quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A hora do Benfica

"A fortuna havia protegido o Benfica até ao minuto 75. O Leipzig criou mais, foi melhor equipa, mais rápido, mais pressionante e mais agressivo. O Benfica teve o mérito de ser sempre realista – Percebeu e aceitou a superioridade adversária e estrategicamente baixou, agrupou jogadores e esperou os momentos para poder ser feliz – Sempre partindo de uma segurança defensiva, sem a qual seria trucidado.
E se a fortuna protegeu os encarnados durante longo período da partida, no momento em que o jogo se abria e se exigia qualidade, os encarnados falharam rotundamente. O Leipzig perdeu organização e o Benfica por diversas vezes teve condições de sair para matar o jogo. Ou se não matar, para se instalar no meio campo ofensivo aproveitando a demora adversária na recuperação defensiva e com isso ganharia Tempo.
O nível Liga dos Campeões não se compadece com jogadores que mesmo tendo momentos de boa performance, não seja regulares na tal demonstração de qualidade. No nível Champions, saber Ver – Decidir e depois Executar é tudo.
Pode dar-se as voltas que se quiser para justificar as performances europeias dos encarnados – O que salta à vista é, no entanto, óbvio e não foge nunca de deficits de decisão / execução (técnica e veloz). Não terá sido por isso que do outro lado se falou de respeitar um “David” que jogaria com um “Golias”?"

O mal estava feito

"Em condições normais, o Benfica empatar o jogo em casa de uma das melhores equipas alemãs da actualidade seria um resultado muito positivo. Até porque, em jogos da Taça/Liga dos Campeões, somava 11 derrotas noutros tantos encontros. O mal foi feito antes – nos jogos em casa com os alemães, em São Petersburgo e em Lyon. Como se previa está a ser um grupo muito equilibrado, com todas as equipas a perderem muitos pontos – e o problema para o Benfica foi que perdeu demasiados, somando uma série de exibições muito abaixo do exigido a este nível. Acabou-se a Champions, ficou a lição.
Bruno Lage é o réu que está, há muito tempo, em julgamento pela má campanha do Benfica na Champions e teria sido de novo o saco de pancada em caso de derrota na Alemanha – lançar Taarabt no lugar de Florentino teria sido o rastilho que bastava. É verdade que teve opções bastante questionáveis – como deixar André Almeida, Pizzi ou Rafa no banco em vários jogos – mas o plantel dos encarnados (muito provavelmente o melhor em Portugal) está ainda bastante longe da ambição europeia anunciada por vários responsáveis do Benfica, ainda para mais quando não pode contar com o futebolista mais desequilibrador (Rafa) e o melhor marcador (Seferovic)."

Um jogo de futebol não é aspirar a casa

"Generalizou-se a crítica: não se pode gostar mais de um estilo de jogo que de outros, como se havendo muitas maneiras de cozinhar bacalhau tivéssemos de apreciar igualmente todas elas. Não, a ditadura não é a dos que apreciam particularmente o jogo de iniciativa, feito de passe e posse, no conceito de jogo posicional desenvolvido a partir de Cruijff e particularmente com Guardiola. Aliás, nem é isso nem o seu contrário, que seria, por exemplo, um jogo feito de ataque à profundidade com duelos físicos sucessivos ou então a aposta numa organização defensiva forte e em saídas para o contra-ataque. Não, o que é proposto como alternativa a um tipo de jogo, é apreciarmos, à vez, todos os tipos de jogo. Ora, não faz sentido que a antítese de uma coisa seja todas as outras coisas, falemos de futebol, de música, cinema ou a literatura. Apreciar as artes, e o futebol tem tanto disso, com enormes artistas, nunca pode ser o mesmo que descrever as qualidades de um berbequim ou aspirador, em que o que conta é só o efeito, se fura a parede ou limpa o pó. No futebol tem-se falado demais de eficácia e desprezado a beleza, e nunca uma arte se pode esgotar na dimensão utilitária. A essência é estética. Como bem disse Diego Latorre, craque dos relvados e brilhante hoje a comentar e a pensar fora deles - em mais uma das admiráveis entrevistas que a Tribuna do Expresso nos tem dado - “a maior perda do futebol foi afastarmo-nos do gosto pela beleza”. Ver futebol nunca pode ser como aspirar a casa.
Há um factor normalmente associado a esta normalização do jogar, em que bem ou mal não interessa, feio ou bonito é indiferente: a sobrevalorização do resultado. Jogue-se como se jogar, contam as que batem na rede. É visão de curto prazo, muitas vezes ditada pelo trauma do despedimento, mas não deixa de ser uma grande mentira. O resultado é um ponto de chegada, não de partida. O discurso do “primeiro quero ganhar” ou “só me interessa o resultado nesta altura” é oco, vazio, mas – reconheço, na linha de Ángel Cappa, duplo de Valdano durante anos – “fácil de digerir para pessoas que são fáceis de convencer”. O futebol enquanto jogo que me apaixonou aconteceu sempre num relvado e nunca na análise de tabelas classificativas. Ainda Cappa: “no xadrez também se ganha e se perde e, no entanto, não tem essa sedução e a capacidade para chamar gente”.
Estou como o meu amigo Rui Malheiro, que não se joga bem e feio ao mesmo tempo. Certo é que se exige sempre mais a uns treinadores que a outros. Vejo questionar tantas vezes se não há criativos a mais numa equipa ou se não valeria a pena um jogar mais pragmático, evitando, por exemplo, uma construção curta e de risco desde trás. Nunca vi questionar com a mesma ênfase a acumulação de jogadores que só acrescentam esforço ou a facilidade com que tantas equipas, mesmo não pressionadas, abusam dos lançamentos longos tornando horrível o jogo. Que me perdoem os que jogam feio, mas a beleza é fundamental. E também há justiça no futebol, poética até, que a nossa memória regista, por regra, mais lances que resultados, mais emoções que datas. Poucos sabem, sem recurso à net, em que ano foi aquele golo de Zidane ao Leverkusen numa final dos Campeões, e pode ser até difícil lembrar o placard final, mas o golo em si, misto de pirueta de bailado com lançamento de catapulta, está gravado para sempre. Até na estirada inútil de Butt, o guarda-redes. E alguém se lembra, agora mesmo, como ficou aquele Suécia-Inglaterra em que Ibrahimovic fez a mais incrível chilena que o vídeo regista? Tirar o romantismo ao jogo é mexer-lhe na alma. Negar-lhe a beleza é condená-lo.
Sim, o Flamengo bateu recorde de pontos no Brasileiro, ganhou a Libertadores sonhada vai para 40 anos, mas o que guardaremos sempre serão as emoções dos minutos finais de Lima, as correrias de Bruno Henrique e o “tem gol do Gabigol”, e, antes disso tudo, o génio de Jesus que fez mudar a história. E eu guardo Everton Ribeiro, que no meu mundo feliz do belo jogo ninguém de rubro-negro joga melhor do que ele. Vibrei pelo Flamengo porque gosto do seu jogar. Mais que os resultados, interessa-me o mérito com que os conseguiu, e muito mais que ter sido um português é ganhar, é ter sido um português que mereceu ganhar, porque antes de cantar encantou. Este ano é assim: sou Jorge Jesus no Brasil como sou Paulo Fonseca em Itália, Paulo Sousa em França e Luís Castro na Ucrânia e na admirável Champions que tem feito. Torço sempre mais por quem mais me emociona. E prefiro não ter de aspirar, que não há maneira bonita de o fazer.

Nota colectiva: Atlético de Madrid é uma equipa numa encruzilhada, porque tem um jogar consolidado, mas procura novos rumos que alimentem o talento à disposição. E assim não é hoje uma coisa nem outra, ou então é, à vez, uma coisa e outra, como em Turim. Na primeira parte vimos o “velho Atlético”, o tal em que não se negoceia o esforço, a correr atrás da bola, para acabar a correr também atrás do resultado. Depois, já com Félix, Correa e Lemar, um outro rosto, com Simeone a tentar ser menos Simeone. Foi melhor e mais dominador, também porque foi mais bonito. Perdeu na mesma, mas esteve bem mais perto de um final diferente.

Nota individual: Messi Lamentavelmente já não teremos a vida toda para ver Messi. O que ele continua a fazer a cada semana, a cada jogo, é impossível de traduzir em palavras. Relaciona-se com a bola como Maradona, com o jogo como Cruijff, com o golo como Cristiano Ronaldo. Talvez nenhuma outra vez os deuses do jogo tenham dotado alguém de tantos talentos em simultâneo. O jogo com o Borussia de Dortmund, ainda agora, foi mais uma dádiva. Quem não viu que não perca a gravação, que um dia vamos ter mesmo muitas saudades."

