terça-feira, 10 de setembro de 2019

E depois do estafado mercado?

"Curiosamente, ainda ninguém se lembrou de criar períodos dedicados à transumância de treinadores

1. Setembro, dia 2: o fim do sempre frenético mercado (neste dia em regime de saldos), embora haja há uma espécie de mercado de futuros. Dia 3: o início de (poucos) meses de tréguas na girândola real ou imaginária de transferências, negócios e comissões. Coincidem estes dias com a paragem (a primeira) do campeonato por causa das selecções. Tudo em conjunto, eis algum sossego.
Curiosamente, ainda ninguém se lembrou de criar períodos dedicados à transumância de treinadores. Pensando um pouco sobre o assunto, poderia haver datas diferentes das que se usam para os jogadores. Por exemplo, um primeiro período das «chicotadas precoces» em Setembro, depois um segundo, o «das chicotadas de quem não chegou ao Natal» e, por fim, um período das «chicotadas photo finish», numa versão de poção mágica para as derradeiras jornadas.
Por cá, e ao fim de 4 rondas (pouco mais do que 10% da competição), já houve três treinadores despedidos: o do Paços de Ferreira, o do Belenenses SAD e do Sporting. No caso do técnico holandês, dez meses volvidos sobre a sua entrada que até foi fulgurante, a avaliar pelos primeiros resultados. E, como mandam os eufemismos de ocasião, saiu com palavras de reconhecimento pela entidade patronal que o despediu com distinção e com uma comunicação oficial à CMVM algo inovadora e sarcástica: «existiu uma manifestação de interesse para cessação do contrato de trabalho do treinador Marcel Keizer». Imagino o alívio do homem, depois de, nas delirantes vésperas, ter assistido à saída de Bas Dost e Raphinha e à entrada, por empréstimo, de três «diamantes por lapidar, (re)lapidar ou delapidar» (o próximo futuro dirá). Segue-se Leonel Pontes, actual treinador de uma das equipas do SCP. Não sabemos ainda se para ficar ou se para fazer a ponte para um novo técnico. Afinal, uma solução formalmente semelhante à do sempre odiado Benfica que, neste contexto, como em quase todas as situações, é a verdadeira bitola ou benchmarketing a seguir.
Nos últimos dez anos, o Sporting prepara-se para ter o seu 14.º treinador, o que dá uma média de 8,7 meses de permanência. Já o FC Porto vai no seu 8.º técnico e o Benfica tem em Bruno Lage o seu 3.º líder.
Com a cessação deste período de instabilidade dos plantéis, favorecido pelas instâncias superiores do futebol internacional que, entre outras anomalias, têm permitido que desague pelos campeonatos dentro e até pelas provas europeias, não nos vemos livres, porém, do ruído de alguns canais noticiosos generalistas. Afinal, o circo tem de continuar e se não há mercado, haverá mercadoria, se não há especulação negocial, haverá efabulação nos bastidores. Enfim, o país das notícias condenado a ter de gramar com tudo à volta de futebol, menos o futebol propriamente jogado.
Tenho esperança que também possa hibernar por uns tempinhos toda a fantasiosa novela à volta de Bruno Fernandes-sai-não sai. Uf! Já não aguentava mais, apesar de me ter especializado em zapping alucinante. Não que não o considere um grande jogador e um excelente profissional. Mas acredito que até ele já não deveria ouvir com agrado tanta palavra, tanta especulação, tanta fantasia, tanta rumor, tanta viagem real ou fictícia, tanta milhões para cá e para lá! O jogador fica no SCP, o que, se eu fosse sportinguista, muito me agradaria. Pena não haver ninguém que pegue nas declarações de uns poucos informadores de mercado que falam como infalíveis e usando normalmente o plural majestático. É que até se poderia construir uma montagem sequencial das «notícias em primeira mão» ou «notícias de fonte segurissima», que foram sendo dadas, em abundante diarreia, nestes três longos meses. Seria uma montagem seriamente candidata aos Guiness do que está-para-acontecer-mas-nunca-acontece.
E agora sim, posse ler, com interesse e atenção, a única informação verdadeira e rigoroso sobre os plantéis (e não só) nos sempre bem-vindos Cadernos de A Bola, que, aliás, guardo desde as primeiras edições e que, não raro, me têm sido úteis para esta minha coluna. Ainda bem que agora o rigor factual vence a velocidade da falta de rigor, esperando-se sensatamente pelo fim do tal mercado, pelo que não há jogadores na informação prestada que... deixaram de estar nos plantéis e vice-versa. Apenas como exemplo do que se evita, basta comparar uma edição do género no princípio de Agosto (que as houve) com outra em Setembro, quanto ao plantel do Sporting para a presente época. Em termos informativos, é o que se poderia chamar vender gato por lebre (neste caso,vender gato por leão).

