quarta-feira, 24 de julho de 2019

Gato

"1. Vinícius entrou no mapa do futebol no dia em que o Nápoles o contratou há um ano (se tivesse sido o Kasimpasa, o Atromitos ou o APOEL...) É jogador interessante, mas, até ver, €17M é preço Armani para fato da Zara.
2. O Benfica criou um problema onde não o tinha: na baliza. Faz lembrar quando foi campeão com Quim e despachou-o para ir buscar Roberto Jiménez Gago (de apelido e jeito).
3. Perin pode até ser um gato, como diz Miguel Veloso, mas se no prato deve evitar-se o gato por lebre, na baliza é preciso ter cuidado com a lebre por gato. Na Juventus pouco jogou e o Benfica não é o Génova. O lateral Pedro Pereira joga lá e falhou na Luz.
4. Mais: entre 2014/2015 e 2018/2019 Perin teve oito lesões, entre graves e ligeiras, que o afastaram dos relvados por 69 dias (dados transfermakt). Estamos conversados.
5. A novela dos guarda-redes no FC Porto não anda melhor. Quando acaba a TRAAPalhada? Talvez depois de Rúben Amorim decidir onde vai treinar.
6. O adepto agressor de Coimbra alega que o empurrão foi tentativa de libertar-se de um obstáculo à sua frente, segundos depois de ter levado uma bastonada quando ajudava uma pessoa de idade caída. Melhor só o capitão do Costa Concordia: «Não abandonei o navio, cai num bote salva-vidas».
7. Antes de preocupar-se em não estar mais 18 anos sem ser campeão, Varandas tem de preocupar-se em não estar mais 18 dias sem vender Bruno Fernandes. Está a dar a Keizer e aos adeptos um chupa-chupa ilusório.
8. António Fiúsa cumpre a promessa no sábado: arraial com porcos, champanhe e Quim Barreiros para comemorar a subida do Gil Vicente na secretaria. Alguém convidou Mateus?
9. A pré-época não é para levar demasiado a sério (o FC Porto até ganha nos penáltis, portanto...), mas caramba, a defesa do Sporting treme mais do que Angela Merkel."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Diamante ao preço da chuva

"Estranha-se o insucesso do representante de Bruno Fernandes quando tem em carteira um artista de classe superior em qualquer parte do mundo

(...)
Mundialização da marca Benfica
A vitória sobre o Chivas de Guadalajara (3-0), na noite do último sábado, na Califórnia, apesar de poder ter sido recebida com um encolher de ombros de indiferença, foi a primeira que o Benfica conseguiu desde que passou a fazer parte da lista de convidados ilustres do International Cup. Nas presenças anteriores, em 2015 e 2018, em seis encontros realizados, estão contabilizados três empates e três derrotas.
Ao sétimo jogo, finalmente, os encarnados ganharam, alguma vez teria de acontecer, mas a mudança mais significativa, quanto a mim ainda pouco notada, tem a ver com o investimento que está a ser feito no sentido de expandir a marca Benfica, ampliar-lhe os horizontes de influência, reforçar-lhe a notoriedade em áreas do globo já conhecidas, gerar mais riqueza e poder. Este é o caminho, ou será que Real Madrid Barcelona, United, City, Juventus, Liverpool e Bayern estão todos errados e nós é que somos os donos da razão? Claro que não e quem no futebol da nossa paróquia não quiser perder o comboio dos poderosos, em termos de objectivos desportivos tem de concentrar-se em dois lugares no Campeonato: o primeiro e o segundo, os únicos que dão entrada, por via directa ou indirecta, na Liga dos Campeões, ou, em alternativa, jogar na Liga Europa e ganhá-la. O resto, visto de tão alto, é calendário..."

