quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Lage 2024

Benfica e FC Porto

"Bruno Lage: pois é... o melhor onze faz enorme diferença!... Sérgio Conceição: porquê o melhor plantel joga poucochinho?

Benfica reencontrando-se com o seu melhor nível, ou dele se aproximando? Recentes dados: exibições claramente positivas e... 4-0 ao Marítimo (na Luz), 4-1 ao Boavista (no Bessa), 3-0 ao Zenit (na Luz). Pelo meio, 1-1 na Covilhã, rumo a borda fora da Taça da Liga! (alinhando com 10 habituais suplentes, houve nova confirmação de que a qualidade global do plantel está bem longe de ser a que alguns apregoam).
Para mim, o melhor Benfica foi o do Bessa. Sim, mais convincentemente firme do que no amplo triunfo sobre o Zenit - imprescindível êxito, até na expressão numérica, para atenuar desgosto do adeus à Champions com rebuçado de passagem à Liga Europa.
Então, o n.º 1 na Rússia não é muito mais forte do que o Boavista? Claro que sim! Mas digeriu mal o golo no arranque da 2.ª parte, atrofiou-se de vez com o penálti para 2-0 - indiscutível, tal como a consequente sentença de ficar com um jogador a menos... - e ofereceu 3-0 com autogolo. Também verdade: Benfica, muito bem equilibrado (gritante perigo russo só num remate para estrondosa defesa de Odysseas - a única necessária... valeu qualificação!), teve o mérito de forçar tais erros e o brilho de conseguir precioso êxito em circunstâncias muito complexas: vencer o Zenit (chegou à Luz em posição de continuidade na Champions, acabou no último lugar do grupo...) e, obrigatoriamente, não por mínima diferença, era tarefa muito bicuda: impossível para o Benfica de algumas semanas atrás...
Dito isto, repito: o melhor Benfica visto nesta temporada foi o de escassos dias antes, no 4-1 em casa do Boavista (onde o FC Porto muito suara para conquistar 1-0). Aí terá embalado para acreditar em sucesso na melindrosa operação Zenit.
Este recente Benfica deveria prosseguir na Champions? Sim. Se não fosse demasiado recente!... Mesmo no anterior confronto europeu, em casa do Leipzig, folgado vencedor do grupo e uma das actuais mais poderosas equipas alemãs, estando a vencer por 2-0 (!), cometeu hara kiri ao consentir empate nos derradeiros 9 minutos (défice de poder atlético e, quanto a mim, omissão táctica na devastadora ponta final: não chamar Jardel para 3.º defesa central - Ok, reconheço, isso é discutível...). Se tivesse segurado esse triunfo, quase incrivelmente tão à vista, o Benfica continuaria na Champions. Só que isso dos ses... Balanço global: Benfica com o seu melhor onze consegue vencer, ou do triunfo ficar pertinho. Quando escolheu dias de sim ou sopas, na Champions!, para rodar plantel (lesões à parte), deu bota. Conclusão parece evidente...

FC Porto. Consideremos acidente a derrota em Barcelos (1.ª jornada, início de nova equipa, após perder 5/6 titulares...). Porque logo de seguida, também como acidente mas já muitíssimo apelando a boa vontade! -, consideremos a surreal e catastrófica eliminação às mãos do Krasnodar! Porém, muito mais tarde, e já tendo ressurgido com categórico triunfo na Luz, acidentes não houve no empate com Marítimo e, agora, com Belenenses. Objectividade: o FC Porto está a jogar poucochinho. Talvez seja por isso que tem menos 8 golos marcados do que o Benfica e até menos 1 do que o Famalicão...
Sérgio Conceição deve enfrentar três problemas:
- Porquê o melhor plantel em Portugal (minha convicção, face à abundância de qualidade) não rende a idêntica bitola? Apostar quase tudo num futebol músculo (sim,como há duas frisei, dispõe de impressionante número de jogadores com tais características - e elas são muito importantes no futebol moderno), às tantas, fica curtinho. Dá golos, amiúde decisivos, em cantos e mais metralha de cruzamentos por alto para a grande área; mas vais sendo solução de desespero...
- Justificar deslizes com más arbitragens (longe de ser único; mas Sérgio e a estrutura portista são quem mais bate em tal tecla... desafiando-a). No caso do golo do Belenenses, tornou-se... ridículo!
- Mau feitio tem limites. E Sérgio confunde a qualidade de ser guerreiro com soma e segue de disparatados conflitos em que o seu nível de educação fica, grotescamente, em causa. Que ganha com isso? Nadica de nada!

Pedro Ribeiro. Desconheço pormaiores no fortíssimo desaguisado entre ele e Sérgio Conceição. O mais provável: ambos péssimos. Por contas de outro rosário, nem estranho o silêncio do Belenenses, SAD... Mas ao jovem treinador Pedro Ribeiro digo: bradar que a sua equipa foi a melhor e deveria ter ganho este jogo... ficou-lhe tão mal, porque tão caricato!"

Santos Neves, in A Bola

Portugal e a boa época europeia

"A época europeia das equipas portuguesas tem tudo para ser de importante sucesso. Praticamente arrumada a questão russa - e, hoje, a Rússia poderá ficar sem nenhum dos seis representantes com que começou - Portugal consolida a sexta posição no ranking, o que lhe permitirá, já no final da próxima época (2020/2021), apurar os dois primeiros classificados do campeonato directamente para a Champions.
Portugal deverá, aliás, manter, na Europa, quatro das cinco equipas que iniciaram a campanha internacional. Apesar sairá o Vitória de Guimarães, mas tem a certeza de manter SC Braga, Sporting, Benfica (vindo directamente da Champions), e, muito provavelmente, o FC Porto, que só se não ganhasse, hoje, no Dragão, com o Feyenoord, poderia ficar de fora.
Assim, Portugal está à beira de manter, na Liga Europa, as suas quatro melhores equipas, o que abre boas perspectivas para o ranking final e, acima de tudo, coloca o futebol português - ao nível de clubes - num patamar superior do futebol europeu.
Questão diversa é a de se saber se estarmos acima do nível médio da Europa nos coloca mais perto do nível mais alto. E a minha convicção é a de que não só não nos coloca mais perto, como nos coloca mais longe.
Apesar da incontestável vitória do Benfica, na Luz, frente a Zenit, dá que pensar a assinalável diferença competitiva para com as melhores, as mais fortes equipas da Europa. Poder-se-á sempre justificar essa diferença pelas colossais distâncias de capacidade financeira, mas o futebol português sempre ousou encontrar soluções criativas. E assim deverá continuar a ser."

Vítor Serpa, in A Bola

Cadomblé do Vata (Jovem Taarabt!!!)