Uma prometedora frase de engate

"Aos 9 anos, John teve poliomielite. Curou-se a nadar. Continuou a nadar pela vida fora. Ganhou cinco medalhas de ouro olímpicas.

Quando surgiu num pequenino papel cinematográfico em Glorifying the American Girl, um filme de 1929 que servia de promoção às ‘follies’ de Ziegfiel, János era apenas um rapaz reduzido a uma folha de parra que lhe tapava as partes pudendas. Algo que me faz recordar a festa dos Óscares de 1974. A meio do discurso de agradecimento de Elizabeth Taylor, Robert Opel, um fotógrafo que possuía uma galeria de arte mas não desenvolvia a totalidade das sinapses, entrou bruscamente no palco todo nu fazendo o V com os dois dedos da mão direita. David Niven, apresentador nesse ano, sempre tão cavalheirescamente britânico, terá tido vontade de lhe fazer outro tipo de gesto com outros dedos, mas limitou-se a uma frase de requintado humor. «Obrigado por nos ter mostrado as suas insuficiências».
János estava mais do que habituado a mostrar, pelos menos, as suas suficiências, no caso de Niven se referir ao conjunto de órgãos que a parra de Adonis tapava. Não andou a vida toda nu, mas ganhou-a a andar seminu, isso é tão certo como ter nascido numa terra com um nome de provocar cãibras na língua: Szabadfalva, no velho Império Austro-Húngaro, perto de Timisoara. Actualmente chamam-lhe Freidorf, que é mais conveniente, e faz parte da Roménia. O apelido paterno Weissmüller revelava a família germânica do pai, Peter, um suábio que decidiu emigrar para Windber, uma localidade da Pensilvânia, e trabalhar com o cunhado Johann Ott nas minas de carvão. Herr Weissmüller lá saberia das suas prioridades, foçar com uma picareta na dureza do antracite não parece glamoroso, mas enfim, quem não teve por onde escolher foi János que, na altura, era mamífero com apenas sete meses de existência exterior.
Aos nove anos, foi atacado pela poliomielite e esteve à beira de se tornar num deficiente para o resto da vida não se desse o caso de possuir uma força de vontade assinalável para alguém tão jovem. Peter decidiu abandonar o minério para se dedicar à cerveja, e acho que fez muitíssimo bem. Empregou-se na Elston and Fullerton Brewery, em Chicago. O filho mais velho inscreveu-se no YMCA (Young Men’s Christian Association) tornando-se num nadador competitivo e teimoso.
Parece que Peter passou mais tempo de vida sem roupa do que o filho, tantos são os descendentes que lhe apontam, mas não é das infidelidades de Herr Weissmüller que aqui venho falar, e sim do último papel que terá assinado, a autorização para que János, cada vez mais tratado por John, de apenas 19 anos, viajasse para Paris e participasse nos Jogos Olímpicos de 1924. Nessa altura já tinha batido o recorde do havaiano Duke Kahanamoku nos 100 metros livres com a marca de 58,6 segundos. Era um moço trabalhador que servia como salva-vidas no Lago Michigan. Na final de Paris voltou a bater Kahanamoku e regressou a casa carregado de ouro: 100 e 400 livres e estafeta de 4 por 200, somando também uma de bronze no polo. Quatro anos mais tarde, em Amesterdão, mais ouro: nos 100 metros livres e nos 4 por 200.
Depois da parra de Adonis, John envergou orgulhosamente a tanga de Tarzan. De tal forma encaixou no boneco que o próprio Edgar Rice Burroughs, inventor da personagem, gostou dele. Os produtores da MGM quiseram mudar-lhe o nome: Weissmüller era pouco apaixonante para figurar nos cartazes. John terá ficado com vontade de lhe fazer um gesto com os dedos, mas limitou-se a perguntar-lhes se o nome de um campeão olímpico soava mal. Resolveram o assunto com uma foto dele a nadar por baixo do nome. 
János acumulou mulheres que se deixavam fascinar pela sua aura de Homem-Macaco. Dedicou-se ao golfe e estava por Cuba a jogá-lo quando foi apanhado por um bando de guerrilheiros em 1958. Viu-se atrapalhado mas desenrascou-se com pilhéria soltando o grito com que apavorava hipopótamos. Os cubanos gostaram: «¡Es Tarzán! ¡Es Tarzán de la Jungla!». Deixaram-no em paz e foram fazer a revolução.
A minha tia Manuela Sampaio e Paiva conheceu John muito depois de ele ter deixado de ser Tarzan e, até, de se ter vestido de caqui para fazer de Jungle Jim. Meados dos anos 70. Envelhecera com estilo. Ficara a saber que sofria de sérios problemas cardíacos desde criança. Vinha a Portugal negociar vinhos do Porto com os Ribeiro da Silva e tornara-se tão popular que não era fácil levá-lo a restaurantes. Toda a gente deveria estar à espera do momento em que soltaria o que Burroughs definiu: «The man, raising his face to the heavens, voiced a horrid cry – the victory cry of the bull ape!». Ou de que se agarrasse aos reposteiros e fizesse deles lianas em busca de alguma mulher bonita na sala à qual pudesse perguntar: «Me Tarzan, you Jane?». O que, convenhamos, é uma simples mas verdadeiramente prometedora frase de engate. Se não fizesse corar Maureen O’Hara deixaria Cheeta feliz."

Flamengo d.C..

"1. Antonio Conte, treinador do Inter: «Nos períodos de competição a relação sexual deve ser rápida, com o mínimo de esforço e os jogadores devem ficar por baixo». Com ou sem VAR?
2. Enquanto estava ocupado a conquistar o Brasil (e a América do Sul), Jorge Jesus conquistou Portugal. Uma espécie de Euro-2016 personificado na aventura de um só homem, abraçado e apoiado como causa nacional.
3. Jesus evangelizou até os menos crentes, como eu (curvo-me perante o seu feito). O Zé Carioca da banda desenhada é hoje um Garoto de Ipanema na voz de Tom Jobin. E há um Flamengo a.C. e um Flamengo d.C.
4. Sorteio da Taça de Portugal: o Benfica escapou ao Canelas. Literalmente.
5. Estava com saudades de José Mourinho, confesso. O futebol sem ele é como uma noite de karaoke sem a música Angels, de Robbie Williams.
6. Rui Caeiro, que esteve com Bruno de Carvalho até ao fim na Direcção do Sporting, vai integrar os quadros da Direcção da Liga. Podia ser pior, podia ser o próprio BdC. Temos de ser positivos.
7. O movimento Sou Sporting organizou um congresso com o mote O que farias pelo teu Sporting? Eu acabava com o movimento Sou Sporting e com todos os outros movimentos, grupos e associações em torno do clube, uma teia mas complexa que a rede do metro de Londres. Mind the gap.
8. Mais ridículo de que atribuir o prémio de dirigente do ano a Frederico Varandas é a importância que se dá ao Grupo Stromp. Da minha parte, o relevo que lhes dou é o seguinte:
9. A SAD do FC Porto antecipou novamente receitas televisivas (em ano e meio já lá vai mais de metade do que era para 10 anos). Também vai antecipar o aumento de salários e prémios de Pinto da Costa e seus pares?
10. Nos últimos cinco jogos o RB Leipzig marcou 24 golos (quase 5 por partida). Conseguirá o Benfica contrariar os conselhos sexuais de Antonio Conte e ser intenso, duradoiro e ficar por cima?"