2. Centrando-me agora no meu Benfica, estou em condições de ter a ousadia de opinar sobre alguns aspectos do plantel. Ao todo, são 29 atletas, número excessivo que, todavia, pode ser bem gerido no contexto coordenado da equipa principal + Benfica B + Equipa sub-23 + Juniores.
Em termos qualitativos, terá havido alguma redução, por uma simples razão: não é fácil compensar, em pouco tempo, o que Jonas e João Félix representaram no clube.
No entanto, estas saídas, desportivamente bem dolorosas, devem ser plenamente compreensíveis. A de João Félix, pelos valores que envolveu e que foi a mais elevada transferência do mundo neste defeso. A de Jonas, por ter terminado a sua carreira, por motivos físicos (a propósito, excelente o livro agora publicado O Benfica segundo Jonas, no qual podemos saber muito mais sobre os bastidores e o interior da família benfiquista!). Houve ainda o fim do contrato com Salvio, o que é aceitável, embora pense que continuaria a ser muito útil à equipa (sem lesões, evidentemente).
Quanto aos ingressos, não entro no habitual cliché de panegíricos por um ou outro bom jogo, nem caio na fácil (e, não raro, injusta) maledicência, só porque «ainda não se viu nada do outro mundo». Por isso, prefiro esperar mais umas semanas para ter uma opinião mais precisa. De qualquer modo, não tenho dúvidas que Raul de Tomas é um bom jogador, e acredito na muita utilidade que Vinícius possa vir a ter a longo de uma temporada desgastante. Caio Lucas necessitará de uma fase de transição para perceber que jogar para as bancadas da Arábia não é o mesmo que jogar no campeão nacional. Finalmente, Chiquinho vai ser uma revelação de categoria, saiba ele ultrapassar esta fase de recuperação de uma grave lesão. Trata-se de um jogador inteligente, tacticamente versátil e que, na minha opinião, não fora a lesão,poderia ser já titular. Há ainda uma quase-aquisição chamada Adel Taarabt, que, em boa hora, Lage soube recuperar e potenciar para as muitas qualidades futebolísticas que evidência.
Percebo a continuação de Fejsa atendendo à onda de lesões no meio-campo e tenho muita fezada em Jota que, como agora sói dizer-se, pode «explodir». Dos que ficaram e que, ao que parece, eram para não continuar, fico contente por Cervi se manter na Luz, tratando-se de um jogador útil e laborioso. Já quanto a Zivkovic, penso que foi pena não ter saído até porque não me parece justificar o alto valor da sua retribuição, apesar de ter tido um bom desempenho em 2017/2018 quando substituiu o lesionado Krovinovic. Quanto à posição de guarda-redes, Vlachodimos é um bom jogador, embora precise de um concorrente mais forte, que não veio a acontecer (Svilar ainda está muito verde, salvo seja; Zlobin não foi verdadeiramente testado numa equipa em que o guardião, defendendo poucas vezes, tem de ser categoricamente seguro). Não me refiro aqui aos jovens 3 Tavares (Tomás, Nuno e David, precisando de uma qualquer mnemónica, para neste início, não os trocar), porque ainda não jogaram ou jogaram fora de posição.
Tudo considerado, se tivesse de eleger o meu melhor onze para os próximos meses, seria assim: Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Ferro e Grimaldo; Florentino, Gabriel, Pizzi e Rafa; Raul de Tomas e Seferovic (se Chiquinho estivesse bem, hesitaria muito entre ele e um dos dois avançados). Já quanto a uma linha alternativa (plano B), ficaria: Zlobin; Tomás Tavares, Jardel, Samaris e Nuno Tavares; Taarabt, Gedson, Cervi e Caio (se um destes puder fazer o corredor direito); Vinícius e Jota. Sobrariam para emergências, Svilar, Ebuehi, Conti, Fejsa, Zivkovic, David Tavares.

