sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Liga Europa vai falar português
"Excelente semana para o futebol português, com quatro vitórias em cinco jogos, quatro equipas qualificadas para a fase a eliminar da Liga Europa (e a que não se apurou não deixou de dar excelente conta do recado...) e os adversários russos varridos do mapa. Na próxima temporada, o segundo classificado da nossa primeira Liga deixará de ser o primeiro dos últimos, passando a ter direito a participar na festança dos milhões da Champions, uma boa forma de libertar alguma da pressão que diminui e inquina o nosso campeonato.
Esta jornada europeia serviu ainda para confirmar algumas impressões que andavam no ar:
a) O melhor Benfica teria tido muitas possibilidades de furar a ditadura dos big five, que vão reinar sem contestação nos oitavos de final da Liga dos Campeões.
b) O FC Porto vive no fio da navalha e à beira de um ataque de nervos, situação de que necessita libertar-se se quiser encarar com ambição o resto da época. Assim, será difícil...
c) O Sporting não tem plantel para grandes rotações e se alguém tinha dúvidas disso tê-las-á dissipado com a prestação em Linz. E mais: há jogadores cuja saída (tendo em conta o mercado de Janeiro) pode comprometer, pura e simplesmente, a época.
d) Confirma-se a bipolaridade do SC Braga de Ricardo Sá Pinto, que tanto ganha com a maior naturalidade em Wolverhampton como perde nas Aves.
e) O Vitória Sport Clube merecia mais do que a classificação do Grupo F da Liga Europa indicou. Despedida em grande em Frankfurt, depois de ter passeado classe, há umas semanas, no Emirates Stadium, em Londres."
José Manuel Delgado, in A Bola
Melhorar internamente
"Ignorar as evidências não ajuda nada a resolver o problema. Pelo contrário, significa empurrá-lo para debaixo do tapete. Portugal vive momento fantástico no futebol, seja em que modalidade for. Somos campeões europeus e mundiais, jogamos finais de seniores e de escalões de formação, temos jogadores e treinadores de top mundial, passámos a ser exemplo no mundo. A qualidade das nossas equipas de futebol, futsal e futebol de praia é reconhecida lá fora.
Quem lê o parágrafo anterior, ou quem não vive a realidade diária das nossas competições, pode ser levado a pensar que nada mais se pode fazer, ou que estamos perto de atingir o máximo das nossas capacidades. Nada mais errado. Estamos muito longe desse ponto, a começar pelas nossas competições internas. Precisamos de uma visão estrutural, que a federação tem tentado construir, sem que todos percebam a necessidade de unidade na reforma do sistema. As alterações, em qualquer das competições, amadoras ou profissionais, devem resultar em favor do equilíbrio dessa mesma prova. O mais importante que existe no jogo, pelo menos para mim, são os jogadores. As competições devem ser ferramentas para criar condições de desenvolvimento dos praticantes. Claro que quanto mais elevado é o nível de participação, mais são os parâmetros envolvidos para o sucesso do produto final.
Se temos capacidade e potencial, faz sentido criar condições para o desenvolvimento dos nossos jogadores. A começar pelos requisitos de participação. Devemos ser inclusivos, o que não significa não ser exigente. Óbvio que com bom senso, em virtude até das deficientes condições para a prática em centenas de instituições desportivas. Temos falta de espaços para treinar e jogar. Precisamos que todos sejam mais solidários e percebam que o sucesso se faz com o equilíbrio das diversas competições. O nível da competição interna reflecte-se no sucesso externo e nacional."
José Couceiro, in A Bola
Franco Cervi: Quem espera sempre alcança
"Franco Emanuel Cervi chegou ao Benfica no verão de 2016, proveniente do CA Rosário Central, por uma verba a rondar os 5,70 milhões de euros.
A vida do internacional albiceleste ao longo destes quatro anos de águia ao peito tem sido uma autêntica montanha russa, repleta de altos e baixos, sendo que a única constante tem sido a atitude irrepreensível que demonstra sempre que entra em campo.
Primeiros passos
A época de estreia de Cervi no futebol europeu não podia ter corrido melhor: dono e senhor da ala esquerda das “águias”, o argentino conquistou a Supertaça, sagrou-se campeão nacional, venceu a Taça de Portugal e foi um dos protagonistas da campanha europeia dos encarnados, que terminou nos oitavos de final da UEFA Champions League, aos pés do Borussia Dortmund.
O argentino foi um dos principais obreiros do 36º campeonato do clube da Luz, sendo a parceria que fez com Alejandro Grimaldo uma das mais temidas no futebol português.
Apagão
No entanto, a época seguinte foi um retrocesso em relação à anterior. Apesar de ter começado a temporada com a conquista de mais uma Supertaça, a época viria a tornar-se numa autêntica desilusão, com os encarnados a somarem zero pontos na fase de grupos da Champions League e a perderem o campeonato para os eternos rivais do norte.
Aliado a este insucesso colectivo, Cervi foi perdendo influência no plano de jogo das “águias”. Apesar de ter obtido bons números individuais – apontou quatro golos e somou dez assistências -, as exibições não enchiam as exigências das bancadas da Luz, sendo que a época seguinte não se adivinhava fácil para o argentino.
De facto, a época 2018/19 confirmou o que já há algum tempo se adivinhava: Rafa Silva assumia a titularidade da ala esquerda encarnada, sendo que Cervi passava agora um período de maior dificuldade em afirmar-se como opção válida para o ataque. Porém, as coisas iriam mudar.
Novo fôlego
24 de Outubro de 2019, o dia em que Franco Cervi ganhou um novo fôlego. Jogava-se o SL Benfica – Olympique Lyonnais, jogo da terceira jornada da fase de grupos da UEFA Champions League, quando Rafa Silva sofreu uma desinserção do tendão médio adutor à esquerda, lesão que afasta o português dos relvados até 2020.
Contudo, o azar de uns é a sorte de outros, e Cervi parece estar a atestar a veracidade desta velha máxima. O argentino tem aproveitado ao máximo a ausência de Rafa, protagonizando boas exibições – e até alguns golos – nas últimas partidas.
Cervi não tem a mesma capacidade técnica que Rafa, nem a mesma qualidade de passe, de decisão e, porventura, de finalização. Não obstante, compensa essas lacunas com uma capacidade de entrega e de sacrifício em prol do colectivo absolutamente notáveis. A sua entrada no onze veio estabilizar a equipa em termos defensivos, com o argentino a compensar as lacunas que são reconhecidas a Grimaldo nesse momento do jogo.
