sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Carrego o sonho de mudar o mundo

"Sou matosinhense, de uma terra no Litoral Norte de Portugal, onde o pescado é incrível e as ondas do mar irrompem pela areia fina, criando as condições ideais para o surgimento de uma paisagem única e um cheiro a maresia inconfundível.
Dizem que “filho de peixe sabe nadar”! Não sei se a analogia se aplica na perfeição… sei, no entanto, que aquela pessoa que caminha todos os dias lá por casa fala sempre: “Quando eu tinha a tua idade, corria tanto que ganhava a todos os rapazes!”. “Pois, mãe, resta saber se eles eram realmente lentos ou tu realmente rápida”, digo eu em tom de brincadeira. Bem, a verdade é que de acordo com o que podemos ler nos livros e na Internet, a velocidade tem uma componente genética. Já corri contra o meu pai – que até se safa! -, já corri contra o meu irmão – que me dava altas “coças”! –, mas contra a minha mãe nunca! Fica o desafio!
Sempre fui um miúdo calmo, de poucas aventuras, que se prendia mais aos livros da “Rua Sésamo”, da “Anita” e do “Tintin”, que o meu pai fazia questão de ler todos os santos dias (coitado!). A verdade é que, a certa altura, já eu sabia as falas de cor, conhecia o lugar de cada desenho, tudo! E foi assim que, provavelmente, aprendi a ler! Ou então, não… na minha inocência lá ficava na ilusão de que sabia ler! No entanto, deveria era conhecer tão bem aqueles balões brancos, com letrinhas todas alinhadas a saírem das bocas dos bonecos, que julgava saber ler!
Ainda com tenra idade, ingénuo e com um espírito muito pouco amadurecido, lá fui para a “Assus”, aquele que foi, durante muitos e bons anos, o meu infantário. Na “Assus” gostávamos de fazer todo o tipo de brincadeiras, mas aquelas que prendiam mais a minha atenção eram as corridas com os outros miúdos. Recordo-me de falarem do meu mau perder já que, quando algum colega me deixava para trás, eu agarrava-o quando passava por mim e acabava por lhe passar à frente. Sei que não era justo mas, sejamos sinceros, há que fazer pela vida!
Algo que trago comigo até aos dias de hoje, o meu mau perder. Curioso como não se aplica a outros jogos… não me incomoda perder a jogar cartas, por exemplo, até porque só sei jogar ao “peixinho”, que é o jogo mais básico de sempre! Não me importo de perder no Tetris! Não me importo de perder no bowling! Entre tantos outros... Mas se perco naquilo em que consigo ser relativamente bom e competitivo, como é o caso da velocidade, fico com um “melão” daqueles…
Cresci a idolatrar uma pessoa: o meu avô materno. Não sei se por sermos muito parecidos em termos de personalidade; não sei se por me dizer, sempre que nos encontrávamos, que a minha barba estava a crescer. Sei que aquela pessoa era quem eu queria ser um dia. Entre outras coisas, o meu avô ensinou-me a gostar de Atletismo!
O sonho de uma criança ou de um jovem pode mudar o mundo... pelo menos o seu próprio mundo! Entrei para a modalidade a poucos dias de fazer 14 anos, mas a admiração que nutria pelo Atletismo já vinha de há uns anos, quando me sentava, deslumbrado, a ver o Francis Obikwelu correr os 100 metros na televisão... a “dar show”, a encher-nos de orgulho!
Não sei se por ser a prova rainha do Atletismo, dos Jogos Olímpicos, a velocidade despertava algo de inexplicável em mim! No entanto, como todos os jovens que vivem num País onde quase nenhum desporto se valoriza além do futebol, queria ser jogador da bola. Pressionava os meus pais para ingressar num clube perto da zona onde residia, mas não os conseguia convencer. Pedi umas chuteiras e uma bola, inscreveram-me numa escola para aprender a tocar piano... não era nenhum Mozart! Creio que, por ter um irmão virtuoso na música, julgaram que conseguiria formar uma banda com ele e assemelharmo-nos aos Jackson 5. Devo dizer, honestamente, que me desinteressei rapidamente! 
Sou asmático, estava a atravessar uma fase mais crítica desta doença e eis que os meus pais decidem aconselhar-se junto do meu médico, no sentido de melhorar o meu estado de saúde. Surge, então, a ideia de ir para a natação. Bem, embora tenha nascido numa terra que o mar beija todos os dias, não era nenhum peixe dentro de água. Provavelmente mais fora do que dentro… Devo assumir, ainda assim, que a minha asma melhorou bastante mas não… também não era nenhum Michael Phelps! Ainda aguentei lá uns anitos porque, sempre que saía dos treinos, tinha uma fome desmedida e, deste jeito, poderia comer mais ao jantar – ainda dizem que as crianças não são espertas!