Contraluz
- Gratidão: Na sua vista a Moçambique, o Papa Francisco lembrou carinhosamente Eusébio como um homem perseverante que sempre acreditou e lutou por um futuro à sua medida, alertando, depois, para os dois comportamentos que matam os sonhos: a resignação e a ansiedade. Como católico, português e benfiquista, senti no coração esta homenagem papal.
- Vergonha: No Roménia - Espanha houve um minuto de silêncio pela morte da filha do ex-seleccionador espanhol Luís Enrique. Um breve minuto em que o silêncio foi barbaramente trucidado por alguns vândalos sem o menor pingo de dignidade. Uma tristeza.
- Pleno: A equipa feminina do Benfica estreou-se na última época vencendo tudo o que disputou: campeonato da 2.ª divisão, Taça de Portugal e Supertaça. Excelente!"

Bagão Félix, in A Bola

Esclarecimento

"Temos sido hoje repetidamente confrontados com pedidos de reação ao alegado teor de uma decisão do Tribunal da Relação sobre o chamado caso “e-toupeira”, mas não podemos – mesmo que fosse nossa conduta habitual comentar materialmente decisões de Tribunais, e não é – reagir a algo que não conhecemos e que não sabemos se existe.
E muito estranhamos que, não tendo havido ainda sequer conferência de Juízes naquele Tribunal (que é a sede própria para decidir recursos, em coletivo), já possa ser conhecido e anunciado o teor de uma suposta decisão.
Aliás, se a notícia for verdadeira, então amanhã na conferência os senhores juízes “decidirão” o que já existe e já foi conhecido publicamente hoje, o que é institucionalmente pelo menos delicado e carece de explicação.
Respeitamos as instituições e os Tribunais em qualquer caso, e concordemos ou não com as decisões e sejam elas favoráveis ou desfavoráveis aos interesses que defendemos e que julgamos justos e certos, mas não podemos deixar de muito estranhar (para além da estranheza que o adiamento recente do julgamento dos arguidos pronunciados ou o tão rápido agendamento desta conferência já nos provocaram, diga-se) esta notícia de hoje, e ainda mais estranharemos (e, se for legalmente caso disso, reagiremos) se ela for verdadeira e se a conferência na Relação de amanhã sufragar um “facto consumado“ desta natureza e se a instituição judiciária no seu todo o aceitar."

