Chiquinho, a jogar em todo lado... e a marcar finalmente!!!
Com o Gabriel mudámos para um 433, que bem rotinado pode ser útil em alguns jogos...

A arbitragem acabou por não ter influencia no resultado, mas o Amarelo ao Pizzi e depois o penalty são situações que só na Luz!!!
O jogo de Terça, para a Taça com o Famalicão, será a primeira parte da eliminatória, mas seria interessante ir para a '2.ª parte' com uma vantagem interessante, até porque este Famalicão já provou ser competente... Com o jogo do Dragay no Sábado, é óbvio que vamos fazer rotação: Tomás Tavares, Gabriel, Chiquinho e o Seferovic vão ser quase de certeza titulares... se calhar até o Samaris e o Jota!!! Em relação ao Zlobin, eu não trocava, mas... Temo que vamos ter uma eliminatória muito 'perigosa'!!!
Com o fecho do mercado, acabaram as especulações. A contratação do Weigl foi de facto a grande 'notícia', mas não se pense que o Benfica vai conseguir contratar jogadores deste nível em todos os mercados! Aliás, com a boa reputação do Benfica no mercado, e com os negócios milionários na memória, será natural os outros clubes tentarem inflacionarem os preços, tornando mais complicado a contratação de bons jogadores! Acho muito bem que o Benfica, desista de contratações, quando se torne óbvio que existe por parte da outra de algum 'personagem' na negociação a estratégia do leilão através dos jornais!!!
Agora, acho que o plantel melhorou, com a opção do Weigl para o meio-campo, ficamos mais ou menos na 'mesma' nos avançados, mas falta um médio ofensivo que faça a diferença (estilo Pedrinho...); falta um 'terceiro' Central de qualidade indiscutível; e já que aparentemente o Nuno Tavares deixou de contar, iremos ter o Grimaldo a fazer 90 minutos em todos os jogos!!!
A questão do guarda-redes, trata-se de uma questão de precaução: o Ody é indiscutível, mas se acontecer alguma coisa ao Vlacho vamos ter problemas... até porque neste momento, a melhor opção é o Svilar, que está a fazer uma boa época na B, mas a hierarquia obriga ao Lage a apostar no Zlobin!!!

Dyego Sousa



Não estava à espera desta entrada, mas com a saída do RdT faz sentido entrar um avançado, já que ficaríamos somente com o Vini e o Seferovic para uma posição fundamental, com o Suíço a jogar aparentemente 'contrariado', e com uma lesão de um deles, a 'coisa' podia-se complicar!

Em relação ao Dyego Sousa, nunca fui grande 'adepto'. Chegou à selecção nacional - de uma forma 'estranha'! -, tem como é óbvio algumas qualidades, mas não sei se será suficiente para o Benfica.



É um avançado que normalmente pressiona bem (a referência do Lage ao 'correr' não foi por acaso...), tem de facto um bom jogo de cabeça (melhor que o Vini e o Sefe!), sabe usar o 'corpo' para proteger a bola (estilo Vini), mas com a bola nos pés é mais trapalhão!!!

Tendo em conta o contexto da entrada a meio da temporada, vindo de uma pré-época na China, sem jogos oficiais à bastante tempo, não me parece que terá muita utilização, será provavelmente uma 'arma' para os últimos minutos, em jogos que estejam a 'correr mal'!!!

Ficaria chateado se fosse uma contratação, não me parece que justificasse um investimento grande, num jogador que está numa fase terminal da carreira. Sendo um empréstimo, acho que poderá ser útil... sem grande custo!

Derrota no Seixal...

Benfica 0 - 2 Portimonense


Depois de um fase com bons resultados, com a subida à liderança, estamos agora a jogar feio e sem resultados...! E quando somos 'obrigados' a ter mais bola, somos facilmente 'comidos' no 'contra'!!!

Tudo... ou tudo

"O antibenfiquismo assume patamares patológicos e une os mais improváveis agentes especializados em truques

