"Somos, como Bruno Lage lembrava no discurso que fez na Gala Cosme Damião, um clube onde até o assobio é importante e genuíno
Festejar 116 anos de história, num misto de sentimentos, fez da Gala de quarta-feira um acontecimento estranho e especial.
A alegria de um campeonato histórico, de umas contas únicas e invejáveis, de um ecletismo vitorioso e imparável pode ser ensombrada por um empate em casa com o Moreirense?
Pode, porque somos o Benfica, onde tudo tem uma importância extrema única. Pode, porque estamos numa situação onde a vitória é banal e o desaire é trágico. Pode, porque somos, como Bruno Lage lembrava no discurso, um clube onde até o assobio é importante e genuíno. Registo as fantásticas declarações de Samaris, minutos depois do final do jogo de segunda-feira, pela sua autenticidade e capacidade de ler o clube onde está: «Não foi um empate foi uma derrota».
Ao contrário de cartilhas sem alma, de funcionários sem noção ou de adversários sem escrúpulos, Andrea Samaris mostrou que sabe e sente o que é o Benfica e só assim se poderá rumar ao êxito, de preferência já amanhã, frente ao Vitória de Setúbal.
Para quem como nós, tem na ideia de Cosme Damião (e 16 amigos) a mais bonita história dos últimos 120 anos, sabe que quando Samaris falou sem relativizar o sucedido, falou um profissional comprometido e falou um Benfiquista dos autênticos.
Será desse profissionalismo e dessa autenticidade que se deverá fazer o futuro do nosso Benfica.
Eu quero o Pizzi a chorar por falhar um penálti, eu preciso de uma equipa obcecada com o jogo de Setúbal como se não houvesse amanhã. Desta Gala terei, pela minha parcialidade conhecida, de salientar a justiça do prémio para o voleibol do Benfica, entregue nas mãos do Hugo Gaspar (ganharam tudo na última época).
A Mariza cantava na Gala, e eu conseguia ler profecias nas suas melodias.
As coisas vulgares que há na vida, não deixam saudades, há gente que fica na história, na história da gente e percebemos o que está para acontecer quando nos (en)cantou com herdar a sorte...
Amanhã, na baliza do Vitória de Setúbal, estará honesto profissional, que com verdade nos transmitiu sentimento que sabemos ser frequente: o ódio ao Benfica.
Quer roubar pontos ao Benfica e depois pode perder os jogos todos. Essa é dura realidade, há o Benfica e a pequenez alheia do azedume, do ódio e da inveja. O nosso campeonato tem mais jogos que o de alguns adversários.
Sabemos isso e os vários relatórios e contas mostram os vários futuros possíveis."
Sílvio Cervan, in O Benfica
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