quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Benfica mais forte que em 19/20?


"Fechou o mercado de transferências e o plantel do Benfica 2020/21 está definido. Foi um mercado onde o Benfica investiu quase 100 milhões de euros, tornando-o no 6º clube da Europa que mais dinheiro gastou e onde se assistiu a uma inversão de quase 180º na estratégia dos últimos anos de aposta no Seixal e aquisição de jogadores com elevado potencial de desenvolvimento para posterior venda. Sempre se pensava mais no médio/longo prazo e na parte económica do que no impacto desportivo imediato. Desta vez não. Isto apesar de, falhado o acesso à Champions, termos visto o Benfica a desfazer-se dos poucos anéis que tinha, colocando o "net spending" algures nos 30 milhões.
Fazendo um exercício de análise às entradas e saídas e uma comparação com o plantel da época anterior, poderemos dizer o seguinte: 
Baliza: Vlachodimos continua e isso é uma boa notícia. O guarda-redes que ainda ninguém percebeu muito bem se é grego ou alemão não é Oblak nem Ederson, mas também não é Roberto nem Varela. Não sendo um fenómeno e tendo algumas limitações nas bolas altas e saídas de área, cumpre muito bem entre os postes e dá confiança à defesa. Quanto a alternativas, saiu Zlobin e entrou Hélton Leite, no que parece ser um upgrade. Já Svilar irá passar mais uma temporada a rodar entre o banco e equipa B, numa gestão de carreira que parece desastrosa.
Laterais: Na esquerda, tudo na mesma, mantendo-se Grimaldo e Nuno Tavares, e na direita apenas saiu Tomás Tavares e entrou Gilberto, ex-Fluminense. Se no lado canhoto me parece não haver problemas (Grimaldo tem o mesmo nível de Vlachodimos: não é Fábio Coentrão nem Siqueira, mas também não é Emerson nem Cortez. Ou seja, não é um fenómeno, mas tem bastantes qualidades) e quanto a Nuno Tavares parece o tipo de jogador que Jesus gosta de potenciar: Forte, ágil e veloz. Terá espaço na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Já no lado direito, surge o primeiro e talvez maior alarme no plantel do Benfica. Fez sentido emprestar Tomás Tavares, mas quão limitado será Gilberto se não consegue tirar o lugar a André Almeida? Como é possível o Benfica ir para mais uma época com Almeida a titular? Alguém que, a juntar à qualidade mediana que sempre teve, soma agora uma apatia e uma falta de empenho visíveis? É um jogador completamente acomodado e arrogantemente convencido de que tem muito mais qualidades do que aquelas que tem.
Centrais: Saiu Rúben Dias e entrou Vertonghen, Otamendi e Todibo. Ferro e Jardel parecem ter pouco espaço. Foi muito triste ver a saída de Rúben Dias para o Manchester City. De forma se calhar algo ingénua, mas muitos adeptos do Benfica acreditaram que Rúben era o "the one", aquele jogador do Seixal que finalmente ficaria vários anos no clube e faria longa carreira no Benfica. Tem todos os atributos para ser um excelente central, um grande líder e um futuro capitão. Perdemos tudo isso. Ganhámos, por outro lado, dois jogadores experientes vindos da Premier League, que, se não tiverem problemas físicos, certamente farão uma bela dupla, e um Todibo que, apesar de jovem, já revelou atributos de qualidade em França, Espanha e Alemanha.
Extremos: Saiu Jota, manteve-se Rafa e Cervi, entrou Éverton e Pedrinho e há ainda o regresso de Diogo Gonçalves. Aqui o Benfica sai claramente reforçado. Éverton Cebolinha é um craque daqueles que só de vez em quando e em condições excepcionais param no futebol português. Beneficiamos da pandemia para conseguir um valor exequível na transferência e do prestígio de Jorge Jesus no Brasil para aliciar o jogador. Pedrinho também é um "espalha-brasas" que poderá ser interessante em vários jogos. Diogo Gonçalves cresceu no Famalicão e espreita uma oportunidade. Talvez até a defesa direito, quem sabe...
Médios-Centro: De forma algo surpreendente, o Benfica termina o mercado sem qualquer aquisição para esta posição. Tendo até dispensado Zivkovic e emprestado Florentino e David Tavares. Entre Gabriel, Taarabt, Weigl e Pizzi (Samaris parece mais uma vez relegado a um papel secundário) terá que surgir a dupla titular sob a qual toda a equipa girará. São quatro jogadores de qualidade, sem nenhum ser extraordinário e espanta-me a ausência de um seis puro. Nos últimos 10 anos no futebol de elite, Jorge Jesus nunca dispensou de um "armário" em frente à sua defesa, basta recordar Javi Garcia, Matic, William Carvalho ou William Arão. Contudo, neste Benfica 20/21 não tem nenhum jogador com essas características. Nem parece sequer que tenha procurado obter, ficando a curiosidade de saber como funciona este meio-campo mais fluído de Jorge Jesus.
Ataque: Saíram Vinícius e Dyego Sousa e entraram Darwin e Waldschmidt. Dyego Souza sempre foi uma carta fora do baralho, mas Vinícius mostrou qualidade que o tornaram no melhor marcador do campeonato, sendo estranho o empréstimo ao Tottenham, mesmo que com cláusula de compra elevada. Seferovic que tanto jogou com João Félix ao seu lado e pouco jogou o ano passado tem mais uma hipótese no plantel do Benfica. É alguém que precisa de ser bem assistido e que a equipa jogue para os seus pontos fortes ou as suas exibições resvalam para a mediocridade. Quanto às entradas, o clube gastou 40 milhões em busca de golos. Waldschmidt parece o típico jogador Alemão: frio, cínico, calculista, inteligente e prático. Já Darwin é um mistério. Em três jogos deu para ver que é um portento fisicamente e que será um diamante em bruto para Jesus trabalhar, mas também que é alguém que parece (pelo menos por enquanto) ter algum decoro em assumir a responsabilidade de finalizar (embora por via disso, já leve a bela quantia de 4 assistências) e naquilo que mais preocupa, parece ter uma relação com a bola algo preocupante para quem é a transferência mais cara da História do futebol Português. É verdade que Mário Jardel ou Óscar Cardozo também não primavam por uma apurada técnica, por isso o uruguaio só tem que começar a marcar golos para esse detalhe ser de pouca importância.
Em suma, parece ser óbvio que o Benfica terá um plantel significativamente mais forte que no ano passado, com um treinador também ele significativamente melhor, mas com lacunas graves que não foram resolvidas e que poderão vir a ensombrar a temporada Benfiquista. Temporada essa que será semelhante à dos últimos anos: a ter que disputar a glória com um FC Porto que aí estará mais uma vez pronto para fazer mais de 80 pontos no campeonato, o que obrigará a um Benfica sem desleixos e quebras de rendimento como ocorreu na temporada passada."

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