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Olimpismo & Religião

"A comunicação social que pouco ou nada se preocupa com o desporto para além dos casos da bola e das estatísticas das performances do Ronaldo, de um momento para o outro, acordou porque uma menina de treze anos de idade foi impedida de participar num jogo do campeonato porque os árbitros, e bem, entenderam que, a maneira como ela equipava por constrangimentos de ordem religiosa, não respeitava os regulamentos que são determinados pela Federação Internacional de Basquetebol (FIBA). Ora, o que acontece é que, numa cedência que vai contra o próprio espírito olímpico, uma vez que o desporto deve estar liberto de qualquer manifestação religiosa ou política, o regulamento da referida Federação até prevê "a possibilidade de os jogadores poderem equipar de acordo com as suas convicções religiosas, desde que o mesmo garanta a liberdade de movimentos e assegure a segurança dos intervenientes no jogo". Portanto, nunca existiu qualquer fundamentalismo por parte dos árbitros que se limitaram a aplicar o regulamento, até porque já haviam cedido em jogos anteriores, numa atitude de condescendência e mentalidade aberta de acordo com a maneira de ser da generalidade dos portugueses. Segundo comunicado da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), o treinador do clube até já tinha sido informado pela equipa de arbitragem que o equipamento da jogadora teria de estar de acordo com as regras definidas pela FIBA o que, diga-se de passagem, não era nada difícil de conseguir. Por isso, não aceitamos a posição do treinador do clube quando disse que estava "desiludido" com a explicação da FPB!!! Tenho para mim que a FPB é que devia estar desiludida com o treinador. Porque não é, certamente, para desencadear atitudes deste tipo que a FPB e a FIBA fazem formação de treinadores. E nunca lhe teria sido atribuído o título de treinador se ele afirmasse não estar disponível para cumprir os regulamentos da FIBA. Também não aceitamos a atitude do pai da menina que, utilizando o idioma inglês (como se verificou na reportagem da TVi), numa estratégia subliminar, pretendeu fazer passar a ideia de que Portugal inteiro apoiou a sua filha.
Somos um país com várias comunidades que vivem em coexistência fraterna há centenas de anos. Somos todos portugueses no maior respeito e simpatia uns pelos outros. Milhares professam a fé muçulmana como outros milhares professam a fé cristã, judaica ou outras. Fazemos todos parte de uma cultura miscigenada da qual nos devemos orgulhar. Somos um Estado laico pelo que os crucifixos nas salas de aula um dos símbolos mais afirmativos do Estado Novo deixaram de estar presentes. Por isso, não se aceita que, de um momento para o outro, surja um conflito entre religião e desporto que, se bem entendemos, foi trazido de fora. Estamos, certamente, todos solidários com a menina de 13 anos de idade que, em pleno século XXI, num país laico, democrático e liberal, por motivos religiosos, foi impedida de jogar basquetebol. Mas não me quer parecer que a solução da FPB tenha sido a melhor quando, numa estratégia de marketing político, entendeu por bem ultrapassar o problema e entregar um equipamento regulamentar à menina. E não estamos de acordo porque, ao fazê-lo, institucionalizou uma situação em que, por via oficial, a menina, como Miguel Sousa Tavares teve a oportunidade de referir na TVi, passou a ser discriminada relativamente às outras atletas uma vez que o vestuário que por imposição religiosa é obrigada a usar prejudica a sua performance atlética.
Seria bom que os dirigentes desportivos de todas as fés religiosas entendessem que o desporto moderno há muito que se libertou dos constrangimentos da fé cristã quando esta punha obstáculo à livre prática desportiva pelo que, agora, é inaceitável que possa cair nos constrangimentos impostos por qualquer outra fé religiosa.
Pierre de Coubertin foi o primeiro a perceber que, para além da imposição das igrejas cristãs que exigiam a proibição da prática desportiva ao domingo e do próprio “cristianismo muscular” que pretendia instituir a distinção entre “cristãos musculados” (muscular christians) e “homens musculados” (musclemen), quer dizer, entre atletas cristãos e não cristãos, o sucesso universal do Movimento Olímpico passava por se afastar das questões de ordem religiosa. Acresce que, quando em finais do século XIX, durante o 1º Congresso Olímpico (1894), a máxima olímpica, idealizada pelo Frade Henri Didon foi, pela primeira vez, institucionalmente proferida, foi-o com a seguinte ordem das palavras: Citius, Fortius, Altius. E porquê? Porque se tratava, com o Altius em último lugar, de conferir à máxima olímpica um sentido de elevação e superação competitiva dos atletas relativamente aos Céus e a Deus. Coubertin, durante vários anos, até à morte de Didon, utilizou o lema olímpico com a mesma ordem das palavras – Citius, Fortius, Altius que o Frade havia idealizado. Todavia, depois da morte de Didon, que aconteceu a 13 de Março de 1900, Coubertin, num texto publicado em 1901 onde abordava a problemática da educação pública, já não utilizou a ordem inicial das palavras. Utilizou a ordem que hoje é conhecida: Citius, Altius, Fortius. E porquê? Porque, Coubertin tinha a perfeita noção de que o Movimento Olímpico moderno para se desenvolver a uma escala mundial tinha de o fazer na realidade terrena da vida, superando a metafísica cristã e assumindo-se como uma espécie de religião laica. Tinha de descer à terra e ao convívio de todos os Homens para além das suas convicções religiosas. Para Coubertin o êxito do Olimpismo obrigava a cortar com a ideia de que a sua máxima estava na elevação do espírito de cada atleta ao Deus da cultura vigente na Europa que era o Deus cristão. Assim, era necessário cuidar do futuro do Movimento Olímpico que não podia estar cativo de nenhuma religião em particular. E como “o sagrado não morre desloca-se”, a estratégia consistiu em ultrapassar a busca da transcendência cristã a fim de adoptar uma nova transcendência, desta feita de características temporais que, a partir do conceito grego de areté, introduzisse uma religiosidade terrena na busca da excelência pessoal e social pela prática desportiva.
Coubertin assumiu o desporto como um produto do industrialismo e do consequente progresso e desenvolvimento, isto é, como um lugar de racionalidade à margem de um pensamento mítico-religioso no âmbito da fé cristã ou de outra qualquer. Como ele escreveu no livro L'Education Anglaise en France, podia-se ser católico, luterano, calvinista, ortodoxo, agnóstico ou ateu porque o Olimpismo, como filosofia de vida, não era qualquer coisa a apreender, mas “uma atmosfera a respirar”. E as religiões não se podiam sobrepor à própria força criadora do neo-Olimpismo porque os jogos deviam estar envolvidos no seu próprio poder espiritual que buscava a transcendência pela educação e a cultura competitivas à margem de qualquer religião em especial.
Perante esta perspectiva de futuro introduzida por Coubertin no Movimento Olímpico há mais de cem anos, pergunta-se: Faz algum sentido pretender-se introduzir a questão religiosa no desporto sujeitando-o a procedimentos e restrições ao contrário daquilo que foi a sua história durante o século XX?
É, para mim, claro que não. Porém, o hijab, enquanto símbolo religioso, está, com a maior das complacências das autoridades desportivas, a ser utilizado nas competições desportivas por muitas atletas como símbolo da sua identidade religiosa. E elas fazem-no nos países laicos em que o Estado nada tem a ver com as religiões que os seus cidadãos professam.
O que é que resulta de tais atitudes? Consciente ou inconscientemente o que resulta é o começo da islamização do desporto como uma das etapas iniciais da islamização dos países. Dirão que o caso em apreço não tem significado porque é “uma gota de água no oceano”. Não estou de acordo. São casos como este que acabam por causar um “efeito de borboleta” sem que, inicialmente, ninguém dê por isso. Quer dizer, através de um caso desportivo ao qual não se atribui a devida importância, começam a abrir-se as portas que vão permitir a destruição de um desporto que, no passado, conseguiu libertar-se dos constrangimentos religiosos da fé cristã.
O que é importante considerar é que o desporto, com as suas diversas organizações internacionais que se replicam nos mais diversos países do mundo incluindo os islâmicos, pode ter um papel de extrema importância assim os dirigentes europeus políticos e desportivos saibam assumir com coragem e dignidade as suas responsabilidades. Por exemplo, as Federações Internacionais que de acordo com o COI regem o programa técnico das respetivas modalidades nos jogos Olímpicos e Campeonatos do Mundo e Regionais podem, através de regulamentos claros e de acordo com os princípios da Carta Olímpica, proibir a utilização de qualquer vestuário com o qual possam ser estabelecidas relações de tipo político ou religioso. A este respeito a Liga Internacional pelos Direitos da Mulher (ILWR) remeteu um documento para o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Paris (2024) (ILWR) em que é pedido que seja proibido o uso do hijab bem como outras peças da roupa islâmica a fim de garantir que as muçulmanas possam competir sem quaisquer constrangimentos de ordem religiosa. Annie Sugier, autora do livro “Como o Islamismo Corrompeu os Jogos Olímpicos”, acusa os países islâmicos de, para além de não permitirem que as mulheres participem em competições mistas, impedem-nas de participarem em quaisquer desportos que não estejam de acordo com as leis islâmicas. Nestes termos, a ILWR solicita ao Comité Olímpico Internacional que cumpra a Carta Olímpica e impeça as atletas de utilizarem qualquer indumentária de ordem religiosa. As cedências que neste domínio têm sido, contra a Carta Olímpica, admitidas pelas Federações Internacionais, para além de prejudicarem e humilharem as mulheres acabam por transmitir a ideia para os países islâmicos que aqueles prejuízos e humilhações são perfeitamente admissíveis. E assim acontece porque às autoridades daqueles países acaba por nunca chegar qualquer crítica ou reprovação com um verdadeiro significado político e social.
Acresce que, na lógica da aceitação de um relativismo cultural sem um sentido crítico, os países liberais-democratas estão sempre disponíveis para acomodarem exigências que atentam contra a epistemologia monocultural do desporto moderno baseada no legado grego. Ela é o resultado de uma evolução histórica de escolhas técnicas, políticas e sociais com tempos próprios de maturação que não podem nem devem ser pervertidas aos desígnios de uma qualquer crença política ou religiosa, sob pena do desporto entrar num processo de implosão.
Assim, o que se passou com o clube a que se refere o presente texto foi um balão de ensaio com origem externa em que se procurou aferir o padrão de aceitação dos portugueses aos preceitos islâmicos em matéria de prática desportiva. A confirmar-se esta tese somos levados a considerar a seguinte hipótese: O Cristianismo Muscular há muito abandonado, pela nova ideologia do Crislão, vai ressuscitar através do Islamismo Muscular só que desta feita será, certamente, para destruir o desporto e o Movimento Olímpico modernos. Ora, isto a acontecer não será, certamente, bom para os judeus, os cristãos ou, entre outras fés religiosas, os muçulmanos.
Não se podem dar tréguas a quaisquer fundamentalismos religiosos que pervertam a lógica monocultural do desporto moderno. E, a este respeito, não pode haver atitudes de apaziguamento. Se o Movimento Olímpico se libertou dos constrangimentos e imposições das Igrejas Cristãs não pode, agora, ceder às imposições do radicalismo de uma qualquer fé religiosa sob pena de, inadvertidamente, entrarmos numa espécie de novos jogos antropológicos desta feita de características religiosas.
A Carta Olímpica é clara quando diz que “toda e qualquer forma de discriminação relativa a um país ou a uma pessoa com base na raça, religião, política, sexo ou outra é incompatível com a pertença ao Movimento Olímpico”. Ninguém impede um judeu, um cristão, ou um muçulmano de praticar desporto devido às suas convicções religiosas. Está fora de causa. O que não se pode aceitar é que os judeus, os cristãos ou os muçulmanos, transportem para o desporto as suas convicções religiosas e obriguem os outros a aceitarem-nas e a terem de conviver com elas. O desporto moderno, na sua essência competitiva, antecede um qualquer processo de integração multicultural. Enquanto competição organizada a nível internacional entre todos os Homens, o objectivo “sine qua non” está na organização de competições justas, nobres e leais, a fim de se compararem performances atléticas para além da raça, do credo ou das condições sociais de cada um. Foi esta a ideia que, desde a primeira hora, animou o espírito de Coubertin. O seu grande objectivo, como referiu nas suas Memórias Olímpicas, foi o de, através da organização dos Jogos Olímpicos, levar à mesa de negociações as várias nacionalidades europeias que se encontravam em disputa, transpondo, deste modo, para os terrenos do desporto os conflitos que, até então, eram resolvidos nos campos de batalha.
Assim, o desporto moderno obriga a um processo de assimilação pelo que todos aqueles que desejam aderir, devem aceitar, de A a Z, as regras que têm vindo a ser construídas e partilhadas de há mais de cento e vinte anos a esta parte. Alterar o standard desportivo por motivos religiosos ou outros é destruir o próprio desporto. Por isso, não é possível aceitar a existência de uma qualquer forma de mediação dialéctica entre o desporto e a religião sob pena de recuarmos mais de cem anos e transformarmos o desporto num espaço de afirmação e até confrontação religiosa. Por isso, não podemos, agora, aceitar que, em pleno século XXI, queiram impor novas exigências religiosas ao desporto sejam elas quais forem. Se essas exigências não forem recusadas em nome da dignidade das mulheres em particular e da pessoa humana em geral que o sejam em nome dos princípios e dos valores do Olimpismo enquanto realidade ecuménica de partilha da paz e do futuro entre todas as raças, todos os credos e todas as civilizações.
Temos de cerrar fileiras. Não podemos ser ingénuos ao ponto de, perante quaisquer extremismos, venham eles de onde vierem, aceitarmos fazer o papel do apaziguador. Como Winston Churchill um dia afirmou, “apaziguador é aquele que alimenta o crocodilo na esperança de ser o último a ser devorado”."