"A presença mágica do trintão Taarabt no meio campo Glorioso, agora em modo eficiente, com o respaldo de Gabriel para as perdas e Chiquinho e Pizzi a apararem-lhe as bolas a rasgar, são a descredibilização completa do Projecto do Seixal idealizado por Luis Filipe Vieira. A cada cueca de sola da bota, drible com troca de pés ou passe ao primeiro toque, os Desuses do 4º Anel dizem em uníssono "o que este cabrão podia ter sido se não fosse parvo" e depois o Eusébio manda vir mais uma garrafa de whysky.
Taarabt não nasceu com talento. Veio ao Mundo sobredotado para a prática do futebol. Mas quando André Almeida pergunta a Deus no Santuário de Fátima, porque razão deu tanto dom ao marroquino e tão pouco a ele, a resposta é sempre a mesma "criticas-me pelos pés que coloquei ao Adel, mas já viste a cabecinha que lhe dei?". Correndo o risco de estar a exagerar ou a ser injusto com outro mega talento "cabecinha de almocreve", arrisco dizer que o magrebino será o maior desperdício de talento que os Benfiquistas viram vestir o Manto Sagrado desde O Rapaz do Brinco.
A titularidade e as exibições de Taarabt são um péssimo exemplo para os jovens do Benfica. Em vez de estar a azucrinar o juízo aos adversários no nosso meio campo, devia estar empalhado numa vitrine no Seixal, sob uma placa com a frase "Não queiras acabar como o marroquino, trabalha com o mesmo empenho do Florentino". Atirar uma carreira brilhante pela janela devia ser crime público, punido apresentação diária na esquadra da área de residência para ser vergastado 10 vezes no lombo com garrafas de vodka cheias de pedras e ficar impossibilitado de contactar com jovens jogadores do SL Benfica, com possibilidade de suspensão de pena se conseguisse levar o Benfica à vitória no Campeonato, na Taça de Portugal e na Liga Europa este ano e anulação da pena se trouxesse a Orelhuda em Maio de 2021."

Continua rígido e impetuoso, mas guarda a qualidade técnica e a criatividade fora das quatro linhas: assim é o FC Porto de Sérgio Conceição

"A explicação para o empate do FC Porto frente ao Belenenses SAD, e para a fraca prestação colectiva dos últimos tempos, está aqui: "Quem comanda os pupilos do Estádio do Dragão acha que a criatividade e a qualidade técnica são atributos que apenas têm mais valor do que outros no Teatro Sá da Bandeira; a equipa fica refém da força, da combatividade, da potência, das bolas paradas, e da sorte nas segundas bolas"

O estilo de jogo contundente praticado pelo FC Porto é o reflexo da personalidade do seu treinador. Agressivo a atacar e a defender, mas sem a agilidade táctica que lhe permitiria catapultar o jogo da sua equipa para outro nível.
É um treinador que compromete os jogadores a cumprirem com as missões tácticas que lhes exige por saber muito bem o que quer, e o perfil de jogador que entram melhor dentro do seu modelo de jogo. É coerente nas escolhas que faz tendo em conta o perfil de jogo que defende.
Dirão, por isso, que estão reunidas as condições para triunfar uma vez que o rumo a seguir está bem definido; mas, o futebol é um jogo cruel a fazer valer os constrangimentos que as suas regras criam e apenas no médio longo prazo demonstra a falência de determinadas ideologias, ou a força de outras. 
Como é óbvio, é possível vencer a jogar de todas as formas. E, no contexto nacional, com jogadores muito fortes fisicamente e que arrombam constantemente as linhas adversárias, consegue-se garantir uma percentagem de vitórias suficiente para se lutar pelos troféus mais importantes. Para ser campeão, e até mais do que uma vez, não é preciso um jogo de muitos passes, de muitos toques na bola: basta cruzar bolas para a área e ter naquele espaço jogadores com um perfil físico de assinalar e com alguma capacidade técnica, a ganhar o duelo ou forçar a segunda bola. A realidade é que há nichos onde o físico predomina, sobretudo por faltar critério e criatividade na oposição.
Um exemplo claro é a forma unânime como todos em uníssono repetem que se o corredor central está fechado a solução passa por atacar os corredores laterais. Isto é, se uma equipa fechar o corredor central e decidir que apenas activa a sua pressão quando a bola se encaminha para os corredores laterais e salta agressivamente para a bola quando a bola entra por fora, tem meio caminho andado para ter sucesso. Por ser fácil de prever e trabalhar a forma de limitar o jogo interior, e a forma de encaminhar para zonas onde quer roubar a bola – montando armadilhas de pressão, ou zonas pressionantes -, do ponto de vista defensivo o desafio acaba por não ter um grau de dificuldade de assinalar.
A previsibilidade que a rigidez e o ímpeto que os comandados de Sérgio Conceição exibem facilita a vida aos adversários mais audazes. Reparem, o Belenenses SAD não precisou de fazer um jogo brilhante para conseguir parar este Porto. É verdade que teve a sorte do jogo, é verdade que ter marcado primeiro ajudou, e também é verdade que até nem marcou no período em que foi mais arrojado na forma de jogar; mas olhamos para a performance colectiva dos dragões até antes da entrada de Shoya e Sérgio Oliveira, e o jogo foi muito fraco.
Ofensivamente não conseguiu colocar constrangimentos em ataque posicional e apenas saiu forte em contra-ataque e nas situações de bola parada criou algum frisson. Do ponto de vista defensivo esteve muito vulnerável no lado defendido por Pepe e Manafá, e poderia até ter sofrido o 2-0.
Há equipas começam a perceber que a bola é que manda no jogo, e que a estratégia para os jogos contra os “grandes” não poderá passar apenas por lhes roubar o espaço, mas também, e sempre que possível, roubar-lhes a bola. Quando isso acontece, percebem-se erros que até então tinham sido difíceis de descortinar porque a equipa não era obrigada a determinado tipo de comportamento defensivo. Olhando para o poderio das duas equipas seria difícil imaginar um FC Porto mais perigoso em contra-ataque do que em ataque posicional, mas, o treinador do FC Porto decidiu guardar a mais-valia individual, aquilo que realmente distingue as duas equipas, no banco de suplentes, na bancada, e no Olival.
Aquilo que se viu no jogo quando Corona e Otávio conseguiram associar-se é algo que poderia aparecer regularmente nos jogos do Porto, mas como quem comanda os pupilos do Estádio do Dragão acha que a criatividade e a qualidade técnica são atributos que apenas têm mais valor do que outros no Teatro Sá da Bandeira, a equipa fica refém da força, da combatividade, da potência, das bolas paradas, e da sorte nas segundas bolas.
São muito poucos os golos que se fazem de forma limpa e sem esforço, onde a equipa em ataque posicional consegue desmontar a organização defensiva adversária. Quando os há, quase acusamos o treinador de lirismo por ter conseguido criar um golo com uma sequência de passes superior a cinco, ainda que tal apenas suceda a cada dois meses.
E quem tem visto os jogos do FC Porto sente a crueldade da lógica do jogo que se impõe de forma lenta e gradual: muitos adeptos já entenderam que apenas garra e atitude não chegam; não estivéssemos nós a falar de um jogo onde as regras ainda beneficiam, em competições a longo prazo, quem é mais vezes capaz de CRIAR situações para colocar a bola na baliza do adversário."

Os 80 anos da F.M.H.

"Salazar entendia que, os Militares, os Seminaristas e os Inefistas, não deveriam estar integrados na Universidade e não lhes atribuía o Grau de Licenciatura.