Já em casa, a olhar para o teto, sem o piano e a natação, começo a ligar-me aos jogos electrónicos, aos trabalhos de casa e aos “Morangos com Açúcar”. O meu pai não era lá “grande fã” da minha rotina! Até hoje não sei se era porque não gostava de morangos com açúcar ou se, efectivamente, não me queria ver de “pança para o ar” sem fazer nenhuma! Mas, como já o vi a petiscar uns morangos, inclino-me para o segundo motivo.
Num calorento dia de sol, em pleno Agosto de 2008, o meu pai chega ao pé de mim, interrompe-me o episódio 24 da 5.ª temporada da série e diz: “Carlos, tu tens que fazer algo da tua vida, que puxe por ti, que te exercite, que te tire aqui de casa, tens de apanhar ar, conviver! Hoje, quando vinha do trabalho, ouvi falar na rádio de um clube de atletismo cá no Porto, a Escola do Movimento, e gostava que fosses até lá experimentar. Podes não gostar, mas pelo menos experimentas e logo se vê!”. Numa época em que os filhos ainda ouviam e respeitavam os pais, lá acabei por aceitar.
Curiosamente, o meu treinador é professor de Educação Física e, como costumo contar a toda a gente, a minha mãe e o meu treinador deram aulas na mesma escola durante muitos anos. O professor José Silva – na altura, ainda lhe chamava Zé António (ups!) –, conhece-me quase desde que nasci e tem um filho da minha idade, o André. O André é o meu melhor amigo desde as fraldas, já que andamos no mesmo infantário, nas mesmas escolas, nas mesmas turmas. Assim, a minha mãe recorreu ao professor Zé António, que conhecia perfeitamente o clube em questão e ele levou-me, juntamente com o André, a um treino. Num género de captação ou avaliação física, percebemos que tinha características mais direccionadas para a velocidade, já que ganhava a rapazes bastante mais velhos e com alguns anos de treino.
Desta forma, começou aquela que tem sido uma jornada incrível de longos onze anos no Atletismo! No primeiro mês de treino, com umas Nike Total 90 azuis e cinzentas, com uns pitons para jogar em sintético, participei numa prova de 150 metros, na Maia. Ganho a prova, vou para casa todo satisfeito e, no dia seguinte, liga-me o professor Pedro Guimarães da Escola do Movimento a congratular-me porque tinha batido um recorde que já tinha uns vinte ou trinta anos. Ainda hoje tento perceber o porquê de apenas lhe ter dito “ok… boa!”, com algum sentimento de indiferença. Não sei se por não saber o que isso significava, ou por ser domingo de manhã e estar cheio de sono e o professor Pedro me ter acordado!!!
O gosto cresce, o sonho surge, a vontade aumenta e eis que me torno atleta. A primeira grande emoção que senti no Atletismo foi a minha primeira convocatória para representar a selecção nacional, uns meses depois de ter iniciado a prática da modalidade. Moscovo esperava-me! A terra onde a minha mãe tinha estudado durante um ano e da qual tanto me tinha falado. É nestas alturas que, embora não sendo crente, fico a pensar no porquê destas coincidências! Conseguindo a qualificação para os Jogos Olímpicos da Juventude, após os “trials” em Moscovo, parti para uma viagem de quinze horas de avião, rumo a Singapura, com uma mala carregada de equipamento de competição... mas sobretudo de energia e de sonhos! Aquela que eu considero, até hoje, a melhor experiência que alguma vez vivenciei no atletismo!
Num país tão pequeno como o nosso, com uma cultura desportiva unicamente direccionada para o futebol, existem tantos e tantos campeões noutras modalidades! Se imaginassem o talento, as conquistas, o esforço, a dedicação que há nas chamadas “modalidades amadoras” – que de amadoras não têm nada! Metade do reconhecimento, dobro da dedicação!
Comigo carrego os sonhos de “mudar” o Mundo! Sonho ir aos Jogos Olímpicos de Tóquio, sonho ver as “modalidades amadoras” passarem a “modalidades profissionais”, a terem tempo de antena, a encherem pavilhões, estádios! Sonho chegar a um país estrangeiro, onde me falem em alguém que não Cristiano Ronaldo, Figo, Eusébio e Mourinho – com todo o respeito por estas figuras que tanto deram à nação! Não sei se são sonhos de menino, mas tenho a certeza que carrego comigo a vontade de sonhar ainda mais alto e de concretizar tudo aquilo que me acompanha desde muito jovem!
Que o meu sonho seja o horizonte de todos nós! O horizonte de todos os portugueses!"

