segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Liga dos Campeões | SL Benfica reencontra PAOK na 3.ª pré-eliminatória

"Possivelmente o pior adversário nas circunstâncias menos apetecíveis: ao SL Benfica de Jorge Jesus calhou em sorte o PAOK de Abel Ferreira na Liga dos Campeões, num embate único a ser jogado no Toumba, casa dos gregos, a 15 ou 16 de Setembro.
Numa fase da competição em que dificilmente os encarnados não teriam condição de favoritos, esta era a única hipótese de equilíbrio na balança da competitividade. Os gregos já despacharam de forma contudente o Besiktas JK na ronda anterior (3-1, com 3-0 aos 29’ e oportunidade de fazer o 4-1 aos 41’ através de uma grande penalidade falhada) e olham para a visita de Jorge Jesus como nova oportunidade de mostrar qualidades que lhes permitam alcançar o que nunca conseguiram – a entrada na fase de grupos da Champions.
As águias negras apresentam-se em 2020-21 com as ideias do seu treinador completamente consolidadas e espera-se muito de uma equipa que não conseguiu destronar o Olympiakos FC do topo do futebol grego (segundo lugar na liga) mas que promete outras ambições para esta época.
No primeiro ano de Abel Ferreira os resultados europeus não foram animadores, houve queda nas primeiras rondas europeias (5-4 agregado com o Ajax na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, 3-3f com o Slovan Bratislava no play-off da Liga Europa), mas nas provas nacionais só o conjunto de Pedro Martins foi mais forte (além do segundo lugar, Abel só caiu na taça precisamente contra ele, nas meias-finais).
Para este ano, as esperanças num final feliz foram redobradas dada a qualidade existente. A maioria das peças fulcrais do onze mantêm-se (por enquanto) no clube e houve adição de talento nacional vindo da cantera – Tziolis, homem de último terço, bisou frente ao Besiktas, e Michailidis, central moderno, são diamantes em bruto por lapidar – que ajudará a alavancar o nível de jogo da equipa para patamares de excelência no historial do clube.
Frente aos turcos, Abel deixou por terra o seu 4-4-2 e assumiu definitivamente o 3-4-3, como em algumas fases de SC Braga: Zivkovic continuou o titular da baliza, ele que foi o titular no campeonato em 19-20; à dupla titular, Varela (ex-Feirense) e Ingason, juntou-se precisamente Michailidis; nas alas, à direita Rodrigo (ex-Aves) e Giannoulis no lado contrário; no duplo-pivot de meio-campo, Schwab (ex-Rapid Viena e principal contratação desta época) acompanhou El Kaddouri (um dos líderes da equipa); na frente, o prodígio Tziolis jogou lado a lado com Akpom e Pelkas (ex-Vitória de Setúbal), relegando para o banco a figura do ano passado, Swiderski, que com 14 golos foi o principal artilheiro da equipa e a quem os rumores colocam na porta da saída… tendo como destino o FC Porto.
Limnios, extremo-direito titular do ano transacto e Anderson Esiti, nigeriano que já actuou em Portugal e contratado por três milhões de euros há um ano, saltaram do banco e fazem parte do lote dos mais utilizados.
Josip Misic, contratado ao Sporting em 2019, foi o MVP da época dos gregos (quatro prémios de Melhor do Mês), mas encontra-se lesionado, com perspectivas de retorno apenas em Outubro.
De relembrar que os últimos encontros entre Benfica e PAOK aconteceram há pouquíssimo tempo, em 2018-19, e que os encarnados eliminaram os gregos com um 1-4 no mesmo estádio do confronto que acontecerá daqui a duas semanas, depois de um empate a uma bola na Luz."

Breves notas (o Tour, o Vitória, Miguel Oliveira e Cavani)


"O Atleta Comum
“Eu sei que não sou o maior talento do desporto. Todos sonham ser o melhor do mundo, mas eu sempre fui realista. Prefiro ser um ajudante na minha equipa de sonho do que correr por mim próprio num nível inferior”, disse o ciclista Tim Declercq da equipa Quick-Step, a disputar o estranho Tour deste estranho 2020. Ao fim de uns anos, a não ser os fanáticos de uma modalidade, poucos conseguem identificar os actores secundários que, pela sua simples presença, ajudam a reforçar o brilho das grandes estrelas. Lembramos um Induráin, um Merckx ou mesmo os ídolos caídos em desgraça, como Pantani ou Armstrong, mas o tempo apaga os nomes dos seus ajudantes e, ainda mais, os “aguadeiros” de equipas menores. No entanto, sem eles não existiria o fascínio da serpente do pelotão a percorrer as estradas, não haveria estratégia colectiva, não teríamos as imagens marcantes dos acólitos a carregarem um chefe de fila montanha acima. Os corredores míticos são imortais, extra-terrestres de qualidades que superam o nosso entendimento. Os outros, os seus ajudantes quase anónimos, parecem-se connosco. Por isso, não os vemos. Por isso é que devíamos olhar para eles.

Vitória de Setúbal
Era uma questão de tempo. Tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia acaba no campeonato de Portugal. Durante muitos anos, o Vitória Futebol Clube conseguiu escapar ao destino de outros clubes históricos da Margem Sul como o Barreirense ou a CUF, mas andava sempre na corda bamba: salários em atraso, polémicas, desnorte directivo e dívidas, salvações in extremis. Apesar de algumas descidas e subidas, altos e baixos, o Vitória parecia insubmersível e, de vez em quando, lá alcançava um brilharete – a conquista da taça em 2005, a taça da liga em 2008 – como que a recordar a sua grandeza passada e a afirmar a sua pertença ao restrito grupo dos clubes triunfadores. Porém, os sinais de decrepitude eram inegáveis, bastando olhar para esse belíssimo Estádio do Bonfim e para a sua degradação e também para o laço cada vez menos apertado entre as gentes da cidade e o seu clube. Terá havido em muitas ocasiões má gestão, mas o declínio do Vitória é também o espelho de uma realidade que não se explica apenas por erros conjunturais. Num país em que se confunde desporto com futebol e em que se confunde futebol com os três grandes, é este o destino que aguarda os restantes clubes. Nenhum Schmeichel, nenhum Casillas, nenhum Cavani chega para disfarçar esta pobreza estrutural em que são todos náufragos embora alguns ainda não tenham consciência disso.

Vitória à portuguesa
Bem sei que nestes tempos de correcção histórica qualquer louvor à excepcionalidade portuguesa – a não ser que seja uma excepcionalidade negativa – é visto como uma manifestação de patrioteirismo arcaico e obsoleto, mas na vitória de Miguel Oliveira na Estíria – o que se aprende de geografia com o desporto – eu vi um triunfo à portuguesa, cheio de ratice, inteligência intuitiva e aproveitamento dos erros alheios. Enquanto os dois pilotos que iam na frente estavam entretidos na sua particular disputa, Oliveira esperou pelo momento certo, por uma, como agora se diz, “janela de oportunidade”, e, deixem-me cá pensar num termo adequado, papou-os, comeu-os de cebolada, comeu-lhes as papas na cabeça. O mérito é individual, sem dúvida, e não é por Miguel Oliveira ser muito bom que os portugueses são automaticamente “os melhores”. Mas é impossível ver aquela ultrapassagem, aquela “ratada”, e não sentir uma emoção epidérmica e, ao mesmo tempo, profunda, talvez atávica, mas nem por isso menos legítima, idêntica à que sentimos quando Fernanda Ribeiro triunfou em Atlanta ou quando Éder marcou o golo mais importante e mais improvável da história do futebol português em Paris. Foi uma coisa linda de se ver – quantas vezes podemos dizer isto de um desporto motorizado?

A novela Cavani
As reacções à novela Cavani, ao vem-não-vem, às narrativas paralelas de jactos para Paris e férias em Ibiza, qual filme de espionagem internacional, mostram que o talibanismo e a toxicidade vieram para ficar. Podem acabar com os programas de grunhos engravatados, com as exibições televisivas de testosterona e macho-alfismo sempre no limite da violência e muito para lá de qualquer contenção verbal e dever de urbanidade, que o mal já está entre nós. Gozar com os infalíveis papas da nossa fé? Achar ridícula, além de incoerente, para a realidade do nosso futebol a contratação milionária de um jogador? Logo descem das árvores e saltam das grutas os pitecantropos de todas as cores armados de fervor clubístico e iliteracia para carregar sobre os hereges. Cartilheiros? Os clubes não precisam de cartilheiros. Para quê pagar a alguém quando se tem ao dispor um exército de voluntários acéfalos?"

Academia do Sachal


"A Academia do Seixal tem sido um dos pilares onde passado, presente e futuro se cruzam para dar corpo a essa noção de sustentabilidade, de geração de talentos e de valorização dos activos.

Sachar - Cavar com o sacho; mondar com o sacho.