Em 2020 deverá comemorar-se a fundação do Instituo Nacional de Educação Física, hoje, Faculdade de Motricidade Humana, acontecimento que teve lugar em 1940, em plena II Guerra Mundial (1939/45).
Portugal era liderado pelo “União Nacional”, a que pertenciam todos os quadros superiores que dirigiam o País, sendo Salazar o Presidente do Conselho de Ministros que surgiu em 1926, depois em 1928, mas só se afirmou em 1933, tendo “resistido” até 1968.
Salazar era um homem de origens humildes, só que teve a possibilidade de entrar no “elevador social” (Mobilidade Social Ascendente), que é o Ensino Superior, e vir a ser Professor Universitário. 
Só que a sua mentalidade estava condicionada pelos limitados horizontes de Santa Comba Dão, ao tempo, que, em certos aspectos o fazia adoptar um comportamento reservado em relação a tudo o que fosse moderno e típico das classes sociais privilegiadas. Aqui estavam incluídos os “Estrangeirados” que tinham vivido no estrangeiro e que, quando regressavam, traziam as “modernices”.
O Desporto foi uma delas. Homens cultos e esclarecidos criaram, em 1930, o primeiro Curso Superior de Educação Física, na Sociedade de Geografia de Lisboa o que levou Salazar, a ser “obrigado” a deixar criar o “I.N.E.F.”, em 1940, até para poder reorganizar o Panorama da Educação Física Nacional, que era tutelada pela “O.N.M.P.”, criada em 1936.
Até aí, a Ginástica dada nos Liceus, era professada por Médicos e Oficiais do Exército, que começaram, a partir de 1943, a conviver com os chamados Diplomados do “I.N.E.F.”, que Salazar “Tolerava”.
Salazar entendia que, os Militares, os Seminaristas e os Inefistas, não deveriam estar integrados na Universidade e não lhes atribuía o Grau de Licenciatura. Só em 1968, a “O.N.M.P.” (Mocidade Portuguesa) abandonou as Escolas.
Só um ano depois do “25 de Abril”, é que, por Decreto-Lei foram reconhecidas as Licenciaturas dos Militares, Sacerdotes e dos Professores de Ed. Física do “I.N.E.F.”.
O “I.N.E.F.” só depois dessa data, se libertou da absurda subordinação da Direcção Geral dos Desportos, quando foi integrado no Ensino Superior.
Todo este caminho foi penoso, e sobre tudo, implicou muita luta contra o Preconceito que havia em relação á Educação Física que era considerada, por alguns, como Salazar, (o homem das botas), como uma actividade menor...
Hoje está a ombrear, com outras Faculdades, mas a questão fundamental do Ensino persiste por resolver: é que os Docentes Licenciados em Motricidade Humana não são, nas Escolas Secundárias, treinadores nem animadores desportivos, mas sim Educadores Através do Movimento, o que ainda não acontece, talvez porque não há uma fiscalização adequada, e qualificada, por parte do Ministério da Educação e o respectivo Departamento Inspectivo.
É preciso que o M.E.N. perceba que esta Disciplina, não é igual ao Inglês ou à Matemática, é especifica e contribui, mais do que qualquer outra para a Formação Cívica dos futuros adultos, para a Coesão Social e para o Espírito de Cidadania que irá consolidar a ideia de Nação, com uma cultura própria que caracteriza o português do século XXI.

P.S. – O I.N.E.F. funcionou, primeiro, na cave do Liceu Pedor Nunes, em Lisboa, depois na Escola do Magistério Primário, em Benfica, e só depois na Cruz Quebrada na Quinta da Graça, aonde ainda hoje permanece como Faculdade de Motricidade Humana."

Mário Bacelar Begonha, in i

Semear para colher

"Apesar de o objectivo do apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões ter ficado por cumprir, há sinais positivos que importa considerar.
Desde logo a continuidade nas competições europeias, via Liga Europa, e a vantagem teórica do estatuto de cabeça de série no sorteio que se realizará na próxima segunda-feira por termos sido um dos quatro melhores terceiro classificados na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Também o facto de o desempenho da nossa equipa ter sido em crescendo, reforçando a confiança para os desafios vindouros, e de se sentir que houve uma melhoria face às duas épocas anteriores, nas quais só havíamos vencido o AEK.
Desta feita, ganhámos ao Zenit, o líder destacado do campeonato russo com dez pontos de avanço sobre o Krasnodar, e ao Lyon, que marca presença na prova regularmente. Além disso, o empate em Leipzig, que está a disputar a liderança da Bundesliga (com mais quatro pontos do que o Dortmund e mais seis do que o Bayern), foi consentido apenas nos últimos minutos, sendo que um triunfo na Alemanha, que esteve, de facto, muito perto de acontecer, significaria que teríamos seguido em frente na competição.
Num grupo que se perspectivava, e confirmou-se, muito equilibrado (o Zenit, do pote 1, disputou a liderança até à última jornada, mas terminou no último lugar), pontuámos com todos os adversários e marcámos golos em todos os jogos (os dez golos igualam a melhor performance benfiquista de sempre), o que denota melhorias face aos últimos dois anos, para participar numa Liga dos Campeões cada vez mais difícil. É sintomático que, entre as 16 equipas apuradas para os oitavos de final, apenas constem clubes das cinco maiores e mais ricas ligas europeias.
Torna-se, portanto, evidente que somente uma estratégia ponderada, assente em eixos bem definidos e exequíveis para a nossa realidade, permitirá contrariar uma tendência de afunilamento dos clubes que conseguem chegar à fase a eliminar da Liga dos Campeões.
Estamos convictos de que nos encontramos num bom caminho para vingar num contexto adverso, em que a disparidade orçamental comparativamente a clubes de Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália tem vindo a acentuar-se. E essa convicção sai reforçada pelo reconhecimento internacional que tem sido prestado ao Benfica, em particular ao nosso desempenho desportivo e financeiro, ao desenvolvimento das infraestruturas e dos serviços de apoio e ao sucesso da aposta na formação. 
Sucedem-se as reportagens e ainda nestes últimos dias o Benfica voltou a merecer destaque em dois órgãos de comunicação social prestigiados mundialmente, como é o caso da revista Forbes e do jornal Marca.
Importa também destacar que com a vitória na passada terça-feira, alcançámos a sexta posição no ranking histórico das competições europeias organizadas pela UEFA, sendo apenas superados por Barcelona, Real Madrid, Bayern, Juventus e Liverpool.

P.S.: A nossa equipa de basquetebol entrou a ganhar na segunda fase de grupos da FIBA Europe CUP, obtendo um triunfo notável, por 89-62, frente aos belgas do Spirou Charleroi. Na próxima semana será a vez de medir forças com o medi Bayreuth, na Alemanha."

O menino de Ouro da Europa


"O Golden Boy 2019 rubricou uma exibição verdadeiramente assombrosa na Liga dos Campeões.
A quantidade de pormenores deliciosos que lhe permitem na recepção enganar os adversários e com isso ganhar tempo e espaço para si ou para os colegas não encontra paralelo com mais de outros 9/10 jogadores a nível mundial. Não há limite para o que João Félix conquistará nos anos vindouros."