O caos, os cacos e o Pacto de Regime do Desporto

"Os partidos e as federações desportivas fizeram o diagnóstico do caos e dos cacos do desporto português actual. Cabe-lhes serem coerentes consigo próprios.

O desporto português cresceu e tornou-se cada vez mais complexo desde o 25 de Abril de 1974. Nessa data, ganhava poucas provas desportivas e hoje ganha provas de um sistema mundial que produz mais desporto e de melhor qualidade com uma maior eficácia do que, infelizmente, Portugal tem conseguido. Por esse motivo os bons resultados portugueses são insuficientes na paisagem desportiva europeia. É essa realidade medíocre que o Partido Socialista (PS) foca quando refere no seu programa eleitoral que pretende colocar a actividade física do país entre os 15 primeiros países europeus na próxima década.
O caos em que se encontra o desporto português é composto por partes que são, como que, cacos desportivos sem a amálgama da solidez dos princípios éticos, da governação das organizações e da regulação dos mercados que fazem o núcleo do Modelo de Desporto Europeu. Contra esta condição caótica, por exemplo, o Partido Comunista Português (PCP) e a Plataforma do Desporto Federado (PDF) afirmam nas suas propostas eleitorais a necessidade de actuar sobre a administração pública central. O PCP propõe a revogação do actual modelo e a PDF propõe um conjunto de funções como a intersecção entre a actividade escolar e a federada, a necessidade de uma unidade de estudos, a maior qualificação e diversificação de responsabilidades e instrumentos da área federada, a relevância da formação de quadros técnicos e dirigentes associativos ou a renovação das infra-estruturas desportivas. Estas sugestões são relevantes por colidirem com a instrumentalização corporativa e partidária efectuada nas últimas legislaturas cuja obstinação na privatização da administração pública central desmantela o parceiro público do associativismo desportivo. A venda de funções públicas têm criado unidades empresariais falhadas tanto desportivamente, como economicamente onde nenhum empresário meterá o seu dinheiro, nem a austeridade das finanças assegurará as rendas politicamente prometidas.
O caos conceptual do desporto actual surge, por exemplo, na proposta eleitoral do Partido Social Democrata (PSD) quando refere o “desporto competição” como um factor negativo da possibilidade de valorização da prática desportiva. O “desporto competição” não existe. A competição está em toda a prática desportiva, desde a recreação ao alto rendimento, e é o instrumento de avaliação da actividade praticada. Assim, num extremo surge a competição de um praticante consigo próprio, quando se procura suplantar, numa corrida de manutenção ou num jogo com os amigos, e, no outro extremo, estão os jogos da Liga dos Campeões de Futebol ou os Jogos Olímpicos. O que existe é o conceito de desporto e a utilidade que o país, os governos, as autarquias, os bairros, as famílias e a população dele retiram. Não obstante o que se pode considerar um lapso conceptual, a proposta eleitoral do PSD tem contributos significativos, para além dos apresentados pelo PCP e pela PDF, para a reforma da política pública como sejam o plano de formação e desenvolvimento desportivo, a plataforma de cooperação entre a educação física, o desporto escolar e o desporto federado, o repensar do modelo de financiamento e a elaboração de um plano estratégico com o compromisso de todas as forças políticas.
Olhar o pormenor das propostas eleitorais é diferente de assistir ao debate na Confederação do Desporto de Portugal onde os deputados mimetizaram as propostas de uns e dos outros a fim de realçar as suas.
O detalhe das propostas do PS, do PCP, do PSD e das sugestões da PDF mostra o caminho para o Pacto de Regime do Desporto. Senão, veja-se: O PS quantifica o aumento da produção desportiva de forma insuficiente mas promessa de subida para o 15º lugar do ranking europeu é um bom início de trabalho sobre o que fazer por ser uma ambição quantificada; o PCP e a PDF sugerem que diferentes organizações públicas do desporto possuem limitações e devem ser revogadas; o PSD avança com instrumentos complexos como o plano de formação, o modelo de financiamento e o plano estratégico que foram relegados nas últimas legislaturas.
Ou seja, o PS estabelece a ambição, o PCP e a PDF as funções inovadoras da administração pública; e o PSD estabelece os instrumentos de transformação a criar para uso das novas organizações públicas do desporto.
O ponto de chegada das propostas eleitorais do PS, do PCP, da PDF e do PSD poderá ser o Pacto de Regime do Desporto Português no qual é possível estruturar os contributos eleitorais.
Os recursos nacionais são escassos, principalmente no concernente ao capital humano desportivo da juventude portuguesa. Não é possível atrasar os investimentos públicos que têm de ser feitos em determinada fase da vida de um jovem sob pena de haver consequências negativas na sua saúde ao longo da vida. O Governo saído das eleições deveria valorizar as propostas democraticamente apresentadas pelos partidos e pelo associativismo desportivo.
Conclua-se reafirmando que os partidos e as federações desportivas fizeram o diagnóstico do caos e dos cacos do desporto português actual. Cabe-lhes serem coerentes consigo próprios e em conformidade com a integridade desportiva, a sua plenitude, a competência e a complexidade do desenvolvimento desportivo, assumir que o início da transformação do século XXI do desporto português começa em 2019."

Os programas eleitorais (2019-2023) dos partidos políticos e a educação física e o desporto