O Benfica tem uma centralidade na atenção e nos media sem comparação. O Benfica dá audiências, vende jornais e gera interesse. É por isso que se inventa tanto e que quase tudo é pretexto para engendrar uma razão para falar do clube. Os outros roem-se de inveja. Este potencial e posicionamento é o resultado de um trabalho de anos, de consolidação de um projecto de sustentabilidade do clube face à realidade nacional, às dinâmicas das modalidades e à sociedade portuguesa. cc. Alguns por conveniência das circunstâncias do momento pré-eleitoral no Sport Lisboa e Benfica têm insistido em estratégias de campanha entre o acantonar Luís Filipe Vieira no passado e abocanhar o trabalho realizado que permitiu a centralidade que agora gera tanto interesse e cobiça. Agora, depois de anos de concordância ou de ausência, está tudo mal, lançando-se num esforço desesperado de encontrar momentos de baú que certifiquem o amor ao Benfica nestes anos que passaram e até visionárias visões sobre o presente. “Cada cavadela, cada minhoca”, num impulso desesperado que transformaria a Academia do Seixal em Academia do Sachal, tal é a ambição em esgravatar, a bel-prazer dos adversários e dos media.
É dos livros que uma eleição tem em conta o desgastar de quem está no poder e a afirmação das propostas alternativas, mas o espectro que tem emergido é do bota-abaixo do “está tudo mal”, da boleia dos processos judiciais em aberto e do desespero em sustentar a agenda mediática com desafios, reptos e guinchos que visam a alteração das regras do jogo que existem e existiam. O tempo dedicado à afirmação das propostas alternativas é residual. A orientação é clara, “É preciso implodir o Vieira” para abrir caminho às alternativas, mesmo que isso signifique fustigar a instituição Sport Lisboa e Benfica, colocar tudo em causa e desqualificar o muito que foi conseguido ao longo dos anos, incluindo os do actual mandato.
As próximas eleições no Benfica são mesmo sobre o futuro. Sobre querer correr riscos com aventureiros que modelaram o seu posicionamento em função do seu lugar “na linha de sucessão” ou se ausentaram durante os anos de consolidação do projecto do clube, em qualquer dos casos com tiques de elitismo e de preconceito em relação às origens das pessoas. Sim, o Sport Lisboa e Benfica não é um alforge de criminalidade organizada de outras latitudes, mas também não tem de ser casa de acolhimento de turmas do croquete de outras longitudes. O Benfica tem de continuar a ser o que tem sido. Intemporalidade e diversidade, num caminho de consolidação do caminho percorrido, tão das Casas do Benfica como das elites ou das pseudoelites; tão do ecletismo das modalidades como do futebol; tão da memória como da preparação para os desafios do futuro.
O drama de alguns, é que o Benfica nunca esteve tão sólido e tão presente como agora.
Sólido nos pilares de gestão e de infraestruturas que permitem a geração de condições para os atletas poderem brilhar, envergando a camisola do clube.
Consolidado numa presença diversificada nas modalidades com crescentes preocupações com a participação do género feminino, apesar do actual contexto pandémico que limita e coloca entraves à formação e às modalidades ditas amadoras.
Presente no território nacional e no mundo através do papel fundamental das Casas do Benfica, da Fundação Benfica e das Escolas de Formação que dão expressão ao enorme potencial do projecto como instituição e como marca. No tempo actual querer questionar a afirmação de uma dimensão empresarial do clube, quase por contraste com a carolice de outros tempos, é ridículo. É tão ridículo que não tem em conta que foi Luis Filipe Vieira que resgatou para a órbita do património do clube, o Estádio e a BTV. 
Presente na afirmação de uma gestão que tem em conta o património histórico do clube, os desafios presentes e o futuro, procedendo aos ajustamentos necessários da estratégia como sempre aconteceu, com anuência e sem alarme. É assim em qualquer empresa, escritório de advogados ou instituição em que nem sempre tudo corre como previsto nos resultados, nos processos judiciais ou nas metas. É nesses momentos que os líderes, com a experiência e o conhecimento da realidade, avaliam a situação e ajustam a estratégia, os modelos de gestão e os impulsos de ação. É o que foi feito ao longo de anos e continua a ser feito. Lá porque há eleições e os deserdados desatam a dizer mal de tudo, mesmo daquilo em que participaram, os ausentes desesperam por afirmar uma presença que lhes confira notoriedade e proliferem interessados em relação a uma instituição que na suas palavras teve uma gestão insuficiente, não significa que se deixe de fazer o que sempre se fez. Avaliar, ajustar e concretizar para voltar a ter êxito.
O tempo não está para aventuras, nem para dar alento aos detratores do clube. O Benfica tem uma centralidade na sociedade portuguesa que deve ser continuada, com solidez, com diversidade e com sentido de futuro. Tudo que falta a quem quer fazer das eleições um bota-abaixo do trabalho realizado e, por essa via, da instituição Sport Lisboa e Benfica. As regras existem e são claras, é focarem-se na apresentação das alternativas em vez do bota-abaixo, dos lancinantes desafios e de truques. Fazer tudo diferente é abrir portas aos Vale e Azevedo desta vida. Fazer algumas coisas diferentes é melhor que seja feito por quem sabe. Outubro é sobre o futuro, sem regressos de outros passados que tanto custaram a ultrapassar.

Notas Finais
Pérolas a Porcos
A pequenez é uma reserva mental que impede e impedirá sempre quem ganha de ser grande. O actual contexto poderia suscitar algum ajustamento evolutivo, mas não. O Twitter do F.C.Porto após a final da Youth League em que participou o Sport Lisboa e Benfica é a prova de que podem dar pérolas a porcos, mas há quem nunca consiga sair do meio em que está confortável.
O Algodão Não Engana
A Liga Portugal, agora ainda mais em tons de azul, fez a sua gala e conferiu o Prémio Prestígio a Valentim Loureiro. É impressivo e está tudo dito sobre a cotação do prestígio na instituição.
Um Suponhamos
Suponhamos que o Benfica tinha uma mão cheia de jogadores que não renovavam, não comprava nem vendia, tinha um jogador que não treinava com a equipa há meses e não pagava as dívidas de transferências passadas. Caía o Carmo e a Trindade mediáticas, mas assim não passa quase nada."

A actividade física e desportiva... em nome da vida!... (1)


"Dada a necessidade imperiosa de nos dias hoje invocar esta temática, tendo em conta o quase desprezo com que os responsáveis pela gestão do desporto como elemento primordial para a saúde e bem estar da nossa população a isto nos condiciona, aproveitando o “defeso” das competições desportivas, irei defender em quatro ou cinco artigos o que importa, no sentido provocar um meia culpa pela atrevida iliteracia que se dissolve ao longo dos tempos, muito em especial quando não cheira a eleições, dessa tropa que se vai aconchegando nas cruzetas do poder.
Farei nestes primeiros artigos (1, 2 e 3) uma análise histórica e evolutiva da prática da actividade física e desportiva, obviamente de forma muito circunscrita ao resumo da mesma.
Fazendo uma viagem no tempo, as actividades físicas começaram por ser indispensáveis à vida do homem pré-histórico.
As largas caminhadas davam-lhe a resistência nas marchas; a necessidade de perseguir a caça ou de fugir ao inimigo, emprestavam-lhe velocidade nas corridas; a imposição de acertar no alvo, quase sempre móvel, dava-lhe destreza; as valas e precipícios exercitava-os nos saltos; o refúgio ou procura de frutos em altas árvores, ensinavam-lhes a trepar…
A vida simples mantida pelos recursos que a natureza lhe proporcionava, levava o homem primitivo a obedecer àquela lei da fisiologia. “o movimento continuado e repetido desenvolve os órgãos e aperfeiçoa as funções” – o carácter utilitário do exercício!...
A partir de 2000 anos a.C., pelas pinturas e desenhos encontrados, se podem reconstruir as actividades físicas que figuravam entre os costumes das várias povoações: exercícios gímnicos, arco e flecha, corrida, salto, os arremessos, a equitação, esgrima, a luta e boxe, a natação, o remo, corridas de carros, danças, traduzem a intensa exercitação na civilização egípcia.
Os Hebreus manejavam com destreza o arco e a flexa, arremessavam a lança, brandiam a espada usando gritos ensurdecedores antes de atacar, quer para elevar a moral, quer para atemorizar os adversários.
Entre os Persas e segundo Heródoto, ensinavam-se fundamentalmente três coisas às crianças: montar a cavalo, atirar o arco e dizer a verdade.
Na antiguidade clássica merece-nos importância especial a civilização Espartana, cujo objectivo era formar soldados corajosos, valentes que defendessem galhardamente a Pátria. Por isso, o exercício era exclusivamente destinado a fortalecer corpos robustos para a guerra, não esquecendo de seleccionar um conjunto de actividades tendentes a formar mães fortes, para gerar filhos fortes para o combate.
Por outro lado, a civilização Ateniense distinguia alguns princípios: o corpo deverá subordinar-se à alma racional (não devemos esquecer que a alma racional para Platão, é substância completa, espírito puro, anterior ao corpo, com o qual se une acidentalmente). A actividade física deverá proporcionar saúde, força e beleza, com nítidas preocupações higiénicas, estéticas e recreativas.
É importante referir (estamos agora em 460 a.C.), o método de Hipócrates, o médico mais notável da antiguidade. Contemporâneo de Platão e Aristóteles, criou um método e cura de doenças, que até podemos chamar de pré-científico, pois prescrevia a corrida como um meio curativo: “Esta far-se-ia sobre a ponta dos pés e com balanço alternado dos braços. Integrava ainda a dieta, banhos frios e a vapor como forma terapêutica e dietética”.
Na civilização Grega, com o uso de grandes jogos e festivais, as práticas físicas e desportivas foram um dos factores mais importantes para a unificação da Grécia. Dentro de todos os jogos, merece-nos referência os Olímpicos, realizados em Olímpia em honra de Zeus, dedicados à força e beleza física do homem. Realizavam-se de 4 em 4 anos, começando por durar 1 dia e mais tarde 5 dias, cujo vencedor recebia uma coroa de oliveira, sendo-lhe permitida a entrada pela porta secreta da cidade, erguendo-se-lhe uma estátua.
Conta-se o ano de 776 a.C. como sendo a data da primeira olimpíada e o ano 303 da era cristã a suspensão dos jogos pelo imperador romano Teodósio, como oposição ao exclusivo do corpo e dos deuses e como antítese do cristianismo.
Seguindo no tempo, entramos na civilização romana. Para as actividades físicas, efectua-se a construção de anfiteatros, onde as lutas de gladiadores e os combates com feras tinham lugar. O regresso dos legionários e a consagração pelos seus desempenhos, o abandono dos campos devastados, tomou Roma com uma elevada população esfomeada, que insistentemente pedia pão e circo.
Importa referir nesta época, Galeno, médico estudioso da obra de Hipócrates. Aplicou a educação do físico à medicina, criando a ginástica médica (129-199 d.C.). Dizia: “A cada indivíduo, segundo as suas características, deveria corresponder um conjunto de exercícios também específico”. Para ele era muito importante associar o termo saúde ao prazer do movimento!... Como vemos na distância do tempo o anunciar das causas de bem realizar o exercício que ainda hoje, infelizmente, tantos exemplos de flagrante ataque à saúde de quem ultrapassa a regra de ouro: em termos de exercício e actividade física fazer o que não deve ser feito ou fazê-lo de forma inapropriada são males do mesmo tamanho!...
(continua)"

