sábado, 16 de maio de 2020

Pandemia vitalícia

"O campeonato deverá ser decidido em campo, as subidas e descidas serão disputadas no relvado. Não pode haver prémios para os truques

Ainda não rola a bola nos relvados, mas já abunda a polémica. O futebol português é incorrigível. Não adianta a Fernando Gomes fazer um esforço de consenso, tentar conciliar interesses e projectar o negócio, porque haverá sempre quem apenas se vê a si mesmo.
Agora entramos no já conhecido jogo de sombras, no qual mesmo quem diz uma coisa e concorda em reuniões decisivas boicota activamente a implementação das suas decisões numa esquizofrenia conhecida e gasta. Ao contrário dos que se ofendem com algumas atitudes de vários intervenientes eu aprecio que estas épocas possam também revelar o carácter dos protagonistas. A crise sanitária é uma preocupação passageira, a falta de sanidade no nosso futebol arrisca ser uma pandemia vitalícia.
Está decidido, vamos cumprir de forma honesta e honrada. Começa dia 4 de Junho, quem não quiser cumprir terá que ser excluído. O campeonato deverá ser decidido em campo, as subidas e descidas serão disputadas no relvado, os lugares europeus têm que ser merecidos, não pode haver lugar para os craques dos esquemas, nem salvo conduto aos especialistas dos ardis.
Esta semana, dia 13, o Benfica festejou o aniversário do tetra. Foi interessante ver Jonas, Salvio e Luisão a conversarem em Luís Filipe Vieira sobre detalhes que não sabíamos, curiosidades que não eram públicas, sem filtros nem receios.
Na falta de desporto é bom ver desportivismo.
Com a falta de oferta e com alguma preguiça, dei comigo esta semana a ver no Canal 11 a repetição da final do Euro-2016 contra a França, e na BTV o jogo com da meia-final contra o Fernerbahçe que carimbou a nossa final da Liga Europa em Amesterdão. Dois jogos com uma intensidade competitiva, com uma incerteza e emotividade únicas. Duas maravilha aos meus olhos de adepto, dois exemplos da razão de gostar tanto do jogo. Por isso Óscar Cardozo e Éder fazem parte do meu imaginário até ao fim dos meus dias. Confesso que até nas repetições e sabendo o desfecho dei comigo algo nervoso.
Será racional? Claro que não, mas também não é racional esta paixão pelo jogo e pelos nossos emblemas, pelas nossas tribos.
Não é racional porque é extraordinário. E eu gosto de gostar assim porque a razão não é racional."

Sílvio Cervan, in A Bola

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