"Há três respostas que não tenho no dia em que escrevo a crónica desta semana: a data para o lançamento de uma vacina que nos proteja da covid-19; a chave do próximo sorteio do Euromilhões; o resultado do jogo do Benfica em Vila do Conde. A resolução deste último enigma é aquela que mais me intriga. Não digo que não gostava de desvendar as outras duas questões. Gostava muito. Primeiro, para planear a minha vida e saber quando poderei ir durante dois meses sossegado para uma praia paradisíaca estender a toalha perto de formosas donzelas que estejam a apanhar sol. Depois, para ter dinheiro que me permita fazer a viagem.
No meio destas dúvidas, o desfecho da visita do Benfica ao Estádio dos Arcos é o que maior influência terá no meu dia a dia. Só uma vitória me pode ajudar a fazer finalmente as pazes com o meu estômago. Já lá vão três meses e meio desde a minha última refeição, um cachorro comido à pressa antes de entrar na Luz para o jogo com o Shakhtar. Desde então que a vontade de comer é nula, mas, se ganharmos em Vila do Conde, talvez devore nove ou dez francesinhas. Ser do Benfica é assim. sentimento que interfere directamente com a nossa estabilidade emocional e no relacionamento com os outros.
Eu sinto que simpatizo muito com as pessoas quando o Benfica ganha, especialmente com aqueles 11 indivíduos que vão para dentro de campo decidir se o meu jantar vai ser um bom bife ou se vou para a cama ter insónias de barriga vazia. Amigos, tratem lá de voltar ao normal, porque fui visitar a minha avó pela primeira vez desde que começou a pandemia, e ela diz que eu estou muito magrinho."
Pedro Soares, in O Benfica
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