Depois de uma Taça da Liga que deixou o Sporting de Braga com o mesmo palmarés do Sporting Clube de Portugal e evitou que o FC Porto pudesse igualar o do Moreirense na prova, voltamos ao Campeonato Nacional. Mesmo que o novo Campeão de Inverno tenha deixado com frio muita gente, não nos podemos iludir com qualquer hipotermia. O antibenfiquismo assume patamares patológicos e une os mais improváveis agentes especializados em truques.
O FC Porto será um adversário até ao fim, a sua história, o seu ADN, o seu treinador são disso garantia. Não haverá facilidades. Foi importante vencer em Paços de Ferreira e foi decisivo jogar bem na Mata Real. Destaques individuais fazem por agora pouco sentido, pois tem de ser a equipa a levar-nos aos objectivos. A alegria no final do jogo e a sintonia com adeptos incansáveis são ingredientes a manter para chegar ao sucesso. São muito mais importantes do que comentar supostas feridas noutras latitudes.
Uma referência obrigatória para Fejsa, esse campeão tantas vezes campeão com o nosso manto. Lesões e contratempos nunca foram impedimentos para um profissional excepcional. Fejsa é dos que têm de voltar em Maio, caso o Benfica chegue ao Marquês, pois ele merece lá estar de forma continuada. Ande por onde andar, Fejsa será sempre dos nossos.
Hoje, frente ao Belenenses, que na última época empatou na Luz, será mais um degrau para subir na escadaria do 38. Esperamos um Benfica forte agora que o calenda´rio vai apertar sem tréguas durante seis semanas. Agora é o tudo ou... tudo para o Benfica.
Numa altura em que o ténis com o Open da Austrália nos mostra os melhores do mundo a jogar de forma galáctica, o mais impressionante não é quando vencem, é quando perdem. Ver os melhores do mundo de todos os tempos a perder e elogiar os adversários, respeitar o jogo e enaltecer os feitos adversários sem relativismo leva-nos ao melhor do desporto. Nadal com Thiem ou Federer com Djokovic atingiram o patamar da excelência sobretudo a perder.
Por isso quando Mathieu é bem expulso em Braga, por entrada excessiva no calor do jogo, e dez minutos depois, com a tristeza da derrota, está a pedir desculpa no balneário adversário mostra que é um senhor deste jogo. Foi bem reduzido o castigo e deve ser sublinhado o exemplo. O desporto tem regras, fair play e decência não significam não querer ganhar, significam saber ganhar e... perder."

Sílvio Cervan, in A Bola

Bruno Fernandes foi bom negócio (à dimensão do Sporting)

"Se tiver dúvidas, faça uma pergunta a si próprio leitor: quantas vezes isto acontece?

dois aspectos que influenciam decisivamente a percepção que se tem da transferência de Bruno Fernandes: por um lado, os valores praticados com a venda de João Félix, por outro lado, a garantia de Frederico Varandas de que não aceitaria a saída por menos de 70 milhões de euros.
A verdade, porém, é que esses dois factos não podem condicionar o discernimento.
O Sporting está hoje a anos luz do Benfica, em todos os aspectos: estabilidade, saúde financeira, competitividade desportiva, profissionalização da estrutura, projecção internacional, enfim.
Repito: anos luz.
A partir daí, é preciso ter noção do que é hoje o Sporting: um clube afogado em problemas financeiros, que frequentemente se sente com a corda na garganta no final do mês e que não tem prestígio internacional. Não disputa a Liga dos Campeões, aliás, há três anos.
O Sporting está na segunda divisão europeia.
Mesmo assim, mesmo estando ao nível de um clube médio de França ou de Itália, o Sporting conseguiu vender Bruno Fernandes por 55 milhões, que rapidamente podem ser 65 milhões.
É um bom negócio.
Portugal sabe que Bruno Fernandes vale mais do que isso, mas a Europa não o sabe, porque raramente o viu jogar: mesmo nos jogos da Selecção Nacional, o médio nunca mostrou o que vale. 
Ora por isso, o que temos é que um clube mergulhado numa crise financeira e sem projecção internacional, vendeu um jogador pelo que ele fez no campeonato nacional.
Conseguir valorizá-lo em 65 milhões de euros, é muito bom.
Se o leitor tiver dúvidas, faça uma pergunta a si próprio: quantas vezes um clube médio/pequeno do futebol europeu vende um jogador para um gigante por estes valores?"

