terça-feira, 26 de novembro de 2019

Os 10 melhores camisola 10 que passaram pelo SL Benfica

"A camisola número 10. Uma camisola com uma mística e uma história particulares. A camisola do maestro da equipa, a camisola do mágico, a camisola dos craques, a camisola das lendas. Muitas foram os ícones da história do futebol que vestiram a camisola 10. De Pelé a Maradona, de Zidane a Messi. Parafraseando António Simões, sem o 10 este jogo não tem piada nenhuma, sem o 10 não existe futebol.
O SL Benfica não passou ao lado da história do 10, tendo visto grandes jogadores envergarem o manto sagrado com o número mítico nas costas. Decidi, então, fazer o melhor esforço possível para elaborar um top dos melhores jogadores que usaram a camisola 10 ao longo da história do Benfica. 
Admito, desde já, que foi extremamente difícil, dada a qualidade e o carácter mítico de muitos destes jogadores. Haverá atletas que cuja posição neste top gerará sempre controvérsia, mas isto é um excelente indicativo dos nomes que estão à nossa frente.

Nota: Os números das camisolas só se tornaram fixos, em Portugal, a partir de 1995. Todos os jogadores anteriores a esta data jogaram e notabilizaram-se com diferentes números. O critério de elegibilidade para este top foi ter usado a camisola 10 durante um período considerável e não ser incrivelmente conhecido por ter usado outro número (CR7, por exemplo).

1. EusébioSeria inevitável colocar o “Pantera Negra” no topo de qualquer top para o qual fosse elegível. Apesar de alinhar como ponta de lança, envergou durante vários anos (depois do recuo no terreno de Mário Coluna) a mítica camisola 10. Eusébio da Silva Ferreira foi, sem qualquer dúvida, o maior e melhor jogador da história do clube encarnado. Além-fronteiras, era visto como um autêntico símbolo e embaixador de Portugal e do Sport Lisboa e Benfica. De águia ao peito, o “King” conquistou 11 campeonatos nacionais, cinco taças de Portugal e uma Taça dos Campeões Europeus. No campo individual, foi por 7 vezes o melhor marcador do campeonato português, conquistou a Bola de Ouro em 1965 e a Bota de Ouro em 1968 e 1972. Os números falam por si, mas a qualidade e o carácter mítico de Eusébio sobrepõem-se a tudo. Lenda.

2. Mário Coluna O eterno capitão do SL Benfica. Nascido em Moçambique, chegou a Lisboa com rótulo de goleador. No entanto, Otto Glória detectou a sua verdadeira vocação e colocou o futuro “Senhor Coluna” em zonas mais recuadas. A partir desse momento, o “Monstro Sagrado” não mais deixaria o meio campo da equipa encarnada, onde conquistou dez Campeonatos Nacionais e sete Taças de Portugal, ajudando a quebrar a hegemonia do Sporting CP. Os momentos mais altos da carreira de Coluna seriam as conquistas das duas Taças dos Campeões Europeus, em 1961 e 1962. Resumir a carreira de Mário Coluna numa palavra torna-se simples pela sua conduta e pela opinião que companheiros e rivais têm do mesmo: essa palavra é respeito. Um verdadeiro senhor dentro e fora de campo, Coluna viria a ceder a sua camisola número 10 (aquando de um novo recuo no terreno) ao número um desta lista, com o qual tinha uma relação especial.

3. Fernando ChalanaO “pequeno genial” que encantou as bancadas nas décadas de 70 e 80. Mesmo sendo pequeno de estatura, Chalana era enorme dentro de campo, espalhando sempre magia com o seu incrível pé esquerdo. O “Chalanix”, alcunha que adquiriu devido às parecenças com a famosa personagem de BD Asterix, conquistou seis Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal e duas Supertaças, ao longo das duas passagens pelo clube encarnado. Mesmo nos anos em que, com enorme pesar, esteve longe do seu clube do coração (representou o FCG Bordéus entre 1984 e 1987), conseguiu ajudar o clube das águias, pois o dinheiro da sua transferência permitiu concluir a construção do mítico terceiro anel do velhinho Estádio da Luz. Fernando Chalana é, provavelmente, a maior figura da história do Benfica que ainda está entre nós. No entanto, Chalana atravessa uma fase difícil da sua vida, o que justifica ainda mais a evocação da sua incrível carreira. Força, pequeno genial!

4. Rui Costa Rui Manuel César Costa, a personificação autêntica do que é um número 10. Dentro de campo, Rui Costa transpirava classe, qualidade e mostrava uma facilidade aberrante, enquanto parecia hipnotizar o esférico. As qualidades que o “maestro” tinha dentro do terreno de jogo equiparavam-se ao nível que mantinha fora dele. Rui Costa compreendeu sempre a mística do SL Benfica, e o sangue encarnado corria nas suas veias. Enquanto representou a ACF Fiorentina, Rui Costa, para sua tristeza, teve o azar de marcar um golo precisamente ao Benfica. O que se seguiu foi a imagem de um homem adulto a chorar como um bebé, naquele que foi o maior gesto de amor a um clube de que há memória. Com a camisola das águias, Rui Costa conquistou um Campeonato Nacional e uma Taça de Portugal.

5. Diamantino Miranda Fica na memória dos adeptos encarnados como um dos melhores e mais marcantes jogadores das décadas de 80 e 90, sendo também um dos mais emblemáticos e curiosos. A capacidade de desequilíbrio individual, a forma como transportava a bola colada ao pé, as mudanças de ritmo que conseguia imprimir no jogo: tudo isto está presente no imaginário do adepto encarnado. Todos os adeptos, com idade suficiente para se lembrarem, têm na memoria a terrível lesão que Diamantino sofreu a quatro dias da final da Taça dos Campeões Europeus, onde o Benfica defrontaria o PSV. Com Diamantino em campo, o resultado teria sido diferente? Nunca saberemos, mas o que é certo é que haveria muito mais magia no relvado. Diamantino conquistou quatro Campeonatos Nacionais, cinco Taças de Portugal e 2 Supertaças, ao serviço do SL Benfica

6. JonasA mais recente figura encarnada e um dos mais emblemáticos jogadores da década. Jonas foi, sem qualquer dúvida, um dos melhores futebolistas que passou por Portugal nos últimos 15 anos, com apenas Aimar ou Casillas a poder concorrer por esta honra. O já experiente avançado brasileiro chegou ao SL Benfica descredibilizado e com o rótulo de desempregado, no entanto teria um impacto sem precedentes. A qualidade e a classe que espalhava em campo (mesmo quando já estava debilitado do ponto de vista físico) e todos os golos que marcou deixaram uma marca bastante profunda nos benfiquistas, sobretudo nos mais jovens, que olham para Jonas como um verdadeiro ídolo. Com o manto sagrado, Jonas conquistou quatro campeonatos nacionais, incluindo o inédito tetracampeonato, uma Taça de Portugal, duas Taças da Liga, duas Supertaças e foi por duas vezes o melhor marcador da Liga Portuguesa.