Há mais Benfica na Luz


"Uma bem conseguida etapa inaugural, na primeira aparição pública do Benfica a fazer recordar marcas de Jorge Jesus de outros tempos:
a) Um Benfica ultra pressionante que não permitiu ao adversário jogar;
b) Coordenação da última linha já com trabalho de pormenor – Movimentos de encurtar, baixar – Posicionamentos em Largura e Profundidade;
c) Exploração do último terço em Ataque Posicional com muita presença ofensiva.
Alinhamento Defensivo Rigoroso
Notas soltas da partida:
- Taarabt a um nível bastante elevado ofensivamente, e muito disponível defensivamente – Está longe de ter a “rotação” que Jesus exige na posição, mas enquanto a fadiga não chega é claramente o homem mais capacitado do actual plantel para a posição;
- Pizzi embora nunca se venha a tornar um jogador competente defensivamente mostrou maior agressividade do que alguma vez o tenha feito nos últimos cinco anos – “Quando o futebol for como o Andebol joga sempre, quando for a atacar jogas, quando for para defender sais” Jorge Jesus. Já não é o jogador com bola de outrora, por demasiado ineficiente em zonas e gestos de criação, mas esteve bastante melhor na participação no carrossel encarnado no último terço;
- Tremenda a facilidade técnica de Cebolinha – Todas as suas acções técnicas parecem ser realizadas sem o mínimo esforço – Tudo natural, fluído, eficiente e eficaz – Vai ter um impacto gigante no último terço na Liga NOS;
- Luka e Chiquinho com pequenos pormenores na forma como executam – Recebem, Decidem – Entregam que permitiram perceber a fluência que podem dar ao jogo no último terço – Facilitam o jogo aos colegas, permitem que seja mais fácil instalar no meio campo ofensivo e com isso amarrar adversários atrás;
- Continua a faltar um ponta de lança com qualidade ao Benfica. Seferovic é esforçado e ajuda no plano defensivo, Vinícius finaliza bem. Em tudo o mais, não acrescentam e estão abaixo do nível da equipa; 
- Diogo Gonçalves a fazer recordar Toto Salvio – Forte fisicamente, potente, desequilibrador em condução e drible, e com chegada à zona de finalização – Tem condições para ser uma surpresa na temporada;
- Gilberto a denotar alguns problemas em perceber distâncias óptimas para adversário em situação de 1×1 defensivo – Deu demasiado espaço! Melhor na coordenação com a linha."

Vermelhão: Luz...

Benfica 2 - 1 Bournemouth


Estreia à 'porta aberta', somente com duas contratações no 11 inicial, mas com diferenças na forma como jogámos! A principal nota foi a pressão alta, muito alta, durante muitos minutos... Eu sei que esta pré-época é atípica, mas manter este ritmo durante tanto tempo surpreendeu-me... E como estamos perto do primeiro jogo oficial, que vale muito 'dinheiro', é importante demonstrar boa forma logo desde início!
Problemas nas transições defensivas, e no ataque organizado... Notou-se a intenção de jogar rápido e 'directo', quando ganhamos a bola, mas ainda faltam 'automatismos' principalmente com os novos jogadores... A opção do Pizzi no 'meio' como segundo avançado, só poderá ser útil em alguns (poucos) jogos! Boa entrada do Digui (Gonçalves)...
Dois grandes golos, o Adel a fazer aquilo que deve fazer mais vezes; o Everton a marcar um golo típico, que se tudo correr bem, irá ser 'normal'!!!

Destaque ainda para o senhor António Nobre: uma vergonha!

Faltam reforços: defesa central (o Jardel está sempre lesionado), defesa esquerdo, '8', 2 avançados... pelo menos estes!

domingo, 30 de agosto de 2020

Gonçalo Ramos | Que planos para o jovem goleador do SL Benfica?


"Gonçalo Ramos: nome em voga, nome de goleador cada vez mais prolífico, nome de jogador cada vez mais completo. O jovem formando do SL Benfica tem vindo a inserir, por direito próprio, o seu nome na discussão do plantel com que as águias vão atacar a próxima temporada.
Numa fase em que é cada vez mais patente que haverá pouco espaço nas opções de Jorge Jesus para jovens da formação (excepção feita a Rúben Dias e, eventualmente, Ferro e Florentino), o olhanense de 19 anos vê a sua inclusão no grupo de trabalho dificultada. Dificuldade acrescida pelo facto de ainda não estar integrado nos trabalhos de pré-época, no qual se podia mostrar ao novo técnico dos encarnados.
Contudo, Ramos tem demonstrado, além da sua enorme qualidade, vontade e paixão para representar o SL Benfica em qualquer escalão. Como tal, não teve problema algum em “descer” aos Juniores para ajudar na tentativa de conquistar a UEFA Youth League, mesmo após se ter estreada de forma brilhante pela equipa principal, bisando em sete minutos.
Na prova europeia de sub-19, Gonçalo Ramos apontou oito golos, os mesmos do italiano Piccoli, da Atalanta, e ainda somou três assistências. As estatísticas e as exibições superlativas levaram a UEFA a atribuir-lhe o prémio de Melhor Jogador da Competição. Com isto, o polivalente futebolista somou, por certo, muitos pontos junto de JJ e da estrutura encarnada, já familiarizada com a sua qualidade.
A sua polivalência pode ser o seu maior trunfo na cartada que o olhanense jogará por um lugar ao sol na quadra encarnada que, consta, ainda será bastante reforçada. Não será fácil, ainda assim, mas as inúmeras funções que Ramos desempenha com qualidade e maturidade dão-lhe alguma vantagem em relação a outros projectos do Seixal que poderão vir a ser aposta, como Tiago Dantas, Paulo Bernardo ou Tiago Araújo.
Gonçalo começou a ser moldado como médio-centro, com especial enfoque nas funções de um “8” relativamente moderno – mais chegada à área sem bola e menos transporte a mesma até lá, mais técnica e menos robustez física e capacidade de choque. A facilidade e eficiência que demonstrava nas aproximações à área e a eficácia com que finalizava foram certamente duas das premissas que levaram os técnicos dos escalões de formação, de forma concertada, a fazer avançar Ramos no terreno.
De “8” passou a “10”, de “10” passou a “9,5”, de “9,5” passou a “9”. Cumpre em qualquer das posições ainda, mas é cada vez mais indiscutível que Gonçalo Ramos pode ser o futuro avançado de classe mundial do Sport Lisboa e Benfica. Importa, assim, gerir bem as expectativas e a progressão do “matador” de 19 anos apenas. O primeiro passo é decidir o papel de Ramos na época 20/21.
A venda, naturalmente, está fora do leque de opções. A titularidade na equipa principal é de difícil alcance. Resta o empréstimo ou a inclusão no plantel como uma das opções secundárias para a frente de ataque – alinhando na equipa B regularmente. Tendo em conta a forma como o jovem tem agarrado as oportunidades e a polivalência que ninguém no plantel garante como ele, a segunda é a melhor hipótese.
Assim, Gonçalo Ramos deve – ou devia – ser já esta época integrado nos trabalhos da equipa principal, descendo à equipa B apenas para jogar, caso as oportunidades para ter minutos na principal equipa escasseiem. Será, acredito, a melhor forma de fazer progredir o atleta e de garantir um reforço a custo zero que pode dar à equipa o que poucos podem: finalização, mobilidade, alcance de terreno pisado, ligação entre os dois últimos terços do campo, trabalho incansável e vontade de honrar o nome Sport Lisboa e Benfica. Não é para todos."