Apesar de não ser um jogador adorado por todos no universo encarnado, Franco Cervi tem justificado a aposta de Bruno Lage e, neste momento, voltou a ser um dos indiscutíveis na manobra das “águias”."
Campeonato. O dragão que espuma e a águia do sorriso amarelo...
"Os nervos explodem por entre os portistas à mais pequena contrariedade. Têm o fim de semana para descansar.
O dragão espuma, pelos vistos de raiva. Incapaz de botar fogo no Estádio Nacional, contra o Belenenses, o mal-estar rebentou e voltaram os tiques de um mau perder que se tornou uma doutrina desde os tempos em que José Maria Pedroto e o seu grande discípulo, sua eternidade o presidente do FC Porto, tomaram as rédeas do clube. Ninguém se surpreende. Ninguém parece sequer prestar atenção às diatribes que se desenvolvem na escuridão dos túneis, geralmente os locais escolhidos para que o civismo e a educação sejam brutalmente atropelados pela filosofia degradante da ameaça e da violência física. Ano após ano após ano, o filme repete-se. Desgasta os espectadores e destrói os protagonistas. Os opinadores, na sua maioria, calam-se. Não é conveniente acicatar a fúria. Há que esperar que ela passe. Ou que se dilua na alegria da próxima vitória.
Regressando ao campeonato na próxima segunda-feira, pelas 20h15, os portistas têm promessa de uma noite sossegada com a visita do Tondela, confortavelmente instalado a meio da tabela e sem preocupações de qualquer espécie. Aliás, ou Paços de Ferreira e Desportivo das Aves acertam com a pedalada dos que os precedem ou não tarda estaremos perante uma prova na qual umas dez equipas jogarão para coisa nenhuma, algo de preocupante para a competitividade que deveria balizar um campeonato. Mais cedo ou mais tarde será necessário concluir que 18 participantes (exactamente porque o grosso dos clubes não faz mais do que apenas participar) é um excesso. Uma gula maior do que a de Pantagruel e Gargântua juntos, convenhamos. E que justifica a forma como os primeiros da classificação se debatem com a impossibilidade de estar entre os 24 melhores da Europa.
Desilusão
Esperemos sentados o dia em que os senhores pomposos desta Liga tristonha decidam perceber o erro que cometem nesta insistência num campeonato pleno de desequilíbrios e entregue a um calendário com muito de absurdo, para não dizer estúpido.
Entretanto, depois do empate do seu único adversário na luta pelo título, a águia tem motivos para sorrir ao receber amanhã, na Luz, um Famalicão que vai de trambolhão em trambolhão, tal como se esperava depois de um início de época formidando. Quatro pontos de avanço à beira do passar do ano é suficientemente aliciante para atrair o público. E a forma categórica como venceu os últimos dois jogos, com a complicada ida ao Bessa (1-4) e a dura recepção ao Zenit de Sampetersburgo (3-0), dá ideia de que o conjunto de Bruno Lage se encontra no melhor momento da temporada.
Não pode deixar, apesar disso, o adepto encarnado de sentir uma certa desilusão. A Liga dos Campeões devia ter sido mais do que uma quimera, ainda que sabendo das dificuldades imensas que a fase eliminatória consigo acarreta. O Benfica, ao fazer três pontos nos primeiros quatro jogos e quatro nos últimos dois, deixou-nos a sensação de que só começou a correr, como a lebre da fábula de Esopo, quando a tartaruga já estava à vista da meta, pronta a ultrapassá-la no seu passo molenga. Não restam dúvidas de que a presença em campo dos jogadores mais batidos, e Pizzi acima de todos eles, a verdadeira mola de percussão do futebol ofensivo encarnado, teria sido fundamental para a obtenção de mais dois ou três pontos, os suficientes para colocar o campeão nacional nos dois primeiros lugares de um grupo que se confirmou equilibrado e que viu o Lyon apurar-se com apenas oito pontos, isto é, um a mais do que Benfica e Zenit. Um sabor a azedo ter-se-á misturado com a doçura advinda da vitória de terça-feira.
Este Benfica, o Benfica de Leipzig, do Bessa e da Luz, não pareceu inferior a nenhum dos seus adversários."
Mais dogmático que pragmático
"Dêem-me mais Famalicão, mais Vitória de Guimarães e mais Rio Ave. Dêem-nos a nós, aos que são felizes durante duas horas perante um rectângulo verde. A Liga portuguesa é pouco apelativa? Verdade, e menos será se não valorizarmos os que procuram fazer diferente e melhor, em particular os que investem no risco e na criatividade. E nos jogadores, que o jogo depende de boas ideias e treino competente mas é jogado por homens, que o determinam no limite. E quem os escolhe melhor, semana a semana, está mais perto de ser feliz.
É por isso que aprecio mais o actual Benfica que o de há um par de meses, porque se reencontrou com o talento. E bem pode ser Carlos Vinicius o rei das manchetes - é mais fácil paginar golos que qualidade de jogo - que o essencial da mudança foi tipo pudim instantâneo: bastou juntar Grimaldo, Taarabt, Chiquinho e Pizzi. Parece outra equipa, com muito mais ligação e menos busca da profundidade inútil. Ao FC Porto tem faltado mais capacidade de criar, criar mesmo, mudar o rumo dos jogos, algo demasiado dependente, por agora, dos dois pés igualmente magníficos de Corona ou do esquerdo de Alex Telles. É preciso mais Nakajima ou Luis Díaz de volta, mais Sérgio Oliveira ou Uribe de volta, para que o jogo ofensivo não fique demasiado preso a lançamentos longos em busca dos avançados potentes ou à comprovada eficácia nas bolas paradas.
É justo reconhecer que Silas conseguiu equilibrar um pouco este Sporting, crónico na instabilidade. Só que o plantel é de qualidade sofrível e apenas com remendos se faz um onze razoável. Tem três estrelas de primeira grandeza - Bruno Fernandes, Vietto e Mathieu - mas não há fitas de qualidade sem actores secundários de bom nível e esses escasseiam. O exemplo do ataque: Luiz Phellype, Bolasie, Jesé, Rafael Camacho, Jovane, Fernando, Plata, qual destes seria titular de um Sporting "a sério"? É isso, talvez nenhum.