7. Carlos Manuel A “Locomotiva do Barreiro” é considerada por muitos um dos melhores médios ofensivos dos anos 80. Carlos Manuel foi certamente um dos jogadores mais técnicos, eficientes e produtivos da história do SL Benfica. A facilidade com que impunha o seu ritmo no jogo cativava qualquer um. A sua capacidade de remate e o gosto pelo golo colocavam um sorriso na cara de todos os benfiquistas. Na memória, fica o golo espetacular que marcou ao FC Porto, na final da Taça de Portugal de 1983 no Estádio das Antas. Ao serviço do Benfica, Carlos Manuel conquistou quatro Campeonatos Nacionais, sete Taças de Portugal e duas supertaças.

8. Pablo Aimar O verdadeiro sucessor de Rui Costa no SL Benfica. “Pablito” Aimar, o atleta que mais vezes utilizou a camisola 10 na história moderna dos encarnados, foi provavelmente o jogador com mais qualidade técnica pura que passou por Portugal nos últimos 10/15 anos. A forma como tratava o esférico parecia quase irreal. Dominada pelos pés do “mágico” a bola nunca chorava. Os passes de letra, os domínios mágicos, as fintas de trocar a vista. Aimar era magia e magia era Aimar. Os relvados portugueses ainda hoje têm saudades do pequeno mago argentino. A única coisa que se pode apontar a Aimar é o pouco sucesso colectivo que obteve no Benfica. Conquistou apenas um Campeonato Nacional e uma Taça da Liga. No entanto, fez parte da equipa encarnada de 2009/2010, a melhor equipa portuguesa dos últimos anos.

9. ValdoO médio ofensivo brasileiro teve duas passagens pelo SL Benfica (1988-1991 e 1995-1997). Valdo pertenceu a um selectivo grupo de jogadores que detinham o apelido de “mágico”. A alcunha era muitíssimo merecida face as enormes qualidades técnicas das quais dispunha. Com a camisola do SL Benfica, Valdo conquistou dois Campeonatos Nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça.

10. Nico GaitánUm dos mais recentes magos a pisar os relvados portugueses. Gaitán era um jogador diferenciado. A qualidade com que tratava o esférico estava ao alcance de poucos. Ficará para a posterioridade a sua finta mágica e subsequente assistência para Lima, no mítico golo ao Sporting CP. No momento da sua despedida, Nico desfez-se em lágrimas, enquanto era aplaudido por um público que não fazia a mínima ideia de que iria ter tantas saudades do mágico argentino. Ao serviço da equipa encarnada, Gaitán foi por três vezes campeão nacional, conquistou uma Taça de Portugal, cinco Taças da Liga e uma Supertaça."

Sport Mirabal e Benfica

""Quando o Benfica perde é sabido que a mulher apanha." Os anos passam e a piada repete-se, esta graça (de muito mau gosto) é, infelizmente, demasiado democrática, não olhando a estratos sociais, raça, idades ou género. Brinca-se com uma coisa séria, demasiado séria. São 500 mulheres nos últimos 15 anos. 28 só este ano. Na maior parte dos casos, a violência doméstica é antiga, recorrente, e não um caso isolado. Os dados da APAV mostram que a maioria das vítimas são mulheres (85,2%), que 42% dessas tinham entre 26 e 55 anos, e que os crimes ocorrem em casa. A análise à violência doméstica contra as mulheres mostra que há vítimas de todas as condições, estratos sociais e económicos. A violência que não é apenas física, mas também psicológica, sexual, financeira, não pode de forma alguma ser tolerada. Estamos a falar de um crime público. Todos podem e devem fazer algo.
A tua avó, aquela que tu sempre adoraste, deve ter sofrido de algum tipo de abuso no passado. A tua mãe, que tanto admiras, deve ter reagido mais do que uma vez a algum tipo de abuso do seu pai, marido ou tio. A tua irmã, com quem tanto refilas mas que está sempre lá para ti, já pode ter sido humilhada ou perseguida por um ex-namorado. A tua filha, a pessoa mais importante da tua vida, irá um dia sofrer algum tipo de violência. Não estamos a falar de números ou a pensar em perfeitos desconhecidos, as vítimas de violência doméstica têm caras e, provavelmente, tu conheces algumas delas. Estamos a falar de um crime público. Todos podem e devem fazer algo.
Neste mundo de polémicas fast food e discussões cada vez mais extremadas, gasta-se demasiada energia nas coisas erradas. Sim, o Benfica é destino de camiões de jogadores. Sim, o Benfica confunde-se demasiadas vezes com empresários que insistem em juntar negócios nebulosos e futebol na mesma frase. Sim, o Benfica é mais do que futebol e, sim, o futebol é mais do que um jogo. Hoje é 25 de Novembro de 2019, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, e é fundamental perceber que a violência doméstica é um crime público, que todos podem e devem fazer algo. E, por isso, peço que a partir de hoje a discussão dos benfiquistas não seja apenas sobre os camiões de jogadores que todos os anos assinam pelo Benfica, mas seja também sobre os camiões de mulheres que morrem vítimas de violência doméstica, todos os anos, em Portugal. Travar esta batalha também é fazer Benfica.

Obs: Procurem a história das irmãs Mirabal, vale a pena."

Cadomblé do Vata (descubra as diferenças!)