De Paula na rota encarnada


"O Sport Lisboa e Benfica de Jorge Jesus continua forte no ataque ao mercado de transferências. Após as chegadas de Gilberto, Everton Cebolinha, Luka Waldschmidt, Pedrinho, Jan Vertonghen e Helton Leite, as transferências no clube da Luz não parecem terminar por aqui.
Até ao momento, em contratações, o Benfica já gastou cerca de 70 milhões de euros, sem contar com Vertonghen que assinou a custo zero. Bem, parece que o investimento de Luís Filipe Viera não ficará por aqui e que mais jogadores chegarão a Lisboa nos próximos tempos.
Um dos nomes mais falados recentemente é o de Patrick De Paula, médio defensivo brasileiro de apenas 20 anos. Os valores da transferência rondarão, supostamente, os 18 milhões de euros por 80 porcento do passe do jovem médio.
De Paula tem sido apontado como uma das melhores jovens promessas do Brasil, falando-se até que estará para breve uma chamada à convocatória de Tite para representar os canarinhos. No Palmeiras, Patrick de Paula é um dos destaques, levando até dois golos em 16 jogos nesta temporada.
No plantel do Sport Lisboa e Benfica encontraria a concorrência directa Julian Weigl e, em zonas mais avançadas, Taarabt, Gabriel e até Pizzi. Assim sendo, e a confirmar-se a transferência de De Paula para a Luz, deverão existir saídas no miolo do SL Benfica, e Jorge Jesus poderá até apostar em jogar com dois médios defensivos, fazendo uma parceria Weigl/De Paula.
A sua versatilidade na zona do meio-campo faz de Patrick De Paula um alvo apetecível para o Benfica de Jorge Jesus. Pode actuar como médio defensivo, mas também pode ser um médio “box-to-box”, capaz de jogar em espaços curtos e transportar a bola para zonas mais avançadas no terreno.
De Paula é capaz de se movimentar por todo o campo, tendo a capacidade não só de criar oportunidades de golo, bem como as finalizar. As bolas paradas são uma das especialidades do médio brasileiro que tem muito sentido de baliza e faro de golo. Na temporada transata apontou dez golos em 50 jogos pela equipa de São Paulo.
A sua tenra idade fazem dele um dos jovens jogadores mais apetecíveis do Brasileirão.
Em declarações à Antena 1, De Paula garantiu “estar tranquilo” e que é preciso esperar para ver o rumo que as negociações tomam. As negociações foram também confirmadas por Anderson Barros, director para o futebol do Palmeiras e terão, como intermediário, Giuliano Bertolucci que é o empresário do jogador e que tem boas relações com os encarnados, uma vez que é até o agente de Everton Cebolinha. 
Assim, Patrick De Paula seria uma boa adição ao plantel do Sport Lisboa e Benfica embora o sector do meio campo esteja bastante “povoado”. A verdade é que De Paula parece ter um futuro bastante promissor e Jorge Jesus poderá ser o treinador que o jovem necessita para desenvolver o seu jogo."

O pai não é pescador e Miguel esteve naquela última curva


"Nas motos não há retrovisores, os espelhos são os instintos e o que está decalcado nas entranhas de cada piloto, escrevo eu, que nunca sentei o traseiro sobre duas rodas capazes de acelerar até aos 300 km/h e jamais sentarei. Essas tripas de inconsciência perante a velocidade terão talvez feito Jack Miller pensar que, bloqueando a ultrapassagem de Pol Espargaró por fora, travando também tarde para o empurrar além pista, estaria a defender-se com mestria do derradeiro ataque, dali faltando apenas um endireitar da moto e uma última contorção de pulso para garantir o primeiro lugar no Grande Prémio da Estíria, numa lógica tão lisa como o são os pneus e a pista que confluem no MotoGP.
Mas, como tantos maravilhosos 'mas' no desporto que nos fazem maravilhar e nos agarram, atrás vinha o português, esperto enquanto se aproximava da picardia que o precedia, paciente quando manteve a trajectória e glorioso ao acelerar assim que as consequências da luta alheia lhe abriram o caminho para, voltando a pegar na minha ignorância, poder desenfrear os gestos que todo o piloto dedicado a esta categoria de motociclismo deve sonhar: abanar o corpo agarrado ao guiador, soltar um braço em gancho, contorcido pela força da alegria, socando o ar e presumivelmente enchendo o capacete de berraria festiva.
Miguel Oliveira ganhou uma corrida de MotoGP, um português logrou o que nunca um português conseguira.
Ele nasceu num país pequeno em território, em número de gente e em dinheiros para apoiar outras modalidades que não o futebol todo-conquistador de afectos, como o é na maioria dos países no planeta redondo que se arredondou neste gosto, que afunila a atenção mediática, uma e outra vez, para a mais circular das bolas, mundialmente gerida pela FIFA, organização em que há mais membros (211) do que países reconhecidos pelas Nações Unidas (195). É um círculo vicioso ao qual, esta segunda-feira, os três jornais desportivos portugueses escaparam, engrandecendo nas primeiras páginas quem escapou, ainda imberbe, ao que teria sido um gosto natural por futebol.
Miguel Oliveira ganhou na última curva do Red Bull Ring, na Áustria, no circuito da marca que patrocina o português e a Tech3, equipa de segunda da KTM, ultrapassando o piloto sentado na moto da equipa principal da construtora - Espargaró, que substituirá na próxima época - porque, obviamente, é um grande piloto, foi o maior deles todos no domingo, mas, eis o 'mas', sobretudo porque era ele ainda canalha, como se diz na terra de onde vem a Lídia Paralta Gomes, que segue e percebe de motociclismo bem mais do que eu, e o pai deu-lhe um exemplar de corrida de duas rodas que o agarrou à paixão do progenitor, já ele um divergente no gosto desportivo generalizado de um país, que ensinou e deu condições ao filho para também ele apanhar o gosto e tornar-se no melhor português de sempre a aparecer no motociclismo.
E Miguel começou por ser o mais lento em todas as corridas nas quais participou, na primeira vez em que correu o circuito nacional de velocidade. Já se espetou várias vezes e cicatrizes tem que o provem. Diz que não tem medo da quase inevitabilidade de cair em pista, da única vez que com ele falei até tentou explicar que é quase como desligar um botão mental do medo e acelerar por aí fora, esquivando-se de outros motos e tentando ultrapassar um contexto que sempre estaria contra ele, por se ter dedicado, como o pai, a uma modalidade sem tradição na cultura desportiva portuguesa. "Se tivesse sido pescador, hoje estaria a pescar", confessou o piloto, num perfil que lhe filmaram há tempos, remetendo, sim, para o que é bem mais português do que andar montado em cima de uma moto a desafiar a sorte com velocidade.
Bem português, claro, é o futebol, e honra teve Portugal e Lisboa em acolherem a fase final improvisada da Liga dos Campeões. A final jogou-se no mesmo dia de Miguel Oliveira e o PSG inflacionado pelos milhões de injeção qatari perdeu com o Bayern de Munique milionária por tradição. E Neymar, o mais caro dos futebolistas por quem uma fortuna foi paga para inspirar o clube até a vitória que nunca estivera tão perto, chorou copiosamente, talvez porque o brasileiro é cobrado e escrutinado como ninguém e ele exigem costas larguíssimas para lhe caberem nas cavalitas todo um desejo que continua a canalizar investimento para Paris.
Não é uma nota de rodapé, nem poderia ser, mas, puxando dos 'mas', a Champions não teve um clube ou jogador português presente em estádios sem gente para os ver, apesar da pomposa magnitude com que a competição foi apresentada, a meio de junho, com Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Fernando Medina, Eduardo Ferro Rodrigues e Fernando Gomes a discursarem na cerimónia. A prova, vendida pelo primeiro-ministro como "uma vitória antecipada para todos os portugueses", um prémio inexistente que premeia ninguém, já foi jogada, e nenhuma das figuras então presentes veio, nos dois meses já passados, dizer, por exemplo, se haverá, ou não, futebol de formação na próxima época. 
Qualquer miúdo ou miúda que jogue futebol em qualquer clube prefirirá jogar futebol do que apenas vê-lo, ainda por cima só pela televisão. Mas o futebol de formação não é a Liga dos Campeões."