Os rivais maiores na luta pelo terceiro lugar moram no Minho e rivalizam. O Sporting de Braga, de Sá Pinto, sobrevivente de lesões e um calendário apertado, foi salvando match points e reergueu-se, mas ainda não encontrou o caminho que o faça ser tão competente quando lhe roubam espaço como quando tem de o aproveitar apenas. A rotatividade foi necessária mas a equipa é sempre melhor quando os Hortas, André e Ricardo, podem ser irmãos também em campo. O Vitória de Guimarães, com o plantel mais amplo e equilibrado em muitos anos, busca ser tão competente como consegue ser sedutor, e o próprio técnico, Ivo Vieira, o admite. Talvez o caminho possa estar em fazer coincidir mais vezes Evangelista e João Carlos Teixeira, e sem deixar cair Al Musrati, já agora, o 6 que tem mais a cara do jogar de Ivo. E haverá sempre Marcus Edwards, um dos achados do ano, que vale sozinho o bilhete de alguns jogos.
Seguem-se o Famalicão, que faz mais sentido elogiar agora. É que perdeu pontos mas não deixou cair a identidade que, acredito, o fará ganhar de novo. Apresenta um plantel jovem mas escolhido num critério em que o talento conta e exibe um jogar de iniciativa que podia ser de equipa grande. Arrisca? Arrisca. Pode ser surpreendido por equipas especialistas em contra-ataque, como o Tondela? Pode. Mas estará mais perto de ganhar na maioria do jogos do que quem especula apenas. E vai em terceiro, a propósito, que os resultados não podem servir apenas para louvar os pragmáticos. E aos da frente já se chegou também o Rio Ave, guiado pelas mãos competentes de Carvalhal, com um meio campo que é mais de jogar que de correr - Felipe Augusto e Tarantini - e se equilibra na cobertura a um ataque de aceleração mas desenhado para ferir com qualidade, sobretudo quando junta Carlos Mané, Nuno Santos e Taremi.
Sou mais dogmático que pragmático quanto ao jogo. Acredito no talento e mais ainda na associação de talentos. Prefiro o Santa Clara com Rashid, Lincoln e Ukra, como gosto tanto mais do Moreirense quanto mais vezes Filipe Soares, Pedro Nuno e Luther Singh se conseguem encontrar no jogo. E os sintomas de retoma em Setúbal não se podem desligar de ver em simultâneo Eber Bessa, Carlinhos, Zequinha e Hildeberto, como os do Belenenses resultam de uma vontade de guardar bola, desde logo nos pés maduros de André Santos, Varela e Licá. Não é a melhor liga do mundo,? Não, nem perto, mas melhora com equipas que assumem iniciativa e acreditam que há vantagem em aumentar o número de criativos em campo. Sou sempre mais de ilusão que de resignação. Quero antes o dogmatismo utópico do belo jogo que o falso pragmatismo da eficácia bafienta.
Nota colectiva:
Real Socidedad - Imanol Alguacil, um desconhecido de 48 anos, tem dirigido em San Sebastián a melhor novidade da Liga espanhola deste ano. Os bascos afirmam-se pela convicção de ter a bola e de a ir tocando, num caos ordenado de mobilidade criativa. Seja em 1.4.3.3 ou num losango alternativo, emerge o talento, a partir dos passes de um central a que vale a pena atentar - Diego Llorente - mas que se sublima nas sociedades estabelecidas entre o esquerdino Oyarzabal (craque já de selecção espanhola), o rápido Portu e esse magnífico Odegaard, que confirma aos 20 anos tudo o que se lhe vaticina desde que o Real Madrid o contratou, ainda adolescente. Não percam de vista esta Real.
Nota individual:
Luís Alberto - sempre me encantaram os médios elegantes e este espanhol da Lazio com nome de ator de novela enfileira com os melhores, na linha de Antognoni, Falcão (o brasileiro) ou Kaká. Vê-lo é apreciar o melhor da qualidade com bola, no modo como a trata com ambos os pés, como decide entre progredir ou passar, assistir ou rematar. Ver Luis Alberto é bonito, sem mais, mas os números também falam, que vai em 2 golos e… 11 assistências. Se Immobile é rei dos goleadores e vive o apogeu de uma carreira muito lhe deve. Com Milinkovic-Savic, Luis Alberto faz a dupla de criativos que vale o terceiro lugar em Itália e umas quantas horas de prazer a quem gosta mesmo deste jogo único."
Pensar em 2024
"A última vez que Portugal colocou quatro equipas nos 16 avos-de-final da Liga Europa foi em 2010/11, temporada histórica que terminou com a final de Dublin entre FC Porto e Sp. Braga (e mais o Benfica nas meias-finais). A história poucas vezes se repete, mas a presença das quatro melhores equipas nacionais na fase a eliminar da segunda competição da UEFA só pode ser motivo de optimismo, até porque três delas terão estatuto de cabeça de série no sorteio e esta edição não está particularmente recheada de tubarões. Pensar em colocar duas equipas na final, ou até uma, não passa nesta altura de um sonho; mas, no mínimo, trata-se de uma boa oportunidade para continuar a crescer no ranking UEFA: a Rússia está definitivamente para trás, mas convém continuar a somar pontos para assegurar que chegamos a 2024 – ano da anunciada mudança de formato na Champions – o mais bem colocados possível.
Conhecidos os 48 clubes que irão continuar na UEFA na segunda metade da época, os números falam por si: das 28 equipas colocadas em prova pelos quatro maiores países (Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália), há 25 que continuam em competição (e, destas, 14 estão na Champions). A Europa está cada vez mais a duas velocidades, também no futebol."
Boas razões para deitar foguetes
"No rescaldo de mais uma semana europeia de futebol há boas razões para festejar. O saldo é francamente positivo e abrange diversas áreas.
Para começar as quatro vitórias registadas por equipas portuguesas nas competições da UEFA: a começar pelo Benfica, que despachou os russos do Zenit, embora sem ter conseguido continuar naquela que é a mais importante competição e, não muito tempo depois, FC Porto, Sporting de Braga e Vitória de Guimarães na antiga Taça UEFA.