Fernando Guerra, in A Bola

O reforço mais importante

"Carlos Vinícius foi oficializado e essa contratação confirmou algo que até agora era apenas uma suspeita. Bruno Lage ao longo dos amigáveis tem utilizado Jota, Chiquinho e ainda Adel Taarabt como os novos número 10. Durante imenso tempo, todos pensámos que o Benfica estaria no mercado por um novo segundo avançado. Saíram notícias sobre o Dani Olmo. Havia rumores de outros jogadores como Luca Waldschmidt. Agora com Carlos Vinícius, fica claro quem são os jogadores que vão jogar no lugar de João Félix.
Da maneira como estamos actualmente, o jogador que substituir João Félix arrisca-se a ser o único novo jogador no 11 inicial base - há apenas a questão Seferovic/RDT. Neste momento, Jota parece ser dos jogadores em melhor forma. Tem marcado golos, tem feito assistências, tem sido fundamental na construção de jogo. É o reforço mais importante até ao momento, na medida que o ano passado não jogava muito tempo e este ano pode vir a ser uma peça basilar da equipa. No entanto o Jota tem uma cláusula de rescisão de 30.000.000€ e com as exibições que anda a fazer não me surpreenderia que algum clube se chegasse à frente e batesse a sua cláusula ainda antes deste mercado de verão fechar. O FC Porto o ano passado teve o mesmo problema com o Diogo Dalot que acabou por sair para o Manchester United antes de renovar. Para Jota estar a jogar neste momento é porque já há algum acordo verbal entre o clube e o Jota para renovar o contrato, subir o salário e aumentar a cláusula.
No entanto, eu acho que devíamos ir mais longe. O contrato que o clube estava a preparar para João Félix caso ele ficasse, deve ser o contrato que devemos oferecer a Jota, mas com uma cláusula ainda maior, 500.000.000€, com um acordo verbal com o jogador que em 2021 ou 2022 poderia sair para onde quisesse por um valor pré-acordado entre ambas as parte abaixo dos 500M. Assim garantimos que o Jota é nosso jogador mais tempo do Félix e dava-nos um daqueles jogadores que é capaz de fazer a diferença sozinho, pois o Jota é desse tipo de jogadores."

Oportunidade perdida

"O novo regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos, ao continuar a impor que os grupos organizados de adeptos (GOA) se constituam previamente como associação, com líderes nomeados e identificados, viola direitos e princípios da Constituição Portuguesa como a igualdade, liberdade de associação e liberdade de expressão. O Sport Lisboa e Benfica não é contra a lei em si, considera é que ela nada resolve, ainda mais quando apresentou alternativas concretas apoiadas pela FPF e Liga que impunham, sim, uma melhor identificação individual de cada membro do GOA que estivesse presente em cada jogo. 
Solução alternativa de registo idêntica à adoptada em Espanha, rigorosa e que partiria da obrigatoriedade de esse registo ter duas soluções: ou por via da associação por iniciativa dos adeptos ou por via do registo por iniciativa dos clubes, caso, tal como acontece com o nosso clube, exista uma recusa de princípio na constituição como associação por parte de grupos dos seus adeptos (aliás, legítima, nos termos da Constituição da República).
Ninguém quer estar fora da lei, pelo contrário, registo individual, sim, com máxima responsabilização. Para mais considerando que existem grupos organizados de adeptos pretensamente constituídos como associação e registados sob o manto de meia dúzia de inscritos, mas que, visivelmente, têm centenas que estão integrados e que muitas vezes nem sócios dos respectivos clubes são. Que fique claro, nós não somos contra o registo de claques, apenas não o podemos fazer porque não podemos obrigar grupos de adeptos a constituir-se como associação, contra a sua própria vontade, como a própria Constituição também de forma clara assume: ninguém pode ser obrigado a constituir-se como associação.
Apresentámos uma alternativa mais exigente, mais rigorosa e mais responsabilizadora.
Somos o clube que mais investiu em segurança, que mais propostas e contributos apresentou à nova lei, em nenhum momento fomos punidos por actos de violência dos seus grupos organizados de sócios, mas, sim, por apenas não estarem constituídos como associação (e, por esse motivo, não se poderem registar) e como tal não poderem ter cartazes, cachecóis e bandeiras, muitas vezes só com o símbolo do clube, e outro tipo de materiais de apoio à sua equipa.
O secretário de Estado do Desporto, ao dizer que a Lei não obriga nenhuma entidade a constituir-se como associação, joga com as palavras e não vai ao cerne da questão. O secretário de Estado do Desporto finge não perceber que, ao impor que os grupos de adeptos, para terem apoio dos clubes, têm de se constituir como associação – sob pena de os clubes serem punidos por qualquer ato inofensivo de apoio à equipa, como a mera presença conjunta desses adeptos –, está a impor uma obrigatoriedade que viola direitos constitucionais e é absolutamente inútil à prevenção da violência. No Benfica tratamos todos os sócios por igual, de grupos organizados ou não, todos estão devidamente identificados e registados no Clube e a sua causa é só uma – o apoio incondicional ao clube do seu coração.

