"No Outono de 1963, o Benfica quebrou um mito em Inglaterra e fez-se uma lenda... E foi em tudo parecido com São Jorge
Em 12 de Novembro, depois de muitos dias de chuva intensa, a noite estava clara. Os termómetros registavam 4.º C quando o Benfica defrontou o Stoke City FC no seu estádio, o Vitória Ground. Mesmo assim, os 35 mil lugares estavam esgotados horas antes da partida começar. Todos os jornais sublinharam que 'nunca em Stoke uma equipa estrangeira triunfara'.
Comandados pelo húngaro Lajos Czeizler, no plantel benfiquista destacavam-se Coluna como capitão e Costa Pereira na baliza, que se apresentou em jogo com calças de treino devido ao frio, provocando admiração. Também lá estavam José Augusto, Eusébio e Simões. Este último arrancou 'Ohs!' ao público, com as suas 'fintas estonteantes, variadas e extraordinariamente cerebrais'. Eusébio pouco pôde fazer ao longo de toda a partida, dado que foi constantemente marcado de 'forma eficiente' por Kinnel, que fora contratado horas antes pelo Stoke City.
Do lado oposto, Stanley Matthews causava espanto aos portugueses! À data, contava com 48 anos de idade, vindo depois a ser o único jogador de futebol que exerceu profissionalmente depois dos 50 anos. Os assistentes impressionaram-se com Cruz, de 23 anos, que driblava com o veterano, e 'com lisura e rapidez dominou o despique'!
José Augusto foi o único a marcar na partida. O ambiente foi dominado por um extremo fair-play, ao ponto de os próprios ingleses terem aplaudido o extremo benfiquista aquando do golo. No final da partida, Cruz, considerado por alguns como 'a primeira figura benfiquista' da partida, ofereceu a bola do jogo ao árbitro. Com a vitória do Benfica por uma bola a zero, estava quebrado o mito em Stoke City!
Os media ingleses esperavam uma grande exibição futebolística. Foram apanhados por uma derrota perante a 'exibição «económica»' do Benfica, o que os deixou indignados. Esta 'economia' física foi motivada pelas viagens e múltiplos jogos, e reflectiu-se no jogo frente ao Sunderland FC, dois dias depois, quando o Benfica 'disputava o seu quinto desafio, no espaço de 12 dias'.
Em Stoke-on-Trent, ofereceram ao Benfica esta peça em porcelana pintada à mão, produção da cerâmica Royal Duolton, hoje bicentenária, representando São Jorge, o santo padroeiro de Inglaterra, montando a cavalo.
Na tarde do dia 15, a equipa que, nessa época, conquistaria o Campeonato Nacional, a Taça de Ouro da Imprensa ao Sporting CP por 5-0 e a Taça de Portugal ao FC Porto por 6-2 aterrou em Lisboa, saudada por São Jorge do alto do castelo.
Pode saber mais sobre outras ofertas ao Benfica, noutras digressões na área 26 - Benfica Universal do Museu Benfica - Cosme Damião."
Pedro S. Amorim, in O Benfica
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