"Em 2001 os italianos descobriram que o Fernando Couto andava cheio de nandrolona até à ponta dos bem compridos cabelos. Como qualquer ser humano que é apanhado em flagrante delito, o central clamou inocência, alegando que a análise positiva teria origem num repasto de porco, o que sendo ele portista, implicaria crime de canibalismo. A Lázio colocou-se do seu lado e informou que ele apenas havia tomado vitaminas e suplementos... que por acaso aumentavam os níveis de nandrolona na cachola de quem os tomava.
Ainda a chorar pela inocência negada pela contra prova, o defesa da equipa da FPF agendou conferência de imprensa em solo pátrio e deu as explicações à nação, com o apoio de Madaíl, do seleccionador e de toda a opinião pública. Na península itálica não foram em fados e suspenderam-no por 9 meses. Respondendo a tamanha vilania que é a batota comprovada no desporto, terminada a suspensão, Fernando Couto foi condenado ao regresso à selecção, que capitaneou no Euro2004, para aprender a ter juízo.
Em 2019 Bernardo Silva brincou com um colega de equipa, daqueles que fazem parte do circulo próximo de amizades. Em Inglaterra levaram a mal o humor negro (irónico hein?) do pequeno mimalho português e instauraram-lhe um processo que culminou em suspensão de 1 jogo e multa pecuniária. O Mundo inteiro ficou chocado com a magnânima decisão da disciplina camone, por todos terem entendido a brincadeira como ela era... uma brincadeira de amigos.
Por cá oficialmente só o SLBenfica, que relembro, tem no seu estádio uma estátua de um negro e outra de um judeu, expressou publicamente solidariedade com o rapaz. O seleccionador, com muito esforço aderiu à causa bernardista, de Fernando Gomes nem um pio forte e para culminar o tau tau ao menino, os deputados da nação, que criam crises partidárias em discussões sobre assuntos de Israel e Palestina, condenaram oficial e publicamente o Lisboeta, não se solidarizando com ele. A mensagem que Portugal passa é clara e inequívoca: batoteiros sim senhor, são cá dos nossos; humoristas, vamos lá a ver, só a partir de 1,90m de altura."

Influência do FC Porto nas instâncias do desporto português.

"Fazendo a devida referência à dissertação “A Corrupção no Futebol Português: Tendências e Trajetórias”, de Tomé Filipe Guerra Pereira e “O desporto nos tribunais”, de José Manuel Meirim, compete-nos prelecionar e citar algumas das reflexões e conclusões destes autores. Doravante, citaremos alguns trechos e questionaremos a situação actual do desporto português, pois o mesmo encontra-se insustentável nas sua base mais fundamental, que é, a nosso ver, a transparência dos seus principais órgãos sociais: Conselho de Disciplina, Conselho de Arbitragem e Conselho de Justiça.
'A dinâmica relacional entre a FPF e o Estado pressupõe que a primeira prossiga fins de interesse geral, exigindo-se a cooperação com a administração central ou local. Desta forma, as federações gozam de isenções fiscais e outras regalias, devendo em conformidade colaborar na divulgação das suas contas e exercícios, na prestação de serviços, equipamentos, e informações solicitadas pelo Estado.
De acordo com o regulamento disciplinar da FPF26 (RDFPF), corrupção desportiva reveste natureza de infracção disciplinar. Em conformidade, tal comportamento deverá constituir não só um processo-crime, como também um processo disciplinar onde, de acordo com o no 3 do artigo 221 do RDFPF, a FPF deve promover o mesmo, mal seja conhecida a decisão judicial transitada em julgado, excepto se o mesmo se encontrar prescrito. Findo o processo disciplinar, as decisões e deliberações definitivas efectuadas pela FPF são impugnáveis, nos termos gerais do direito, fora das instâncias da própria federação, exceptuando-se as decisões ou deliberações relacionadas com questões de justiça desportiva, às quais não cabe recurso fora das instâncias competentes.'
Ora, Francisco J. Marques - Director de Comunicação do Futebol Clube do Porto, foi formalmente condenado pelo Tribunal Judicial da Comarca do Porto pelo crime de divulgação de correspondência privada no caso dos “emails do Benfica”. O Regulamento Disciplinar da FPF, no artigo 57, prevê para este tipo de situações, em que se “utilize ou divulgue informação privilegiada susceptível de prejudicar a integridade de jogo oficial ou da competição”, a possibilidade de exclusão de uma a três épocas do clube prevaricador. Transitada em julgado que esteja a decisão, o procedimento disciplinar contra a Porto SAD deve ser iniciado, seja pelo Benfica, seja pelo CD da FPF. Os Artigos 112, 112-A, 113 e 118 do regulamento disciplinar da Liga são infringidos com a conduta da FC Porto SAD. Já deveria ter sido instaurado processo de inquérito para que opere a suspensão do prazo de caducidade para exercer a acção disciplinar, no entanto, ainda nada foi feito.
Porquê? Fica ao critério dos leitores.
Ainda no estudo de Tomé Pereira, é possível constatar que na operação “Bolsos Limpos” e no “Caso Colmeia” 'existiu uma taxa de eficácia exímia de 100%, tendo sido condenados todos os crimes pelos quais foram proferidas acusações'. No entanto, 'o caso “Apito Dourado” apresenta uma taxa de eficácia condenatória bastante reduzida, tendo sido condenada apenas 39.29% da criminalidade sobre a qual foi produzida acusação'. Facto curioso (ou não) é que com os dados apresentados é possível saber que os casos de corrupção constam maioritariamente na II Liga, na AF Vila Real e na AF Porto.
Citamos agora um excerto de uma entrevista, presente na mesma dissertação:
Data da Entrevista: 23/11/2015
Local da Entrevista: Campus da Justiça
Função: Procuradora – Geral Adjunta. Procuradora do Ministério Público.
«Informante: Tem que aparecer alguém disponível para colaborar, com seriedade, com as autoridades (como o Marinho Neves) (…). O golpe de estádio era uma ficção, entre aspas, parecida com a realidade do que se passou no porto com a manipulação dos resultados desportivos, através do sistema. Da existência de um sistema que dava sempre a vitoria, a princípio, aos clubes que faziam parte do... não é o FCP, é a área distrital…
Entrevistador: Área distrital do Porto.
Informante: Sim. Sim. Até que havia uma série de pequenos clubes como os Dragões...
Entrevistador: Dragões Sandinenses.
Informante: Dragões Sandinenses, que giravam em torno do FCP. Isso foi uma prova conseguida no processo principal, nos outros processos, nem com escutas. Os processos eram acusados mas chegavam a julgamento... houve condenações de um ou outro árbitro por o tribunal ter considerado ter havido manipulação do resultado desportivo mas foram duas ou três condenações, os processos principais nunca foram... todos com absolvição, ainda com a aplicação antiga lei do desporto, depois entrou em vigor a nova lei.»
Ora, tendo conhecimento disto, porque é que cerca de 50% das nomeações de árbitros e do VAR nos jogos do FC Porto continuam a ser provenientes da AF Porto? Porque é que continuam a ser as Associações de Futebol do Norte as principais associações escolhidas pelo Conselho de Arbitragem?  
Os dados falam por si e a nossa equipa consegue ver o elo de ligação presente neste jogo de influências, manipulações e interesses. E tem o nome da nossa página: Polvo das Antas. O Sistema existe, continua bem dinâmico e activo e é representado pelas caras que todos conhecemos.
Até quando iremos compactuar com ele?
"[...]isto de mentir e dizer a verdade tem muito que se lhe diga, o melhor é não arriscar juízos morais peremptórios porque, se ao tempo dermos tempo bastante, sempre o dia chega em que a verdade se tornará mentira e a mentira se fará verdade." - José Saramago."

