quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Último segundo inspirado no básquete


"Hoje, finalmente, sinto já ter recuperado totalmente a voz depois do menu bidiário de água fervida com mel e limão antes de dormir e ao acordar desde domingo à noite. Já não me lembrava de explodir em euforia daquela maneira. O Benfica colocou o meu coração à prova, e o Waldschimidt permitiu que ele continuasse a bater com entusiasmo. Dizem que os alemães são um povo frio e bem estruturado. O Waldschmidt tem esse mesmo ADN germânico. Demonstrou uma frieza sublime e confirmou também que é um jovem com a cabeça no lugar.
Sofri como já não me lembrava de sofrer, mas depois de a adrenalina do golo no último suspiro passar - desapareceu há coisa de 10 minutos - consegui reflectir de forma serena. Não havia necessidade de entrar em estado de desespero. O jogo esteve sempre controlado. Jorge Jesus já afirmou variadas vezes que utiliza técnicas e estratégias de outros desportos para aplicar no seu estilo de jogo. Tal como os bloqueios nas bolas paradas, inspirados nos bloqueios do basquetebol, desta vez JJ inspirou-se mais uma vez no desporto de Michael Jordan. No básquete existe uma regra que determina que nenhuma equipa pode ter a bola em sua posse durante mais de 24 segundos sem a lançar ao cesto. Esta norma é particularmente interessante na etapa final de um jogo equilibrado, quando a última posse de bola permite que uma equipa faça o último lançamento em cima do soar da buzina. Foi isso mesmo que JJ transmitiu à equipa. Naqueles últimos dois minutos, a bola circulou por toda a gente, da direita à esquerda, e ninguém cruzava porque estavam à espera do derradeiro momento. Foi brilhante, mas por favor não se atrevam a repetir."

Pedro Soares, in O Benfica

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