Entrada vencedora...

Benfica 89 - 62 Spirou
23-20, 19-13, 23-15, 24-14

A diferença pontual aparenta um 'grande' jogo, mas na minha opinião, fomos competentes, tivemos atitude, mas o adversário 'facilitou'!!!
A 1.ª jornada, provou que o nosso grande adversário neste grupo serão os Dinamarqueses do Bakken Bears!

Um bom fim-de-semana

"Com Rafa e André Almeida, em boas condições físicas, está encontrada a melhor solução para vencer o campeonato

1. Na passada sexta-feita, estando em Berlim, não pude ver o Boavista-Benfica. Socorri-me do relato radiofónico. Há muito que não acompanhava o meu clube desta maneira. Foi, pois, uma oportunidade para regressar à magia se seguir o desenrolar de um jogo pelo recurso auditivo. Confesso que me senti mais nervoso do que se o estivesse a acompanhar visualmente.
A rádio continua a ter o fascínio da nossa imaginação que segue o relato e o tenta moldar em função das nossas expectativas. Assim como o livro é o nosso espaço de companhia estando sós, a rádio é a nossa imaginação solitária, mesmo estando acompanhados.
Há muito que a rádio virou parente pobre da televisão. O que é certo é que existe antes desta e perdura para além dela, pese embora o totalitarismo televisivo dos dias de hoje. O que, só por si, espelha a sua força, ancorada na presença da imagem criada através do som. A rádio tem de liberdade o que o televisor tem de prisão. A rádio tem de ilimitado na nossa imaginação o que a televisão tem de redutor da mesma imaginação.
Um relato de futebol, escutado na rádio, tem um movimento, uma emoção, um tempo, diferentes da pasmaceira de que muitas partidas de futebol não são capazes de ultrapassar. Um mau jogo é sempre um mau jogo no ecrã, mas na rádio pode transformar-se num bom jogo, porque jogado dentro de nós, numa mistura da adrenalina profissional de quem no-lo transmite e de adrenalina sentimental de quem o escuta.
Curioso que, ouvindo o relato do jogo do Bessa, quase nunca olhei para o relógio, como obstinadamente faço quando o vejo no estádio ou na televisão. Não sei porquê, mas talvez porque o relógio imerge no entusiasmo de quem nos comunica o que se passa no campo. Também o som que vem das bancadas foi mais audível dentro de mim porque menos disperso na sinestesia dos meus sentidos.
É claro que este reencontro com a rádio do futebol foi, neste caso, feliz. Porque ganhou o meu Benfica, porque jogou bem e porque ultrapassou, com classe, um jogo que eu, com o meu incurável pessimismo, antevia difícil.
O onze que derrotou o Boavista parece-me ser o melhor que o Benfica pode apresentar no actual momento. Com Rafa e André Almeida, em boas condições físicas, está encontrada a melhor solução para vencer o campeonato.

2. A nível do nosso campeonato, o Benfica de Bruno Lage continua imparável: desde Janeiro deste ano 32 jogos, 30 vitórias e cem por cento de jogos fora de casa ganhos (15), com mais golos marcados (33) e menos sofridos (5). Nesta época, 10 vitórias nos últimos 10 encontros. Provavelmente inédito é o facto de, durante todo ano civil de 2019, o Benfica ter vencido todos os encontros fora de casa para o campeonato nacional.
Cada qual pensa como melhor entende, mas, por mim, não alinho numa onde de críticas, ou mais concertadas, ou mais avulsas, que vou lendo e ouvindo sobre o trabalho do treinador encarnado. Acho-as até de uma grande ingratidão. Há sempre os compulsivos insatisfeitos que estão invariavelmente na expectativa do treinador que se segue, numa espécie de sebastianismo recorrente. Pergunto: quem então em Portugal? Ou que técnico estrangeiro saído de alguma chicotada psicológica e em regime de paradisíaco desemprego temporária?

3. Na lista dos melhores marcadores, Vinícius com 10 golos e Pizzi com 9 ocupam os primeiros lugares e os dois em conjunto têm mais golos do que 13 das equipas do campeonato, e apenas menos 1 do que o Sporting e 6 do que o Porto.
Carlos Vinícius fez um grande jogo no Bessa. Os mais cépticos, mesmo entre os benfiquistas, já terão percebido que se trata de uma aquisição certeira e por um custo que, contrariando as habituais más-línguas, poderá ser bem reprodutivo.
Carlos Vinícius deveria ter dedicado os dois belos golos que marcou passado sábado a um senhor que teima em arbitrar no nosso campeonato. Refiro-me ao inigualável Fábio Veríssimo, assim retribuindo a inimaginável atribuição, há uma semana, de um dos seus 3 golos a um defesa do Marítimo. Nada tendo podido fazer nesse jogo para anular os quatro golos marcados pelo Benfica, vai daí vingou-se no atacante brasileiro. Aliás, nos jogos do Benfica, o brilhante juiz transfigura-se, como já esta época se viu no Jamor, no jogo contra o Belenenses SAD, em que uma grande penalidade clara foi fabiamente ignorada pelo varíssimo árbitro.
Não sei se a Liga, tendo aceitado o douto critério deste mestre de mal apitar não atribuindo o golo a Vinícius, irá transformar em jurisprudência aquela estapafúrdia decisão. Sugiro mesmo que o (i)racional se generalize de tal modo que sempre que um golo, precedido de uma mão ou do corpo do guarda-redes, seja atribuído ao eficiente guardião. Provavelmente o guarda-redes da equipa com mais golos sofridos poderia, assim, vir a vencer a Bola de Prata e, quem sabe, se a UEFA não alteraria também o critério para a Bola de Ouro. É pena os postes serem inertes, porque se o esférico lá batesse antes de entrar também poderiam ser-lhes atribuídos golos.

4. Li, entretanto, o habitual é compulsiva pulsão pavloviana do comunicador do FCP, a propósito do jogo no Bessa. Certamente por lapso, não se terá referido à conveniente troca de cor do cartão dado ao axadrezado que derrubou Chiquinho quando este se preparava para marcar. Quanto ao resto, pura coerência com os casos que, nesta época, já beneficiaram o Porto. Não e preciso recordá-los, pois não? Mas, para os mais amnésicos, relembro alguns exemplares neste campeonato: a expulsão injustificada aos 40 segundos de um jogador do Vitória de Guimarães por C. Xistra; um escandaloso penálti a favor do Santa Clara e um cartão vermelho perdoado, por agressão clara de Uribe; um penálti assinalado em Portimão, mas de todo inexistente; o empate conseguido no Funchal através de um lance com dupla falta portista, mas generosamente concedido curiosamente pelo mesmo árbitro do Boavista-Benfica, Jorge Sousa, em que agora resolveram desancar...
Mas, a seguir ao Bessa, veio o empate do FCP no Jamor. E; evidentemente, quando não se ganha, lá se inventam uma reles desculpas para uma exibição menos conseguida da equipa. Desta vez, diante do valoroso Belenenses SAD, a culpa do empate também tinha de ser da arbitragem, o que, na linguagem sibilina dos seus autores, deve interpretar-se como sendo obra do... Benfica! Isto para já não falar no mau perder pontos de Sérgio Conceição que considerou como equipa rivais as de arbitragens (um ingrato) e na habitual pressão em redor do árbitro no fim dos jogos não ganhos, com o director do futebol, o médico (!) e um personagem da comunicação todos ao molho a pedir contas.
Já num outro registo, o novo director mediático do Sporting resolveu disparar contra o arqui-rival. Assim fez a sua primeira prova de vida, zurzindo contra o Benfica, juntando alhos com bugalhos, misturando demagogicamente situações de diferentes natureza e de outros assuntos já decididos pela Justiça. Como benfiquista e não diminuindo a sempiterna rivalidade entre os adeptos dos grandes clubes, custa-me ver pessoas responsáveis do SCP a considerar que a melhor maneira de resolver os graves problemas que o clube enfrenta é tão-só atirar-se ao Benfica sem peso, sem conta e sem medida. Assim não vão longe...