Highlights...!!!



"Até quando?
É esta pergunta que fazemos todos os anos, mas o #PortoaoColo no hóquei nunca vai acabar.
No domingo assistimos a mais um momento vergonhoso do hóquei português, onde o Porto conseguiu fazer 3 golos em condições “especiais”.
O 1º surge depois de um penalty e cartão azul a beneficiar o Benfica não assinalado. O 2º depois de um cartão azul mal mostrado a um jogador do Benfica e o 4º depois de uma falta ofensiva de um jogador do Porto.
Como se isso não bastasse, assistimos a duas agressões bárbaras de jogadores do Porto sendo que numa dela, imagine-se, um jogador do Benfica levou cartão azul.
Para finalizar o escândalo, o Porto jogou durante 1 minuto e 21 segundos com mais um jogador em campo porque os árbitros não autorizaram o 5º jogador do Benfica a entrar, ao contrário do que indicam as regras.
Fânzeres, Valongo, Alverca e tantos outros, campeonatos falseados atrás de campeonatos falseados, são anos a mais de uma modalidade corrompida e cheia de vícios, sempre em prejuízo do SL Benfica.

Nota ainda, para a transmissão dos jogos na TVI, que quer pelo relatador (Bruno Ferreira), mas principalmente pelo comentador (Vítor Bruno), em conluio constante, procuram sempre escamotear e silenciar os roubos de igreja do seu #PortoaoColo.
O SL Benfica ser campeão em Portugal é actualmente uma tarefa hercúlea. É hora de arregaçar as mangas e ir à luta, não nos podemos resignar perante a frequência e amplitude das vergonhas.
Fica para a história mais este jogo memorável do hóquei em patins português."

Braga na Luz...



Sorteio dos Oitavos de Final da Taça de Portugal, com um Benfica - Braga, onde a única boa notícia, é o facto do jogo ser na Luz!
Se o jogo for mesmo jogado na data 'certa', será mais um jogo de grau elevado de dificuldade, num momento complicado do calendário, após a Champions e após o Famalicão para o Campeonato...!!!
As últimas goleadas com o Braga, foram resultados que não corresponde às dificuldades que vamos ter... o Braga, na Liga Europa tem tido bons resultados, em jogos onde aposta mais no erro do adversário!

Marinhense – Rio Ave
Paços de Ferreira – Sporting de Espinho
Académico de Viseu – Chaves
FC Porto – Santa Clara
Famalicão – Mafra
Sertanense – Canelas 2010
Varzim – Anadia
Benfica – SC Braga

Tempo de decisões

"As contas do grupo G da Liga dos Campeões, no qual o Benfica está inserido, estão ainda em aberto.
Uma vitória da nossa equipa, amanhã, às 20 horas, em Leipzig, permitir-nos-á continuarmos a ambicionar o apuramento para os oitavos de final da prova. Mesmo um empate, dependendo do resultado na outra partida do grupo nesta jornada, poderá preservar essa possibilidade em aberto, deixando a decisão para o último dia, naquele que era visto, após o sorteio, como o grupo mais equilibrado da prova.
No entanto, temos consciência que a partida em Leipzig se trata de um desafio de enorme exigência. Os alemães lideram o grupo, com três vitórias e uma derrota, e procuram garantir o apuramento para a próxima ronda. Na Bundesliga ocupam a segunda posição e venceram as três últimas partidas, goleando em todas (marcaram 16 golos). Mas também existe o enorme incentivo de quebrar a malapata das deslocações à Alemanha, em que nos jogos a contar para a Liga dos Campeões, infelizmente, perdemos sempre (11). É tempo de contrariar a história.
Trata-se da Liga dos Campeões, a competição mais forte e apelativa do futebol mundial. Importa recordar que temos o mérito de marcar presença na fase de grupos pela décima temporada consecutiva, um feito só igualado presentemente por Barcelona, Bayern e Real Madrid. Nestas, conseguimos chegar aos quartos de final em duas ocasiões e aos oitavos de final noutra, além de termos marcado presença em duas finais da Liga Europa, prova para a qual havíamos transitado da Liga dos Campeões.
O Benfica encontra-se, agora, num processo de reafirmação europeia, estando a dar os primeiros passos de um caminho que se preconiza ter, como destino, participações positivas mais regulares na principal prova europeia de clubes. A retenção mais prolongada do talento, para a qual as renovações de contrato são um instrumento fundamental, é chave neste processo.
Esse talento, para que possa ser retido, terá antes de existir. A existência desse talento é inegável como é reconhecido o excelente trabalho que tem sido desenvolvido no Benfica Campus, o qual é também frequentemente elogiado por antigos atletas que não hesitam em enaltecer as condições de trabalho oferecidas pelo Benfica, invariavelmente apontadas como as melhores que esses atletas usufruíram na sua carreira.
O mesmo se aplica à gestão do Clube, com o Benfica como se sabe a conseguir intrometer-se e ser presença habitual nos mais diversos rankings, os quais, geralmente, estariam reservados, em teoria, somente a clubes das cinco maiores ligas europeias.

P.S.: Na UEFA Youth League, a nossa equipa, também em Leipzig, procurará vencer para manter a liderança do grupo. Temos três vitórias em quatro jogos e um empate garantirá, pelo menos, o acesso ao play-off de apuramento para os quartos de final, numa competição em que já alcançámos duas finais."

Os homens da montanha desceram ao vale do Jamor

"Benfica contra Sporting da Covilhã pode não ser um clássico. Mas faz parte da história do futebol português. Em 1957 jogaram a final da Taça de Portugal. É difícil encontrar um jogo mais nobre.