Mulher atleta e gravidez


"Nos últimos anos, a presença feminina no desporto registou um aumento notável. Tomemos como exemplo o caso dos Jogos Olímpicos de Londres, onde 44% dos atletas participantes eram atletas femininos.
Certamente que tal facto significa um grande avanço no que toca à igualdade de género na prática do desporto de alta competição. Foquemo-nos agora na percentagem dentro destes 44% de mulheres. Quantas eram mães? Embora não se consiga obter um número concreto, é com segurança que se pode afirmar que a percentagem é muito reduzida, por vários motivos. Comecemos por analisar as dificuldades que o desporto de alta competição pode originar na gravidez.
Citando a especialista em medicina reprodutiva e directora do Fertility Medical Group de Campo Grande, Suely Resende, “embora o sedentarismo seja um problema de grandes proporções, a prática de exercícios físicos intensos pode dificultar uma gravidez, exigindo, inclusive, ajuda médica especializada para ter um bebé. Sendo assim, é muito importante intercalar um tempo de recuperação para o corpo e a mente.” Como explica Suely Resende, o stress físico e emocional pode ter graves repercussões hormonais nas atletas Olímpicas, pois a mulher atleta ainda sofre bastante com a pressão imposta não só pelos treinadores e pelos patrocínios, como também pela vontade própria de alcançar resultados. Ainda segundo Suely, os problemas mais comuns entre atletas de alta performance são: a baixa produção de progesterona, menstruações escassas ou, em alguns casos, interrupção completa da menstruação. “É válido considerar, também, outros problemas que podem agravar o quadro da paciente, como baixo peso e teor de gordura corporal, além de estados hipoestrogénicos, que podem resultar em perda prematura de massa óssea”, diz a especialista.
Não só as dificuldades na gravidez se apresentam como entrave à maternidade no desporto de alta competição, também a carência de apoios financeiros e as dificuldades em termos psicológicos têm influência.
A dificuldade começa logo no planeamento do tempo certo para engravidar. A vida da maioria dos atletas é organizada em ciclos quatro anos, de acordo com a realização dos Jogos Olímpicos. Então importa planear muito bem qual a melhor altura para engravidar, de forma a ser ainda possível regressar a tempo de estar em forma e garantir o apuramento para os Jogos.
E quando menciono dificuldades psicológicas que uma mãe atleta enfrenta refiro-me ao seu calendário desportivo, tão rigoroso, que a obriga a passar grande parte da infância do seu ou dos seus filhos longe, e por vezes, inclusive, com problemas de natureza diversa, difíceis de resolver devido à distância. Estes fatores prejudicam o rendimento desportivo, pois afectam o lado psicológico. Como todos sabemos, quando se trata de um familiar que não está bem, ficamos afectados psicologicamente, mas quando é um filho nosso a necessitar de ajuda o caso afecta-nos a um nível acima do preocupante.
Para analisar a falta de suporte financeiro basta recuarmos dois anos para verificar um exemplo da falta de apoio financeiro às atletas mães, quando, em 2018, a Nike propôs à velocista olímpica Allyson Felix um corte de 70% do salário antes de engravidar. A atleta pediu garantias de que não seria penalizada se rendesse abaixo do seu nível nos meses que antecedem e sucedem o parto, tendo recebido uma resposta negativa.
“Nós, atletas, temos muito medo de dizer publicamente que se tivermos filhos corremos o risco de os nossos patrocinadores nos cortarem o salário durante e depois da gravidez. É um claro exemplo de uma indústria desportiva onde as regras são feitas maioritariamente por homens”, escreveu, visto que não se registam casos onde entre os homens que são pais tenha havido qualquer tipo de penalização. Também Alysia Montaño e mais de uma dúzia de atletas olímpicas deram o seu depoimento no que toca à discriminação feita às mães atletas. Três meses após o artigo de Alysia Montaño ser publicado no jornal The New York Times, a Nike, assim como outras empresas, mudou a sua política no que toca às mães atletas. No entanto, tal não significa que o problema esteja erradicado. Um atleta de alta competição recebe em função do seu desempenho desportivo, verifica-se portanto uma brecha no que toca ao apoio na maternidade, pois, com excepção de alguns casos, como a manutenção da bolsa do Projecto Olímpico para as atletas que estejam integradas, uma atleta mãe não recebe qualquer tipo de apoio financeiro durante a gravidez.
Ser mãe não é o final de uma carreira, pois muitos são os casos onde se verificam resultados desportivos semelhantes e até superiores após a gravidez, como é o exemplo da tenista americana Serena Williams, que depois de ter sido mãe venceu o torneio de Auckland, sendo a segunda maior campeã da história de torneios “major”, apenas a um título de igualar a australiana Margaret Smith Court; a velocista americana Alysson Felix foi campeã do Mundo; a velocista jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce foi também campeã do mundo dos 100 metros. Passando agora para alguns exemplos nacionais, eu mesma conquistei um bronze europeu, classifiquei-me no 5.º lugar no Mundial e fui aos Jogos Olímpicos de Londres; a maratonista Sara Moreira foi 3.ª na maratona de Nova Iorque; Jéssica Augusto foi 3.ª na meia-maratona de Amesterdão; a mesatenista Fu Yu obteve uma medalha de ouro nos Jogos Europeus de Minsk 2019, entre muitas outras atletas que após serem mães obtiveram resultados excepcionais, inclusive superando os resultados anteriores à gravidez. Com todos estes exemplos podemos concluir que ser mãe não significa um impedimento à prática do desporto de alta competição.
Em suma, gostaria de apelar ao incremento de apoios e até mesmo à criação de alguns novos, pois é de facto preocupante que o desporto aos olhos da sociedade não tenha a devida consideração – inclusive, o Governo demonstrou não reconhecer o desporto o suficiente, tendo-o deixado de fora do Programa de Estabilização Económica e Social. Algumas das medidas que gostaria de sugerir de modo a melhorar a situação da maternidade no desporto de alta competição são, por exemplo: a criação de um subsídio de maternidade, sendo disponibilizada ajuda financeira durante os meses de gravidez, visto que nós, mães, temos de suspender a prática da actividade desportiva; estender o seguro de saúde fornecido aos atletas aos seus filhos, sem custos adicionais nos primeiros anos de vida; existir prioridade de vaga nos infantários, dado que tanto os infantários públicos como os privados estão na sua maioria lotados - é uma necessidade para uma mãe atleta inscrever o seu filho, pois está muito ausente em competições internacionais; ajuda nas despesas, nos campos de férias, pois as férias de verão dos seus filhos coincidem com provas importantes como o Campeonato do Mundo e os Jogos Olímpicos; a clarificação do contrato de preparação Olímpica, de modo a tornar mais perceptível o tópico da gravidez e os apoios disponibilizados, nomeadamente a extensão da bolsa garantida durante o período da gravidez e do período expectável de regresso à competição, pois, volto a referir, ser mãe não é um ponto final na carreira de uma atleta mas sim uma vírgula que separa uma fase de outra."

Vantagem curta...

Benfica 28 - 26 Fivers
(15-12)

Primeiro jogo da época, no regresso das modalidades de pavilhão, com muitas caras novas, mas mesmo descontando o período de adaptação dos reforços e do treinador... mesmo descontando a falta de ritmo e automatismos nesta fase da época, notou-se a falta de profundidade no banco! Deixando a eliminatória em aberto para a 2.ª mão, quando devia ter ficado 'fechada', contra um adversário bastante acessível...

