sábado, 14 de novembro de 2020

Inesperado


"A estupefacção e a desilusão sentidas por todos os benfiquistas com o desempenho da nossa equipa de futebol nos últimos três jogos são normais, ainda mais no contexto que o Benfica atravessa, caracterizado por cinco títulos nacionais em sete temporadas, pese embora o insucesso da época passada, regresso de um treinador competente e ganhador no clube e avultado investimento no apetrechamento do plantel.
É natural que as expectativas sejam elevadas, pois são-no sempre a partir do momento em que o símbolo do Sport Lisboa e Benfica é carregado ao peito por jogadores num campo de qualquer modalidade. E, no caso do futebol na presente temporada, as sete vitórias consecutivas e o bom nível exibicional na maior parte delas exacerbaram esta característica do benfiquismo.
O que parecia tornar-se num passeio afigura-se agora a subida ao alto do Stelvio na Volta a Itália. E não sabendo nós, em rigor, por falta de experiência nas últimas décadas, não obstante os muitos títulos conquistados recentemente, o que será exactamente um passeio.
Multiplicam-se agora as análises sobre lacunas no plantel ou opções do treinador, sem nunca se questionar como terá sido possível a série de triunfos anterior. Os pessimistas militantes antevêem desgraças de dimensões bíblicas; os optimistas incuráveis nem pestanejam. Prefiro esperar para ver, acreditando que poderemos ser mais agressivos no ataque e que parte dos problemas defensivos se tornaram visíveis devido a acasos infelizes (golos contra a corrente do jogo, expulsão prematura...), em evidente desacordo com a turma do 'eu-bem-avisei', que o tempo, creio e sobretudo defeso, se encarregará de desmentir, para felicidade de todos."

João Tomaz, in O Benfica

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