Uma multidão! Isso mesmo: uma multidão! Não para ver um Benfica-Sporting ou um Benfica-FC Porto, nem sequer para um Benfica-Belenenses. Uma multidão arrostou o caminho até ao vale do Jamor, nessa tarde de 2 de Junho de 1957, para ver o Benfica defrontar o Sporting da Covilhã numa inédita final da Taça de Portugal. Inédita até hoje.
Faltavam 15 minutos para o jogo começar e ainda havia gente a invadir a Praça da Maratona.
Ângelo Ferrari era o presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Serviu de anfitrião. Com todos os requintes.
Era um tempo em que se entregavam medalhas comemorativas a todos os jogadores.
O Benfica atacou à bruta desde o primeiro minuto. Convenhamos: era a sua obrigação.
Mas foi Bastos o primeiro a ver-se em sarilhos por causa de Manteigueiro. Belo nome, este: Manteigueiro. De manteiga não tinha nada. Era agressivo, bruto, furioso.
Ângelo, sempre Ângelo, tudo nele era garra, tudo nele era vontade, disputa uma bola com um adversário: de tal forma, que a bola rebentou. Ficou micha. Veio outra.
Aos 12 minutos, Coluna foi Coluna, e Águas foi Águas. O passe, a categoria. De Águas para Salvador, que de repente, enfrenta o guarda-redes do Covilhã, Rita. Rita era terrível! Um lutador impenitente. Foi sempre assim. Mas Salvador conhece-o: sabe que vai sair furioso à bola que aproxima. Pica com um gesto simples a bola sobre ele e vai buscá-la do outro lado. A baliza está vazia. O golo é inevitável.
E agora?
Martim assume-se como a imagem da revolta dos homens da montanha. Luta, batalha, briga com todos os opositores, quer empurrar a sua equipa para a frente. É mais desespero do que categoria.



Natural superioridade
A bola anda ali, de um lado para o outro, à espera de quem a trate bem. A bola é feminina. É caprichosa. Gosta de ser tocada com ligeireza, com ternura. E obedece aos mesmos.
Águas é um amante da bola. Há algo que ela não faça por ele?
Recebe-a com carinho. Condu-la para a baliza com um toque tão simples como perfeito: 2-0.
Já ninguém tem dúvidas: o Benfica vai ganhar.
Mas ninguém pense que os serranos se entregam.
Pires recebe a bola à entrada da área do Benfica. Sente uma raiva funda por dentro. Transfere essa raiva para o pé direito. O pontapé é tremendo e indefensável.
Ah! Ainda há jogo; ainda há jogo. Acreditem ou não, estavam decorridos apenas dezoito minutos. Parecia uma eternidade.
Rita está no melhor de si próprio. Águas e Cavém obrigam-no a defesas tremendas.
Os rapazes da Covilhã entram para a segunda parte redobrados de força e entusiasmo. Será suficiente?
De um lado e do outro há ataques e contra-ataques. O povo está feliz. Foi por isso que encheu o Estádio Nacional.
Correm os 20 minutos do segundo tempo. Os encarnados são senhores dos acontecimentos. Atacam com velocidade e sem piedade. Querem resolver a questão do resultado a seu favor. Cabe aos covilhanenses defenderem-se até ao esgotar das energias. Durante alguns minutos parecem ser capazes de encostar, numa alteração terrível da realidade, os seus adversários às cordas. É o momento decisivo!
Ou o Covilhã chega ao empate, ou será derrotado.
Rita tem uma defesa fantástica a centro de Palmeiro.
O Benfica já sofreu o que tinha de sofrer. À beira do fim, toda a gente, no Jamor, entende que não há solução para os homens da montanha.
Palmeiro foge a um adversário, pela direita. Tem tempo para compreender a movimentação de Coluna. Dirige-lhe a bola de bandeja, croquete, palito e tudo. Mário Coluna ergue-se, negro, enorme, como se fosse feito de vinil. A sua cabeçada é insuportável: Rita que o diga.
O resultado está fechado: 3-1.
O Sporting da Covilhã, a despeito da derrota, vive momentos únicos da sua vida. Agora, está à beira de receber o Benfica outra vez. Como se a história se repetisse...
Não repete. Mas não vamos perder este novo jogo. Tem história. Está cheio de história!"

Afonso de Melo, in O Benfica

A história por detrás de uma caixa de cartas

"Aos 16 anos, Espírito Santo chegou a Lisboa e apresentou-se ao serviço do Benfica, um atleta ecléctico acarinhado por todos.

Guilherme Espírito Santo nasceu em Lisboa a 30 de Outubro de 1919 e passou parte da infância em Angola, onde fez parte da equipa de futebol do Sport Lisboa e Luanda. Apresentou-se voluntariamente aos 16 anos ao serviço do Benfica e envergou o 'manto sagrado' por 14 brilhantes épocas, entre 1936/37 e 1949/50. Mas não foi só no futebol que Guilherme revelou aptidão desportiva, destacou-se também no atletismo e mais tarde no ténis.
Guilherme foi muito acarinhado na sua época, recebia cartas de admiradores de vários sítios do país, que carinhosamente guardou numa caixa, com a etiqueta manuscrita onde se lia 'admiradores'.
Foram dezenas de cartas e postais que recebeu entre 1939 e 1996, enviados por fãs de vários pontos do país e ilhas. As pessoas escreviam a dizer o quanto admiravam a sua carreira o seu desempenho no Clube, e no final pediam autógrafos em fotos de rosto ou corpo inteiro com o equipamento do 'Glorioso' vestido. Pequenas anotações a lápis com a letra do jogador levam-nos a acreditar que a maioria das cartas teve resposta, um pequeno gesto que significava tanto para quem esperava por uma resposta.
Guilherme também guardou com zelo uma carta redigida a 8 de Julho de 1938 pela Direcção do Benfica e endereçada à sua mãe, Maria Santana. Nesta missiva, o Clube responde à possível saída do atleta para a Académica de Coimbra, apelando para que Guilherme não saísse de Lisboa nem do Benfica, referindo o valor e a honra em ter o atleta na equipa e enaltecendo os prémios que tinha recebido, abrindo ainda a porta ao irmão, Renato, no Clube.
A 24 de Maio de 2018, o seu filho Luís Espírito Santo entregou ao Centro de Documentação e Informação do Sport Lisboa e Benfica o acervo singular do seu pai, resultante da sua actividade no clube, rico em fotografias, correspondência, diplomas, recortes da imprensa, cartões de sócio, taças, medalhas e galhardetes. A colecção de cartas é apenas uma parte do seu vasto acervo, mas muito valiosa para conhecermos o quanto Guilherme era acarinhado pelos seus admiradores, pelo seu Clube e pela sua família.
O 'Pérola Negra', como era conhecido, faleceu aos 93 anos no dia 25 de Novembro de 2012.
Pode ficar a saber mais sobre este sensacional jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