Notas sobre a pré-época do Benfica




"Vinte e sete dias já passaram desde a final da Taça de Portugal, onde um Benfica em superioridade numérica desde os 38 minutos foi capaz de perder para um FC Porto com uma garra, intensidade e querer que não foi igualado e nem uma palavra fomos capaz de ouvir da "estrutura" sobre tamanho desastre. É que não se tratou de um acidente de percurso, mas sim da cereja no topo do bolo de um descalabro, de um Titanic a afundar-se. Recordo: nos últimos 20 jogos o Benfica venceu 7, empatou 7 e perdeu 6. Um registo digno de uma equipa de meio da tabela.
E no entanto não houve uma justificação, uma palavra, um mea culpa. No dia seguinte a newsletter do clube saiu-se com um "é tempo de virar a página", que é como quem diz "é tempo de fazer de conta que nada aconteceu". Mas por mais camiões de areias chamados Jesus e Cavanis que nos atirem para os olhos, continua por explicar como um Benfica a respirar aparente saúde financeira foi capaz de perder 2 campeonatos em 3 para um FC Porto intervencionado pela UEFA. Se não dizem eles, digo eu: incompetência. Complacência. Arrogância. E mais algo que se terá passado nas quatro paredes daquele balneário que algum dia venhamos a saber.
Mas viremos então a página. Jorge Jesus, de quem LFV dizia em 2016 que com ele "não era possível preparar o futuro" está agora de volta e jogadores como Vertonghen de 33 anos chegam à Luz. Isto apesar do mesmo LFV dizer há 4 anos que "vamos passar a comprar muito menos e o Benfica de agora não vai investir no Aimar e no Saviola como fez no passado" O que mudou então? Muitos dirão: o petróleo que o Benfica aparentemente agora encontrou está relacionado com as eleições em Outubro. Até porque em 2018 podia-se ter conquistado um inédito Penta, mas aí a ordem foi vender e nada gastar. Recordemos então mais uma vez palavras de LFV, desta vez em Setembro de 2019: "Se estivesse aqui um demagogo qualquer, queria era investir para apresentar uma super equipa, mas imaginem que aquilo não resultava? A queda era grande." Sorte então a do Benfica que não tem um demagogo...
Cavani foi uma paixão de verão que parece ter terminado em divórcio. Nisto não critico ninguém. Não foi possível, mas gosto de ver o Benfica atrás deste tipo de jogadores. Antes isto que contratações que ninguém entende como Cádiz ou Yony González. De qualquer maneira, Vertonghen, Everton e Waldschmidt parecem ser excelentes reforços e Jorge Jesus é a garantia de qualidade, intensidade e exigência. Tudo aquilo que o Benfica precisava. Sinto-me entusiasmado para a temporada 20/21. Independentemente das razões e do timing, o Benfica parece estar a mexer-se bem este ano. Mas precisa de se mexer mais.
O FC Porto escreveu um tweet muito infeliz a gozar com a derrota Benfiquista na UEFA Youth League. Nem os miúdos se safam desta rivalidade atroz que os dois clubes vivem. É uma rivalidade feia e o Benfica também não está isento de culpas. Ainda hoje não sei o que me envergonha mais, se o FC Porto ter sido campeão na Luz em 2011 ou o que se seguiu, com as luzes apagadas e o sistema de rega ligado. O clube nortenho vive desta gasolina do "contra tudo e contra todos" e faz do Benfica o seu sol, mas o maior clube Português tem que ter outra matriz e responder de maneira diferente. Como? Dou um exemplo do passado: Em 1988 Pinto da Costa "roubou" Rui Águas e Dito da Luz e gozou o prato dizendo que o próximo treinador do Benfica seria o Papa, porque os do Benfica eram uns anjinhos. João Santos respondeu contratando Ricardo Gomes, Valdo, Vítor Paneira e Vata e o Benfica acabou campeão com 7 pontos de avanço (com a pontuação de hoje seria algo como 13 pontos), para um FC Porto que nada venceu esse ano. É assim que o Benfica tem que voltar a responder: não nos tweets, não nas newsletters, não nas capas de jornais, mas no campo. Ao longo do campeonato e no confronto directo. Investindo tudo o que tem aí. Sendo superior porque tem melhores jogadores e porque, ao contrário de Coimbra, iguala ou superioriza no querer, na garra e na intensidade um rival que será sempre fortíssimo e duríssimo. Isso sim, é responder à Benfica."

sábado, 29 de agosto de 2020

Também gostaria de ter Messi


"Sei que não é possível ter Messi, mas sei também que são cada vez mais possíveis jogadores que para outros se tornaram impossíveis

Não concordo com algumas análises feitas por muitos adeptos do Benfica sobre o dossier Cavani. Registo de interesses: Cavani é, para mim, um jogador fabuloso, seria fantástico se tivesse sido possível vê-lo com a camisola do Benfica. Mas é tranquilizador saber que administração do Benfica tenta contratar um dos melhores jogadores do mundo, vai até ao seu limite financeiro para o conseguir, mesmo que no final tal não seja possível.
Fico satisfeito e tranquilo porque contratámos um internacional brasileiro, um internacional belga, um internacional alemão e falhámos um internacional uruguaio. Ficava deprimido se o Benfica festejasse a contratação do Carraça, não por ter falhado a do Cavani. Não tenho saudades de Escalona, tenho saudades de Pablo Aimar.
Esteve muito bem Rui Costa a esclarecer, com verdade, que o Benfica foi até ao limite do que podia para ter um jogador de categoria mundial. Não foi pelo Benfica que Cavani não joga de manto sagrado. Também gostava de Messi no Benfica e sei que não é possível, mas sei também que não são cada vez mais possíveis jogadores que para outros se tornaram impossíveis. Festejo isso. Espero que o Benfica mantenha o nível de exigência até agora demonstrado nas aquisições em falta. Não precisamos de muito, precisamos de muito bom.
Enquanto segue a animação do defeso, começaram os jogos-treino, por agora sem transmissão televisiva. Não vi como foram os 4-1 ao Estoril, nem os 4-0 ao Belenenses, nem ainda os 5-1 ao Farense. Fica a curiosidade de querer sintonizar a BTV para assistir aos próximos jogos com o Bournemouth, domingo, e com o SC Braga, quarta-feira.
Chegámos pela terceira vez a uma final da Youth League e, mesmo sem a vitória na final, pode esta geração ter a certeza do futuro. Alguns vão jogar na principal equipa do Benfica, outros vão ser vendidos e seguir carreiras em bons clubes, mas quase todos terão percursos de sucesso. O Benfica é, por agora, conjuntamente com o Red Bull Salzburgo, a melhor escola de formação de futebol do mundo.
Hoje há sorteio do campeonato em que iremos conquistar o 38 e segunda as bolas internacionais escolhem entre Rapid de Viena, AZ Alkmaar e PAOK para um início de época a valer quase 50 milhões.
Jorge Jesus já deixou indicações que este ano é «rumo a tudo»."

Sílvio Cervan, in A Bola

Cadomblé do Vata (biaites...)


"1. O TAD confirmou a descida administrativa do Vitória de Setúbal... ou como se diz em futebolês-português; o TAD confirmou o alargamento da I Liga no prazo máximo de 10 anos.
2. Ontem surgiu a noticia de que o Sporting CP está a tentar desviar Taremi do FC Porto... portanto, o Rio Ave já tem garantido que vai vender o iraniano, só não sabe quem lhe vai ficar a dever 5 milhões de euros. 
3. Apesar de Mariano Diaz não querer sair do Real Madrid, mesmo sabendo que não entra nas contas do Zidane, o SL Benfica continua muito interessado no dominicano... o avançado merengue é uma excelente alternativa a Zivkovic para a posição de "estou-me a cagar se jogo, quero é o meu todo certinho na conta ao fim do mês".
4. Em 2019 a Liga de Clubes distinguiu Joaquim Oliveira. Este ano o contemplado foi Valentim Loureiro... curiosamente, o prémio foi uma bola dourada, mas vá... coincidências...
5. Brincadeiras à parte, desde o primeiro dia desta página que tenho tentado passar uma mensagem de fair play, porque é assim que devemos estar no desporto... é por isso e porque nunca devemos guardar rancores de ninguém que desejo aqui publicamente, as maiores felicidades e sucessos ao Makaridze nos derbys contra Pinhalnovense, Amora e Olímpico do Montijo."