Made in Benfica

"Quando, há uns anos, Luís Filipe Vieira revelou publicamente a sua visão para o Benfica – a aposta na formação – assegurando que este seria risonho a nível desportivo e sustentável sob a perspectiva económico-financeira, alguns ironizaram, outros desdenharam e muitos duvidaram.
Hoje, a avaliação, em conjunto, do palmarés recente das competições nacionais, dos relatórios e contas da SAD e das sucessivas convocatórias para a selecção A leva-nos a reconhecer o acerto dessa visão e a encarar o futuro com redobrado optimismo.
Os cinco títulos nacionais nas últimas seis temporadas, enquanto cada um dos exercícios económicos gerou lucro, validariam qualquer que fosse a estratégia implementada. Mas o aproveitamento, pela primeira equipa, do talento potenciado no Benfica Futebol Campus reforça a identidade benfiquista do nosso plantel e esse é um aspecto fundamental para o passo seguinte, já em marcha, desta estratégia, a retenção do talento até ao mais tarde possível, sabendo que o mercado ditará sempre as suas regras.
Na última convocatória de Fernando Santos, constatamos que esta integrou quatro jogadores do nosso plantel: Ferro; Pizzi; Rafa; Rúben Dias. Somos, a par do Wolverhampton, o clube que mais jogadores forneceu. E são onze os que passaram pela nossa formação: Bernardo Silva; Danilo; Ferro; Gonçalo Guedes; João Cancelo; João Félix; José Sá; Mário Rui; Nélson Semedo; Renato Sanches; Rúben Dias. Cinco destes fizeram parte do onze inicial frente à Sérvia e foram ainda dois os que deram o seu contributo a partir do banco. Ou seja, sete dos 14 utilizados, metade portanto, tiveram o seu talento desenvolvido no Seixal. Bernardo Silva e Gonçalo Guedes marcaram um golo cada.
Do plantel da nossa equipa principal foram ainda chamados aos trabalhos das selecções portuguesas Florentino (dispensado devido a problemas físicos), Jota e Nuno Tavares (Sub-21 – aos quais se juntou, da B, Nuno Santos) e Tomás Tavares (Sub-19). Além de Odysseas, Samaris, Seferovic, Svilar e Taarabt (cinco anos depois), convocados pelos treinadores dos seus países.
Nos restantes escalões das selecções nacionais, foram também muitos os atletas do Benfica convocados. Mais precisamente 30, se contarmos com os estrangeiros. O destaque vai, naturalmente, para o escalão Sub-19, com onze jogadores do Benfica às ordens de Emílio Peixe. Foram oito os utilizados e Gonçalo Ramos bisou na vitória na Bélgica por 1-2. Nos Sub-20 e nos Sub-18 há, em cada, seis atletas do Benfica.
Os muitos atletas do Benfica constantes nas convocatórias das selecções jovens comprovam que a aposta na formação continua a ser uma realidade e que a qualidade do trabalho desenvolvido no Seixal mantém o nível elevado apresentado na última década. É por um Benfica à Benfica que se trabalha diariamente. É #PeloBenfica!

P.S.: A decisão do CD da FPF, motivada pelo despacho da CI da Liga (que recusou a aplicação do artigo 118 do regulamento disciplinar inicialmente sugerido e optou pela aplicação do artigo 127 para decidir por mera punição pecuniária), de dar uma simples multa de 1150 euros à tarja gigante exibida no Estádio do Dragão na última jornada do Campeonato do ano passado, invocando no seu articulado que se trata de um simples comportamento social ou desportivamente incorrecto, quando as mais variadas personalidades políticas, judiciais e, inclusive, da arbitragem são exibidas, diz tudo sobre a coerência de critérios comparativamente a castigos aplicados a outros clubes."

Um vento que desfez o bando de canarinhos

"Na Amoreira, o Benfica venceu o Estoril por 7-0. Arsénio marcou seis golos! Um dos mais fantásticos avançados que envergaram a camisola com a águia sobre o coração. Natural do Barreiro. Tinha um fascínio infantil pelo madeirense Pinga.

Arsénio: devíamos falar mais vezes de Arsénio. Arsénio Trindade Duarte, natural da outra banda, do Barreiro, nascido em Outubro de 1925.
Em miúdo chamavam-lhe o Pinga. Ele tinha um fascínio pelo Pinga, o outro Pinga, rapaz do Funchal, que depois de brilhar no Marítimo explodiu no Porto por entre estrelas.
Estreou-se no Barreirense, num jogo amigável, contra o Sporting.
Quem o viu nesse dia percebeu logo. Topou-lhe a pinta.
Não era difícil. Pelo contrário: era facílimo. Arsénio não enganava um olho experimentado. Aliás, Arsénio não enganava ninguém. Era craque.
Aprendiz de serralheiro, chegou a estar a caminho do Vitória de Setúbal, mas o Benfica apanhou-o a tempo.
Era um rapaz entroncado, de um poder físico impressionante. Não gosto de estatística. É a ciência que diz que, se eu comer um frango inteiro e o meu vizinho do lado não comer nenhum, comemos ambos meio frango.
Mas há uma estatística de Arsénio que não é possível ignorar: marcou 350 golos em 446 jogos com a camisola da águia sobre o coração.