Resta o dissabor do Sporting, que não foi capaz de segurar o comando do seu grupo, e produziu mais uma exibição e um resultado que não merecem mais do que um rabisco na página esquerda da sua gloriosa história. O treinador Jorge Silas correu riscos demasiados ao introduzir nove alterações numa equipa já de si depauperada e, ainda por cima, com a justificação de um cansaço que não é fácil perceber “nesta altura do campeonato.”
Grande mérito para os dragões, que concretizaram, com sucesso, o assalto ao primeiro lugar do seu grupo, numa noite electrizante que só foi pena não ter contado com a habitual presença do seu público afecto.
E, do mesmo modo, referência especial para o comportamento do Sporting de Braga, capaz de vencer fora pela segunda vez (já vencera no Wolverhampton) e assim cimentar a qualidade do seu futebol quando jogado no exterior.
E, sem sair do Minho, aplauso especial para o Vitória de Guimarães, não apenas por ter sido capaz de vencer no campo de um alemão poderoso, mas porque, tendo entrado no denominado “grupo da more” deixou, ao longo de seis jogos, uma imagem de qualidade que não vai certamente deixar de ter reflexos no futuro.
Para além de tudo isto, que não é pouco, o brilhante saldo granjeado pelos treinadores portugueses: são nada menos de nove presentes na fase a eliminar das duas competições europeias. José Mourinho é o único a permanecer na Liga dos Campeões mas, para além dele, temos Bruno Lage, Sérgio Conceição, Sá Pinto, Silas, Nuno Espírito Santo, Paulo Fonseca, Pedro Martins e Luís Castro.
Num país que tem cerca de duzentos treinadores e adjuntos a trabalhar espalhados pelos cinco continentes, muitos deles com uma soma considerável de vitórias, há boas razões para festejar os muitos passos em frente que têm sido dados nos últimos anos.
O mesmo pudéssemos nós dizer em relação àquilo que se passa, em vários domínios, a nível interno. Mas essa é outra conversa…"
We wish you a Merry Curling
"Além da tradição desportiva desta época - o «Arremesso de calorias para o bucho» -, é imperativo falar do outro grande desporto da quadra natalícia: o Curling, obviamente.
Portanto, a minha crónica desta semana é uma espécie de «MaisCurling», algo pelo qual o grande público já suspirava - e o pequeno público também -, só que como é mais pequeno os suspiros não se ouvem.
O Curling, para quem não sabe (e devia ter vergonha), é um desporto de inverno que consiste em lançar chaleiras de chá gigantes, contra outras chaleiras de chá gigantes, ao longo de uma pista de gelo com um alvo pintado no final.
Em termos práticos, o Curling é um «Chinquilho on Ice». Não é uma coisa da Disney, é só uma cena dos escandinavos. Claro que podiam jogar à sueca no parque, mas da última vez que o fizeram, o Sven demorou mais de 10 segundos a jogar a manilha e tiveram que o descongelar com um lança-chamas.
Portanto, lá nas Suécias, nas Noruegas, nas Dinamarcas, o que é que eles fazem quando não têm nada para fazer?
«Pessoal, bora brincar às chaleiras de chá gigantes no gelo?» – grita efusivamente o Gustav, ao que os outros respondem «Olha que boa ideia, já estava farto de estar em casa no quentinho a ouvir os ABBA, vamos mas é divertir-nos».
E vão.
Todos contentes lançam chaleiras sob vinte graus negativos. Confirma-se, portanto, que o frio faz mirrar certas partes do corpo, que no caso dos nórdicos é o cérebro.
Mas o que é realmente sui generis no Curling é ter uns tipos com vassouras a varrer o chão à frente das chaleiras, enquanto estas deslizam pelo gelo. E é aqui que se vê a civilidade destes povos do norte da Europa. Eles divertem-se mas limpam a porcaria que fazem.
«Ó Johanssen, toma lá a chaleira e passa aí ao Larsson, mas não te preocupes que o Eriksen é uma fada do lar e já está a limpar o soalho, com especial atenção aos rebordos!».
Isto, meus amigos, é gente com classe. Assim dá gosto ficar sem os dedos das mãos devido à hipotermia.
Fossemos nós portugueses e aquilo seria uma bandalheira, com chaleiras de chá com cheirinho de aguardente, bocados de torrada espalhados pelo gelo, e limpar com a vassoura tá quieto: tuga que é tuga só usa uma vassoura para bater no tecto quando os vizinhos de cima fazem barulho a praticar o amor. Fora isso, a empregada que a use para limpar tudo no final da semana.
Mas não se julgue que tenho algo contra o Curling, que não tenho. Longe de mim fazer pouco de um desporto que traz felicidade a milhares de apreciadores de ice tea por esse mundo fora.
Além disso, o Curling é um desporto olímpico. Tão olímpico que até há atletas que recorrem ao doping para melhorar as suas performances.
(Juro que é verdade.)
Que forma de doping usarão, não faço a mínima ideia. Mas só estou a ver uma possibilidade: em vez de usarem uma vassoura para limpar o gelo, usam um mini-aspirador sem fios. Mas isso sou só eu que não percebo nada de doping. Embora perceba muito de Curling."
Vamos mostrar aos desportistas que não são esquecidos
"Estamos para o desporto como as crianças estão para os brinquedos do Natal! Nesta época natalícia somos sempre bombardeados pelo excesso de publicidade aos brinquedos e consequentemente pela quantidade que oferecemos aos mais pequenos…
Também já fui criança e adorei recebê-los. Entendo e não quero com isto dizer que as prendas não sejam algo positivo para a felicidade dos mais novos mas, talvez sejam demais...
E o que acaba por acontecer? São esquecidos passado pouquíssimo tempo! Verdade?!
Quantos de nós não caímos nela...
O que nos coloca no caminho certo para esta "discussão".
Seremos nós crianças no desporto? Ou crianças nesta sociedade globalizada e ávida de significado? Vemos um resultado desportivo e é maravilhoso até cair no canto mais escuro das lembranças.
Culpa em parte da era da comunicação global... rápida... super rápida... consumidora de informação... nova, verdadeira ou falsa... poluente, às vezes, e diluídora da importância das verdadeiras notícias.
Obviamente, podemos "culpar" o individualismo. Que de bom tem o facto de cada um ser único e cada vez mais bem aceite na sociedade, mas que, por cada um ter interesses específicos, coloca informação excessiva no nosso dia-a-dia. E não é negativo, é apenas o mundo onde vivemos.