A novela Cavani


"Estava na altura de escrever sobre o Cavani não estava?
Eu ainda evitei durante alguns anos que foi o tempo que isto tem durado.
Mas antes de tudo parece-me importante dizer o seguinte.
A minha novela preferida foi a Tieta do Agreste.
Ai Betty Faria, Betty Faria.
O que eu faria naqueles tempos.
Enfim.
Como novela achei mais completa.
A Única Mulher da Rita Pereira e a Vingança com o Diogo Morgado também não eram más.
Mas esta do Benfica com o Cavani tem mais acção.
É suspense e ao mesmo tempo tem um argumento recheado com mentiras e traições.
Como uma boa novela deve ter.
Mas vamos lá por partes.
Primeiro uma dúvida que me assombra.
Qual a diferença da Novela Cavani.
Para a Novela Taremi?
Será por uma ser dobrada em uruguaio e a outra em iraniano?
Porque se fala tanto do avançado do PSG e das suas indecisões em aceitar.
E não se fala mais no avançado do Rio Ave e nas suas iguais indecisões.
São negócios díspares.
De acordo.
Mas se tivermos em conta a música do genérico “vai ser apresentado amanhã”.
Acho que andam muito equiparados.
Talvez um passe mais em horário nobre na Rede Globo.
E o outro às cinco da manhã na RTP2.
A dança até pode ser diferente.
Mas o baile parece-me o mesmo.
Cavani foi claramente um passo maior que a perna de Luís Filipe Vieira.
As eleições obrigavam a isso.
Mas era o único passo possível para meter o pé no coração dos benfiquistas.
Os valores parecem-me incomportáveis para o futebol português.
Se for o que o irmão e empresário pede.
Até para o futebol chinês.
E duvido bastante que uma estrela desta dimensão aceite jogar no campeonato português.
Assim como não acredito que algum dia jogue por cá um tal Peter Schmeichel.
Ou um super titulado Iker Casillas.
Já nem falando em Aimar ou Saviola.
Portanto acho que a nível de mediatismo ficamos apresentados.
Se é verdade que o uruguaio é de outro mundo.
Já cá tivemos outros de outras galáxias.
Sobre o negócio.
Parece-me simples.
O Benfica fez uma proposta.
E Cavani virá se não tiver uma superior.
E quando digo superior não me refiro apenas a dinheiro.
Que na minha opinião é algo que não será determinante na sua escolha.
Falo em campeonatos mais atractivos.
E em projectos onde a Liga dos Campeões não seja apenas um sonho.
Cavani não está a dormir.
Até agora ainda não teve nada deste género.
E sabe que o tempo está a esgotar-se.
O Benfica até contratar outro ponta de lança vai sempre esperar.
E este é o impasse. Cavani acha a hipótese Benfica a melhor.
Dentro de todas as que não teve.
Mas isso são todos os jogadores com o chamado “mercado dos tubarões”.
Que é muito raro nos nossos oceanos.
Normalmente pescamos petinga.
O Benfica quis pescar este tubarão com a mão e com uma linha de pesca.
E tem que o aguentar e cansar até o puxar para terra.
Até lá.
É rezar para não aparecer um navio com canas maiores."

Miguel Oliveira, o orgulho dos motards portugueses


"Ouvir o hino português cantado no mais reconhecido certame deste desporto e assistir à coroação no mais alto lugar do pódio de uma pessoa de caráter, com quem nós nos revemos e que tão bem exemplifica a nossa raça. A raça de um falcão que ataca no momento certo. Como dizia o meu professor Joaquim Bento “somos só dez milhões. A maioria não acredita nas suas potencialidades. Mas há sempre quem da lei da morte se liberta”.

O país rendeu-se definitivamente ao piloto português da prova rainha de motociclos, o MotoGP. E se alguns fieis seguidores já acompanhavam as incidências desta competição há largos anos em boa verdade a grande maioria são fãs que Miguel Oliveira conquistou agora com o seu sorriso simpático e a sua feroz competitividade. Portugal sempre se mostrou mais atento às provas de automóveis como a Formula 1 ou até aos ralis relegando os motociclos para segundo plano, embora exista por cá uma comunidade de motards muito interessante e activa, que neste momento estará com toda a certeza em êxtase com o aparecimento da nossa nova estrela.
É sobretudo desses que eu falo e nos quais não me incluo. Embora tenha tido uma mota CRM-50 quando era mais novo, da qual guardo muitas e boas recordações, assumo que nunca fui um aficionado, talvez por achar que o perigo que representam não compensa a liberdade que sentimos em cima delas. Ainda assim sei reconhecer o prazer de guiar uma, a sensação única de aventura e emoção. E sei também reconhecer que à exceção de uns quantos energúmenos temos vários clubes e associações motards que exemplificam todo o espírito de camaradagem, respeito e valores que a sociedade devia ter por adquirida.
Para estes a mota é muito mais que um motociclo, é um culto, uma tribo feita de sentimentos e causas onde o respeito, a irmandade, a solidariedade e a igualdade assumem importância central. São muitas vezes mal vistos pelas más praticas de alguns motoqueiros mas regra geral são pessoas animadas que estimulam a protecção e a segurança e que invariavelmente demonstram um amor e uma cumplicidade pela sua de uma forma única. É por isso que acho ser este um prémio justo e merecido para quem há tantos anos defende este desporto de duas rodas, o estima e o promove. O Miguel é por isso o justo reconhecimento para os verdadeiros motards portugueses e um embaixador singular que representará um crescimento brutal dos que seguem este desporto com paixão e emoção. Quantos de nós é que não vibraram com aquela ultrapassagem histórica de olhos embaciados e pele de galinha?
Mas o Miguel Oliveira representa muito mais do que isso. Representa a dignidade e a humildade na vitória, o respeito pelos outros e a inteligência que marca a diferença entre o “quase” e a verdadeira conquista. Isso é um duplo prazer. Ouvir o hino português cantado no mais reconhecido certame deste desporto e assistir à coroação no mais alto lugar do pódio de uma pessoa de carácter, com quem nós nos revemos e que tão bem exemplifica a nossa raça. A raça de um falcão que ataca no momento certo. Como dizia o meu professor Joaquim Bento “somos só dez milhões. A maioria não acredita nas suas potencialidades. Mas há sempre quem da lei da morte se liberta”. É por isso um justo prémio para uma sociedade em sofrimento neste tempo tão sombrio e em especial uma satisfação merecida para os motards portugueses que são dignos desse nome.
«Ele é fixe, polido, inteligente e bem educado. Há pessoas que pensam que um corredor de topo deve ser duro, nem sempre polido e não muito bem educado; por isso, olhavam para o Miguel e pensavam, “ok, ele nunca será um vencedor”», disse Hervé Poncharal, patrão da equipa Tech3 KTM."

O desporto e as empresas


"Hoje em dia, é banal verificar-se a aproximação entre a prática desportiva e as empresas. Mas nem sempre foi assim. Com a profissionalização desportiva, houve uma aproximação das organizações desportivas com as lógicas empresariais (Barbusse, 2009). Podemos situar este fenómeno, consoante os países, a partir da década de 1980. Ao caracterizarmos a instrumentalização do desporto por determinadas empresas, podemos constatar que ele serve, internamente, em quatro domínios que pertencem à função de recursos humanos: o recrutamento, a formação, a comunicação interna e o desenvolvimento social.
O desporto, enquanto “ferramenta” e modelo, é visto como uma forma de mobilização do pessoal e um meio de melhorar a sua performance económica. No entanto, um exame detalhado sobre a “oferta” permite verificar que a instrumentalização do desporto pelas empresas é muito frágil. Algumas empresas podem “oferecer” aos seus trabalhadores a prática regular de actividades físicas e desportivas ou podem colocar à disposição espaços para o efeito (no seio da empresa ou fora dela, recorrendo a parcerias com clubes ou ginásios). A prática desportiva permite manter o corpo em forma e de ser mais resistente ao esforço, logo para o trabalho.
Ele pode ser também “prescrito” numa perspectiva de gestão do stresse. Tanto no plano físico, como mental, o desporto é considerado como uma fonte de equilíbrio pessoal, traduzido na fórmula latina “mens sana in corpore sano” (mente sã num corpo são), atribuída ao poeta romano Juvenal. Para além das virtudes físicas e mentais, é preciso não esquecer que existem as virtudes simbólicas. Ao examinar o caso da Adidas, o sociólogo Julien Pierre (2006) revela que a oferta desportiva é interpretada pelos trabalhadores, em particular os dirigentes, como uma vantagem social que funciona segundo um processo de “dom coercitivo”.
O desporto na empresa permite, de facto, aumentar a coesão interna, com a criação de redes informais, de identificação comum, etc. Não existem em Portugal muitos estudos sobre a importância do desporto nas empresas."

Plantel Andebol 2020-21


"A equipa de Andebol retoma actividade hoje num jogo a contar para a qualificação da EHF European League, a nova prova da EHF que vai substituir a antiga EHF Cup. É altura de avaliar o que aconteceu no plantel e fazer algumas previsões para a época.

Guarda-Redes
Sergey Hernández (ex-Logroño), Gustavo Capdeville e Pedro Tonicher (equipa juniores)
Saídas: Borko Ristovski (Vardar) e Miguel Espinha (Huesca)
Foi um ano com muitas novidades para o Andebol. A começar na baliza, onde Borko Ristovski saiu ainda antes da época passada terminar e, já durante o verão, saiu Miguel Espinha, um guarda-redes que foi aposta por Carlos Resende na sua passagem pelo Benfica. Vamos continuar com Gustavo Capdeville como segundo guarda-redes. É um luxo termos um guarda-redes tão talentoso como Capdeville numa posição mais de rotação. É o futuro titular do Benfica e da selecção nacional. Além Capdeville, contratámos Sergey Hernández, um guarda-redes internacional pela seleção principal espanhola. Costuma ser o terceiro guarda-redes da seleção. É um excelente carimbo de qualidade. E por último, teremos Pedro Tonicher, um jovem de 17 anos, que irá ter aqui uma boa oportunidade para evoluir e que poderá aparecer em jogos de menor importância.