Furacão Arsénio!
No dia 18 de Fevereiro de 1951, Arsénio teve um dia especial. E, por ter sido especial, vamos trazê-lo aqui à memória de todos.
O Benfica foi ao Estoril à Amoreira.
Belíssima a linha avançada do Benfica!
Ora vejam: Corona, Arsénio, Águas, Rogério e Rosário.
Todos com ponto de exclamação.
Sebastião era o guarda-redes do Estoril. Pobre Sebastião!
O jogo foi disputado a uma velocidade incrível. Sobretudo por parte dos encarnados.
O vento soprava forte. Sopra sempre forte no alto da Amoreira.
Logo no primeiro minuto, Rogério foi para ali fora a fintar adversários e ia fazendo um golo do quilé!
Águas, de cabeça, a sua especialidade, autor do 1-0.4 minutos somente!
Ninguém podia adivinhar o que estava para acontecer. Nem o próprio Arsénio, convenhamos.
Estamos no passar da meia hora: Rosário tem um centro primoroso; Sebastião estica-se e desvia a bola, mas Arsénio está à coca - empurra-a para a baliza.
Seria uma tarde inesquecível para ele.
Dez minutos mais tarde, um canto apontado por Corona faz a bola cair numa molhada de jogadores. Entre eles estava Arsénio. Saltou com um vigor muito dele e cabeceou para o golo. Antes do intervalo, dois golos do homem do Barreiro.
O público encarnado rejubilava.
Recomeça a partida.
Sebastião vê-se grego. O ataque do Benfica cria problemas atrás de problemas aos seus defesas, Gato, Graciano, Elói e Fragateiro.
É um vê se te avias!
Arsénio parecia abençoado.
Corona outra vez; Arsénio outra vez. O primeiro centra, o segundo conclui.
A goleada é uma realidade. Mas Arsénio está esfomeado. A sua dinâmica é imparável. Massacra os adversários com o seu poder físico. Remata e remata e remata.
É fascinante a sua vontade, a sua gana.
O público benfiquista empurra a equipa para mais golos.
Arsénio sente esse chamado arder-lhe no peito.
Estamos com oito minutos do segundo tempo. Aparece o 0-5. Águas ganha uma bola e toca para o seu companheiro: Arsénio está à entrada da área, dispara forte e colocado. Lindo!
Ninguém tem dúvidas de que o resultado será ainda mais gordo.
Águas e Rosário combinam bem numa tabelinha perfeita. No meio deles, Arsénio aproveita o espaço e chuta com violência. É o seu quinto golo. Impressionante!
Mas mais impressionante ainda é a forma como não descansa enquanto não faz o sexto. E Águas que lho oferece num passe perfeito.
Sebastião leva as mãos à cabeça. Não está desesperado. Está desolado.
Arsénio estica os braços ao céu. Agradece à divindade em que acredita. A tarde da Amoreira foi sua por inteiro.
Arsénio.Golos e golos e golos. Arsénio era mesmo assim! Devíamos falar mais dele.
Falaremos. Está prometido desde já."

Afonso de Melo, in O Benfica

Da apatia a impulsionador da vitória

"Rogério de Sousa superou uma má exibição com um hat-trick que iniciou uma reviravolta épica.

