"As regras da "porrada" ditam que não se bate num homem quando ele está no chão. Obviamente que estas deixam de ter aplicabilidade se o saco de pancada não levanta o coiro do asfalto. Existe um período de carência e respeito em que os golpes merecidos não são desferidos, mas "o que é merecido é devido". Atinge-se assim o ponto em que o estatelado pode escolher entre ser espancado na horizontal ou na vertical. Não pode é julgar que nunca as vai levar se fingir de morto. Temos portanto, que há sopapos escritos que vão ficando engavetados à espera de melhor forma física do receptor, mas que têm que ser enfeixados mesmo que não haja recuperação visível do outro, sem que isso seja visto como aproveitamento do agressor.
O meu processo de escrita é caótico. Tenho coisas que descarrego aqui de sopetão quando me "dá uma luz". Outras que vou amadurecendo o tema até encontrar forma de sobre ele dissertar um mínimo de 3 parágrafos. Há também aqueles assuntos que deixo guardados em tópicos para posterior desenvolvimento, quando sentir que o momento é apropriado. O que pretendo escrever sobre Bruno Lage seguiu este último modelo de espalhamento de palavras. Desde o final do Shakthar Donetsk - SL Benfica que lhe queria dirigir meia dúzia de frases, mas por uma questão de respeito, queria proceder a tal após uma boa sequência de resultados. À falta deles, tem que ser assim.
A minha (e penso que a da maioria dos adeptos) relação com treinadores e jogadores do Benfica é flutuante. Nas palavras de Pimenta Machado "no futebol, o que hoje é verdade amanhã é mentira". Tão depressa são heróis como vilões. Nem todos atingem o estatuto de Derlei e Paulo Pereira que odiei do início ao fim, ou de Preud'homme e Jonas que amei do primeiro ao último segundo. E se no caso dos jogadores a flutuabilidade de opinião é grande, nos treinadores assume níveis críticos, consoante os resultados e/ou a postura.
No campo dos meus ódios de estimação em termos de treinadores, destaco sempre o Fernando Santos. Entrou no SL Benfica com um enorme ponto de interrogação em cima por ter sido um desastre no FCP e no SCP, tornou-se aceitável depois de ter estabilizado o losango que muitos pontos e golos sofridos nos custou, para acabar por se estatelar definitivamente no imenso e frio Olímpico de Montjuic, onde após sofrer pela sexta vez 3 golos num jogo, viu a equipa recuperar para 2-3 em apenas 2 minutos... mandou segurar a derrota pela margem mínima, contra um adversário já ligado às máquinas.
Bruno Lage afundou-se na minha consideração e não foi pelos resultados menos conseguidos no último mês (recordo que isto está em banho maria desde Kharkiv). A desvalorização do jogo no Dragão antes, durante e pós jogo foi a primeira estocada. A entrada de Samaris nos descontos ucranianos com o Benfica em busca do empate, depois de 75 minutos caguinchas de jogo, foi a segunda e mais violenta. Não foi fatal porque respeito o crédito que conquistou no Glorioso. Temo é que vendo os últimos jogos em perspectiva, no balneário já o tenha esgotado."
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