Contraluz
- Coincidência: José Mourinho, que tem sido vitorioso como novo treinador do Tottenham sofreu a sua primeira derrota no jogo contra o clube que o despediu, o Manchester United. Já o Everton volta a ganhar depois da saída de Marco Silva derrotando o outro ex-clube de Mourinho, o Chelsea.
- Opostos: Os meus dois clubes preferidos na Inglaterra têm caminhos contrários: o Liverpool soma e segue e prepara-se para se sagrar campeão 30 anos depois já o Arsenal vai de mal a pior, parecendo, cada vez mais, uma equipa mediana e banal que já vem desde os últimos anos do quase vitalício treinador Arsène Wenger.
- Excelente: Por ocasião do seu jogo número 250, Pizzi deu uma entrevista na BTV que primou pela simplicidade, discrição, sensibilidade e afectuosidade pouco comum, nos dias de hoje, no mundo do futebol. Um magnífico atleta que honra a camisola que veste."

Bagão Félix, in A Bola

Troca no comando dos sub-23 do SL Benfica: bem-vindo, Luís Castro

"O regresso de José Mourinho ao mundo da bola provocou autênticas ondas de choque, não só de surpresa e expectativa por esta nova fase do português, mas também nos aspectos burocráticos da coisa: o português viu-se obrigado a mudar de equipa técnica e reforçou-se no norte de França. Christophe Gualtier, comandante do Lille, não satisfeito com o assalto inesperado, veio ao Seixal fazer o mesmo.
Jorge Maciel, a produzir trabalho meritório ao comando dos sub-23 e na Youth League, fez as malas e o substituto é Luís Castro, ex-Panetolikos e Vitória Sport Club, como responsável dos escalões de formação.
Mourinho já contava com Ricardo Formosinho (observador), Giovanni Cerra (analista) e Carlos Lalin Novoa (preparador físico), e aproveitou para ir buscar João Sacramento para substituir Rui Faria, que se passeia pelo Dubai, e Nuno Santos, para tomar o lugar de Silvino Louro.
Gualtier não reagiu bem e as reacções públicas demonstram um natural mau-estar, num belo exemplo da “lei do mais forte” que ele próprio reconhece: «sim, fiquei chateado, irritado porque o momento não é bom. Mas o que poderia ter feito o meu presidente [Gérard Lopez] com dois funcionários que queriam sair e conhecer outra realidade? Não estamos no mundo das lágrimas. Entendi [a decisão do presidente] e certamente teria feito a mesma coisa». Esta “lei do mais forte” marca, por estes dias, o futebol europeu, onde o fosso entre gigantes e o resto se alarga a cada segundo.
Porém, também ele não tardou a encontrar soluções que permitissem a manutenção da competência nos quadros do actual terceiro classificado da Ligue 1: veio ao Seixal e levou, “sem ai nem ui”, Jorge Maciel, o técnico português de 34 anos que tão bem conduziu as equipas do Benfica que participam na Liga Revelação e na Youth League, com regularidade nas boas exibições: 15 jogos, com dez vitórias e três empates contabilizados, resultados meritórios que conseguiu conciliar com a integração de 39 (!) jogadores nos planos de jogo, sinal muito positivo e de acordo com a ideia formadora do Benfica Futebol Campus.
No decorrer do efeito dominó, o Benfica foi também rápido na substituição, optando pelo treinador português Luís Castro, que, tal como o seu homónimo, conta com passagem pelo Vitória vimaranense e estava até há bem pouco tempo no comando dos gregos do Panetolikos, deixando-os no… último lugar de tabela classificativa, com dois empates e cinco derrotas em sete jogos.
Licenciado em Educação Física e com o quarto nível do UEFA Pro desde 2016, Luís iniciou-se em Moreira de Cónegos, passando depois por Braga, Vizela, Al-Nassr (antes de Rui Vitória) e Guimarães, onde treinou desde os juvenis aos sub-23, ocupando também a vaga de coordenador de toda a formação, apesar do interregno em 2016-17, quando dirigiu o Debrecen, da Hungria.
Apesar dos seus dados estatísticos em equipas profissionais não se primar pela consistência ou regularidade, conseguiu segurar com tranquilidade os sub-23 vitorianos na Liga Revelação 2018-19, falhando por um ponto o play-off de apuramento de campeão, conseguindo o sétimo lugar na fase regular e o terceiro lugar no play-out de despromoção, num ano em que a equipa B minhota se afundou na Ledman Liga Pro e aterrou no Campeonato Nacional de Seniores.
No dia de estreia no Benfica, Luís Castro venceu a sua antiga equipa por 4-0, não se registando alterações visíveis ao nível das exibições recentes ou formação táctica. O 4-2-3-1 será uma constante, até pelas imposições do modelo estratégico do Seixal, que impõe o mesmo esquema a todas as suas equipas e retira liberdade aos seus treinadores – o que não impossibilita certas variantes e a introdução de estilos pessoais, como Jorge Maciel conseguiu e que Luís Castro decerto tentará apesar de, na sua apresentação, ter vincado o seu papel como “engrenagem” da grande máquina formadora benfiquista: «estou aqui para ajudar os jogadores. Vou dar o meu cunho, mas não vou mudar tudo»."

