quarta-feira, 25 de março de 2020

TSDT ou a arte de brilhar atrás da cortina: uma homenagem a um leque de homens e mulheres de excepção que não têm o reconhecimento devido

"TSDT ou a arte de brilhar atrás da cortina.
Hoje não vou escrever sobre futebol nem contar-vos histórias mirabolantes dos meus tempos de árbitro. Tudo isso tem importância, mas cabe dentro das coisas menos importantes. 
Hoje quero falar-vos sobre um assunto relacionado com o vírus que tanto nos perturba. O mesmo que, por estes dias, mudou o nosso quotidiano e posicionamento perante a vida.
Quero apresentar-vos um leque de homens e mulheres de excepção. Um conjunto alargado de profissionais valiosos, que não têm o reconhecimento que deviam e mereciam.
Refiro-me aos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica.
Os TSDT, como agora são conhecidos, fazem parte de uma carreira que agrega dezessete profissões relacionadas com a nossa saúde, com a área médica.
Mas já lá vamos.
Como sabem, por estes dias, vivemos uma nova realidade. Uma realidade que desconhecíamos e que, garantidamente, não prevíamos. Uma que nos deixa abatidos, receosos e vulneráveis.
A sensação que dá é que nos perdemos no tempo e no espaço. Assim, do nada. De repente.
Fomos surpreendidos por uma variável que não controlamos, por uma força maior que nos obriga a pensar fora da caixa, que nos obriga a priorizar. A priorizar o que é mais estruturante e impactante nas nossas vidas: a vida em si.
No meio deste turbilhão de emoções, mora uma verdade absoluta: a de que cada um de nós valoriza agora e mais do que nunca, o esforço, compromisso e dedicação de todos os "profissionais de saúde". 
Quando pensamos neles - nesses novos super-heróis da actualidade - vêm-nos à cabeça médicos(as) e enfermeiros(as).
Fazemo-lo, quase instintivamente, por sabermos que são esses que estão na linha da frente deste combate injusto. Fazemo-lo quase convencidos que começa e termina neles todo o apoio e ajuda que precisamos para salvar o mais precioso dos bens: o da vida.
Essa presunção, justíssima e merecida, é verdadeira mas não totalmente verdadeira.
Não há a mínima dúvida que a nossa dívida de gratidão para com eles jamais será paga, mas a verdade é que - para além, atrás ou ao lado de cada um deles -, há outros profissionais de coração enorme que, de forma directa ou indirecta, têm idêntico valor. Também se sacrificam, também se expõem e também correm riscos para o mesmíssimo fim.
Estou a falar dos tais TSDT, nomeadamente dos Técnicos de Análises Clínicas e de Saúde Pública e dos Técnicos de Anatomia Patológica, Citológica e Tanatológica, que se expõem agora a esta pandemia, realizando, a toda a hora, rastreios e diagnósticos laboratoriais; estou a falar dos Técnicos de Radiologia, responsáveis pela realização de milhares de exames (RX e CT, entre outros) que contribuem para o diagnóstico e avaliação da extensão da doença; estou a falar dos Técnicos de Saúde Ambiental, que actuam ao nível epidemiológico, sendo responsáveis pela elaboração de planos de limpeza, desinfeção e descontaminação dos espaços utilizados; estou também a falar dos "Fisioterapeutas", em particular daqueles que, nesta fase, estão adstritos aos Cuidados Intensivos, onde têm a responsabilidade de optimizar a oxigenação e ventilação de doentes com Covid-19.
Estas são funções fundamentais no nosso sistema de saúde e essenciais no ataque cerrado a este novo coronavírus.
Funções ocupadas por pessoas credenciadas e de alma pura, que trabalham horas a fio para garantir a melhor resposta a quem esteja (potencialmente) infectado.
Convém recordar que, para além desses, há outros TSDTs, profissionais de mão cheia, que continuam a trabalhar, a assegurar o tratamento de pacientes com patologias distintas, que precisam de exames, tratamentos e cuidados médicos. É o caso dos Técnicos de Medicina Nuclear e dos de Neurofisiologia de Farmácia e também dos de Prótese Dentária, de Cardiopneumologia e de Radioterapia. É ainda o caso dos Ortoptistas, Terapeutas da Fala, Terapeutas Ocupacionais e Audiologistas, entre outros.
Aos olhos de grande parte da imprensa, esses não são os "Bravos do Pelotão", mas acreditem... também o são.
Não há piloto que vença sem um mecânico de topo na retaguarda. Não há médico que brilhe sem uma equipa fantástica que lhe proporcione, com a mesma entrega e riscos, tudo o que ele precisa para fazer bem o seu trabalho.
Uma vida é sempre salva por muitas vidas.
Da minha parte, é muito simples: um abraço enorme a esses grandes profissionais, que tão bem trabalham na sombra para que a luz chegue a cada um de nós.
Chapeau."

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