"O que é que os principais partidos políticos prometem no âmbito da educação física e desporto nos seus programas eleitorais para o período 2019-2023? Esta é uma questão legítima e que nos leva a “mergulhar” na leitura dos vários programas partidários a nível nacional. Sem procurar sermos exaustivos, fizemos uma análise sobre os programas do PS, PSD, BE, PCP e PAN.
Comecemos então pelo programa eleitoral do Partido Socialista (PS). O PS pretende estimular a actividade física e desportiva e vai concentrar-se em dois objectivos: o primeiro, na afirmação de Portugal no contexto desportivo internacional e, segundo, posicionar, numa década, o país com cidadãos fisicamente mais activos. Para isso, propõe-se implementar diversas medidas. Deixamos aqui registado alguns exemplos: 1) “promover a cooperação entre autoridades, agentes desportivos e cidadãos, com vista a erradicar comportamentos e atitudes violentas, de racismo, xenofobia e intolerância em todos os contextos de prática desportiva, do desporto de base ao desporto de alto rendimento”, “2) “continuar o combate à dopagem, à manipulação de resultados ou qualquer outra forma de perverter a verdade desportiva”; 3) “promover a articulação entre o sistema educativo e o movimento desportivo”.
O programa eleitoral do Partido Social Democrata (PSD) refere que a prática desportiva e física de Portugal é “lamentável”, remetendo para alguns dados do Eurobarómetro (2018). Para este partido, existe uma “hipervalorização do desporto de competição”. Para uma maior massificação desportiva, a escola tem um papel importante (da educação da infância ao ensino obrigatório). Na sua perspectiva, a educação física, desporto escolar e desporto federado estão de “costas voltadas”. Também ele promete implementar várias medidas (criação e/ou reforço do plano de formação, maior envolvimento autárquico, generalização das competições desportivas entre escolas, cumprimento dos acordos financeiros assumidos no desporto federado, etc.).
O Partido Comunista Português (PCP) entende, no seu programa eleitoral, que a “Educação Física e o Desporto são meios de valorização humana e factor de desenvolvimento da personalidade e democratização da vida social”. Reclamam várias medidas: instalações seguras e adequadas, elaboração de um plano de emergência para a integração da educação física nas escolas do 1.º ciclo de ensino básico e pré-escolar; políticas para o desporto adaptado, realização de campanhas de promoção do desporto no trabalho, apoio dos clubes desportivos, reconhecimento do valor do desporto de alto rendimento, entre outras medidas.