O grande problema das modalidades

"Estamos a chegar a meio da época e o “ruído” das últimas temporadas está a regressar. Estamos em primeiro e isolados em duas modalidades (Voleibol e Futsal), estamos em primeiro em conjunto com os nossos dois rivais em Basquetebol, no Hóquei estamos em segundo juntamente com Barcelos e Sporting, atrás da Oliveirense e no Andebol já estamos praticamente arredados do Campeonato. A nível Europeu, só o Futsal já saiu das competições europeias. Em suma, a época não tem sido má. Como era de esperar, parecemos ser claros favoritos a ganhar no Voleibol, algo favoritos no Basquetebol, estamos numa corrida a dois no Futsal, somos underdogs no Hóquei e no Andebol não temos hipóteses. Mas também não tem sido perfeita. E isso leva ao “ruído” das últimas temporadas. 
O problema das modalidades é a falta de dinheiro e maneira como algum dele é mal aproveitado. Por exemplo, não há um treinador no mundo com o nosso plantel actual no Andebol seja capaz de vencer o Campeonato. O Porto tem um plantel barato mas muito forte, consequência de anos de uma estratégia obscura (parceria exclusiva com a Federação Cubana). O Sporting tem um plantel competitivo em relação ao Porto, mas assente em estrangeiros de grande qualidade que chegam ao Sporting ainda com alguns bons anos pela frente na carreira. Esses estrangeiros custam dinheiro. O Sporting, não só tem mais estrangeiros desse nível, como na globalidade são mais novos ou com menos passado recheado de lesões e como tal rendem mais. Há algum tempo que digo que o Benfica no caso do Andebol não devia estar a investir para ganhar já, mas sim investir para ganhar daqui a dois-três anos. Porque no imediato, só é possível competir com o Porto se gastarmos tanto como o Sporting. Agora da maneira como estamos a fazer, não somos campeões neste ano e dificilmente vamos ser daqui a dois-três anos.
No caso do Futsal ou do Hóquei o problema é mesmo a falta de dinheiro. Reduzimos o orçamento no Futsal este ano ao passar de 7 estrangeiros para 6. Além disso, para a próxima época vamos perder André Coelho para o Barcelona e as baixas de peso podem não ficar por aqui. Não somos competitivos com ninguém a nível financeiro. No Hóquei reduzimos o orçamento em 2016 e nunca mais chegámos a ter uma equipa do nível dessa época (em que ganhámos a Liga Europeia). Parte dos problemas destas modalidades seriam resolvidos se, por exemplo, retirássemos o dinheiro a mais que está a ser mal aproveitado no Andebol e o injectássemos aqui, ou se usássemos parte dos lucros que o clube tem tido nos últimos anos e aumentássemos o orçamento das modalidades.
O Benfica tem tido lucro nos últimos anos. Nas últimas três épocas tivemos mais de 15 milhões de euros em lucros acumulados (no Clube, na SAD tivemos ainda mais). Ou seja, o clube tem manobra financeira mais do que suficiente para injectar uns 500 mil euros extra ou até mais. Mas não o faz. E é aqui que chegamos ao grande problema das modalidades.
O Departamento das Modalidades tem vindo a aumentar os seus gastos. Em 2016/17 gastou cerca de 12 milhões de euros. Nesta temporada está previsto gastar quase 18 milhões de euros. Ao mesmo tempo as receitas do Departamento das Modalidades baixaram de mais de 6 milhões de euros em 16/17 e este ano estão previstas continuar abaixo dos 6 milhões, sendo que desde 16/17 só as receitas de patrocínios têm aumentado significativamente. Receitas vinda de sócios têm diminuído. Ou seja, o Benfica tem vindo a aumentar os seus custos com as modalidades mas, apesar do investimento, não tem gerado mais receitas. Isto acontece porque os adeptos não vão aos pavilhões.
Há quem diga que tudo se deve à fraca qualidade dos plantéis das modalidades. Eu não concordo. Ontem o Benfica teve uma das maiores exibições da sua história no Voleibol e o pavilhão se calhar nem a meio estava. Já no ano passado tivemos jogos das finais dos Campeonatos de Basquetebol e Futsal que não esgotaram. Nem vou falar dos jogos em que não jogamos contra grandes equipas. É um case-study como é que um clube que consegue ter sempre mais de 50 mil a apoiar um jogo de Futebol mas não consegue 1% disso num jogo das modalidades. Os adeptos são simplesmente desinteressados das modalidades. Há uma série de razões que o explicam como:
1. São 5 modalidades, todas elas com equipas femininas e masculinas. É impossível alguém ter um emprego/estudar, ter uma vida social, ter hobbies e seguir 10 equipas de modalidades mais as duas equipas de futebol. O Porto só têm que seguir 3 equipas.
2. O Sucesso do Futebol ofusca uma eventual atenção às modalidades. Os sportinguistas ligam bastante às modalidades porque se não fossem elas, não festejavam nada.
3. Claques Desorganizadas. O facto das nossas claques serem ilegais em alguma maneira afecta isto. São ou podiam ser os maiores motores para atrair adeptos, mas a falta de organização não o permite. 
Enquanto os adeptos não começarem a ir ver mais jogos das modalidades, não faz sentido a Direcção injectar mais dinheiro em algo que os adeptos estão a ver menos. Enquanto as modalidades não começarem a receber mais dinheiro (quer por via directa dos adeptos, quer por via indirecta dos adeptos através dos lucros) dificilmente vamos ter vitórias mais consistentes. Na próxima vez que pedirmos a demissão do Carlos Resende ou do Joel Rocha, talvez devêssemos pensar se estamos a fazer tudo o que podemos para garantir que têm as melhores condições para lutar contra os outros. É que o Carlos Resende não tem no seu plantel a qualidade disponível que o Porto ou o Sporting têm. E o Joel Rocha foi eliminado da Liga dos Campeões de Futsal a jogar sem Roncaglio em três jogos e sem Robinho e André Coelho em um jogo cada. Os três são titularíssimos na nossa equipa. Quando assim é, fica difícil apontar seja o que for."

Túnel do amor

"1. O túnel do amor situa-se na Ucrânia e é o paraíso das selfies para casais apaixonados. Não confundir com o túnel do Jamor, que dizem ser o paraíso dos socos para treinadores desorientados.
2. Se uma banana colada à parede com fita adesiva vale €108 mil, Frederico Varandas também tem direito de achar que o plantel do SCP é valioso.
3. Hugo Viana para Artur Soares Dias: «És um arrogante do c..., cá te espero». Um director desportivo mais agressivo a protestar do que a escolher reforços.
4. Os jogadores do Vasco da Gama decidiram quem marcava um livre recorrendo ao popular, pedra, papel ou tesoura. Há quem pareça contratar assim.
5. Além do aumento salarial, Bruno Fernandes merecia era um aumento da qualidade do que o rodeia em campo.
6. Quando não era ninguém nem tinha dinheiro, Vinícius roubava perfume aos companheiros de balneário, no Brasil. Hoje é fragrância de golo.  €17 milhões? Caro é o custo zero de Caio Lucas.
7. A Hungria deixou a Eurovisão por ser um evento «demasiado gay». O Benfica deixou a Liga dos Campeões (salvou-se a Liga Europa) por não conseguir ser macho-alfa na competição.
8. Que o Benfica aprenda a lição de não encarar a Liga dos Campeões como a amante que nunca poderá competir com a mulher (Liga). Não pode querer ganhar o campeonato para estar na Champions e depois não querer estar na Champions para ganhar o campeonato.
9. Em Portugal já é proibido mandar beatas para o chão, mas os directores de comunicação de Benfica e FC Porto, com recurso às desculpas e acusações do costume, continuam a fazer do futebol português um cinzeiro a céu aberto.
10. Agora, para ajudar à festa, também apareceu um tal de Miguel Braga, responsável pela comunicação do SCP. Como é que se combate isto? É ir puxando o autoclismo e metendo WC Pato...
11. «Levou um abrunho e depois mais dois». Calma, isto não foi no túnel do Jamor, é o relato de Raul José sobre o que aconteceu a Jorge Jesus em Alcochete."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Cadomblé do Vata (Ilusões!!!)

