sexta-feira, 13 de novembro de 2020

As 5 piores derrotas extra-grandes do SL Benfica (século XXI)


"As duas semanas de pausa para selecções vieram a calhar bem ao SL Benfica. Jorge Jesus, apesar de perder grande parte do plantel, estará certamente agradecido por finalmente interromper tão diabólica sucessão de jogos – e de desaires, que se começavam a acumular perigosamente.
Depois da inesperada imposição protagonizada por Vasco Seabra no Bessa, foi a vez do SC Braga de Carvalhal vir à Luz assinar exibição personalizada, que anulou grande parte do manancial ofensivo das águias.
À parte da má segunda volta da temporada transacta, os exigentes adeptos encarnados não estão habituados a semelhante sequência de derrotas caseiras e, as que acontecem ocasionalmente, ficam imediatamente gravadas no imaginário colectivo – incluindo e sobretudo dos rivais directos.
Reunimos aqui cinco das mais vergonhosas deste século XXI, derrotas que ditaram chicotadas psicológicas, que confirmaram épocas cinzentas e até que serviram de abanão psicológico em caminhadas difíceis rumo a títulos.
Existem desaires passíveis de menção, mas que não chegaram à lista, por variadíssimas razões: aquele para a Taça de Portugal 2006-07, contra o Varzim, na inesquecível noite de Mendonça; a noite caricata de Roberto na Choupana, em 2010-11, ou até o que aconteceu no Estádio Dom Afonso Henriques no ano seguinte, onde Jesus voltou inexplicavelmente ao 4-4-2 e hipotecou o campeonato – marco na viragem de 2011-12 e jogo que incendiou o rastilho que viria a explodir como uma bomba, no 2-3 do FC Porto na Luz.
Figuram aqui, arrumadinhas num corpo de texto que poderá esconder certas incongruências e descurar outros pontos de vista, mas que o justifica pelo contexto de cada derrota a seguir enunciada.


Taça de Portugal 2002-03, terceira eliminatória
SL Benfica 0-1 Gondomar SC – Numa época que começou com o galvanizante regresso de Nuno Gomes, as águias desde cedo demonstraram não ter estofo para acompanhar o FC Porto na luta pelo domínio nacional: a 21 de Novembro, data da hecatombe com o Gondomar, levavam três derrotas e dois empates na Primeira Liga – eram terceiro classificado ao cabo de 11 jornadas, sete pontos distanciavam já do conjunto liderado por Mourinho.
Jesualdo Ferreira tinha o lugar em perigo após derrota na Póvoa do Varzim, por 2-1, e procurava na Taça tirar barriga de misérias. Em tarde chuvosa, com equipamento alternativo – versão toda bordeaux, quase inédita – houve interessante estratégia de Jorge Regadas e um tiro longínquo de Cílio Souza, brasileiro que acabou por fazer carreira nas divisões inferiores do nosso país e que, naquele dia, executou com mestria um livre a 25 metros.


Primeira Liga 2004-05, 14ª jornada
CF Os Belenenses 4-1 SL Benfica – Em visita ao Restelo, onde morava… Carlos Carvalhal, Trapattoni via-se obrigado a ganhar para garantir a liderança isolada da Superliga Galp Energia.
O Boavista FC, que tinha ganho no sábado, era primeiro à condição e o Sporting CP, que poderia tê-lo sido também, tinha empatado a zero em Alvalade.
O Benfica entrava em campo sem a liderança de Luisão e Ricardo Rocha no eixo, encarregando Argel e Amoreirinha de supervisionar (e travar) as qualidades de Antchouet ou Zé Pedro.
Foram pesadas as toneladas de responsabilidade, foram fáceis as travessuras azuis e… pronto, noite inspiradíssima para os da casa, havendo arte para fechar ao intervalo com 3-0 e garantir a humilhação de um quarto golo na segunda metade: que surgiu, como também surgiu a fúria de Trapattoni por assistir a tanta inaptidão dos seus pupilos – e Moreira foi tornado injustamente bode expiatório, perdendo aí a titularidade para Quim.


Primeira Liga 2006-07, segunda jornada
Boavista FC 3-0 SL Benfica – Depois de eliminar o Áustria de Viena para garantir acesso à Liga dos Campeões, o Benfica de Fernando Santos vira a sua estreia nacional adiada à custa do Caso Mateus, suspendendo o jogo com o Belenenses para data incerta.
Assim, começaram os encarnados por visitar o Bessa, defrontando um Boavista perigoso, apetrechado de talento vindo do Leste europeu. Da neve polaca vieram Kazmierczak e Grzelak, do frio austríaco chegou Roland Linz – este último, com exibição inesquecível alimentada por duas finalizações de classe, vingou a derrota uefeira da sua antiga equipa aos pés dos encarnados.
A Fernando Santos cabia apenas lamentar «derrota pesada e fora de contexto», palavras vãs não fosse a explicação subsequente. «A expulsão do Nuno Gomes tornou as nossas contas mais difíceis e verificou-se um descontrolo emocional da equipa a partir do segundo golo do Boavista», sugerindo a primeira quebra de estofo numa equipa que nunca se equilibrou definitivamente durante a temporada, falhando nos momentos-chave.


Primeira Liga 2007-08, 26ª jornada
SL Benfica 0-3 Académica OAF – A época ia longa, penosa em muitos momentos e só o facto de ser a última de Rui Costa nos relvados dava alento à massa adepta, que vira na construção do seu plantel inúmeros erros de casting.
O quarto lugar final na Primeira Liga é justificado com 13 (!) empates e quatro derrotas ao longo das 30 jornadas, além do 5-3 em Alvalade para a Taça ou a eliminação natural – de tanta diferença na qualidade colectiva – aos pés do… Getafe, na Taça UEFA.
Fernando Santos tinha feito a primeira jornada e saído logo a seguir para dar lugar a Camacho, que fez as malas em Março e deixou declaração enigmática, ele que sempre fora rosto de disciplina: «Não consigo fazer mais nada para melhorar o rendimento da equipa».
Restava a Chalana acabar a época e, naquele dia 11 de Abril, a equipa deixou-se levar pelo atrevimento de uma Briosa ao ritmo de Luís Aguiar, que chegou posteriormente a representar SC Braga e Sporting. Igualou-se a diferença de golos das maiores derrotas de sempre na Luz – Boavista (1998-99) ou Sporting (4-1, 1947-48).


Primeira Liga 2008-09, 13ª jornada
CD Trofense 2-0 SL Benfica – Por incrível que pareça, a 4 de Janeiro ainda não existia derrota para o Benfica de Quique Flores a nível de campeonato. Já tinha sido eliminado justificadamente da UEFA – último lugar do grupo e 5-1 sofrido no Pireu, frente ao Olympiakos – e da Taça de Portugal, frente ao grande Leixões de José Mota em Matosinhos, mas no campeonato os encarnados viravam o ano civil em primeiro lugar. 
Na primeira ronda de 2009, visitava-se a Trofa, onde morava equipa recém-promovida pela primeira vez na sua história. Ainda que fossem os conceituados Delfim, Paulo Lopes ou Hugo Leal as caras da equipa, já existia no talento de Hélder Barbosa, ainda um imberbe e prodigioso canhoto à procura de espaço, a capacidade para grandes noites. Assinou portentosa exibição e consumou aos 82’ o maior feito do Trofense na primeira divisão, na primeira e única temporada que aí cumpriram."

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