Cláudia Paiva, in O Benfica

Bruno Lage é a Personalidade BnR 2019

"Depois de Nuno Manta Santos e Abel Ferreira, Bruno Lage é o eleito para vencer o troféu “Personalidade do Ano BnR”, referente ao ano de 2019. O técnico do SL Benfica vence o prémio, depois de um ano fantástico ao serviço do clube da Luz, onde conseguiu vencer o Campeonato e a Supertaça Portuguesa.
Além dos êxitos desportivos, o Bola na Rede toma também esta decisão com base no discurso sempre cuidado e positivo em relação à forma como o desporto é jogado em Portugal. Com uma postura de grande fair-play e com uma forma de comunicação pouco vista em Portugal, Bruno Lage merece a distinção e, da parte do Bola na Rede, recebe felicitações e desejos de sucesso para toda a carreira. 
Ao Bola na Rede, Bruno Lage deixou a seguinte mensagem:
«Agradeço a distinção e desejo as maiores felicidades para o projecto. O mérito da Reconquista é para repartir por todos quantos participaram na caminhada, a começar, naturalmente, pela minha equipa técnica e pelos nossos jogadores. Um abraço e obrigado a todos!», Bruno Lage, Novembro 2019.
O momento do anúncio foi feito durante o programa Bola na Rede TV, que teve como convidado especial, DJ Kamala:


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Constituição de uma comunidade de aprendizagem e de investigação

"A Comissão Diretiva do CeiED – Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento, da Universidade Lusófona de Lisboa, aprovou, recentemente, várias Comunidades de Aprendizagem e de Investigação (em inglês: Research and Learning Communities – ReLeCo).
As ReLeCo são temáticas e organizam-se em torno de uma ou mais áreas temáticas de especialização e interesses de investigação. Podem incluir, por vezes, projectos de I&D em curso. Estas Comunidades envolvem investigadores seniores, juniores e estudantes (de mestrado e doutoramento), que se reúnem com regularidade para discutir e apresentar trabalhos de investigação e organizar iniciativas científicas. Cada ReLeCo inclui um programa de trabalho (publicações, iniciativas, projectos de I&D) e de tutoria: jovens investigadores(as) são apoiados(as) nos seus projectos de mestrado e doutoramento, e no desenvolvimento dos percursos profissionais. Entre as várias ReLeCo constituídas e aprovadas, destacamos aqui uma em que participamos como coordenador, intitulada “Literacias, Corpo e Ética”. São objectivos específicos: 1) Reflectir sobre a importância associada aos cuidados com o corpo, como marca de identidade e individualidade, da educação para a saúde e da dinamização da dimensão de inclusão social; 2) Fomentar a investigação sobre as relações de educação intergeracional como processo de desenvolvimento social; 3) Contribuir para o aprofundamento do estudo sobre a ética desportiva. Os seus membros esperam promover várias iniciativas científicas sobre a temática.
Damos aqui também conta de uma outra iniciativa aprovada pela Comissão Directiva, que se designa “O desporto nas sociedades modernas”. Esta iniciativa, que coordeno igualmente, tem por objectivo a divulgação do conhecimento e da partilha do trabalho de investigação desenvolvido pelo CeiED junto das Escolas do Ensino Secundário. As acções de intercâmbio (alunos/professores/investigadores) são bem-vindas e devem promover visitas programadas e acompanhadas dos alunos do ensino secundário à Universidade. Espera-se que esta iniciativa seja uma boa oportunidade para se conhecerem alguns dos espaços de trabalho dos investigadores, reflectir abertamente com eles e observar o ambiente que se vive nos diversos centros de investigação e da universidade."