Ser atleta é tão mais que um momento, embora seja para ele que trabalhamos!
Infelizmente, o interesse da maioria das pessoas é pouco. É fugaz e é tão alto como baixo…
É uma luta para ser reconhecido e outra luta ainda maior para existir no meio das "toneladas" de informação que todos os dias chegam até nós.
O futebol nisso está melhor... Por muitas razões, sim... mas a envolvência do povo comandará sempre tudo! O povo é que manda!
Sejamos curiosos, interessados e acima de tudo Portugueses… e queiramos dar uma prenda aos atletas neste Natal!
Mais do que algo físico, neste Natal eu sugiro, desafio e peço a todos, de coração, que seja dado a um ou mais atletas, à vossa escolha, pelas redes sociais ou pessoalmente, uma palavra de apoio para o ano que aí vem!
Uma palavra de apreço... uma palavra de solidariedade...
E acreditem que vai ter um impacto enorme se cada um de vós o fizer e pedir aos amigos e colegas para fazer o mesmo.
Vamos mostrar a todos os desportistas que não são esquecidos e que, nesta família que é Portugal, neste Natal nenhum atleta estará só!
Sejamos nós a mudança que queremos ver na sociedade!
Feliz Natal!"
Memória, Desporto e Paisagem
"De que forma fariam a história os jogadores, os treinadores, os árbitros, os técnicos, os médicos, os nutricionistas, os fisioterapeutas, os psicólogos, a assistência, o apanha bolas, o jornalista, o repórter, os agentes dos jogadores e dos treinadores, os corpos policiais, os presidentes dos clubes, os políticos? De que modo se poderiam eventualmente cruzar as perspectivas de ‘uns’ e de ‘outros’ e de ‘todos’ entre si? E com a história dos ‘historiadores’ consoante os problemas, os pontos de partida de ‘uns’ e de ‘outros’? Que história poderia resultar do encontro, do cruzamento entre as perspectivas esboçadas e ‘alcançadas’ pelos próprios historiadores entre si? E dos economistas e os historiadores? Ajustadas ou não, certamente completar-se-iam e enriqueceriam o conhecimento de quantos a esse registo poliédrico tivessem acesso.
Para isso, seria necessário tempo. Um tempo sem pressa, que a sucessão veloz cada vez mais acelerada e compacta dos acontecimentos não permite ao assentar nem de episódios nem de grandes sínteses. Seria necessário ainda a formação de grandes equipas de estudiosos de áreas distintas, estudiosos dedicados e desinteressados de outros objectivos paralelos – carreiras, financiamentos, interesses partidários ou clubísticos, rivalidades, prestígios, poder, qualquer outra forma de ascendente – onde a memória recente e a distante se reconstituíria a partir de entrevistas etnográficas, entrevistas de jornalistas e de repórteres, conferências de imprensa, histórias de vida, as diversas biografias, registos médicos, estudos biomecânicos, fichas de psicólogos e de fisioterapêutas, inovações técnicas e tecnológicas, tipos de treino, análises de jogo, sistemas tácticos, provas diversas, de diferentes equipas, de sponsors distintos e ‘obrigações’ inerentes – como a exibição de sapatilhas, para destaque de uma marca, em vez da bandeira nacional, ou de uma camisola com uma determinada marca bem vísivel no peito, em vez de uma vestimenta formal num encontro promovido pelo responsável máximo da nação. Seria necessária uma vasta equipa de especialistas de áreas distintas o que não se afigura acessível por diversas razões.
Quando vivemos a história de um tempo, de um lugar, de uma instituição ou de um fenómeno social em particular – por exemplo a ginástica sueca, a ginástica artística, a ginástica rítmica desportiva, um desporto qualquer, seja o golfe, a vela, o pentatlo, o tiro, o judo, o ciclismo ou o futebol, o confronto com a história feita pelos historiadores e a história pessoal e colectiva não se ajusta por inteiro e desperta naqueles que a viveram directamente uma impressão de estranheza. Se por um lado a história elaborada pacientemente pelo historiador procura dar coerência aos dados reunidos, por outro, a experiência de quem nela participa no seu quotidiano de décadas parece destacar o que escapou ao trabalho cuidadoso do historiador. Esta situação não pode deixar de nos levar ao questionamento da própria história, do que fica para a consideração do historiador, e daquilo que lhe escapa, aquilo que foi a realidade vivida por quantos participaram nos problemas estudados. Esse espaço entre a experiência dos factos (vivida por uns) e a recolha e tratamento daquilo que fica inscrito em diferentes documentos disponíveis, analisados segundo procedimentos cientificamente conduzidos (operação construída pelo historiador), corresponde ao lugar da vida vivida, dos encontros e desencontros, dos sentimentos, das ideias e das suas diferentes perspectivas, dessa amálgama de aspectos que a vida em comum de certa maneira depura, a vida que pulsa e que se esvai do trabalho do historiador. Na história de um tempo de vinte, trinta, quarenta anos a memória salvaguarda as impressões inscritas que se destacam, as repetições e coincidências são marcadas pela unanimidade, ou quase, e as diferentes narrativas do vivido acabariam por enriquecer a síntese do historiador mais atento, mais voltado para a sensiblidade do vivido, do mais profundo.
Interessante é assinalar que a palavra história vem da palavra histor que significa testemunha, aquele que presencia, aquele que nessa condição de alguém que, de certa forma, participou em algo significativo e que merece ser transmitido aos outros os quais, por sua vez, farão inevitavelmente o mesmo consciente ou inconscientemente. Essa testemunha é a história viva, ela é a prova daquilo que viu, daquilo em que participou nem que fosse apenas como assistente de uma representação dramática, cómica, trágica. E é assim que a história antes de ser do historiador é daqueles que a viveram, que a testemunharam, que a transmitiram aos outros, aos mais novos, a todos – para que não esquecessem, para que cuidassem desse conhecimento feito de um capital de experiência, e que o partilhassem com os mais novos os quais, por sua vez, o haviam de passar aos outros, aos vindouros. No caso do desporto, atletas, jogadores, treinadores, equipas técnicas, são simultâneamente participantes, intérpretes, narradores da sua experiência e aí, nesse quadro do vivido, entra também o jornalista, o repórter, o comentador especializado e sério, o fotógrafo. Cada um com o seu registo, a sua perspectiva daquilo que acompanhou, de que fez parte. Muitas vezes, as interpretações multiplicam-se, podem também afastar-se e estarem longe de ser coincidentes – veja-se a novela permanente, excessiva e saturante do futebol nacional. É só isso? E tanto alarde?