"Top 3 das Percepções Erradas dos Adeptos:
1. "Se o Lage tivesse começado a Champions com este 11 em vez de inventar"... Leipzig na Luz na 1ª Jornada: Odisseas; Tomás, Rúben, Ferro, Grimaldo; Fejsa, Pizzi, Taarabt e Cervi; Jota e De Tomás. Gabriel, Chiquinho e Vinicius lesionados.
2. "Lage tem que explicar porque só meteu os jogadores experientes nas duas últimas jornadas"... média de idades contra - Leipzig na Luz: 24,72 anos; Zenit na Rússia: 25,55 anos; Leipzig na Alemanha e Zenit na Luz: 24,55.
3. " Os árbitros em Portugal são muito maus"... Taarabt faz uma cueca com a sola da bota nas barbas do árbitro e este não mostra amarelo nem o VAR intervém."

Vitória da atitude competitiva

"Benfica entrou forte para a segunda parte e conquistou a confiança necessária para vencer

A importância de uma entrada forte no jogo
1. Este jogo que assinalou o fecho da fase de grupos da Liga dos Campeões tinha características contextuais muito próprias e específicas, uma vez que ambas as equipas tinham de abordar a jornada decisiva com o objectivo de ganharem obrigatoriamente, no sentido de alcançarem as metas que lhes eram possíveis.
Neste sentido, uma entrada forte no jogo torna-se fundamental e importante para que a equipa ganhe confiança e consiga, nesses momentos, influenciar o destino do mesmo.
O Benfica não conseguiu esse propósito na primeira parte, mas fê-lo no início da segunda parte, com uma atitude competitiva muito forte e uma reacção à perda da bola que limitou a transição ofensiva da formação tussa do Zenit.

Dupla Pizzi-Chiquinho em dia sim...
2. Pizzi e Chiquinho são os jogadores do Benfica que mais capacidade tiveram para criar desequilíbrios na estrutura defensiva da equipa do Zenit.
As suas articulações e combinações posicionais, aliadas às suas capacidades técnicas e tomadas de decisão, foram determinantes para o aumento qualitativo do jogo ofensivo do Benfica. Em dia sim, como ontem, estes dois jogadores são, claramente, acima da média.

Jogo interior / jogo exterior
3. As características dos jogadores do Benfica permitem que tenham capacidade de jogo interior e exterior. Interior com os passes de Taarabt e os movimentos por dentro de Cervi, Pizzi e Chiquinho, mas também jogo exterior com a capacidade de passe de Gabriel e o envolvimento de Grimaldo e Tavares.
Melhorou na segunda parte com a saída em dois (Ferro e Rúben Dias) mais dois (Gabriel e Taarabt), onde aumentou o critério de jogo interior e exterior em relação à primeira parte, criando assim mais desequilíbrios.

Uma 'aula' de Azmoun e Dzyuba
4. Os dois avançados do Zenit combinam e jogam de olhos fechados. Quando um surge no apoio, o outro salta em profundidade. São agressivos, rápidos e evoluídos tecnicamente.
Ferro e Rúben Dias, em diversos momentos, foram apanhados em situações de igualdade numérica e tiveram dificuldades em anular as suas acções. Com mais apoio vindo de trás poderiam ter criado maiores dificuldades...
Uma boa aula que deram ontem como dois avançados se devem comportar e articular (embora apenas na primeira parte)."

Pedro Caixinha, in A Bola

O melhor Benfica no Adeus

"No Estádio da Luz conseguiu salvar a Europa League e restabelecer a normalidade. Normalidade, expressa na classificação final do grupo – Cada posição na tabela correspondeu exactamente ao valor (individual, e também financeiro, segundo o transfermarkt) do somatório de cada plantel e de cada onze inicial.
Teorias mirabolantes assentes na performance colectiva à responsabilidade de Bruno Lage procuraram explicar o período mais conturbado – Quando é tão fácil entender o que é individual – Presente e visível na Decisão / Execução, do que é colectivo – Não tinha opções para decidir diferente? Envolvia um gesto de elevado grau de dificuldade a resolução do problema?
Por Portugal continua a acreditar-se que os nossos grandes têm sempre os melhores e jogam sozinhos. E como referi no “Futebol Total” do Canal 11 – Apenas o resultado em Zenit não era consentâneo com a realidade do Benfica.
A performance das equipas bem organizadas e bem preparadas tacticamente para cada momento do jogo cresce com melhores jogadores – O crescimento abrupto da produtividade ofensiva do Benfica na última semana – Ignore-se o jogo da Taça da Liga que serve até para comprovar a dificuldade encarnada quando não utiliza os melhores jogadores – tem muito de alterações individuais – Chegada ao onze de Chiquinho em simultâneo com Taarabt, que até outros elementos tem potenciado.


O Benfica fez o seu melhor jogo na Liga dos Campeões e confirmou uma dinâmica de corredor central que utiliza e promove, assim como o seu colectivo é promovido, pelos seus melhores jogadores – melhores numa perspectiva ofensiva.
Alternância entre Losango no meio, com triângulo, com Chiquinho e Pizzi a abrirem; bem como alternância entre Gabriel a “6” com Taarabt a baixar para receber e procurar os espaços mais adiantados em passe
Dinâmica Assimétrica – À direita um corredor só para Tomás; À esquerda Cervi combina com Grimaldo – Trocas entre Pizzi e Chiquinho
Preparação para a perda – Gabriel com um dos avançados – Lateral lado oposto em espaço interior – Triângulo entre médios
O habitual 4x4x2 em Organização Defensiva

Com menos perdas – Pizzi fez o seu melhor jogo da temporada e juntou-se a Taarabt, Chiquinho e… Tomás Tavares que nunca entregam a bola de forma leviana, e com Gabriel a somar bem menos disparates, o Benfica instalou-se mais tempo no meio campo ofensivo. Com mais qualidade no passe (não ignorando a decisão) chegou a zonas mais prometedoras, e com isso também preparou melhor a Transição Defensiva. Os 16 contra 3 remates do Zenit ajudam a comprovar o melhor jogo encarnado, no adeus à Champions League.
Um regresso à normalidade, que deixará nos encarnados sempre a sensação de que ter fechado melhor o cofre nos período de descontos na Alemanha teria valido um apuramento que desde a primeira hora se percebia ser complicado – Mas possível."