Justiça a Rensenbrink e Neymar

"Sim, morreu o Kobe Bryant e ainda parece impossível. Gosto de básquete, sei de cor o Dream Team de 92, do universitário Leattner a Jordan, o maior de todos. Logo após Jordan e antes de LeBron, o maior foi Kobe, e não faz sentido que morram no ar os que melhor viviam nele. Mas também morreu Rensenbrink e quase ninguém reparou. E ver a facilidade com que se esquecem outros ídolos também custa ver. Sabemos desde James Dean, e com Senna ou Cobain, que nada eterniza mais que morrer cedo, e o Rensenbrink já tinha 72, mas era o Rensenbrink, bolas, o melhor holandês logo após Cruyff, como Kobe depois de Jordan, e de silhueta semelhante, o mesmo nariz adunco em corpo magrinho, não fosse usar mais o pé esquerdo e era fácil confundi-lo com o mago da camisola 14. Quando Cruyff falhou o Mundial de 78 – e nunca se saberá em definitivo por que falhou – foi ele o guia da laranja até mais uma final planetária, as dos papelinhos aos milhões no Estádio Monumental e que vimos ainda numa tv a preto e branco. O ídolo maior acabou por ser Kempes, mas pendesse a vitória para o outro lado e hoje o rosto daquele Mundial seria o de Rob Rensenbrink. Se quiserem um termo de comparação mais recente, era uma espécie de Ryan Giggs, e aos mais novos recomendo que o encontrem hoje mesmo no youtube, seja pela selecção ou pelo Anderlecht que ele fez maior que nunca. Só vão ganhar tempo. E perceber porque não se pode esquecer Rensenbrink.
Shaquille O´Neal foi também brutal, nas estatísticas é o terceiro de sempre na NBA, mas Kobe encantava muito mais, e LeBron mais ainda, que a divindade o guarde por muitos anos. Qualquer desporto deve servir sobretudo para nos autorizar emoções. É por isso que me lembro agora de Neymar, e de como me irritou que lhe transformassem o último Mundial numa sequência de memes sem graça. Quiseram fazer do génio uma caricatura, quando ele é talvez o único sobre um relvado que resgata o melhor do jogo da infância, o futebol de rua irreverente, malandro mesmo, em que há sempre um a quem se passa a bola e é capaz de fintar os outros todos. Neymar é esse, malabarista dos melhores, pintor sem escola, ator sem guião. O jogo nele é sempre improviso, como Maradona ou Messi, uma ligação perfeita de homem e bola, espécie de Ronaldinho Gaúcho que é capaz de acelerar como Ronaldo Fenómeno. Impossível de repetir.
E que se dane o que faz quando não joga, carros, noites ou namoradas, que o meu jogo vai ser sempre mais de tapete verde que de revista cor de rosa. E pode ter-se enganado ao escolher o Paris Saint-Germain, sobretudo enganou-se em ter saído de Barcelona, bem avisou Pedro Abrunhosa que ninguém sai - ou deveria sair - donde tem paz. Gostava de o ver lá de novo, concedo, guiado por Setién e a partilhar diabruras com o maior dos génios. Mesmo assim, entre os conflitos interiores e os públicos, vai em 66 golos e mais 38 assistências pelo PSG. Ou seja, em 75 jogos participou em 104 golos. E não pára de marcar há 12 anos, 5 no Santos, 4 no Barça a já no terceiro em Paris. E mais a seleção, onde, com 27 anos apenas, já só persegue Pelé, depois de se colocar adiante de eminências como Romário e Zico. Incapaz de marcar golos banais – inesquecível a bicicleta canhota nos últimos instantes em Estrasburgo – voltou a decidir com mais dois no fim de semana, no terreno do Lille. Vai com 15 marcados em 17 jogos. Nada mau para quem, além disso, assiste de modo admirável. Guiado por ele, o PSG, que é também de Mbappé, Icardi e Di Maria, bem pode calar a Europa e reinar na Champions. Mas sorrirei feliz no dia em que o vir ganhar a Bola de Ouro. Porque gosto de futebol e gostava de um mundo mais justo. E o mundo do futebol será mais justo nesse dia.

Nota colectiva: Sporting de Braga sabe bem quem segue os meus escritos que não valorizo excessivamente resultados, pelo que o elogio é mais à capacidade demonstrada do que ao pleno de vitórias, a última ontem no terreno do Moreirense (já agora, uma equipa que desde que mudou inexplicavelmente de treinador ainda não ganhou jogo nenhum!). Não há exagero em ver na liderança de Ruben Amorim o segredo do crescimento bracarense. Mudou o sistema, assumiu um jogo de construção com risco, abriu caminho a mais gente de talento e até promove uma rotatividade muito relevante para quem só leva uns dois meses de trabalho. Talvez seja, de resto, a lição mais relevante: que no futebol não é preciso muito tempo para provar que se tem ideias e uma noção de como as concretizar. O tempo é, tantas vezes, apenas uma desculpa que adia o insucesso.

Nota individual: Erling Haland o pai também jogou e foi internacional, mas Alf-Inge Håland, norueguês que chegou ao Leeds e ao City, não passava de um lateral/ala de talento modesto. Erling herdou do pai a robustez física e o cabelo loiro mas supera-o largamente na arte. Ia com 28 golos em 22 jogos no Red Bull Salzburgo quando foi recentemente transferido para o Borussia de Dortmund. O impacto foi absoluto e precoce, como tudo na curta carreira de Haland: 5 golos em dois jogos apenas. Jogador alto mas móvel, poderoso mas rápido, com dinamite no pé esquerdo e frieza a definir. Haland é uma raridade absoluta. Que se saiba, não há nenhum avançado nascido depois de 2000 que chegue sequer perto da sua qualidade e rendimento. E só tem 19 anos. O melhor está mesmo para vir, e chegará a passos largos, tal e qual ele acelera para o golo."