O Bloco de Esquerda (BE) também inclui o desporto no seu programa eleitoral 2019-2023. Entende que “o direito à actividade desportiva consta da Constituição da República Portuguesa e, por isso, apresenta-se como um dos pilares das obrigações do Estado para com os cidadãos e cidadãs”. Feito o balanço do que fizeram, ou ajudaram a fazer, na actual legislatura, o Bloco propõe outras medidas: aumentar as verbas nacionais, procurando com isso valorizar o desporto escolar, apoiar os professores; reforçar a educação física, adquirir novos equipamentos; combater a violência no desporto, aumentar a fiscalização por parte das entidades competentes; reforçar a missão do Instituto Português do Desporto e da Juventude; aumentar as bolsas para os atletas olímpicos e paralímpicos, etc.
O programa eleitoral do Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP), no âmbito da educação física e desporto, é muito sumário. Entende apenas que se deve “proporcionar uma rede de educação para o desporto náutico”.
O programa eleitoral do Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza (PAN) refere que é preciso garantir que “os espaços infantis e desportivos das comunidades” tenham boas condições (de localização, de espaço, de materiais e de equipamentos), por forma a serem utilizadas pelas escolas. Com isso, o PAN entende que reforça “os currículos da Educação Física, da Educação para as Expressões no 1.º Ciclo do Ensino Básico”. Pensa também que toda a prática desportiva iniciada na escola pelo aluno tem que ter uma continuidade gratuita. Outras medidas propostas: 1) “valorizar as iniciativas que conseguem criar sinergias locais com outras organizações não escolares, com o objectivo de desenvolver os seus projectos de desporto escolar”; 2) “garantir processos de supervisão e monitorização por parte das estruturas centrais e locais com responsabilidade no projecto do Desporto Escolar, de modo que que se possa aferir, a uma escala anual, qual é o nível de desenvolvimento de cada projecto do Desporto Escolar”; 3) “reforçar a ligação entre desporto na escola e desporto fora do contexto escolar, através de uma maior ligação entre agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, clubes, organizações desportivas e culturais e Municípios, criando condições para que, qualquer criança e jovem, possa usufruir de um processo de formação desportiva e formação para as expressões, correctamente orientado e sem interrupções ao longo do seu percurso escolar”; 4) “utilizar as aprendizagens conseguidas através do projecto Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE) para criar condições para que não só os atletas de rendimento em idade escolar, mas também outros alunos(as) que apenas queiram conjugar as suas aulas com a prática desportiva formal e informal, disponham de boas condições para o fazer”.
As propostas eleitorais de todos os partidos são sempre manifestações de intenção. Quem leva a sério os programas? Que substância apresentam? Quem tem tempo de os ler? No âmbito da educação física e desporto, pouco se sabe como é que os partidos políticos pretendem implementar as medidas propostas, os custos financeiros associados, os prazos, etc. Elas são tudo menos lineares.
As eleições legislativas portuguesas de 2019 são dia 06 de Outubro."