Se a participação é marcada pelo facto de ser parte de algo, ou da vida de alguém, de um agir, de uma actuação, de um envolvimento directo ou até indirecto, ela é também com o decorrer do tempo um distanciamento inevitável. Face ao olhar crítico do historiador, construído na escolha dos dados que reune depois de seleccionados segundo uma questão inicial que o orienta, a confrontação com aquilo que ficou registado obedece a uma perspectiva exterior, de fora, o historiador encontra-se separado, na verdade – excluído. O valor da memória, elaborada pelo historiador numa perspectiva fria, desligada de qualquer emoção e antes do mais dominada pelo espírito lógico e racional, não pode coincidir com o registo feito pelo interveniente, o observador envolvido, a testemunha, as situações onde a emoção acentua diferentes tonalidades do contexto, as entoações e a ênfase da própria palavra, a partilha, o mundo da experiência directa onde a transmissão é assegurada pelo sensível, a impressão como marca da situação tal como foi vivida por aquele que a relata, que a transmite e assim a passa aos outros.
A realidade de ‘uns’, a realidade de ‘outros’ e a realidade dos historiadores e dos especialistas das áreas humanas e sociais é inevitavelmente parcial, limitada a um ponto de partida, a um período possível de abarcar dentro de restrições diversas, até de acesso aos principais intervenientes no fenómeno desporto. A relação entre todas as perspectivas, entre todos os níveis de análise é dificultada pelas exigências de um trabalho sempre limitado pelo tempo sentido sempre como sendo curto.
É importante cruzar a história enquanto construção do historiador e a memória enquanto cultura, tradição e transmissão. Ou seja, uma maneira de ver aquilo que foi vivido, por exemplo a participação numa vida, numa guerra, num desporto, numa competição, num jogo, a necessidade de o contar, como se diz, de falar sobre isso e de legar a quem quer que se disponha a ouvir ‘aquilo que foi’ tal como foi vivido por aquele que o transmite – seja a situação geral, as ideias dominantes, o espírito do tempo, seja a situação pessoal, familiar, do círculo de amigos, de colegas, de uma nação. É o discurso directo que passa a indirecto por aquele que o afirmou. A história do historiador ficaria desta forma enriquecida pelos condimentos da vivência, o sabor da experiência sentida e quantas vezes pensada sobre o olhar de cada interveniente no jogo da vida, da multiplicidade de factores recortados do vivido, verdadeira observação participante ligada profundamente ao facto de estar e, ao mesmo tempo, de distanciar-se, de obrigar-se ao distanciamento que a possibilidade de algum tempo mais acentua e organiza. Decerto aí, o jornalista de investigação, que escasseia na nossa sociedade e em particular no universo desportivo, estaria mais apto a captar essa parte do registo histórico. E para isso não basta a certificação académica mas, antes, a vontade de ir ao fundo das questões do humano sem montar espectáculo sobre o que quer que fosse – nem mesmo sobre o espectáculo. Quando Fernando Mamede desistia, em vez da crítica a compreensão. Apesar de tudo, o atleta não é ainda uma máquina – nem o será.
De um modo geral, quer a perspectiva dos profissionais do desporto ou dos amadores, uns e outros ligados ao desporto a diversos níveis, quer a perspectiva do historiador académico ou amador, ou ambos (o caso de Rómulo de Carvalho, físico e historiador da física em Portugal), confronta-se com a dificuldade de construir (de re-construir) a relação entre as partes (o jogo, o atleta, a técnica, a habilidade, as ciências do desporto, a entrevista, a conferência de imprensa, a biografia, o clube, os adeptos, etc.), a relação que representa o todo social. A única maneira de ver (compreender) essa linha ténue onde o social se materializa é onde o todo social é personificado, onde o social é compreendido como totalidade – o que exige um olhar preparado. Preparado pela vida, preparado pela capacidade de ler o todo num simples facto, esse facto que precisamente se apresenta à maioria como insignificante, por exemplo, a derrota, a vitória, o êxito, o prémio, a lesão, a imensa frustração, a igualmente imensa vontade de vencer que impele para a frente. Depois de várias lesões, de várias operações uma delas ao pescoço, Johnny Wilkinson manifesta, quase no limite da sua carreira de jogador de râguebi todo espatifado, que finalmente encontrou o acordo entre o seu corpo e o seu ser equilibrado, justo. E Garret Thompson, herói nacional também no râguebi, casado e pai de família, depois de assumir a sua homosexualidade, depois de assumir a sua situação de doente com HIV, aceita finalmente a sua fragilidade, talvez a sua mortalidade – que a lenda já tornou imortal.
E chegamos àquele ponto no caminho onde estamos perante a paisagem. Esse lugar de onde se avista tudo, onde é possível ter uma visão geral do que se encontra diante de nós. ‘A’ paisagem pois sempre nos remete para um lugar de onde viemos, um lugar físico e ainda simbólico, um espaço de pertença (que se aceita ou se rejeita), um sítio onde existem profundos laços em comum, as raízes do ser individual que é sempre também colectivo – parte integrante de todos, do que para nós é ‘tudo’. O país, a região, o lugar de onde viemos e onde uma identidade foi forjada em cada um de nós, uma construção mental que nos estruturou e que nos acompanha ao longo da nossa existência, da nossa vida biológica também. Ao contar-se os feitos do desporto reduzindo-os aos resultados, e só os primeiros ‘valem’ pois tudo é o resto é assumido pelos apressados profissionais da comunicação social (e outros) como ‘sem valor’, logo verdadeiramente desvalorizados, reduzindo as performances (representações), aos ‘milhões de euros’, às habilidades, ao corpo atlético, ao físico, a matéria que os torna visíveis, aos casos diversos e aos faits-divers, torna as pessoas ‘uma coisa’, um bem móvel, de quem é uma posse de algo, de alguém, omite o carácter da gente que faz com que o desporto seja o fenómeno que é, na verdade, não pelos resultados mas por aquilo que de nós se vê (vemos de nós) em cada prova. Quando cada um de nós tem uma história, e essa história integra-se na história colectiva, comum, pelo que a partilha daquilo que cada um viveu no contacto com um colega, um amigo, um professor, um actor (sempre seres individuais totalmente sociais) terá aspectos secretos, silenciosos, ocultos, mas terá sempre ainda uma dimensão de todos que os sobreviventes não podem deixar de legar. Dessa forma será possível construirmos a nossa história, mais próxima daquilo que, o nosso vivido em comum é, nos tornou aquilo que somos, e necessariamente – aquilo que genuinamente queremos ser."