P.S.: Hoje é o arranque da versão francesa do Site Oficial do SLB, outra das iniciativas no âmbito da internacionalização da marca Benfica. E, mais logo, à uma hora da manhã de dia 25 (20h00 locais), o Benfica disputará a sua segunda partida na International Champions Cup. O adversário será a Fiorentina."

O impacto das vendas made in Seixal

"São já várias as vendas por parte do SL Benfica de jogadores com origem no Seixal. Muitas delas foram bastante questionadas, uma vez que algumas apenas tiveram rentabilidade financeira e não rentabilidade desportiva, como se esperava.
É certo que, para as equipas que coabitam no campeonato português, manter grandes valores chega a ser impossível. A sustentabilidade passa por comprar barato e vender caro, sem que muitas vezes consigam amadurecer o jogador antes da venda. Têm também uma cota parte de responsabilidade os empresários destes jogadores, pois sabemos que hoje em dia o futebol é cada vez mais um negócio, deixando para segundo plano o que realmente é mais importante para o jogador.
No caso particular do SL Benfica, é destacadamente a equipa portuguesa com maior receita de vendas no que toca a produtos oriundos da formação. A questão que se impõe é se essas vendas foram realizadas na altura certa e por valores correctos. Posto isto, irei dar a minha opinião pessoal sobre algumas vendas.
- Renato Sanches e João Félix
Dois jogadores com muito, senão tudo em comum.
Ambos entram no onze encarnado quando o SL Benfica estava a atravessar uma altura muito frágil e, nos dois casos, quando a imprensa desportiva dava o título como perdido para os lados da luz.
Os dois ficam só um ano de águia ao peito no plantel principal e são determinantes na conquista de dois títulos de campeão nacional. Novamente tem em comum o facto de já contarem com títulos ao serviço da selecção nacional.
Renato Sanches sai para o Bayern Munique por 35 milhões, ainda antes do Europeu começar, e João Félix por 120 milhões para o Atlético de Madrid. Não é possível afirmar que não foram grandes vendas, pois os juntos atingiram a marca dos 160 milhões.
Mas observando o lado do jogador, em ambos os casos terá sido muito prematura a venda. Renato e Félix deveriam ter permanecido mais um ano no clube, para ganharem mais maturidade.
- Bernardo Silva e João Cancelo
Dois jogadores que não consigo ver a jogar sem sentir um vazio na alma. Questiono-me muitas vezes como teria sido bom ver estes dois jogadores com o manto sagrado a celebrarem vitórias no Estádio da Luz. Pois bem, a realidade é que, para já, isso não será possível. Ambos atingiram um patamar tão elevado, que hoje é impossível para os cofres encarnados resgatarem Bernardo e Cancelo.
Considero estas as piores vendas feitas por parte do SL Benfica, apesar de pesarem os 30 milhões recebidos por dois jogadores com muitos poucos minutos na equipa principal. O valor que mostravam na equipa B era inquestionável, e foi por isso que foram os dois emprestados (com opção de compra) a equipas de renome a nível europeu: Mónaco e Valencia.
- Ivan Cavaleiro/Hélder Costa
É incrível perceber que posso falar de um destes jogadores e automaticamente o mesmo parágrafo servirá para descrever o outro. Apenas dois factores os separam: o facto de Ivan Cavaleiro ter na sua carreira uma época na equipa principal (tendo sido opção numa final europeia); e o facto de um ser destro e o outro esquerdino.
Ambos foram emprestados ao Deportivo da Corunha, passam posteriormente pelo Mónaco, até coincidirem depois no Wolverhampton. Nesta época, são os dois emprestados a equipas do Championship.
15 milhões foi o valor que o SL Benfica recebeu por cada um, sendo que mais uma vez, acho que estes dois extremos deveriam ter tido mais oportunidades na equipa principal.
- Ederson/Lindelof
Aqui sim, considero duas excelentes vendas. Dois jogadores com rentabilidade tanto financeira como desportiva. Ederson sai já do SL Benfica como um dos melhores na sua posição e é hoje sem surpresa titular do actual campeão inglês Manchester City. Lindelof joga actualmente no Manchester United e é hoje, apesar de um inicio conturbado, igualmente titular no gigante inglês.
Foram muitos milhões a entrar nos cofres encarnados, mas será que o SL Benfica deveria ter feito um esforço para segurar aqueles que muito prematuramente saíram da equipa encarnada? Seria esse esforço possível de fazer?"