Acho que nunca nos conhecemos, mas eu sou Nigel Owens, o árbitro, e isto não é futebol

"O melhor árbitro do mundo é galês, tem 47 anos, apitou a final do Mundial de há quatro anos, o jogo inaugural deste e foi o primeiro homem a assumir, publicamente, a sua homossexualidade no râguebi. Depois de tudo isto, Nigel Owens ainda é quem mais e melhores tiradas diz durante os encontros, e todos o podemos ouvir porque quem apita tem microfones que espalham o som pelo estádio.

Passa das três da manhã, a noite ainda é escura, ele acorda. Tenta abafar o ruído a um mínimo, pé ante pé em casa para se preparar e não acordar os pais. Deixa-lhes uma carta. Sai de casa e caminha até ao topo de Bancyddraenen, montanha perto de Mynyddcerrig, a sua aldeia no oeste de Gales, onde as consoantes se escrevem seguidas.
Chega lá acima, senta-se no chão, abre a caixa de comprimidos para dormir e engole-os, todos, bebendo whisky. Perde o tato ao tempo, a quanto terá passado até o pai e a mãe despertarem, encontrarem a carta, lerem que “a única solução é tirar a minha própria vida”, entrarem em pânico. O corpo de Nigel Owens tomba e, no peito, tem uma caçadeira carregada, apontada ao queixo, caso a overdose de drogas não resultasse.
Foi assim, em 1997, que por milagre encontraram um homem de 26 anos, bulímico, enjaulado na distorcida perceção própria de que estava gordo, envergonhado por perceber que era gay e a marcar consultas para dizer a um médico que "queria ser castrado quimicamente", suplicando por uma cura. Estava depressivo no medo dos estereótipos e julgamentos pré-feitos do râguebi macho, a deixar-se erodir, aos poucos, em culpa própria, até acordar numa cama de hospital, os pais o visitarem e ouvir da boca da mãe:
“Se voltares a fazer uma coisa destas, podes levar-me a mim e ao teu pai contigo”. 
O Nigel a afundar-se em dúvidas próprias, afogado em vergonha, medroso de como poderia ser percepcionado, começou a aceitar-se, a ser, consequentemente, um melhor árbitro de râguebi, porque em Gales “há um ditado que diz que um árbitro feliz é um bom árbitro”, disse-o ele, à revista “GQ”, muito depois de 2007, quando assumiu publicamente a homossexualidade e se permitiu a alegrar-se.
Nigel Owens tem 47 anos, já contou a sua quase trágica história em autobiografia, apitou cinco finais da Taça dos Campeões Europeus, mais de 80 jogos internacionais entre selecções. Esteve no primeiro jogo do Mundial, esta sexta-feira, e na final do último, em 2015, se provas faltassem de que é o melhor e mais respeitado árbitro no râguebi. Mas, se “pudesse trocar tudo isso por uma vida pacata e normal”, o galês “fá-lo-ia, acreditem”.
Ele teima tipos com músculos hercúleos, candidatos à distinção de desportistas com os maiores arcabouços do planeta, que se juntam aos 30 de cada vez num campo onde o bruto contacto físico é inevitável e o sangue quente, portanto, expectável.
E diz que tudo é normal e não poderia ser de outra forma. “Um dos valores fundamentais do râguebi é o respeito, que te é instilado quando és jovem, para ires a um jogo e respeitares os adversários, o árbitro e as decisões. Quando eles ficam com 2 metros e 120 quilos, esse respeito já faz parte deles”, explicou, ciente de que, por outro lado, é respeitado, encarado e conhecido por “ter lidado tão abertamente com períodos difíceis” da sua vida.
E, também, por ter o feitio que tem quando está equipado e a trabalhar.
O miúdo que, aos 14 anos, se inscrevia em clubes de comédia para tentar a sorte em stand up, esforçando-se para fazer rir quem tinha à frente, é o homem que arranca sorrisos em campo sem intenção, por ser apenas quem é - e por o râguebi prender microfones nas lapelas dos árbitros para que o estádio e a transmissão ouçam o que é decidido, e porquê.