Sexta feira 13 e o treinador mais azarento do mundo!
"Sérgio Conceição é "genuíno, frontal, directo, sem papas na língua" e como muita gente no mundo do futebol é emotivo. São estas as loas que tecem à sua “enorme” personalidade.
O que as pessoas não se apercebem é que além destas qualidades tem a infelicidade de ser o treinador mais azarento do mundo, onde tudo lhe acontece sem que seja necessariamente sua culpa.
- Em 2012 vimos o fim da linha para o Sérgio, que deixou de treinar o Olhanenense após uma azarenta troca de insultos e ofensas, em alto volume, com o Presidente Isidoro Sousa.
- Em 2015, no estádio Axa, perdeu a paciência e mais uma vez teve o azar de agredir o presidente da Académica de Coimbra.
- Como se isso não bastasse, desgraçadamente, ainda em 2015, foi acusado de insultar e ameaçar o Presidente do SC Braga, António Salvador.
- Em 2019 Sérgio Conceição foi suspenso por 8 dias por lesar a honra e reputação de um adepto com quem teve uma altercação no jogo entre FC Porto e SC Braga.
- Em 2019 o azar voltou a bater à porta e agora há imagens e som que o acusam de agredir ao soco o treinador da Belenenses SAD, Pedro Ribeiro.
O problema é que o azar não tem fronteiras e uma pessoa azarenta em Portugal também o é noutro país qualquer, como por exemplo na Bélgica.
- Em 2006, ainda como jogador, teve o azar de ser suspenso pelo comité desportivo belga pela seguinte razão :
«O jogador reagiu optando pela violência. Ele ameaçou a autoridade, até a integridade do árbitro. É a única decisão possível para não arriscar ofuscar a regra: Não se pode descartar a possibilidade que ele recomeça, pelo menos a curto prazo.»
É possível ser-se ainda mais azarento?! Com Sérgio Conceição não há limites e apesar destes infortúnios, a verdade é que já foi expulso 10 vezes na sua carreira de treinador, sendo que 4 delas foi somente em ano e meio ao treinar o FC Porto!
Dentro e fora de portas, Sérgio Conceição espalha a sua “elegância” junto de árbitros, discute, grita, gesticula, não raras vezes acusa os árbitros de falta de coragem para assinalarem o que Sérgio Conceição entende que deve ser assinalado.
E sabem qual o local predilecto de Sérgio para se altercar com os árbitros!? Adivinha fácil! É o túnel de acesso aos balneários! Ora vejam lá, em 14 de Setembro de 2018, ao intervalo do empate caseiro entre Porto e Chaves dirige-se ao árbitro Vitor Ferreira e diz-lhe: “só houve 15 minutos de tempo útil de jogo, que é isto puto? Estás a brincar com o nosso trabalho?”.
A constante atitude desrespeitosa ou intimidatória, se preferirem, perante os árbitros levou Sérgio, por sua iniciativa, quiçá a mando, a anunciar em Fevereiro de 2019 que não falaria mais de arbitragem. Até ao final do campeonato, claro!
Promessa não cumprida, pois no forcing final da conquista do campeonato pelo Benfica, veio em 17 de Maio de 2019 insinuar que não existia verdade desportiva por causa dos árbitros.
E sempre que as coisas não lhe correm de feição, o que acontece frequentemente, Sérgio Conceição descarrega no seu principal alvo.
Assim foi na última deslocação do Porto à Madeira quando a sua equipa perdeu a liderança do campeonato, tendo Sérgio Conceição acusado o árbitro de ser conivente e de não mostrar cartões amarelos.
A última vítima foi o árbitro João Pinheiro, elevado por Sérgio Conceição a candidato ao título de campeão nacional depois arbitrar mais um empate do Porto.
Com tanto azar, por vezes o melhor é ficar em casa.
É que fora do túnel do estádio do Porto é frequente vê-lo com azares.
Em 2 de dezembro de 2018 foi expulso por festejar de forma descontrolada, provocatória e azarada perante os atletas e adeptos do Boavista o golo que deu a vitória ao Porto, aos 95 minutos.
Mal sabia que o azar o esperava na recepção ao Benfica, quando perdeu a liderança e o campeonato. Para assinalar a data deu uma lição de má educação a um rapaz com idade para ser seu filho. Não é qualquer vencedor que consegue cumprimentar Sérgio Conceição!
Na final da taça de Portugal na tribuna do Jamor depois de receber a medalha de finalista vencido teve o azar de não cumprimentar o Presidente do adversário vencedor.
Mais recentemente, em 31 de Outubro de 2019, foi vítima do azar ao recusar cumprimentar Nuno Manta, treinador do Marítimo, quando o jogo terminou com empate. Azar que já o tinha importunado Sérgio quando deixou o treinador João Henriques do Paços de Ferreira de mão estendida que acabara de vencer o jogo de 12 de Março de 2018.
Em suma, Sérgio Conceição não sabe perder, não sabe ganhar e não sabe empatar, mas já disse em conferências de imprensa que não é hipócrita, é o que é, e não tem que ser simpático para as pessoas. Nunca foi e nunca será.
Mas como diria Sérgio Conceição «Tou-me a cagar para isso»! O que é certo é que quem é reincidente e pratica actos verbais e físicos violentos tem que ser punido de modo a que a excepção não se transforme, como já é o caso, em regra.
Ps: Sérgio Conceição também tem o azar de, em 4 meses de competição apenas, ter 2 golos marcados de bola corrida fora do Dragão."
Cadomblé do Vata (Gaitán...)
"Nicolas Gaitan chegou ao Benfica há pouco mais de 9 anos e eu recordo, com uma certa dose de afecto e orgulho, a forma perspicaz e cirúrgica como não precisei de muitos jogos para lhe traçar o perfil "belo barrete que aqui está", mesmo perante a inqualificável insistência na qualidade do argentino, por parte de outros aficcionados com quem habitualmente via o SL Benfica, inclusive quando terminei o O. Lyon - SL Benfica de peito cheio pela caricata expulsão com duplo amarelo do 20 ainda antes do apito para o intervalo.