Cadomblé do Vata (ilusões!!!)

"Quando naquela fria noite de Dezembro de 2016 Jorge Jesus regressou à Luz com o seu Sporting CP, o Circo dos Vouchers já se tinha virado muito contra si. Tinha perdido o campeonato anterior e seguia em 2º na Liga. Comentários de "só ganhava no SL Benfica por causa dos Vouchers" ecoavam por toda a caixa de segurança no início do jogo e tornaram-se mais estridentes no final com a nossa vitória por 2-1. Pessoalmente, saí do jogo feliz pela vitória mas embrenhado na narrativa popular de que tínhamos tido sorte porque o Sporting desperdiçara oportunidades para o 2-2 a "dar com pau". Felizmente, à data a BTV dava as repetições dos jogos 1 ou 2 dias após a sua realização e aí descobri que a avalancha ofensiva lagarta desde o 2-1 aos 69 minutos tinha resultado numa oportunidade clara e um par de remates de fora da área.
O engano a que todos me sujeitaram teve origem na emoção do jogo. Vejo os 90 minutos em transe completo e mais de metade dos acontecimentos passa-me ao lado ou fico com noção errada deles. Ontem por exemplo, depois de muito discutir o empate em terras teutónicas, deitei-me a trautear "raio do Caio" e hoje acordei já com melodia e meia dúzia de versos para fazer um sucesso de Natal com "Raio do Caio" que incluíam "entrou a 10 minutos do fim / mas enterrou mais do que o Quim", convencido que tinha ficado de ter ouvido o "tu tu tu tu tu tu tu (ler isto ritmado como o som saído dos altifalantes do Estádio de S. Luis nos anos 90, a anunciar substituição... sai na equipa visitante Pizzi com o número 21 e entra Caio com o número 7" aí por volta dos 80 minutos. Acontece que toda a gente me enganou. O "raio do Caio" que tanto estrago fez na exibição e no resultado encarnado entrou aos 93 minutos, com 2-1 no marcador. Honestamente, não reparei que ele tivesse assassinado alguém nestes 7 minutos de jogo, e julgo que o único erro dele foi ter falhado um cruzamento bem no final da partida. Mas se me disserem que o "raio do Caio" é que tem culpa disto tudo, eu vou acreditar novamente.
Curiosamente, e ainda reportando à vitória "à rasquinha" sobre o Sporting, Rui Vitória não meteu nenhum central para segurar resultado. Tal como não havia metido no alvaladismo Mitroglouiano. O mesmo que Lage não fez no Dragão em Março. Nem Jesus em Turim, no ano em que levamos 3 do Leverkusen. Gritar "mete centrais porque estamos a ganhar" é tão lógico como pedir "mete avançados porque estamos a perder". Até porque o que não faltam é exemplos de Rodericks que entram para segurar resultados no Dragão, e no fim só se ouvem berros de "a culpa é do conas do Jesus que se acagaçou todo"."