Em 2012, os irlandeses do Munster jogavam contra os italianos do Treviso, na Taça Europeia, o galês apitava-os e ouvia, insistentemente, um jogador a queixar-se. Era Tobias Botes, um sul-africano recém-chegado ao râguebi deste lado do mundo, que o obrigou a parar o jogo para lhe dizer: “Acho que nunca nos conhecemos, mas eu sou o árbitro. E isto não é futebol”.
Nigel Owens já era conhecido, aí começou a tornar-se famoso.
No último Mundial, interrompeu o jogo perguntar ao vídeoárbitro por uma suposta penalidade, ver que nada o justificara e chamar Stuart Hogg, defesa escocês, para lhe dizer que fizeram “um claro mergulho” e, “cuidado”, se quisesse repetir, que fosse “não hoje, mas daqui a duas semanas”. O jogo era no St. James Park, estádio do Newcastle United, equipa da Premier League inglesa.
Em 2014, o talonador Dave Ward, dos Harlequins, atirou a bola tão torta para um alinhamento, onde é suposto entrar em linha reta, entre os jogadores, que Nigel apitou e não evitou acrescentar uma piada. “I’m straighter than that one”, disse, balançando o sarcasmo entre o significado (direito) e o sinónimo (heterossexual) de straight.
Nigel é afamado pela forma como apita e o estilo vocal com que o faz. Está no Japão para apitar o seu (provável) último Mundial, para se preparar para deixar o râguebi, parar de viajar a toda a hora e, por fim, assentar e parar de se dedicar à arbitragem - “As pessoas dizem-me que sou corajoso, mas, à noite, vou para casa e estou ali deitado, sozinho, a pensar para mim: ‘Sou corajoso, ou apenas um tolo?”"

Objectivo: ganhar!

"O ritmo frenético das competições e a ambição benfiquista requerem máxima e permanente concentração da nossa equipa e o merecido, habitual e imprescindível apoio fervoroso e incessante dos nossos adeptos.
Desta feita, será a vez de visitar o Moreirense (sábado, 20h30), a equipa-sensação da temporada passada que, nas últimas quatro jornadas da presente edição do Campeonato, conquistou sete pontos, fruto dos triunfos ante Gil Vicente e Portimonense, ambos em Moreira de Cónegos, e de um empate na deslocação a Setúbal. Trata-se de um adversário complicado, não duvidamos.
O mais importante, como sempre, são os três pontos. Independentemente do adversário, da competição ou do local de realização da partida, a filosofia “jogo a jogo”, sempre referida por Bruno Lage, define a nossa postura.
A título de curiosidade, se a nossa equipa vencer o Moreirense, ganhará pela 12.ª consecutiva em jogos fora de casa no Campeonato Nacional e igualará a terceira melhor marca de sempre, obtida de 6 de Janeiro a 17 de Novembro de 1963. E, se não sofrer golos, voltará, doze anos depois, a completar as seis jornadas iniciais com um máximo de dois golos sofridos, algo que só aconteceu uma vez nas últimas 19 temporadas.
Esta será a primeira de quatro partidas nos próximos doze dias. Depois da ida a Moreira de Cónegos, receberemos o Vitória de Guimarães para a Taça da Liga (quarta-feira, dia 25, às 19 horas). Seguir-se-á a recepção ao Vitória de Setúbal na 7.ª jornada da Liga NOS (sábado, dia 28, também às 19 horas). E ainda a deslocação a São Petersburgo para defrontar o Zenit, no dia de 2 de Outubro, a contar para a Liga dos Campeões.
Vamos com tudo, #PeloBenfica!
E, ao longo do fim de semana, como, de resto, é normal, muitas das nossas outras equipas também se apresentarão em campo para defender as nossas cores e emblema.
Destaque para, no Seixal, a nossa equipa Sub-23, que receberá a Académica no sábado, às 11 horas. Mais tarde, às 15, mas na Luz, haverá o confronto com o Madeira, SAD, em andebol. No domingo, a equipa B deslocar-se-á ao reduto do Leixões, às 11h15, e a equipa feminina visitará a Ovarense, às 14 horas. Estes são apenas alguns dos compromissos agendados para o fim de semana, sendo muitas outras as oportunidades, como o basquetebol na Holanda (Donar Groningen), o futsal em Guimarães (CR Candoso) ou o hóquei em Portimão (Paço de Arcos), só para referir os de hoje à noite, para apoiar o nosso Benfica!"