A ciência como inteligência de uma prática

"Se os leitores deste escrito solto, sabedores da minha proveniência profissional, ligaram de imediato a proposta reflexiva contida no título em epígrafe à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, acertaram no “centro-central” do alvo e merecem um urso de peluche como prémio. Alguns poderão criticar a minha pessoal obsessão pelas coisas da FADEUP. Reconheço-me nessa eventual crítica. Só posso aduzir, em minha defesa, que esta escola constituiu e constitui o núcleo capital da minha realização ontológica, na assunção fundamental do que o ontos tem de plural. Aqui fui aluno, aqui fui professor, aqui realizei a dimensão fundamental da minha humanidade. Daí, não a obsessão, mas a ligação umbilical.
Por isso, é natural que a minha escola continue a ser a minha escola e que esta motive muitas das minhas reflexões. Hoje, quero evidenciar a minha escola como “fábrica” de teorias. Desde logo, gostaria de fazer uma distinção entre teoria e doutrina. A doutrina permanece fechada no seu núcleo fundacional e é impermeável à possibilidade da sua falsificação. Pelo contrário, a teoria é uma construção conceptual aberta e frágil, susceptível de subir ao pelourinho da razão onde todos a poderão bombardear até à sua confirmação mais robusta ou à sua infirmação.
A doutrina é fechada, a teoria aberta. Lembremo-nos que teoria provém do étimo grego theôrein que significa contemplar, meditar e também viajar. Ora, viajar, alarga-nos sempre os horizontes interiores na procura de conhecer o desconhecido. A minha escola sempre tentou realizar a conjugação harmoniosa entre teoria e prática e, tenho orgulho em afirmá-lo, tem conseguido realizar com proficiência tal desiderato. Com os exemplos que vou salientar quero expressar o meu orgulho e a minha gratidão a todos aqueles, docentes, alunos e funcionários que fazem desta escola um monumento à excelência pedagógica e científica no campo plural do Desporto.
Daniel Gonçalves e José Ramalho.
Comecemos pelo José Ramalho. Um fazedor de práticas inteligentes. Com todas as dificuldades inerentes ao facto de ser um atleta de elite, com um exigentíssimo programa de treino, com estágios regulares em vários locais de Portugal e no estrangeiro, conseguiu finalizar a sua licenciatura com a dignidade académica que se impunha em quatro anos. Conciliando estudo, trabalho e uma prática desportiva do mais elevado nível conseguiu resultados excepcionais como atleta. O nome de José Ramalho soa bem alto no areópago da excelência desportiva da canoagem mundial.
Iniciou-se tardiamente; chegou à canoagem com 16 anos. Os primeiros resultados desportivos são bem modestos. Foi penúltimo no primeiro campeonato nacional que realizou. Mas, tinha dentro dele a chama dos campeões e com o passar dos anos e uma prática desportiva bem focada no êxito, conseguiu um palmarés ímpar que o orgulha pessoalmente, a faculdade onde se formou, e o país que tão galhardamente representou e representa. Eis alguns dados do seu riquíssimo currículo desportivo como atleta:
- 6 vezes campeão da europa; 2 vezes vice-campeão europeu
- 2 vezes vice-campeão do mundo; 3 vezes medalha de bronze no campeonato do mundo
A nível interno, juntando os títulos de maratona e de pista, foi 41 vezes campeão nacional.
Importa salientar que este ano, após um interregno de sete anos, foi, outra vez, vice-campeão do mundo. Esta longevidade competitiva de excelência é exemplar e única no mundo. Acresce que José Ramalho é treinador profissional de canoagem. Paralelamente à sua prática pessoal tem desenvolvido e manifestado a sua competência como formador tendo centenas de títulos de campeão nacional como treinador. A robustez da sua metodologia como treinador tem, sem dúvida, a FADEUP como génese.
Passemos ao Daniel Gonçalves. Um construtor de inteligências para praticar.
Quando o Daniel, meu aluno no 5º ano da antiga licenciatura, me perguntou se podia fazer a sua monografia com um âmbito mais científico, estava eu bem longe de imaginar a dimensão da curiosidade e empenho a que o Daniel se propunha. Ele, que era um homem do Atletismo, pretendia fazer um trabalho prático de investigação acerca do papel do exercício físico como factor protector contra a hipertensão arterial. Disse-me que ia tentar realizar o estudo na faculdade de Medicina. Duvidei que o conseguisse, mas, passado um mês entra-me pelo gabinete e pede-me: - Professor, pode vir comigo, por favor? Fui, atravessei a rua, deambulamos pelos corredores e escadarias do Hospital de S. João e dou por mim no laboratório de Fisiologia da Faculdade de Medicina. O Daniel, com um à-vontade de quem já faz parte da casa, vai ao biotério, pega num rato, anestesia-o, prepara-o, abre-o e aplica um compressor na aorta do rato, tudo com uma mestria que me deixou admirado, enquanto me explicava o desenho do estudo. Aquele momento indicou-me que estava perante um homem do desporto que tinha escolhida a ciência básica como campo de realização académica e profissional. Rejubilei interiormente confiando sem rebuços que ele conseguira dar corpo aos seus sonhos. A sua estadia no departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto como investigador-voluntário, vejam bem, voluntário na investigação, diz bem da sua apetência perscrutar o que Gaston Bachelard denomina de obscuro.
Lembrei-me de uma proclamação taoista que cerca de 300 anos antes de Cristo afirmava que “Foi o amor da ciência que espalhou a desordem do mundo”. Bendita desordem que nos permite, cada dia mais, afastar as negras nuvens do obscurantismo que ainda persistem. Só um exemplo. Se todo o dinheiro que hoje é gasto em astrólogos e videntes fosse carreado para a investigação científica, Portugal poderia ter um quadro de investigadores sem paralelo em qualquer parte do mundo.
Mas, regressemos ao Daniel Gonçalves. Oito anos após ter entrado na Faculdade de Medicina como voluntário na investigação defendeu a tese de doutoramento com o brilhantismo a que nos habituou e já possuidor de um riquíssimo currículo científico. Porque tornaria este escrito solto muito pormenorizado e fastidioso vou referir somente algumas das suas mais importantes produções científicas a começar pela sua tese de licenciatura que se constituiu como o ponto ómega do seu percurso como cientista.
- Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Licenciatura em Desporto e Educação Física. Monografia de final de curso: Hemodynamic response to acute pressure overload in animal submitted to chronic dynamic exercise, sob orientação do Professor Doutor José Augusto Santos (FADEUP) e pelo Professor Doutor Adelino Leite Moreira (FMUP), com a classificação de 20 valores.
- Moreira-Gonçalves D et al. (2015) Signaling pathways underlying skeletal muscle wasting in experimental pulmonary arterial hypertension. Biochimica Et Biophysica Acta-Molecular Basis of Disease, 2015. 1852(12): p. 2722-2731. Artigo com Fator de Impacto 5.108.
- Moreira-Gonçalves D et al. (2015) Intermittent cardiac overload results in adaptive hypertrophy and provides protection against left ventricular acute pressure overload insult. Journal of Physiology-London, 2015. 593(17): p. 3885-3897. Artigo com Fator de Impacto 4.540.
- Moreira-Gonçalves D et al. (2015) Cardioprotective effects of early and late aerobic exercise training in experimental pulmonary arterial hypertension. Basic Research in Cardiology, 2015. 110(6). Artigo com Fator de Impacto 5.723. Antes de avançar gostaria de informar, para os menos familiarizados com estas coisas das produções científicas, o que significa um factor de impacto superior a 5.0. Quer dizer que os artigos forma publicados numa revista de elevado nível científico, ou seja, entre as 5% mais importantes revistas da área no mundo. Esses números dizem da valia das suas produções.
O Daniel tem centenas de artigos publicados, com diferentes fatores de impacto, que têm sido o corolário da sua missão de investigador e de difusor da ciência feita. Ele, ao escolher a via científica para sua realização, tem acrescidas responsabilidades para o futuro.
Tem de ser um revolucionário, um sedicioso, um “assassino” de mentes satisfeitas e acomodatícias quer como cientista quer como divulgador. Agora, como professor na Universidade deve porfiar para continuar a harmoniosa conjugação entre a teoria e a prática outorgando aos alunos os conhecimentos científicos e a atitude, principalmente a atitude que ele representa, que lhes permita transformar qualitativamente a realidade.
O Daniel Gonçalves e o José Ramalho são frutos sãos de uma árvore sã. Esta árvore sobreviveu a ventos ásperos e a algumas tempestades, mas após cada tormenta ressurgiu sempre mais forte e empenhada no futuro. Que o futuro desta casa permita colocar a ciência como timoneira de um barco que tem a realidade social como mar a vencer."