Actualização do SL Benfica no mercado: precisa-se de reforços defensivos!

"Faz 21 dias que o mercado de transferências abriu. 21 dias em que a equipa do SL Benfica começou a preparação para a nova época no Seixal. 21 dias de saídas, entradas, propostas feitas e propostas recebidas. 21 dias de construção de um plantel para Lage afinar até ao jogo da Supertaça com o Sporting CP, o jogo de lançamento para uma época de ataque à Champions e ao Bi-Campeonato nacional. Até agora, passaram 21 dias, três amigáveis e já algumas conclusões a tirar quanto à qualidade do plantel actual.
Este mercado tem-nos trazido movimentações mais intensas a nível da baliza e das peças de ataque. 
Comecemos precisamente pela posição mais recuada. Por agora, Bruno Lage tem contado com Odysseas Vlachodimos, Mile Svilar e Ivan Zlobin. O greco-germânico parte em vantagem depois de uma época como titular abrilhantada com algumas excelentes exibições. Tanto o belga como o russo lutam somente pela segunda posição da hierarquia, algo que não deverá ser suficiente nem para a ambição nem para o desenvolvimento do primeiro. Vlachodimos apresenta uma maturidade superior à concorrência mas ainda não convenceu totalmente numa posição que já foi de Ederson e Oblak.
A baliza tem sido provavelmente a posição onde me parece mais relevante encontrar um reforço de peso. Depois da queda dos negócios de Keylor Navas e Cillessen, aparece a possibilidade de Mattia Perin. O suplente da Juventus é um nome interessante. Um guarda-redes que brilhou desde bem cedo no Génova e que acabou por chegar na época passada à Juventus. Muito ágil e rápido entre os postes, um guarda-redes felino. Perin mantém-se, contudo, muito preso entre os postes e não iria acrescentar um maior domínio das costas da defesa. Não me parece um verdadeiro upgrade a Odysseas e por 15 milhões nas condições físicas em que se encontra consideraria uma má contratação.
Outra posição onde mais se tem sentido a falta de reforços é a de lateral direito. André Almeida tem sido dono e senhor do lugar, apesar das muitas limitações que apresenta. Um jogador consistente, esforçado, influente e que sente o símbolo que carrega ao peito. Contudo não tem a qualidade de outros que por lá passaram – Maxi e Semedo por exemplo – nem dos restantes titulares. Com o término do contracto de Corchia, as únicas alternativas são o nigeriano Ebuehi e o jovem João Ferreira. O miúdo não deverá ser aposta para esta época e Ebuehi é uma incógnita, principalmente porque esteve um ano parado devido a lesão.
Tudo indica que o SL Benfica irá começar a presente época com a lateral direita entregue novamente a Almeida, trabalhando ao mesmo tempo Ebuehi para poder disputar essa posição com o avançar da temporada. Tal como a posição de guarda-redes, esta seria uma posição a reforçar com a maior urgência.
Já a lateral esquerda encontra-se bem entregue a Grimaldo. O espanhol é o craque daquele corredor e tudo indica que voltará a ficar na Luz esta época. Com a saída de Yuri Ribeiro, a única alternativa será o jovem Nuno Tavares. Apesar de se ter falado em possíveis reforços para esta posição – Mário Rui à cabeça – parece-me que a dupla Grimaldo/Tavares corresponde às necessidades de um grande SL Benfica.
O eixo central da defesa também tem dado que falar neste defeso. De momento, Bruno Lage conta com a dupla que fechou a época passada como titular – Rubén Dias e Ferro –com o recuperado Jardel e o renascido Conti. A meu ver, a dupla Rubén/Ferro é uma aposta certeira. São dois jogadores com qualidades complementares e já rotinados. Um mais aguerrido, posicional, forte e líder. O outro mais jogador, mais leitura e inteligência. Com Jardel e Conti a dar cobertura, esta é uma posição que não preocupa. Contudo estamos a falar da dupla de centrais de um clube que se quer afirmar na Europa, mais concretamente na Liga dos Campeões.