RB Leipzig 2-2 SL Benfica: convencer menos vencer é igual a eliminação

"SL Benfica e RB Leipzig empataram a dois golos na quinta e penúltima jornada do grupo G da Liga dos Campeões, resultado que dita a eliminação das águias e o êxodo português da prova maior de clubes europeus. A boa exibição benfiquista não se materializou em vitória, restando aos encarnados agarrarem-se aos momentos positivos e aos momentos de aprendizagem para enfrentar o difícil ciclo de jogos de Dezembro.
Os primeiros vinte minutos da partida não foram pródigos em momentos dignos de registo, ainda que não tenham sido mal disputados. O equilíbrio serviu-lhes de pauta, apesar de um ténue ascendente alemão. No entanto, culminaram com a inauguração do marcador pelo Benfica, através do pé esquerdo de Pizzi, após um meritoso trabalho de Taarabt e Vinícius.
O golo encarnado teve o condão de acordar momentaneamente a turma de Leipzig, que tentou responder de imediato e só não repôs a igualdade graças à ineficácia de Nkunku, que, em excelente posição e com espaço, atirou à figura de Vlachodimos. Todavia, os pupilos de Bruno Lage não vacilaram – algo que tem sido apanágio das águias na Europa após um golo ou uma situação de perigo do adversário – e mantiveram o equilíbrio estrutural nos dez minutos seguintes.
Com meia hora jogada, o RB Leipzig começou a impor-se e a circundar perigosamente a área benfiquista. No espaço de sete minutos, os alemães criaram perigo um par de vezes, valendo ao Benfica a atenção e os reflexos de Vlachodimos – e a desatenção de Gil Manzano, que poderia, eventualmente, ter assinalado grande penalidade por falta de Grimaldo se tivesse consultado o vídeo-árbitro.
Até ao intervalo, as águias conseguiram dividir a iniciativa e, a escassos minutos do final do primeiro tempo, Pizzi atirou à junção da trave com o poste esquerdo da baliza de Gulácsi, naquela que foi a melhor oportunidade de golo não concretizada do campeão português.
Segunda parte como a primeira, segundo golo como o primeiro. Leipzig por cima do jogo e a criar perigo e o Benfica a dilatar a vantagem na primeira oportunidade de que dispôs para o fazer, à passagem da hora de jogo. Bem posicionado, Taarabt interceptou a bola no meio-campo defensivo encarnado e serviu Vinícius, que falhou a recepção mas aproveitou a escorregadela literal de Klostermann para se isolar frente a Gulácsi e bater o húngaro – e no húngaro, que saiu lesionado.
O peso do golo sofrido manifestou-se através da menor displicência alemã. Contudo, a turma de Julian Nagelsmann não cessou de ser perigosa, mais do que o Benfica, que se preocupou mais em defender do que em atacar. Nas situações em que não foi capaz de suster a equipa alemã, os calafrios inevitáveis disso não passaram muito graças a uma incomum ineficácia do Leipzig.
Desgastado, Vinícius cedeu o lugar a Raul de Tomás, que por pouco não fez o 3-0 com um remate ainda antes do meio-campo. Quem não marca, sofre e o Benfica foi “vítima” do provérbio por duas vezes. Aos 89 minutos, Rúben Dias comete falta na grande área e Forsberg reduziu da marca dos 11 metros. Motivados, os alemães apertaram o cerco e chegaram ao empate no quinto de nove minutos de compensação, novamente pelo seu número 10, que cabeceou com demasiado à-vontade.
As águias ainda tentaram alcançar a vitória, mas sem sucesso. Pela primeira vez somou pontos em território germânico a equipa da Luz, mas não os suficientes para seguir na luta pela qualificação para os oitavos de final da liga milionária.
Na última ronda, o Benfica recebe o FC Zenit, com três cenários possíveis em mente para garantir o terceiro lugar e a participação na Liga Europa: caso o Leipzig vença o Lyon, os encarnados só precisam de ganhar; se os alemães perderem com os franceses, as águias têm de ganhar por 2-0 ou três golos de diferença; na possibilidade de o outro encontro do grupo terminar em empate, o Benfica tem na mesma de ganhar por 2-0 ou três golos de diferença. As contas não se afiguram fáceis para a turma de Bruno Lage, mas a esperança encarnada ainda não morreu por completo.

Onzes Iniciais e Substituições:
RB Leipzig: Gulácsi (Mvogo, 63′); Klostermann; Upamecano; Ampadu (Mukiele, 56′); Saracchi (Schick, 70′); Laimer; Demme; Nkunku; Sabitzer; Forsberg e Werner.
SL Benfica: Vlachodimos; André Almeida; Rúben Dias; Ferro; Grimaldo; Taarabt; Gabriel; Pizzi (Caio Lucas, 90+2′); Cervi (Jota, 90+8′); Chiquinho e Vinícius (de Tomás, 82′).

A Figura
Emil ForsbergBisou no fim-de-semana, bisou hoje e está num excelente momento de forma o sueco que tão bem enverga a camisola 10 do RB Leipzig. Foi sempre dos mais esclarecidos e não vacilou no momento de decidir.

O Fora de Jogo
Christopher Nkunku Não se escondeu do jogo, é certo, mas foi o elemento mais fraco da equipa alemã. Demonstrou alguma inexperiência e incapacidade de decisão, espelhadas na oportunidade escandalosamente desperdiçada na primeira parte, na cara de Vlachodimos."

Cadomblé do Vata

"1. Grande elogio dos Benfiquistas à exibição da equipa... antes do jogo "menos de 5 é derrota do Leipzig", depois do jogo "este empate é uma vergonha".
2. Em casa do 2° classificado da Bundesliga entramos só com 4 jogadores defensivos... vamos ter que alugar um C 130 da Força Aérea para trazer os tomates do Lage de regresso a Portugal.
3. Empatar depois de chegar aos 89 minutos a vencer por 2-0 sabe a derrota moral... da próxima vez temos que experimentar ao contrário, que vale exactamente a mesma coisa, mas sabe a vitória moral. 
4. Vinicius marcou um golo e Raul ia marcando um golão... visto deste prisma nem nos lembramos que investimos uma OPA nestes dois jogadores.
5. Resta-nos portanto um jogo para ganharmos 2-0 ao Zeniit e irmos outra vez brincar para a piscina dos pequenotes... e aproveitar para mostrar que os 89 minutos de hoje não foram obra do acaso."

É triste, mas durante alguns minutos o Leipizg foi o Benfica e o Benfica foi o Vizela. O Nagelsmann tinha razão

"Vlachodimos
O melhor em campo. Aproveitou a rara oportunidade rara de jogar contra avançados de classe mundial e fez a melhor exibição da época numa noite que parecia destinada a ser nossa. Isso ou evitou mais uma goleada embaraçosa nas competições europeias. Ainda não sei, a inflamação da minha cabeça não me permite discernir.

André Almeida
Começou bem, assim como toda a equipa, mas com o passar do tempo e a passagem do Werner para o seu lado, foi-se tornando notório que nem mesmo um Tomás Tavares teria condições para travar o avançado alemão, quanto mais o nosso Almeidinhos. Perante as investidas sucessivas dos alemães, decidiu que o melhor mesmo era começar a atirar-se para o chão por tudo e por nada, numa interessante inversão de papéis. Compreende-se, claro, mas não deixa de ser triste que, durante alguns minutos, o Leipzig tenha parecido o Benfica e o Benfica tenha parecido o Vizela. Afinal o Nagelsmann tinha razão.

Rúben Dias
Rúben, amigão, campeão: ao contrário do que alguns adeptos têm dito, jogaste bem. No entanto, da próxima vez que um avançado alemão tentar passar por ti aos 90 minutos de um jogo da Champions que estás a ganhar por 0-2, não tornes as coisas piores. Deixa-o ir. Ele que se amanhe com o nosso deus grego. Não deixaste de ser o maior, mas vê lá isso. Sábado há mais.

Ferro
Não é que estes textos dependam exclusivamente disso, mas queria dizer-vos que é extraordinariamente difícil estar em casa com uma gastrite, impedido de recorrer ao álcool para afogar as mágoas, a tentar ordenar palavras de uma forma lógica e minimamente serena. Porra, Benfica. O médico pediu-me que repousasse. Assim não dá.

Grimaldo
Um dos responsáveis pelo flanco mais atrevido da equipa. Se o árbitro tivesse marcado o penálti cometido por Grimaldo ainda na primeira parte, estaríamos aqui hoje provavelmente a dissecar mais uma derrota embaraçosa e a imaturidade exibida por alguns destes jogadores nos palcos europeus, isto a não ser que queiramos aproveitar um empate concedido no período de descontos para fazer as mesmas críticas. Estejam à vontade.

Gabriel
As duas primeiras intervenções não enganaram. Continuamos a insistir no Gabriel mau, um centrocampista de ideias peregrinas com um peso superior ao QI. Banco com ele.

Taarabt
Apresentou massa testicular de sobra para enfrentar uma dúzia de boches e esteve nos dois golos. Tal como os colegas, terminou com o depósito na reserva sem bomba de gasolina à vista. Ainda nos vai dar muitas alegrias esta época.