O questionamento crítico

"“O que posso conhecer? O que devo fazer? O que posso esperar? O que é o homem?”. São, no superior entendimento do Kant (1724-1804), as quatro questões que formam o campo da filosofia. Para ele, que assim revela, “grosso modo”, o território de uma disciplina, a primeira questão corresponde à metafísica, a segunda à moral, a terceira à religião e a quarta à antropologia. No século XVIII, o filósofo reproduzia um tempo que lhe exigia fosse, simultaneamente, matemático, físico, moralista, naturalista, teólogo, etc. A História Universal da Natureza e Teoria do Céu (1755) consideram-na alguns físicos de projecção mundial, como uma prefiguração da cosmologia hodierna. Kant foi mesmo o primeiro sábio a sugerir a existência das galáxias. Leibniz (1646-1716), o teórico da “harmonia pré-estabelecida do mundo”, não era. unicamente, o sonhador nefelibata que o Voltaire ridicularizou no Cândido. Ele, para além de filósofo, foi historiador, diplomata, matemático e pessoa que sentia um prazer enorme em viajar. É evidente que, sendo embora cristão católico, o meu pensamento é bem mais próximo de Voltaire do que de Leibniz, pois que sou em crer que, como aprendi no Padre Teilhard de Chardin, a Evolução começa na cosmogénese, passa pela biogénese e a noogénese, rumo â cristogénese. Todo o progresso é movimento e, no ser humano, é transcendência. A minha definição de motricidade humana é esta: “o movimento intencional e solidário da transcendência”. A intencionalidade, escreveu Lévinas, é “essencialmente o ato de emprestar um sentido”. Dar um sentido à vida é entendê-la como matéria que se transformou em cultura, em espírito, num processo ininterrupto de hominização de Deus e divinização do homem. O homem é tanto mais homem quanto mais se aproxima do Absoluto – afinal, o sentido último da Evolução.
Há quem conceba a filosofia, principalmente como um trabalho de reflexão crítica; outros pretendem, com ela, revelar as verdades últimas (fundantes) sobre o Homem, a Vida, a Sociedade e a História; outros, por fim, vêem na filosofia uma escola de sabedoria e uma arte de viver. O questionamento crítico é, no meu entender, a grande tradição filosófica que, nascendo em Sócrates, chega a Wittgenstein, passando por Kant. Para estes filósofos, o papel da filosofia situa-se num questionamento constante das ideias recebidas, do “magisterdixismo” arrogante e dos conhecimentos estabelecidos. A actividade crítica, designadamente em muitos dos comentários ao futebol de altíssima competição e a um certo academismo estéril (sirvo-me do título de um livro célebre, de Jorge de Sena), sobe ao posto máximo do “Reino da Estupidez”. De facto, trata-se de uma actividade crítica que se confunde com uma competição-hostilidade e onde as relações humanas persistem inquinadas. O futebol, como as demais modalidades desportivas, é também competição, mas não se limita à competição. Como já escrevi, num opúsculo da minha autoria, Para um Desporto do Futuro: (com prefácio do Dr. João Paulo Rebelo e do escritor Miguel Real e editado pelo IPDJ/SEDJ) no Desporto a competição é, acima do mais, diálogo, “isto é, procurando mais o belo e o convívio fraterno e a resposta às necessidades do ser humano, em busca de mais ser, do que uma competição tecnologicamente avançada e moralmente ameaçada. Será de realçar, ao contrário de uma ideia muito comum, a competição desportiva, onde não desponta, em todas as circunstâncias, a ideia da eminente dignidade da pessoa humana, não é uma necessidade imposta pela natureza, mas um reflexo (…) da intensificação da concorrência económica mundial”.
Durante o século XX, o desenvolvimento das qualidades físicas e da condição biológica parecia ser, para a esmagadora maioria das pessoas, o objectivo primeiro da educação física e do desporto. Depois dos estudos que fiz, em Merleau-Ponty, em Teilhard de Chardin, em Emmanuel Mounier (há mais de cinquenta anos, como o tempo passa!) faço minhas as palavras deste último autor, no capítulo VII do Personalismo:”Que a existência seja acção e a existência mais perfeita acção mais perfeita, eis uma das intuições chaves do pensamento contemporâneo. Se a alguns repugna a introdução da acção no pensamento e na mais alta vida espiritual, tal facto se deve apenas à estreita noção que implicitamente dela é tida, reduzindo-a a mero impulso vital “. O Doutor Luís Umbelino, um sábio e experiente professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, deu a conhecer, na sua tese de doutoramento, que Maine de Biran (1766-1824) descobre “o estatuto subjectivo do corpo próprio, a partir da experiência do movimento”, pondo em causa o dualismo antropológico racionalista. Em qualquer acção, a totalidade que a justifica e a totalidade que a permite estão presentes. Repito o que já tenho escrito muitas vezes: no ser humano, tudo está em tudo! Numa sessão de treino, o físico, o psíquico, o intelectual, o espiritual encontram-se em rede, como elementos do mesmo todo. O Desporto, como fenómeno cultural que é (para mim, o de maior magia) deverá saber seleccionar, interpretar, recolher as mais diversas conexões que da sociedade lhe chegam. E, nessas conexões, descobrem-se, com maior ou menor intensidade, com maior ou menor nitidez, a globalidade da condição humana. Desconhecer esta realidade (ou esta complexidade) é fazer do futebol, por exemplo, simples elemento decorativo e do “agente do futebol” um mago e, aqui e além, com o estatuto aristocrático dos magos.
A arte procede muitas vezes da necessidade de protesto e de crítica contra determinadas situações sociais e políticas. “Mas, sempre que desafia o que está, prenunciando e tecendo o que virá, tem de contar com os mecanismos assimiladores das sociedades (de que ela própria acaba por fazer parte), os quais, gradualmente, se mobilizam, para controlar os distúrbios, bloqueando ou dissolvendo os elementos agressivos. A medicina conhece bem esse processo, de que a biologia nos dá abundantes exemplos. Daí que, de tempos a tempos, tenha de dar-se uma nova ruptura, que apanhe desprevenida a norma rectificadora” (Fernando Namora, Encontros, Livraria Bertrand, p. 64). Só que diante de uma ruptura epistemológica (ou um corte epistemológico) tudo o que é tradição se levanta indignado, ressentido, chegando a ser inquisitorial, para que não tenha poiso, ou um pouco de aceitação que seja, qualquer viragem radical. Mas a fraqueza da tradição é acreditar apenas na tradição. Só com tradição o pensamento é sempre subsidiário e satélite. Reduzir o ser ao saber e, depois, reduzir o saber ao saber das ciências equivale a regressar a um certo materialismo e ao positivismo. E não é olhando unicamente para o Passado que podemos construir o Futuro. A pós-modernidade organiza-se hoje, em torno de vários pólos estruturantes: o capitalismo globalizado, onde reina a sociedade de mercado e se promove a desregulação dos mercados financeiros e, consequentemente, o crescimento da miséria e a fragilização do emprego e do nível de vida; o grau superlativo de uma tecnociência, conduzida pelo mercado e ao serviço do mais cego individualismo; o triunfo do capitalismo globalizado, que não é só económico, mas também cultural. Ter sucesso é ganhar no mundo da alta competição e fazer fortuna. Trata-se de um agir alienante, acompanhado de uma certeza, que os “media” e a ciberlinguagem das redes sociais e dos “hashtags” publicitam: a ditadura dos mercados é invencível! O desporto, que reproduz e multiplica a ditadura dos mercados, é também invencível (assim se pensa). Cada vez se torna mais necessário um questionamento crítico a este desporto que ajuda a interiorizar e aceitar, sem reservas, a sociedade de mercado."