Central
Lazar Kukic (ex-Logroño) e Francisco Pereira
Saídas: Romé Hebo (1º Agosto) e Pedro Seabra (Águas Santas)
Esta é uma das posições onde houve maiores mudanças. Lazar Kukic será à partida o principal central da equipa. É um internacional sérvio, muito forte a atacar e que poderá ser interessante para defender caso o Benfica opte por uma defesa em 5x1. Parece-me uma boa aposta para combinar com Petar Djordjic, o nosso melhor marcador na época passada. Uma pena não ter mais uns centímetros. No geral é o que falta a esta equipa. Alguma altura e peso. Pois os nossos principais rivais têm muita altura e muito peso e numa modalidade como o Andebol isso faz diferença. A rodar com Kukic teremos Francisco Pereira. Um jovem de 21 anos da nossa formação. Vai ter funções acrescidas este ano. Vai ter mais tempo de jogo. Parece-me neste momento um jogador que defende melhor do que ataca. Vamos ver como evolui ao longo do ano. Saíram Romé Hebo, que raramente jogou, e Pedro Seabra, que é um jogador que tem o melhor problema de Lazar Kukic na minha opinião. Ataca muito bem, não defende tão bem. Ainda assim, é o jogador que melhores memórias me deixa destes três anos de Carlos Resende. Era uma aula de Andebol vê-lo jogar. Não ficaria surpreendido em ver Bélone a amealhar algum tempo de jogo como central.

Lateral Direito
Bélone Moreira, Kévynn Nyokas e Guilherme Tavares (equipa juniores)
É a única posição que não terá caras novas no plantel. A mim parece-me que é a posição que mais desespera por um reforço neste momento, porque nem Bélone, nem Nyokas conseguem ajudar o Benfica defensivamente. Guilherme Tavares será o terceiro elemento. À partida aparecerá em jogos de menor importância ou na eventualidade de alguma lesão. Tem 18 anos.

Lateral Esquerdo
Arnau García (ex-Toulouse), Petar Djordjic e Dilan Belalcázar (equipa juniores)
Saídas: Nuno Grilo (Águas Santas) e Carlos Molina (sem clube)
Nesta posição, vamos continuar a contar sobretudo com Petar Djordjic, que foi o melhor marcador da nossa equipa na maioria dos jogos da época passada. A rodar com o sérvio teremos Arnau García que é na verdade mais um especialista defensivo - a posição que Carlos Molina ocupou no ano passado - , no entanto também ataca e que poderá ficar com as sobras de Djordjic. Arnau vai ter muito tempo de jogo porque irá ser sempre a primeira opção para uma eventual substituição defesa-ataque com qualquer um dos nossos jogadores da primeira linha. Dilan Belalcázar é uma aposta do clube. É um colombiano que chegou para a nossa formação na época passada. Tem apenas 20 anos. À primeira vista, parece-me que terá algumas oportunidades para jogar visto que o espaço na equipa estará lá caso Arnau fique mais para jogar à defesa. Mas não conheço bem o que vale. Quanto a Nuno Grilo e a Carlos Molina não há muito a dizer. São dois jogadores que não corresponderam às expectativas.

Ponta Direita
Carlos Martins e Ola Rahmel (ex-Kiel)
Saídas: Davide Carvalho (ano sabático)
É a par da posição da guarda-redes a nossa melhor posição a nível de talento. Temos um ponta direita da seleção nacional e um ponta direita alemão que chega de uma das melhores equipas do mundo. Acho que aqui vamos ver algo que não é muito costume ver no Andebol. Rahmel é alto. Tem 1,90m. É mais alto do que quer Nyokas, quer Bélone. E como tal não seria de surpreender vermos Rahmel a defender a posição que normalmente é defendida por um lateral, enquanto Nyokas/Bélone defende a ponta. Davide Carvalho acaba por sair com Carlos Resende. É um jogador da formação. Não se encaixa no perfil que o Benfica neste momento parece estar à procura.

Ponta Esquerda
Mahamadou Keita (ex-Ivry) e João Pais
Saídas: Fábio Vidrago (retirou-se)
Keita é um francês que à primeira vista vai trazer algum espectáculo aos pavilhões da Luz. É muito atlético. Vai acumular grande parte do tempo de jogo. João Pais ficará com as sobras. É um dos nossos capitães. Para uma vaga na rotação, é um jogador útil. Aqui também poderá acontecer a situação do ponta defender como segundo (no lugar do lateral), visto que Keita é alto também e Djordjic não é espetacular a defender. Fábio Vidrago decidiu retirar-se da modalidade. Parece-me um pouco cedo. Tem apenas 31 anos. Mas de certeza que foi a melhor opção para ele e há que respeitar.

Pivot
Matic Suholeznik (ex-Dunkerque), Pedro Loureiro (emp. Belenenses) e Paulo Moreno
Saídas: René Toft Hansen (Bjerringbro) e Ricardo Pesqueira (ano sabático)
Chegamos finalmente à posição que mais mexidas teve e que se tem discutido mais. Matic Suholeznik é um esloveno de 2.00m e que aparece no site da EHF European League com 141kg. Um pouco pesado, mas nada impossível de recuperar. Os pivots facilmente têm 120-130kg. Parece-me um jogador muito interessante e que muito provavelmente vai perder algum peso ao longo da época, se é que já não perdeu. Perdendo peso passa a ser uma opção válida para o ataque, que era onde se destacava mais quando estava na Eslovénia, antes de rumar a França onde provavelmente por opção do Dunkerque ganhou mais peso. Paulo Moreno é um jogador que não é tão alto (1.93m) mas que tem ganho boa estampa física. Ataca bem e acho que é uma questão de oportunidade para mostrar que também poderá defender bem. Pedro Loureiro é um jovem de 21 anos que regressa de um empréstimo. Pelas fotos, parece que também perdeu algum peso. É alto (2.03m) e parece estar no peso ideal. Na formação nunca mostrou ser tecnicamente muito evoluído. Mas é um jogador que estou curioso para ver visto que Chema Rodriguez, o novo treinador do Benfica, com a selecção da Hungria, onde era treinador-adjunto, utilizava muita vez sistemas com dois pivots e como tal, Pedro Loureiro poderá ter algum tempo de jogo extra.

- Previsões para a época
Eu gosto do plantel. Acho que é um plantel estruturado com base naquilo que o Benfica se tem proposto (qualidade em simultâneo com uma aposta na formação). Se Dilan, Guilherme Tavares e Pedro Loureiro contarem de facto para as opções de Chema e mostrarem porque é que o clube apostou neles, creio que teremos uma boa época. Por outro lado, sinto que mais do que mais um pivot ou mais um central - que o clube precisa por uma questão de profundidade -, esta equipa precisa de um bom lateral direito com impacto nos dois lados do campo. Provavelmente o clube não conseguiu desfazer-se do contrato com Kevynn Nyokas, mas é neste momento um jogador que não se encaixa muito bem nesta equipa. Oxalá que ele recupere os níveis que teve no passado, mas não estou a contar muito com isso. É um plantel jovem (média de idades 26 anos) onde apenas quatro jogadores têm 30 ou mais anos (Nyokas 34 e Pais 32 são os mais velhos). O que parece-me que poderá ser uma vantagem para nós no decorrer da época.
A nível de previsões, continuamos a estar atrás do Porto. O Porto trocou o guarda-redes suplente, o principal pivot e dois laterais. Substituir Alexis Borges será sempre difícil e talvez estejam piores nessa posição. Mas para as laterais arranjaram Ivan Sliskovic, um internacional croata, e Diogo Silva, uma das maiores promessas do Andebol Mundial. Parecem-me muito mais fortes aqui. Além de terem já juntado Martim Costa, um jovem de 17 anos que no ano passado já era dos melhores marcadores da Liga. Continuam a ser os grandes favoritos ao título.
O Sporting trocou Carlos Carneiro por Nuno Roque, perdeu dois pontas estrangeiros e só foi buscar Darko Djukic (ponta internacional sérvio), perdeu Luís Frade para o Barcelona e arranjou um internacional ucraniano de 33 anos para o substituir e dos seis laterais que tinha, só ficaram dois, tendo contratado Jens Schongarth, um alemão gigante, e recuperado Salvador Salvador, um jovem muito talentoso. Parece-me que a equipa perdeu alguma qualidade. É uma equipa mais velha, com nove jogadores com 30 anos ou mais. Muito dependente de Carlos Ruesga. Mas que no entanto tem muita altura e muito peso na primeira linha. Parecem-me perfeitamente ao nosso alcance caso os nossos reforços confirmem as nossas expectativas. No entanto a diferença de alturas e de peso poderá pesar.
O nosso plantel foi construído para lutar por um segundo lugar. Acho que temos hipóteses. Mas não é certinho. Não consigo dizer já que somos favoritos ou não, sem ver os jogadores primeiro em acção. É uma equipa que quero muito ver jogar para ver se é desta que o ano zero resulta ou não. Além de que o projecto para já parece ser muito interessante."