jogos que parecem destinados a serem vencidos pela equipa que menos fez por merecer. Na 6.ª jornada do Campeonato de Lisboa 1937/38, os contornos da partida levavam a crer que o jogo entre o Benfica e o União Lisboa seria um desses casos. Os 'encarnados' entraram bem na partida, criando a primeira situação de perigo, no entanto na reposta os unionistas inauguraram o marcador. Seria o prenuncio do que aconteceria durante toda a primeira parte, 'com o Benfica a dominar e o União a marcar', indo para intervalo com uma vantagem de 3-0.
Apesar do resultado, no ataque benfiquista tanto Valadas como Espírito Santo estiveram em bom plano, ao contrário de Rogério de Sousa que 'parecia apático, lento, correndo mal às bolas'. Com a sua equipa a perder e a realizar uma má exibição, havia razão de preocupação? Talvez houvesse se fosse outro que não Rogério, mas o avançado 'era diferente, talvez devido ao equilíbrio do seu sistema nervoso, ou a qualquer outro motivo desconhecido, não exteriorizava facilmente as suas emoções. As excitações, por mais fortes que fossem, não «saltavam» cá para fora'. E, como todos os predestinados para o futebol, tinha uma relação privilegiada com a bola. 'A bola procura-o, reconhece-lo, precisa dele. No peito do seu pé, ela descansa e se embala. Ele dá-lhe brilho e fá-la falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam'. A segunda parte seria a demonstração dessa perfeita relação.
Em 18 minutos, o avançado apontou três golos, reduzindo o marcador para 4-3'. A energia de Rogério, e o esforço incansável de Albino e Gaspar Pinto, operam completa reviravolta na situação', Os benfiquistas não abrandaram o ritmo e empataram a partida, num remate fortíssimo de Valadas. No último minuto, Luís Xavier marcou o golo da vitória 'encarnada' por 5-4. A imprensa declarou: 'o jogo termina, e a assistência respira!', referindo que 'temos assistido a várias partidas de football em que um grupo batido até certa altura injustamente, consegue recuperar depois o terreno perdido e salvar a situação. Nunca presenciamos, no entanto, espectáculo igual ao de ontem'.
Partidas como esta fizeram com que Rogério de Sousa se tornasse num jogador memorável para os adeptos do Clube. Saiba mais na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Portugal, equipa grande e grande equipa

"Portugal tem condições para preparar devidamente o pós-Cristiano Ronaldo, que tardará (esperamos) mas inevitavelmente chegará

exemplos frequentes, especialmente ao nível das selecções, de que contar com bons jogadores não é sinónimo de ter uma boa equipa. A Bélgica foi, durante muitos anos, protótipo desse mal (e entretanto regenerou-se...), a Inglaterra andou épocas a fio à procura de uma ideia de jogo que potenciasse os seus melhores valores e, last but not least, a Argentina de era Leo Messi só em raríssimas situações pôde ser considerada uma equipa.
Portugal, em muitos momentos da sua história futebolística, não foi capaz de dar expressão prática ao valor de jogadores de nível internacional - Humberto Coelho, João Alves, Artur Correia ou António Oliveira, por exemplo, nunca disputaram uma fase final - e em múltiplas circunstâncias, já depois de 1996 (ano que marca a chegada regular de Portugal aos grandes eventos, faltando apenas ao Mundial-1998), a ideia de equipa grande andou arredada das exibições.
Aliás, na noite de festa de 10 de Julho de 2016, os jogadores lusos cantavam, em pleno Stade de France, «pouco importa, pouco importa, jogamos bem ou mal, vamos é levar a taça, para o nosso Portugal...»
No último sábado, no difícil ambiente do Maracanã de Belgrado, a equipa das quinas jogou com a atitude personalizada de uma equipa grande e, a página tantas, mostrou atributos de uma grande equipa, capaz de produzir um futebol de fino quilate. Duas desatenções permitiram, é verdade, à Sérvia, encurtar distâncias a nivelar um pouco mais o placard. Mas foi gratificante ver Portugal a sair a jogar de trás, sem que a bola queimasse o pé de nenhum jogador, de Cancelo para Bernardo, deste para Bruno e a seguir para William e Cristiano, como uma máquina afinada, conduzida por artistas que sabem o que podem e o que valem. A Selecção Nacional está a viver uma crise de abundância, que dá a Fernando Santos - que é um pragmático, acima de tudo - a possibilidade de construir uma equipa diferenciada, capaz de marcar os tempos do jogo, sem ir a reboque de ninguém. Nesse aspecto, Belgrado fica como um marco relevante, como palco de uma das exibições mais personalizadas de Portugal, fora de portas. Campeã da Europa e da Liga das Nações, a Selecção Nacional tem meios mais do que suficientes para defender os títulos. E para preparar o pós-CR7, que irá tardar, mas chegará...

