segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Rio Ave FC 0-3 SL Benfica: Noite calma nos Arcos


"A Crónica: Goleada Impedida Ao Ritmo Dos Adiantamentos
Costuma ser difícil a visita a Vila do Conde. Não o foi desta vez, porque Jorge Jesus aproveitou bem as duas semanas de paragem para mecanizar rotinas e a equipa correspondeu às ideias do técnico na sua plenitude: pressão avassaladora, domínio a todo o campo e jogo resolvido cedo, às cavalitas de Waldschmidt. O homem de um jogo onde o outro destaque vai para os dois golos anulados às águias por fora-de-jogo e pelo penalti assinalado que afinal não o foi… pela mesma razão.
Entraram descomplexados, mandões na procura de resolver cedo uma partida que se podia tornar frustrante, os visitantes. Nos Arcos, mora uma equipa que já tinha batido o pé ao AC Milan e que vai coleccionando exibições interessantes sob o comando de Mário Silva. Era, portanto, do interesse dos lisboetas evitar quaisquer tipos de complicações e responder da melhor forma à perda de pontos do rival directo em Alvalade.
Aos seis minutos, Waldschmidt inaugurou o marcador após excelente assistência de Everton Cebolinha, que de calcanhar enganou a defensiva adversária e ofereceu o golo de bandeja ao alemão. O golo traduzia o já vísivel dominio encarnado a toda a linha, onde a pressão imposta sobre o duplo-pivot formado por Tarantini e Filipe Augusto impedia o Rio Ave de construir o que quer que fosse.
Aos 20 minutos, começa a epopeia das posições irregulares, com o golo de Darwin a ser anulado por indicação do video-árbitro; Oito minutos depois é a vez do seu colega de ataque a ver o seu golo ser invalidado: Waldschmidt parte adiantado aquando duma recuperação no meio-campo ofensivo, finalizando com classe um lance que não valeu.
Seria injusto o SL Benfica ir para o intervalo com a vantagem mínima dado o caudal ofensivo que a equipa produzia. E, talvez, tenha sido essa a problemática que motivou a Darwin Nuñez uma disputa de bola mais assertiva com Borevkovic, ultrapassando o croata em despique físico e, em frente a Kieszek, ter servido Waldschmidt para o segundo da conta pessoal. Fazia-se justiça num jogo de sentido único.
O intervalo foi inútil enquanto espaço para tentativas de mudança. O Rio Ave FC voltou irreconhecível, impotente para disputar com os encarnados um jogo já desequilibrado. Mário Silva decide mexer, aos 61 minutos, e colocou Pelé junto a Felipe Augusto para dar músculo ao meio-campo e tira de cena Francisco Geraldes, o apagado mago da trupe que foi incapaz de sair da sombra de Gabriel.
A equipa melhorou, a momentos, mais capaz era de rivalizar com a intensidade imposta pelo adversário, mas nunca conseguiu verdadeiramente provocar perigo contínuo a Vlachodimos. Era visível o receio em subir o bloco, avisados estavam dum SL Benfica de resposta pronta nos pés de Cebolinha, Rafa e Waldschmidt, a alta velocidade. E daí, o jogo manteve a toada da primeira metade, com as substituições a surtirem poucos efeitos práticos num combate demasiado desigual.
Aos 83 minutos, Gabriel assinou o nome na folha de marcadores e concluiu o resultado: golo justo pela exibição esforçada do brasileiro, que se perfila como o último grande projecto de Jorge Jesus para “6”. A atenção do técnico à exibição do médio foi tanta que os microfones da transmissão televisiva foram insuficientes para tanto volume.
Nota para a lesão de André Almeida á volta dos primeiros dez minutos, que obrigou à sua substituição. 

A Figura
Luca WaldschmidtO ex-Friburgo vai demonstrando que foi aposta mais que certeira do scouting da Luz: a inteligência e visão de jogo fazem-no associar harmoniosamente com os colegas criativos, permitindo-o pautar ritmos no último terço, onde se complementa perfeitamente com as características de Darwin Núñez. É essa sua facilidade em aliar-se às qualidades dos seus companheiros, num talento raro para a empatia futebolística, que fazem já dele uma certeza – como se viu, e bem, na selecção do seu país.

O Fora de Jogo
Filipe Augusto Bem tentou ser um farol duma equipa à deriva perante tamanha avalanche tática, ainda que nunca se tenha conseguido livrar das irrequietas figuras vermelhas que insistiam em incomodar o seu pé esquerdo. Perdeu inúmeras bolas na primeira fase de construção, fez faltas inusitadas e o facto de nunca ter fugido das responsabilidades expuseram-no ao erro. Um após o outro, numa catadupa de más decisões que deram imagem injusta ao médio brasileiro, que se encontra(va) em boa forma.

Análise Táctica - Rio Ave FC
Mário Silva não mudou muito em relação às últimas escolhas. Nelson Monte continuou a cumprir a posição de lateral-esquerdo, permitindo á equipa desdobrar-se em 3-4-3 em certas fases do encontro, com a compensação de Carlos Mané daquele lado. Ao duplo pivot Tarantini-Filipe Augusto juntou-se Geraldes, solto, a tentar apoiar Bruno Moreira. Sem sucesso, SL Benfica a definir bem as zonas de pressão e nunca os nortenhos conseguiram replicar as boas indicações deixadas até este momento.

11 Inicial e Pontuações
Kieszek (5)
Ivo Pinto (4)
Borevkovic (3)
Aderlan Santos (2)
Nelson Monte (3)
Tarantini (3)
Filipe Augusto (2)
Geraldes (3)
Piazon (3)
Mané (4)
Bruno Moreira (2)
Suplentes Utilizados
Pélé (4)
Ronan (3)
Dala (3)
Diego Lopes (-)
Gabrielzinho (-)

Análise Táctica - SL Benfica
Nada de especial a apontar. 4-4-2 de sempre, Gabriel como ferrolho e Pizzi como construtor de jogo – o médio português foi muito interventivo em todas as fases, ainda que não tenha cumprido exibição vistosa. Rafa e Everton procuravam zonas interiores e os laterais libertavam-se no corredor, com Gilberto a impressionar pela forma desinibida como entrou. Waldschmidt procurava entrelinhas o que Darwin ansiava na profundidade, ainda que tenha cumprido mais 81 minutos de grande disponibilidade física mas poucos resultados práticos, além da assistência. Otamendi e Verthongen cumpriram exibição irrepreensível.

11 Inicial e Pontuações
Vlachodimos (5)
Gilberto (5)
Otamendi (6)
Verthongen (7)
Grimaldo (6)
Gabriel (7)
Pizzi (5)
Rafa (6)
Everton (6)
Waldschmidt (8)
Darwin (6)
Subs Utilizados
Weigl (4)
Nuno Tavares (-)
Seferovic (-)"

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