sábado, 6 de junho de 2020

O Benfica está doente

"Depois de 3 meses com a humanidade doente, é o Benfica que regressou também ele doente. E é importante começar pelo sintoma mais grave: inqualificável as pedradas ao autocarro e os grafittis nas casas dos jogadores. Isto ultrapassa tudo o que é desporto, tudo o que é futebol e entramos no mundo do crime. Pouco me interessa se foram Benfiquistas ou não e nada me espanta se foram mesmo adeptos do meu clube. Gente burra há em todo o lado, que ainda por cima não entende que isto só afasta ainda mais o clube do sucesso, como se viu no caso do Sporting. Numa altura em que as liberdades e direitos dos adeptos de futebol se preparam para ser atacados com o inenarrável projecto do "cartão de adepto", um conceito que marginaliza e discrimina logo à partida o adepto ainda antes de cometer qualquer crime e que tem sido cancelado e fracassado nos poucos países europeus em que foi tentada a sua implementação, este tipo de episódios só vem prejudicar a defesa de quem quer apenas ver o futebol de pé, com uma bandeira na mão e apoio vocal ao clube do seu coração. É a maioria a pagar pela minoria.
Em comparação a esta violência, tudo parece irrelevante, mas a semana do Benfica já tinha começado mal com a entrevista do presidente ao canal do clube. Uma entrevista que supostamente seria sobre o regresso da competição e para que fosse explicado aos sócios como o clube estava a enfrentar a paragem e este novo "mundo-covid" e afinal tornou-se numa propaganda pré-eleitoral ao presidente em exercício. Qual a relevância de estar a comparar os 17 anos antes de Vieira e os 17 anos com Vieira? Ainda por cima com números errados (referia a conquista de 5 Taças de Portugal, quando foram apenas 3, por exemplo). Porque é que este presidente insiste em se comparar sempre com o pior período do clube e não com o resto da sua História? Sempre com a conversa das "pedras da calçada"...se os sócios bebessem um shot de cada vez que ele usa esse tipo de termos, acabávamos todos embriagados. E a mim custa-me que um presidente do Benfica, do maior clube português, que tem o dobro dos adeptos dos outros e por obrigação o dobro das receitas dos outros, ache que seja motivo de regozijo vencer 7 campeonatos e 3 Taças de Portugal em 17 anos. Ficou também mal explicado porque um clube aparentemente tão sólido financeiramente continua com tantas dificuldades para se sobrepôr a um rival subjugado ao fair-play financeiro da UEFA. E a nota final: fiquei com a clara sensação que Vieira vai fugir mais uma vez ao debate com os seus opositores. O que é profundamente lamentável, tendo em conta a tradição democrática do clube que preside. Até Vale e Azevedo debateu com Manuel Vilarinho...
Mas avancemos para o 2º ato da triste peça: o jogo de futebol realizado num Estádio da Luz vazio. E o que assistimos a todos pela televisão foi a continuação da pobreza franciscana que já se prolongava nos meses de Fevereiro e Março. Uma equipa desorientada, sem um único jogador de classe superior (saudades de um Jonas ou de um Gaitán) que, tendo a bola durante 90% do tempo, pouco soube fazer com ela, criando a maioria das poucas ocasiões de golo através de cantos. É-me difícil entender a falta de garra e aparente motivação em jogadores que receberam o ordenado por inteiro nestes meses de futebol parado e que tinham visto o seu rival a perder na noite anterior. E a longa paragem não é desculpa, porque o Tondela também esteve parado. E, olhando para os jogos do campeonato alemão, lá continua-se a voar em campo. Quanto a Bruno Lage, continua a desiludir profundamente. Um treinador que nas substituições já só tem como solução apenas meter mais e mais avançados para dentro de campo, na esperança que um deles marque golo é alguém que não sabe o que mais fazer. E assim vamos, com 1 vitória nos últimos 9 jogos...
O Benfica está doente e as perspectivas não são animadoras. Temos que nos agarrar ao facto de faltarem 9 jogos e ainda ser possível ser campeão (e fazer a dobradinha), até porque o rival também não está muito melhor. Quanto ao resto, que se encontre e puna os criminosos, que os jogadores e treinador entendam que os verdadeiros Benfiquistas os podem e devem criticar, porque num clube grande assim se exige, mas nunca os irão agredir e quanto à presidência, fico à espera de um Dom Sebastião que não aparece. Alguém que mostre ser uma alternativa viável ao rumo seguido por Luís Filipe Vieira e que, na minha humilde opinião, Rui Gomes da Silva e Bruno Costa Carvalho não o são. Ou então, na previsível continuidade da actual gerência, que esta entenda, por tudo o que é sagrado, que gere um clube desportivo que tem como único objectivo: vencer títulos!! Betão, formação, projectos, negócios, vendas, marketing, etc. de nada servem se no final não temos o capitão do Benfica a levantar a Taça. De preferência num estádio cheio."

1 comentário:

  1. Só nos faltava mais uma cartilha preparada com tempo que o confinamento deu tempo para tudo. E logo no Zero Zero. Porque não no Porto Canal ou no MaisFutebol?

    Agora cartilha é "o Benfica está doente", o "Lage já não presta", "a entrevista lamentável de LFV", o "atentado" contra a equipa, com assinatura e tudo, para que não hajam dúvidas sobre quem foram os meliantes.

    A história dos atentados à pedrada é típico de um país de baixa tecnologia, há uma longa história de "atentados à pedrada" que convém recordar. Com pedras, sacos de pedras, mas também com bolas de golfe e isqueiros. Tudo baixa tecnologia.

    Assim de repente, lembro que o Papa mal entrou no Porto em 1982, logo a 28 de Agosto de 1983, num FCP-Sporting, o Autocarro do Sporting foi apedrejado.

 Melhor começar cedo antes que se faça tarde. Terão sido os NN?

    E o Bruno Simões apedrejado, também na auto estrada, sentado descansadamente dentro do autocarro, uma pontaria de fazer inveja aos campeões do tiro ao alvo. Já serão muitos anos a virar frangos, com certeza.

    "O Benfica está doente e as perspectivas não são animadoras", diz este "Inglês", provavelmente de Almeirim. Nascido no Porto? Angola?

    Pena não ter escrito o texto em inglês. É que em português deixa poucas dúvidas.

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