Pizzi
Em condições normais, o décimo quarto golo da temporada e um remate à trave deveriam chegar para calar os que, como eu, criticam as prestações do Pizzi na Europa. Felizmente empatámos e estamos fora da Champions, caso contrário seria difícil criticar as suas perdas de bola ao longo do jogo. 

Cervi
Aceitemos a triste sina. O melhor Cervi (que foi) será sempre incapaz de chegar à prateleira de cima e o melhor Benfica não tem mãozinhas para tocar esta guitarra. A vida continua. Resta agora fazer ao Marítimo o mesmo que fizemos da última vez que uma equipa madeirense visitou o continente para defrontar o maior clube do mundo.

Chiquinho
Durante quase uma hora teve discernimento, mobilidade e linhas de passe para incomodar os alemães. A partir dos 65 minutos o jogo virou e o Leipzig tomou conta dos acontecimentos. Chiquinho tentou adaptar-se como pôde, mas a ausência de soluções defensivas no banco de suplentes obrigou-o a sacrificar-se, fragilizando a equipa. Foi pena. Se ao menos tivéssemos um central ou um médio de contenção no banco. Enfim.

Vinicius
Carlos Vinicius é nome de empregado de casa de hamburgers em Paço de Arcos. Esqueçam isso. A partir de hoje chamem-lhe São Vinicius da Pose. Raul de Tomás Responsável pela única arritmia que sofri ontem. Se aquele chapéu tem entrado acredito plenamente que o jogo teria acabado 3-3.

Caio Lucas
Aquele abraço ao Pizzi no momento da substituição pareceu-me revelador: ambos os jogadores mostravam um semblante carregado, como quem pergunta "porque é que estamos a trocar de lugar?" Caio Lucas lá entrou com o intuito, presume-se, de refrescar o meio-campo numa altura em que se pedia maior lucidez na posse de bola e mais fôlego a fechar. O plano só teve um problema: passámos mais tempo a fingir lesões no chão do que a controlar a bola e Caio Lucas não saberia proteger a nossa baliza de um Leizpig se a sua vida dependesse disso.

Jota
Eu teria chorado novamente se entrasse aos 97 para fazer sabe Deus o quê."

Vermelhão: recta final fatal !!!

Leipzig 2 - 2 Benfica


Enorme frustração, é o sentimento generalizado de todos os Benfiquistas neste momento: naquele que estava a ser o jogo mais 'conseguido' do Benfica na Champions, nesta época! Deitámos tudo a perder nos 'descontos'!!! Para mim, não foi o nosso 'melhor' jogo, mas ao contrário por exemplo do jogo com o Leipzig na Luz, foi um daqueles jogos que até estava a correr bem... marcámos primeiro, o adversário desperdiçou alguns golos, marcámos o segundo... estivemos quase a marcar o terceiro... e depois no 'desespero' do chuveirinho, não aguentámos!!! E estamos fora da Champions...
O Lage tem falado muito na importância de marcar primeiro, nestes jogos da Champions, e hoje fizemos isso, o que mudou a 'dinâmica' do jogo! Sendo que ao contrário de outras ocasiões, a equipa até se sentiu relativamente 'confortável' a defender com as linhas baixas... Com 0-0 nem por isso, o espaço entre a linha defensiva e o meio-campo era grande, principalmente quando a bola 'entrava' nas costas dos nossos Laterais, mas depois do 0-1, controlámos bem o jogo...
A estatística no final, diz que o Leipzig rematou mais, mas nós 'mandámos' uma bola à barra, aquela bola do RdT merecia o golo... e logo a seguir, num livre lateral, criámos muito perigo...
Mas a equipa foi recuando, o cansaço acumulou-se... e aquilo que vai ficar na memória de todos os Benfiquistas, vai ser: qual a razão do Florentino não ter entrado?!!!
A surpresa no onze foi o Taarabt, mas no 'esquema' houve outra pequena alteração: o Chiquinho jogou praticamente ao lado do Gabriel e do Taarabt... longe do Vinícius! Jogámos praticamente num 4x5x1... e com as 'subidas' do Taarabt e Chiquinho nas 'meias' fomos criando perigo! Mas na parte final, pedia-se mais músculo... o Taarabt foi importantíssimo no critério de saída de bola! É verdade que perdemos algumas bolas em zonas proibidas, que deram quase sempre jogadas de perigo ao adversário (Ferro e Gabriel exageraram no 'risco'!!!), mas a presença do Taarabt, permitiu à equipa 'respirar' em várias ocasiões (quem fez muita falta hoje, foi o Rafa! Muita falta!)... Mas no final, a equipa estava a pedir outras 'características'!!!
Este jogo será usado por alguns para provar que o Benfica, podia ter feito outra campanha na Champions, não fossem as 'alterações' em alguns jogos! Mas eu reitero, este durante quase 90 minutos, 'correu bem', algo que noutras partidas não aconteceu, e a tal dinâmica do jogo, foi-nos favorável durante muito tempo... Por exemplo, na última jornada com o Zenit, na Luz, a dinâmica será completamente diferente, porque os Russos defendem com as linhas 'baixas'... 

Não posso de deixar de referenciar o apitadeiro espanhol: o penalty na minha opinião é vergonhoso, o Rúben toca-lhe no peito, mas o jogador, atira-se claramente para o chão... Não me recordo de ver um penalty assinalado deste tipo! E logo a seguir no 2.º golo do Leipzig, o Taarabt sofre uma falta claríssima a meio-campo, ele não marca, e na sequência dá golo... Curiosamente, depois do 2-2, em poucos minutos, marcou 3 faltas  favor do Benfica, algo que nos minutos imediatamente anteriores, não fez...!!!
Vamos lutar pela Liga Europa, num cenário muito complicado, sendo que não bastará ganhar, temos que marcar pelo menos dois, a não ser que o Lyon perca em casa com o Leipzig, e nesse caso basta ganhar por qualquer resultado... O Lyon pode ficar em 1.º, 2.º, 3.º ou em 4.º; o Zenit pode ficar em 2.º, em 3.º ou em 4.º !!! Nós podemos ficar em 3.º ou em 4.º!!! Tudo para decidir na última jornada

Mas agora o mais importante é o Marítimo, no Sábado, com poucos dias de recuperação, e muito provavelmente com um onze muito parecido...

Na Champions..:!!!

Mladost Zagreb 1 - 3 Benfica
20-25, 19-25, 25-20, 21-25


A minha única preocupação para hoje era o cansaço, devido ao calendário 'recheado', mas resolvemos o assunto rapidamente, com a conquista dos dois primeiros Set's e depois mesmo com as alterações, fechámos o jogo no 4.º Set...

Qualificação histórica para a fase de grupos da Champions, onde já sabemos quais são os nossos adversários: Perugia (Ita), Tours (Fra) e Verva Varsóvia (Pol). Três adversários fortissimos, como não podia deixar de ser...!!!
Apesar do enorme 'não favoritismo' para nenhum dos jogos, podemos fazer uma graçinha! Nas últimas épocas, conseguimos 'enganar' algumas equipas Italianas, portanto...!!!

Vitória no Bessa...

Boavista 17 - 25 Benfica
(10-12)

Vitória esperada, mesmo com algumas ausências: o Djordjic ainda não recuperou... o Ristovski também não fez a viagem...  Mas o Vidrago já voltou!!!

Amanhã temos o sorteio da EHF...

Vitória na Eslováquia...

Inter Brastilava 91 - 95 Benfica
24-20, 22-24, 26-25, 19-26

Jogo muito equilibrado, com o Benfica sempre a 'atrás' do marcador, mas com diferenças pequenas.
No último período 'apertámos' mais um pouco e a vitória não fugiu... Sendo que o Inter só se manteve na luta, porque fizeram 54% nos Triplos (49 pontos!!!)... Com esta derrota os Eslovacos, acabaram por ser eliminados!
A qualificação já estava garantida, portanto deu para fazer alguma gestão, o Fábio Lima não jogou (deve estar tocado), e o Murry jogou 'pouco'! Destaque para a integração rápida do Ireland... O McGhee é que continua sem convencer...

Nesta 2.ª fase de Grupos, ficámos no Grupo A, com o Bakken Bears (Din) - nossos conhecidos! -, o Medi Bayreuth (Ale) e o Spirou Basket (Bel). O grupo é complicado, se quisermos passar, temos que elevar o nível e o Micah tem que estar disponível... Ficámos, igualmente, com o calendário muito complicado, com os jogos da nossa Liga, contra as equipas mais complicadas, no meio de jornadas Europeias!!!