Ás
Bianca Andreescu
A tenista canadiana, de 19 anos, venceu o US Open depois de derrotar, na final, a norte-americana Serena Williams, de 37. Um ano depois de ter reagido de forma arrogante e prepotente, ao perder com a japonesa Osaka, só faltou ver este ano Serena voltar a fazer acusações de racismo por ter sido derrotada por uma... Bianca.

Ás
Bernardo Silva
Aumenta, a olhos vistos, a influência do talentoso médio do Manchester City na manobra da Selecção Nacional. Estamos a assistir a uma passagem serena de testemunha, semelhante à que vimos entre Luís Figo e Cristiano Ronaldo no Mundial de 2006, na Alemanha. CR7 irrepetível, mas o futuro está assegurado.

Ás
Ronald Koeman
Depois de um apagão de quatro anos, com ausências do Euro-2016 e do Mundial-2018, a Laranja Mecânica, que já tinha feito prova de vida ao apurar-se para a final da Liga das Nações (vitória de Portugal, no Dragão), confirmou o regresso aos melhores dias ao vencer, em Hamburgo, a Alemanha por 4-2. Poderosos!

Os cinco jogos mais importantes da temporada
«Encontrámos um clube completamente estilhaçado, com um plantel com muitas feridas por sarar e muito trabalho de reconstrução»
Frederico Varandas, Presidente do Sporting, in A Bola
Demasiado ligado aos resultados do futebol, quando devia ter mais espaço de manobra, a estabilidade de Frederico Varandas vai depender muito do que acontecer nos cinco jogos até à nova paragem da Liga: Boavista(f), PSV(f), Famalicão(c), Aves(f) e LASK(c). A 3 de Outubro de 2019 saber-se-á com precisão qual a temperatura do clube e a profundidade do fosso.

Calma, gente, ainda faltam 20 jogos!
Ainda faltam 20 jogos para acabar o Brasileirão e os jornais já falam no título do Flamengo. A equipa de Jorge Jesus está a atravessar um bom momento, é verdade, mas ninguém pode esquecer que, num país de paixões assolapadas pelo futebol, os protagonistas viajam numa montanha russa permanente...

Guerreiro dos picos da Europa
O ciclista português Rúben Guerreiro, 25 anos, de Katusha-Alpecin, teve ontem um dia fantástico, na etapa-rainha da Vuelta, entre Tineo e o Santuário del Acebo, nos Picos da Europa, terminando em segundo lugar o subindo ao 16.º posto da geral individual. Em confronto com o melhor pelotão do circuito internacional, o ciclista luso tem dado uma reposta que o coloca como primeiro na linha de sucessão a Rui Costa, antigo campeão do mundo. Agora, com o fim anunciado da Katusha-Alpecin, precisa de escolher bem a equipa do World Tour que vai representar em 2020..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Cadomblé do Vata (E o MVP é?!!!)

"1. Em entrevista ao Expresso, Paulo Sousa disse que foi muito complicado trocar o Benfica pelo Sporting... de facto, ainda se notam no pescoço, as marcas da corda com que o arrastaram para o outro lado da Segunda Circular.
2. Já muitas equipas foram "campeãs no sofá". O hóquei do Glorioso, foi "campeão durante a meia final da Liga dos Campeões"... ontem o Sporting inventou o "passamos de 5º para 6º na praia com a família".
3. Jorge Jesus que enquanto jogador foi médio, disse que se tivesse tido um treinador como ele, tinha sido 10 vezes melhor... não especificou foi se era no meio campo ou a lateral esquerdo.
4. Gedson Fernandes rescindiu o contrato de agenciamento que tinha com o empresário que também representa Bruno Fernandes... de facto, não é preciso ser muito inteligente para ver que um tipo que não consegue arrancar um médio que facturou 32 golos numa época de um clube decrépito, dificilmente será a melhor opção de representação.
5. Bruno Fernandes... este ponto foi eleito o melhor do post."