sexta-feira, 20 de março de 2020

Reaprender

"Há três ou quadro semanas quem poderia imaginar?... A força do destino impôs a sua regra implacável. Sem lançar aviso. Apenas determinou que subitamente todos nos vergássemos à dureza de uma realidade, cujo desenho ninguém conhecia ou experimentara nos nossos dias.
É verdade que a grande História regista dramaticamente cravadas para sempre, indeléveis marcas de poderosas vagas de doenças que, de tempos a tempos, foram varrendo o mundo inteiro, com impressionantes estórias de horror e dramatismo colectivos a fustigar a vida do homem comum e, ciclicamente, a retardarem o crescimento da Humanidade.
Não esqueçamos que a peste, a doença, a pandemia, a par da guerra, da fome e da morte, representa um dos quatro terríveis cavaleiros do apocalipse da profecia bíblica, que a memória dos homens assumiu como mito universal, reinventado nos séculos que sucederam aos séculos.
Hoje, portanto, voltamos de repente a estar directamente confrontados com o próprio mito... O que, no tempo e no espaço, parecia remoto e distante, afinal, revela-se insidiosamente entre nós. No seio de todos nós. Surpreendeu-me pela rapidez com que nos atingiu tão ferozmente; e, se cada um de nós deixar, aparentemente, também terá chegado para nos desmoralizar, ao escancarar o que seriam (desconhecidas) fragilidades e incapacidades nossas que, na vertigem da vida saudável, porventura despreocupadamente deixáramos adormecer.
Como vamos ficar? Como iremos continuar?
Como conseguiremos superar as dificuldades?
Teremos de reinventar os nossos modos de viver, naturalmente. Teremos de saber escolher as melhores opções e apelar às formas mais profundas daquilo que nos é mais essencial. E, neste momento, o que talvez haja de mais importante seja reaprendermos a conviver melhor uns com os outros, na circunstância que todos partilhamos.
Lembremo-nos de que todos os momentos de dificuldade sempre constituem as melhores oportunidades de superação: o próprio Benfica, a História do nosso Glorioso, nos legou essa sabedoria e essa experiência. E, agora mesmo, a palavra do Presidente Luís Filipe Vieira foi, logo no primeiro momento, uma verdadeira lição, muito firme e oportuna:
'- É a nossa própria sobrevivência que está em causa. E todos nós, sem excepção, estamos na linha da frente desta batalha (...). A forma como, em conjunto, actuarmos para superarmos este momento será sempre o melhor dos títulos para todos nós. E, nesta batalha, somos todos do mesmo clube!'"

José Nuno Martins, in O Benfica

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