À data, eram vários os engulhos que o argentino me criava na garganta. Acima de todos, haviam 2: por um lado, considerava-o irritantemente complicadinho com calcanhares para trás e para a frente, trivelas sempre que possível e passes com as costas em zonas proibidas; por outro lado tinha o pontapé mais pífio que havia passado pelo Benfica desde que o Velho Capitão deu a titularidade ao Pedro Henriques, com remates de fora da área que davam a sensação de parar para beber um café e comer um croissant antes da bola se anichar suavemente no colo do guardião.
Obviamente, hoje é fácil identificar algumas (poucas) falhas no meu julgamento precoce. Convém é não esquecer que em 2010, Gaitan tinha tudo o que Laurent Robert, o último extremo esquerdo titular numa boa campanha europeia do Benfica, não tinha tido: rapidez, fantasia, magia, qualidade... e pontapé à infantil. Felizmente para o Osvaldo Fabián, com uma valente evolução ao longo da estadia no Glorioso, conseguiu sair da muito temida (por todos os jogadores do Benfica, como é público) Lista Negra d'A Mão de Vata, que só em termos de curiosidade, é liderada vitaliciamente ex.aequo pelo Derlei e pelo Paulo Pereira.
Fugitivo que foi da Lista Negra d'A Mão de Vata, Nico deu consigo em espaço aberto para se tornar ídolo da Nação Encarnada e não perdeu o ensejo, com recurso não só a exibições de elevado quilate, assistências magistrais e golos fundamentais, mas especialmente por ter sido ele que resgatou o 10 do Manto Sagrado, directamente do lombo indigno do Djuricic. Degrau a degrau subiu a escada do estatuto e quando em Maio de 2016 se despediu do Benfica, foram choradas tantas lágrimas, que ainda hoje esse ano é apontado pelo IPMA como o oásis na década de seca severa que assola Portugal.
Saído do SL Benfica em direcção ao Atlético de Madrid, o ex. jogador do iniciou então um périplo pelo inferno Simeoniano, seguindo directamente para a luta pela manutenção Chinesa, de onde se encaminhou para o insípido campeonato americano de futebol (soccer's your aunt's pussy). Terminada a série de contratos-a-caminho-da-reforma, aparece novamente no espectro do Benfica, numa entrevista que soa mais a "análise de mercado" de LFV do que a "preciso de um repórter e de um fotógrafo para entrevistarem o Gaitán lá na Argentina" do editor da A Bola. Perante o desejo plasmado na capa do jornal de voltar ao Sport Lisboa e Benfica, eu respondo... não!! Porque apesar do nosso mau início de relação, aprendi a admirar Nicolas Gaitan e ele vem de 2 anos em ponto morto competitivo, a precisar de fazer pré época e a bater à porta dos 32 anos. Para O Clube será sempre uma operação sem espinhas e não vai ser o dinheiro dispendido com ele que irá fazer danos nas contas. Para o jogador, o risco de estragar a relação Adeptos/Nico, numa fase em que andamos com a crítica na ponta da língua, é demasiado grande para ser apoiado. Mas claro... se acertarem agulhas, a 10 está ali à tua espera... e nós também."
Ganhar, ganhar, ganhar
"Ontem realizou-se a tradicional festa de Natal do Sport Lisboa e Benfica, com a participação de todos os colaboradores, incluindo os atletas e treinadores das muitas equipas do Clube, e que ficou marcada pela mensagem ambiciosa e motivadora do Presidente Luís Filipe Vieira ao referir que “o Benfica tem de pensar em ganhar, ganhar, ganhar”.
Foram muitos os títulos e troféus conquistados em 2019, com destaque para os Campeonatos Nacionais de futebol, atletismo, futsal e voleibol nos masculinos e futsal e hóquei em patins nos femininos (e o sucesso no futebol em ano de estreia), mas houve mais conquistas.
Desde logo a financeira, com Clube e SAD a apresentarem as melhores contas de sempre, recuperando, na totalidade, os fundos patrimoniais e os capitais próprios, respectivamente, e prosseguindo a diminuição do passivo e a valorização dos activos.
E também ao nível do património, inserido no âmbito da política de devolução do Benfica aos benfiquistas, com a passagem da totalidade do capital da Benfica Estádio e da BTV para o Clube, além do lançamento da OPA à SAD, para que o Clube passe a deter mais de 90% das acções da empresa que gere o futebol.
O dia ficou também assinalado pela renovação do contrato com Bruno Lage, prolongando a ligação ao Clube até 2024. O sucesso desportivo imediato e a total identificação do nosso treinador com a estratégia definida, pela direcção, para o futebol, justificam esta medida de gestão. Lage foi fundamental na conquista de um título nacional que muitos davam como perdido; lançou jovens jogadores formados no Seixal; bateu e persegue recordes de desempenho desportivo (por exemplo, vitórias consecutivas em deslocações no campeonato – ainda só ganhou; ou o mais rápido de sempre a chegar aos trinta triunfos no campeonato – necessitou apenas de 32 jogos). Notável!
Entretanto amanhã, às 18h00, a nossa equipa de futebol receberá, no Estádio da Luz, o Famalicão, o actual terceiro classificado do campeonato. Os famalicenses têm-se notabilizado pela posição que ocupam na tabela classificativa, pela qualidade do seu futebol e pela forte propensão ofensiva, detendo, à 13.ª jornada, o segundo melhor ataque da prova, com 26 golos, só superado pelos 33 golos marcados pelo Benfica.
Perspectiva-se um grande jogo entre duas equipas que gostam de jogar um futebol bonito, em posse e sempre à procura de criarem oportunidades de golo. O apoio à nossa equipa será fundamental para conquistarmos os três pontos, de forma a que possamos manter ou, se possível, aumentar a distância pontual para os nossos adversários. Relembramos os detentores de Red Pass que, se não puderem comparecer no Estádio, têm a possibilidade de o partilharem ou, em alternativa, de o disponibilizarem para venda no mercado secundário. Vamos encher o Estádio! #PeloBenfica
P.S. Esta semana o futebol português consolidou a sexta posição no ranking europeu de clubes e já é garantido que haverá três participantes na edição da Liga dos Campeões em 2020/21. Mérito de todos os clubes!"