Prémio de consolação

"Ganhar aos russos do Zenit e seguir em frente na Liga Europa resulta de um fraco consolo para uma equipa que poderia (e deveria) ter chegado muito mais longe.

aqui, pois, um misto de satisfação e de desespero por não terem sido aproveitados recursos que teriam permitido ao nosso campeão nacional estar neste momento confortavelmente instalado na mais importante competição de futebol da Europa.
Bruno Lage tem dito insistentemente que pensa pela sua cabeça e que todas as opções tomadas na constituição das equipas que tomaram parte nos seis desafios da Champions são de sua exclusiva responsabilidade. Claro que ninguém lhe retira esse direito, mas não é menos certo que também lhe podem ser assacadas culpas por uma participação pouco brilhante, e que os adeptos e sócios do Benfica não aceitaram seguramente de bom grado.
Com os olhos e ouvidos também em Lyon, a equipa benfiquista entrou no seu estádio decidida a retroverter uma situação até então desagradável. E também com a intenção de demonstrar que o jogo da primeira volta, na Rússia, não tinha passado de um estúpido acidente.
E foram conseguidos todos esses objectivos: o Benfica venceu com um resultado incontestável, e a coroar uma exibição de elevado nível. Três golos sem resposta ficaram como a melhor demonstração de que existe, de facto, uma diferença abismal entre a equipa portuguesa e a russa.
Tudo acabou por ser ainda mais proveitoso porque estando Portugal a competir com a Rússia no ranking da UEFA e havendo, mercê disso, proveitos consideráveis a noite não podia ter corrido melhor.
Assim possamos falar também amanhã, no rescaldo da derradeira jornada da Liga Europa, na qual ainda nem tudo está definido para todas as equipas portuguesas."

O problema do Benfica na Europa é mental?

"Formação de Bruno Lage parece sentir-se mais confortável entre os clubes pobres

O Benfica fez o melhor jogo na temporada europeia, conseguiu uma vitória gorda sobre um bom adversário e alcançou o objectivo de se apurar para a Liga Europa.
Por isso, e só por isso, merece este sobe.
Mas sobra mais sobre o qual vale a pena pensar após a eliminação da Liga dos Campeões.
Fica sobretudo uma evidência: a equipa foi melhor depois de estar afastada da prova.
Enquanto o apuramento esteve em aberto, a formação de Bruno Lage foi quase sempre sofrível. O máximo que conseguiu foi, durante determinados períodos, ser suficiente.
Ainda conseguiu uma vitória em casa sobre o Lyon, é verdade, mas foi um daqueles resultados que caíram do céu aos trambolhões, depois de um erro incompreensível de Anthony Lopes.
Depois disso, e depois de perder em França, quando só um milagre podia salvá-lo, o Benfica fez então os melhores jogos.
Acabou por empatar injustamente na Alemanha, num resultado ingrato, penoso e tardio - num jogo, recorde-se, em que o Leipzig marcou duas vezes nos últimos minutos – e, já afastado da Liga dos Campeões, fez então a melhor exibição, na recepção ao Zenit: conseguiu o jogo com mais golos, mais remates, mais passes bem feitos e mais posse de bola.
O que é curioso.
Deixa no ar a sensação de que o problema deste Benfica europeu foi sobretudo mental: enquanto o apuramento esteve em aberto, a equipa somou erros, más exibições e resultados medíocres.
Quando a Champions lhe fugia entre os dedos, e na melhor das hipóteses podia cair para a prova dos clubes pobres, a equipa de Bruno Lage soltou-se e fez as melhores exibições. O que faz suspeitar que o Benfica se sente confortável é fora da Champions: tem medo de ser testado entre os melhores."

O VAR e a fase de ataque

"O conceito de 'posse de bola' é, para este efeito, distinto do conceito de 'fase de ataque'

Não é um assunto novo, mas reaparece na agenda mediática quando surgem lances ou momentos de jogo que eternizam a dúvida, originam suspeitas ou são empolados pela opinião pública ou pela voz dos clubes. A questão a que me refiro é de se saber, ao certo, qual é o momento até ao qual um videoárbitro deve rever determinada jogada que origine uma situação que conste no protocolo: por exemplo, a que afira a legalidade de um golo ou a validação de se assinalar (ou não) um pontapé de penálti.
Pelo que percebo, as dúvidas são muitas e esta continua a ser uma questão que não é clara para todos. Diga-se que isso é perfeitamente compreensível. Nesta matéria, a letra do que está escrito não é totalmente objectiva e pode, por isso, dar azo a interpretações diversas. Além disso, esta e outras matérias relacionadas com a questão da tecnologia continuam, na minha opinião, a carecer de outro tipo de informação para o exterior. Uma que seja continuada e permanente. Uma que mantenha as pessoas a par de tudo o que precisam saber, esclarecendo, explicando, pisando e repisando conceitos, sobretudo os que originem mais ruído. É que a ferramenta é recente e revolucionou a forma como todos vemos e analisamos o futebol, pelo que toda a informação que existe deve ser repetida até à exaustão.
Para tentar explicar-vos o conceito, tomo então a liberdade de pegar num caso concreto.
Imaginemos, por exemplo, que a mão direita de Shaw - jogador que actuou no último Belenenses SAD - FCP e cujo movimento resultou no golo de André Santos - tinha sido intencional, deliberada.
A pergunta aí seria: havendo então uma mão/braço faltosos na jogada que resultou em depois em golo da equipa visitada, podia o videoárbitro intervir no sentido de anulá-la, fundamentando a sua intervenção nessa alegada ilegalidade? A resposta óbvia diria que sim, que poderia. Mas na verdade, não. Não podia.
Trocando por miúdos, é importante que se perceba uma coisa: o conceito de posse de bola é, para este efeito, distinto do conceito de fase de ataque (que resulta depois em golo ou em pontapé de penálti).
O que o protocolo diz é que o VAR deve rever o lance até à fase de ataque que inicia a jogada.
A mera posse de bola de uma equipa - que, na prática, pode durar cinco ou mais minutos (vejam o caso das equipas ao estilo do tiki taka) - não pode ser toda revista, porque isso poderia demorar demasiado tempo. O impacto que isso teria na qualidade do jogo e na expectativa dos adeptos seria péssimo.
Foi para evitar esse tipo de cenários que o International Board definiu a tal fase de ataque como o momento a reter. Aquele que o nosso bom senso, o bom senso do árbitro e do videoárbitro entendessem como sendo o que, clara e inequivocamente, conduziu à construção de um ataque culmina no lance a rever.
Caso a mão/braço de Shaw tivesse sido realmente ostensiva (e sublinho que para mim não foi), esse instante não poderia ser alvo de revisão do porque, depois dessa intervenção, a bola andou primeiro para a frente e depois para trás. Tão para trás que voltou ao próprio meio-campo do Belenenses SAD.
Ora nenhuma fase de construção atacante pressupõe um recuo até à zona defensiva de quem está a atacar. Quer isso dizer, no caso em apreço, que a jogada só podia ser revista até ao momento em que a bola foi lançada para a desmarcação de Licá (que foi depois quem fez a assistência para André Santos, após corte de Marcano). Foi aí que começou, inequivocamente, a fase de ataque que culminou naquele golo.
Essa verdade, este conceito, aplica-se-ia ao jogo do Jamor, como deve aplicar-se a todos os outros jogos, de todas as outras equipas e competições. É universal, tal como todas as premissas deste protocolo, agora integrado no texto da lei."

Duarte Gomes, in A Bola