Qualificação...

Leipzig 0 - 3 Benfica


Vitória indiscutível, contra um adversário, que tal como no Seixal, fartou-se de dar porrada!!!
Apesar das boas indicações, não gosto desta opção de encostar o Ronaldo à direita, mas...

Com a derrota do Lyon em São Petersburgo, garantimos o 1.º lugar no Grupo a uma jornada do fim. Recordo que os 2.ºs de cada Grupo, vão ter uma eliminatória extra!

PS: Foi o último jogo do Jorge Maciel no Benfica! Com a saída de alguns treinadores adjuntos do Lille para o Tottenham do Mourinho, o nosso treinador dos sub-23 foi convidado a ir para França! Muito sinceramente, este tipo de movimentações a meio da época, não me agradam...
O Benfica anunciou o substituto: será o Luís Castro, que estava na Grécia no Panetolikos, como treinador principal, mas em Portugal, é mais conhecido pelo trabalho nas camadas jovens do Vitória de Guimarães. Por acaso, tenho uma boa impressão 'deste' Luís Castro, tem uma filosofia de jogo ofensiva... Os sub-23, e esta equipa que disputa a Youth League, tem alguns problemas 'logísticos', com vários jogadores a 'subirem' ou a 'descerem' nas diversas equipas (B´s e Juniores), não é fácil para os treinadores, construir rotinas, mas parece-me evidente, que o Jorge Maciel estava a fazer um trabalho interessante (em comparação com as últimas épocas, a nossa equipa de sub-23 tem jogado melhor...), vamos ver como corre as mudanças...

Várias frentes

"Não obstante a enorme dificuldade de que se reveste o jogo de logo à noite em Leipzig (20 horas), a nossa equipa está focada em fazer uma exibição consistente e em tentar aproveitar as oportunidades de golo. Esta foi a receita avançada por Bruno Lage para conquistar os três pontos no campo do líder do grupo e que atravessa um bom momento no seu campeonato.
Lage acrescentou que, independentemente do adversário, da competição, do local, dos resultados e exibições recentes ou mesmo o histórico adverso em jogos a contar para a Liga dos Campeões na Alemanha, a equipa deve olhar para o que consegue controlar, que é a sua forma de jogar. Esta tem sido uma marca registada do Benfica com Lage, tendo tido como expoente máximo o percurso brilhante na conquista do título nacional na temporada passada.
Repetir esse feito continua a ser o principal objectivo da temporada. Lideramos isoladamente a classificação, com o melhor ataque e a melhor defesa, vencendo em dez das onze jornadas disputadas. A Supertaça e a goleada inesquecível, por 5-0, ao Sporting nesse jogo já lá vão e o troféu pode ser apreciado por quem visita o Museu Benfica – Cosme Damião. E há outros troféus, além do de campeão nacional, que queremos acrescentar ao acervo do museu já esta temporada, o da Taça de Portugal e o da Taça da Liga.
O calendário, até à pausa de Natal, está muito preenchido com jogos de todas as competições. Serão oito partidas em 25 dias, a começar hoje em Leipzig e a terminar em Setúbal, provavelmente no dia 21 de dezembro, para a Taça da Liga. Pelo meio haverá três jogos do Campeonato (Marítimo e Famalicão na Luz, Boavista no Bessa), a última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões (Zenit na Luz), a deslocação à Covilhã para a Taça da Liga e a recepção ao Braga para a Taça de Portugal, conforme sorteado ontem, ante um candidato assumido à conquista da prova-rainha do futebol português.
Serão, assim, muitas as oportunidades para apoiarmos o nosso Benfica, sabendo que o nosso apoio poderá fazer a diferença como tantas vezes tem feito ao longo da história. #PeloBenfica

P.S.: Acaba de ser conhecido que João Félix ganhou o Golden Boy 2019. Um reconhecido prémio ao seu talento e que ainda reforça mais o prestígio da nossa famosa e conceituada escola de formação do Benfica Campus no Seixal, sendo o segundo jogador lá formado a vencer o prémio, depois de, em 2016, Renato Sanches ter sido o premiado."

Caro adepto, se quer criticar, critique com conhecimento de causa: aqui estão seis regras, novas e velhas, para rever

"Os campeonatos profissionais pararam algumas semanas.
Quando isso acontece - e quem gosta de bola, como eu, não gosta que aconteça - a tendência do adepto comum é desligar da realidade. Da realidade que, quase obcecadamente, agarramo-nos jornada após jornada, jogo após jogo.
Na Tribuna Expresso não queremos que fique fora de jogo. Eu, garantidamente, não quero.
Por isso, sugiro que voltemos a recordar algumas das premissas-base da lei. Como o saber não ocupa espaço, vamos então rever seis curiosidades das regras:
1. Sabiam que se um jogador se lesionar por força de uma falta que origine cartão amarelo ou vermelho para o adversário, ele não tem que sair do terreno para ser tratado? Basta que a assistência, em campo, não ultrapasse os 20/30 segundos.
Há um princípio de justiça aqui subjacente: impedir que quem sofra uma infracção seja obrigado a abandonar o campo, enquanto que quem a comete tenha a liberdade de manter-se no terreno de jogo. 
Faz sentido, não faz?
2. Sabiam que se dois jogadores da mesma equipa chocarem um com o outro e ambos precisarem de cuidados médicos, nenhum tem que sair para ser assistido? O princípio é o mesmo: impedir que uma equipa que não infringe fique temporariamente privada de dois dos seus elementos. Seria igualmente injusto.
Além destas excepções, fique a saber que há outras que não obrigam à saída para tratamento médico: a lesão de um guarda-redes; a colisão entre o GR e um jogador de campo (em que ambos fiquem lesionados); a ocorrência de uma lesão grave (perna partida, comoção cerebral, etc); e, a mais recente, a do executante habitual do pontapé de penálti que necessite de assistência para depois ser o próprio a executar o castigo máximo.
Por aqui, estamos esclarecidos.
3. Agora outra questão: sempre que o árbitro disser ao executante de um pontapé-livre (daqueles perto das áreas) que ele só pode rematar após o seu sinal (e aponta para o apito), o jogador será advertido se o fizer antes.
Aqui não se coloca a questão da sensatez, mas a da aplicar uma regra que é muito clara.
Da mesma forma, convém recordar que que os defesas que compõem a barreira só podem adiantar-se a partir do momento em que o adversário remate. Também aí a desobediência é punida com cartão amarelo.
E já que estamos a falar de "barreiras", duas notas adicionais:
- Os defesas podem usar as mãos/braços para cobrir o corpo e a cara, mas sem que com isso "cresçam" para retirar vantagem. Caso essa volumetria injustificada ocorra, o árbitro punirá em conformidade;
- A partir desta época, nenhum avançado pode estar a menos de 1m da barreira que seja composta por, pelo menos, três defensores. Se incumprir, o pontapé livre - depois de executado - será convertido em falta atacante (livre indirecto).
4. Outro reminder importante: a chamada "paradinha" (nos pontapés de penálti) só é ilegal quando o executante simular o remate à baliza depois de terminar a sua corrida, estando junto à bola.
Se apenas desacelerar/parar a corrida e retoma-la depois ou se nunca simular rematar, considera-se não haver qualquer irregularidade.
Do mesmo modo e a partir desta época, os GR podem ter apenas um pé (ou parte dele) sobre a sua linha de baliza, estando o outro dentro do terreno, se assim entenderem.
Num e noutro caso, o VAR pode intervir em caso de clara e evidente infracção.
5. Mudemos de assunto. Na celebração de golos - momentos de maior adrenalina e menor lucidez -, um jogador que deixe momentaneamente o terreno de jogo não é, só por si, advertido.
No entanto, o cartão amarelo será obrigatório se ele despir a camisola ou cubrir a cabeça com ela; se trepar a vedação para comemorar junto dos adeptos ou se aproximar-se excessivamente deles, causando problemas de segurança; se fizer gestos ou actuar de maneira provocatória; se cubrir a cabeça ou a cara com uma máscara ou artigo semelhante.
Nota importante: mesmo que um golo venha a ser anulado (por exemplo, após intervenção do VAR), os cartões amarelos exibidos por condutas antidesportivas dos jogadores mantêm-se.
6 - A última dica de hoje é relativa ao fora de jogo (Lei 11):
Ideia-chave: por regra, se um jogador está em posição de fora de jogo e joga/toca na bola, é punido (esta é a mais fácil).
Agora outra variável: se está em posição de fora de jogo mas não toca nem joga a bola, só é punido se Interferir Na Acção do adversário.
Há várias formas de "interferir": tentar disputar a bola com ele, impedi-lo de o fazer, distrai-lo, tomar uma acção óbvio que o perturbe, tapar o seu ângulo de visão, obstrui-lo, etc.
No fundo, um jogador será punido por interferir com o opositor sempre que praticar uma acção clara e óbvia que o prejudique, que o iniba ou afecte. Que o impeça de fazer o seu trabalho livremente.
A leitura destes momentos, em campo, nem sempre é clara. Aliás, muitas vezes é terrível, porque avaliar interferências sobre outro é algo demasiado subjectivo.
Mas conhecendo o princípio teórico, fica mais fácil, certo?

