"Um testemunho de dedicação da massa associativa, que foi depositado no 3.º anel do antigo Estádio da Luz
Primeiro foi inaugurado o Estádio da Luz, a 1 de Dezembro de 1954. Quatro anos depois, foi dada justiça ao nome pelo qual era conhecido, e foram inauguradas as torres de iluminação. E ainda em 1958, 'continuando a perseguir com tenacidade o objectivo do apetrechamento de instalações desportivas em harmonia com a sua extraordinária vitalidade', deu-se início à obra da primeira fase do 3.º anel, que permitiria aumentar a lotação do estádio e onde, no seu interior, seriam criadas instalações desportivas para as modalidades.
Seriam mais 'uns meses de luta insana', novamente com o apoio da massa associativa que, 'sem alardes, sem propaganda, sem vaidade - quantas vezes anonimamente - labutam hora a hora pelo seu Benfica, dedicadamente, sem outra recompensa do que a de trabalhar para um ideal comum'.
Conduzindo uma escavadora nos terrenos onde seria erguida a nova bancada, o eng.º Maurício Vieira de Brito iniciou simbolicamente a primeira fase das obras, no grande festival nocturno, a 23 de Agosto. Ao descer da escavadora, o Presidente foi abraçado pelos seus colegas da Direcção e da Comissão Central, sob fortes aplausos do público, que se repetiram após o seu emotivo discurso.
Quando os aplausos se acalmaram, foi colocado à disposição dos benfiquistas o Pergaminho de Honra, para estes assinarem. O Pergaminho de Honra foi uma das campanhas mais memoráveis de angariação de fundos pró-Estado, sendo um documento onde os associados do Benfica inscreviam 'para sempre os seus nomes nesta obra monumental', e que seria depositado nos alicerces do 3.º anel.
Milhares de benfiquistas assinaram nesse dia, porém, houve outros tantos que não o conseguiram como era sua vontade, devido ao adiantado da hora ou por se encontrarem fora de Lisboa. Perante inúmeros pedidos para não se encerrar ainda o Pergaminho de Honra, a Comissão Central conservou o documento, permitindo que os associados fossem inscrevendo os seus nomes. Este precioso 'testemunho mudo, mas eloquente, do nosso grande amor ao Benfica, da vontade indómita dos associados' foi encerrado no 3.º anel a 11 de Julho de 1959, numa cerimónia simbólica de inauguração da terceira e última fase das obras. 'Por isso, quando o eng. Maurício Vieira de Brito depositou sob a terra o pergaminho que assinalava o grande momento, o estourar dos morteiros levaram pelos céus de Lisboa a notícia tão grata aos corações benfiquistas'.
Pode ficar a saber mais sobre o antigo Estádio da Luz e apoio da massa associativa na área 17 - Chão Sagrado do Museu Benfica - Cosme Damião."
Lídia Jorge, in O Benfica
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