Cadomblé do Vata (interlúdio...!)

"1. Sérgio Conceição diz que é preferível lutar pela Liga Europa do que ser eliminado na fase de grupos da Champions... da mesma forma que continua a ser preferível lutar até ao fim por todas as competições do que ganhar apenas o campeonato.
2. Depois da expulsão no Boavista FC - Sporting CP, Bruno Fernandes escavacou 2 portas do Bessa à biqueirada... convém referir que as mesmas portas já tinham batido 11 vezes na cara dele.
3. O SL Benfica está a estudar formas de aumentar a lotação do Estádio da Luz colocando lugares em pé... na verdade, o ataque Glorioso factura com tamanha frequência na Liga, que o pessoal nas bancadas pouco tempo está sentado.
4. André Almeida vai voltar ao 11 contra o Moreirense... vamos rezar a S. Eusébio e à N. Sra. de Mafalala para que seja desta que o Raul aproveite um bacalhau à Almeida para matar a fome de golos.
5. José Carlos Nepomuceno Mozer comemora hoje 59 anos... eu disse-lhe que não lhe dava os parabéns, mas ele ameaçou-me com uma entrada a pés juntos."

Mea culpa de Vasco Santos

"Vasco Santos, video-árbitro do jogo que opôs o FC Porto ao Portimonense, vem hoje assumir que errou ao validar o penálti assinalado por Rui Costa a favor dos azuis e brancos.
"Como não tive certezas de que a decisão do árbitro estava errada, decidi não intervir, conforme diz o protocolo. Depois, analisando o lance de uma forma mais tranquila, sem a pressão de não ter de decidir, verifiquei, efectivamente, que a bola só bateu no peito, de uma forma clara."
O ex-árbitro e profissional do VAR, Vasco Santos, com este erro crasso, prova que não tem a mínima condição para o lugar para onde foi atirado depois de sucessivas falhas nos testes físicos.
Como é que alguém sentado numa cadeira, com todos os meios à sua disposição para analisar correctamente, não o consegue fazer, porque, segundo as suas palavras, a pressão de decidir no momento o constrange? O que faz então na arbitragem?
Com estas declarações deixou claro que, na altura, ficou com dúvidas da decisão tomada pelo seu colega. Decidiu seguir o "portoaocolo", em vez de sugerir que este visse as imagens e pudesse assim reverter o erro que acabara de cometer. E deixou ainda mais claro que a classe arbitral está com medo. Medo daqueles que os coagiram (e coagem) ao longo das últimas três décadas. Aberrante. 
Entretanto, o golo e, consequentemente, os três pontos estão somados. A farsa, essa, continua. 
Pertinente também a questão do operador televisivo e do poder discricionário que tem. Como auxiliar fundamental da ferramenta de vídeo-árbitro, exige redobradas responsabilidades, quer nas imagens disponibilizadas, quer nos grafismos que as acompanham. A interferência que o operador tem na apreciação de uma determinada jogada é evidente e, muitas vezes, condiciona resultados. Se a operadora omitir repetições e ângulos, como vai o VAR ajuizar de forma competente e adequada? 
Foram disponibilizadas todas as condições ao senhor Vasco Santos, ou simplesmente optou por "não ver"?
Sabem quem não estava ilustrado na famosa tarja - exibida na última jornada da época transacta no estádio do Dragão - que, segundo a comissão de instrutores da Liga, em nada beliscou o bom nome da prova? Vasco Santos!
Para quando os áudios do VAR tornados públicos?"