Notas finais:
A - Um jogador em fora de jogo pode jogar a bola sem ser punido se ela vier deliberadamente de um adversário ou directamente de um pontapé de baliza, pontapé de canto ou lançamento lateral. Esta convém nunca esquecer;
B - Se um jogador em fora de jogo sofrer uma falta Antes de tomar parte activa no jogo (ou seja, antes de tocar na bola ou de interferir com o adversário), essa falta tem que ser punida.
Exemplo: se ele estiver na área adversária e for carregado pelo defesa antes de intervir no jogo/adversário, o pontapé de penálti deve ser assinalado;
- Por outro lado, se o avançado em posição de fora de jogo for carregado Após tomar parte activa no jogo (ou seja, depois de tocar na bola ou de interferir com os defesas), deve assinalar-se o fora de jogo, porque foi a primeira infracção a materializar-se. 
É mais fácil assim do que lá dentro, não é?
Em breve voltarei com outras dicas técnicas. São tantas..."

Jesus também é português

"Este Jesus não tem vergonha. Jesus diverte e entretém porque é diferente do comum mortal e chegou lá acima assim sendo e com orgulho de o ser assim. Não foi special one, nem tão pouco normal one, nem nada que se parecesse.

Quando alguém morre é raro ouvirem-se críticas ao proscrito sobre o que fez da vida. A empatia humana não o permite. Quando Jorge Jesus vence, as palmas tornam-se ensurdecedoras e, agora até, ecoam dos dois lados do Atlântico. Só o futebol o permite.
Estádio Rose Bowl, 17 de Julho 1994, Estados Unidos. Em Portugal não havia, ainda, selecção que nos aconchegasse o patriotismo e nós decidíamos ecoar uma buzina canarinha e pintar com as cores tropicais as caras portuguesas. Éramos todos do “escrete”, do povo irmão, e tornávamo-nos assim filhos de Romário, Bebeto, Zagallo e Taffarel. A minha mãe, ainda antes dos penáltis, finalizou: “Já para a cama!”
Podia ter dormido todas as horas de todas as noites que, ao acordar, nunca esqueceria a minha primeira memória da redondinha. Aquele rabo de cavalo do Baggio e a biqueira do baixinho. O Brasil foi tetra e hoje é pentacampeão, O país imperador no desporto-rei. A selecção que espalha classe por todos os relvados. O seu domínio sempre foi reconhecido por todo o mundo, pela qualidade superlativa dos que conseguem poesia com os pés. Conquistou o mundo com a desconcertante sambada que dá na cara do adversário, o que torna o jogador brasileiro um insolente vencedor incompreendido pelos tais idiotas da objectividade, como tão bem apelidava Nelson Rodrigues. Faz o golo e festeja, brinca e comemora de “chopp” na mão, prova que podemos fazer bem sem sermos culpados. Sorriso na cara, vive entre as linhas limites do campo, meias para baixo, fio gingando e sempre despreocupado.
Mais tarde, o Brasil embateu com a realidade do futebol físico, táctico e estratégico.
Jesus não é entendido por todos, tal como o jogador brasileiro. Poucos entendem a pela qual não pára de dar pontapés na gramática — e para isso surgiu o dicionário de memes JJ bóçe —, poucos compreendem o empurrão a uma glória do Benfica e ainda menos perceberão porque tenta sempre diminuir o passado dos clubes que treina. Eu também não entendo muita coisa nele mas sei que hoje já há filhos de Jesus por esse Brasil fora. Esses filhos não tiveram que esperar pelos penáltis, como eu, e podem bem agradecer a Gabigol e às suas duas pancadas e à mãe por não os ter mandado para a cama mais cedo. Para os filhos de Jesus está construída a sua primeira grande memória futebolística, que nunca esquecerão por mais horas que durmam esta final da Libertadores e o Brasileirão. Nascidos na era em que já não existe o preconceito do padeiro e do “Manuel do bigode”, lembrarão que foi o mister português a reconduzir o principal clube brasileiro ao topo do futebol sul-americano. O português, a partir de agora, será diferente na boca salgada dos novos filhos do povo irmão.
Jesus criou uma ponte que, durante anos, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) sequer imaginou ser possível. Abraçou-se, então, a lusofonia e os dois países andaram de mãos dadas romanceados por uma paixão que, até agora, durou seis meses. Falou-se como nunca de Portugal no Brasil, metemos conversa com brasileiros com quem antes apenas cruzávamos olhares, descobrimos que urubu é uma linda ave, que não tem medo de voar e ser feliz, e não apenas mais uma inspiração em forma de albuum de Jobim que nos recebe de braços abertos, qual Cristo Redentor, na sua pista, não é Tom? Chegámos a elogiar os bagos de café brasileiro só para conseguirmos prolongar as madrugadas para ver jogos do Ceará ou do Avaí. Os botecos transformaram-se em tascas, o calçadão em marginal e o Maracaná nas docas. Jesus quebrou as barreiras, fez vencer os medos e aproximou dois povos.
Dois povos que falam a mesma língua com pequenas grandes diferenças, mas insistem que nos esqueçamos delas sem perceberem que isso nos torna mais pobres. Faz sentido os brasileiros e os portugueses serem mais pobres, Jesus? Ele respondeu levando num braço a cultura portuguesa ao Brasil e trazendo no outro mais tropicalidade para Portugal. Se não é para isto que o desporto serve, para aproximar as pessoas, não sei bem qual será o seu intuito. Com direito a taça e homenagem porque vivemos no tempo da glória sem fim. E uns vencem e os outros perdem, não é? Na corrida para ganhar o capital, haverá sempre os espertalhões. Jesus, para lá de misericordioso, convence-nos melhor dos seus milhões do que os seus pares e, por isso, foi alvo de inveja, ela vem sempre atrelada ao sucesso.
No futebol, só a vitória nos convence e chegou a hora de Jesus convencer o mundo. Ele, tal como o urubu, nunca teve medo de convencer os outros que sabe ser feliz. Este Jesus não tem vergonha. Jesus diverte e entretém porque é diferente do comum mortal e chegou lá acima assim sendo e com orgulho de o ser assim. Não foi special one, nem tão pouco normal one, nem nada que se parecesse. Sempre foi o Jesus que ia vencer no futebol à la Cruyff da Amadora. Foi mesmo lá debaixo que começou, demonstrando o seu amor(a) ao futebol relâmpago. Complicou tudo o que havia a complicar, passou por vários sistemas tácticos, desde linhas de três defesas sanguinários a quatro avançados saltimbancos, e hoje o seu futebol acaba por ser simples. Mas de uma exigência total. Tal como Pollock engana os espectadores convencendo-os da simplicidade dos seus salpicos, Jesus faz o mesmo. Nada mais errado, no entanto. Apenas quem já domina todas as regras do jogo se permite a quebrá-las e assemelhar-se a qualquer coisa de pueril.
Parece-me que já tinha atingido este patamar há alguns anos, mas nunca tinha estado rodeado da dose certa de loucura, instabilidade e pressão necessárias para que se sentisse confortável. O contexto é tudo para a acção do homem e o Brasil é o lugar de Jesus. Curiosamente, o país mais católico do mundo. O país de Jesus. Convenceu-nos, tal como Ronaldo, que é possível vencer sendo apenas muito bom no seu trabalho. Um português. Trabalhando, evoluindo e apresentando o sucesso que foge daquela linha que nos traçam à nascença por sermos pequeninos. A meritocracia que convence, mesmo vinda do país das cunhas, dos jeitinhos e dos favores. A meritocracia que venceu no país das desbundas, dos relaxados e dos feriados. Jesus não convenceu, Jesus converteu."