Veria com muito bons olhos um central mais evoluído para o lugar deixado por Luisão e hoje ocupado por Rubén Dias. Dos possíveis reforços que se têm falado todos me parecem mais pensados para substituir Ferro. Os últimos nomes referenciados foram os de Morato e Gonçalo Cardoso. Dois jogadores de 18 anos e que nunca poderiam ser uma afirmação no SL Benfica já esta época. 
O meio-campo foi o sector mais transformado por Bruno Lage. Não só abdicou do trio de médios com um vértice defensivo em prol de uma dupla a actuar lado a lado, como recuperou dois jogadores do esquecimento para a titularidade – Samaris e Gabriel, não esquecendo a promoção de Florentino ao plantel e ao 11 titular. Com Samaris e Gabriel, uma opção de um médio de recuperação como é Florentino e outra de um médio de transporte como é Gedson, não vejo grandes necessidades de reforçar este sector do terreno. Krovinovic já saiu e Fejsa deverá seguir o mesmo caminho, pois não se integra num meio-campo construído a dois. Para esta posição também têm treinado com o plantel principal o jovem talentoso David Tavares, mas ainda longe de poder competir para já por um lugar nos convocados.
Não se tem falado em reforços para esta posição e a acontecer deveria somente investir-se num médio capaz de se superiorizar a Samaris.
No carrossel de Bruno Lage os extremos confundem-se com os pontas de lança. Mesmo assim, é possível distinguir quem partirá mais da ala e quem se fixará mais pelo centro de ataque.
Nas alas de Lage há uma dicotomia rasgo/construção, banhada em criatividade dos pés à cabeça. Na direita surge o jogador mais temporizador e à esquerda o mais acelerador. Bruno Lage já não conta com Salvio. Apesar de toda a sua qualidade, há já algum tempo que o argentino tinha sido ultrapassado pelos seus concorrentes. A sua saída também faz sentido neste contexto posicional do jogador de rasgo mais à esquerda. À disposição de Lage estão portanto Pizzi, Chiquinho, Tiago Dantas, Zivkovic, Taarabt, Rafa, Caio Lucas, Cervi e Jota. Uma enormidade de opções e qualidade.
A direita será do cérebro de Pizzi enquanto a esquerda parece estar dividida entre o rasgo de Rafa e o de Caio Lucas. O brasileiro é um poço de talento mas ainda não estou convencido que tenha uma maturidade de jogo suficiente para ser titular do SL Benfica – consistência, leitura de jogo e timing de passe. Por agora coloco as minhas cartas em Rafa. Para a esquerda há também o rasgo menos brilhante de Cervi. O argentino surge como um excedentário no plantel encarnado. Na direita os suplentes naturais de Pizzi são Chiquinho e Zivkovic. Se deposito imensas expectativas no português, já o rendimento do sérvio tem sido uma desilusão. Tem talento para mais. Tal como Cervi, Zivkovic deverá estar na porta de saída. Às quatro principais opções já referidas é importante juntar a juventude e versatilidade de Jota, o talento e versatilidade de Taarabt e ainda o talento e potencial do miúdo Dantas. Este último terá um futuro brilhante mas deverá continuar o seu crescimento na equipa B. Já Taarabt e o Jota são jokers fantásticos que acrescentam dinâmica, criatividade e poder ofensivo ao ataque encarnado. É este o tipo de profundidade e qualidade que criam um ataque de nível mundial.
Falamos de seis opções para as alas onde três delas – Chiquinho, Taarabt e Jota – irão certamente actuar também enquanto segundo avançado.
Apesar de vários nomes já referenciados como reforços para as alas encarnadas, estou convicto que esta é uma posição que não precisa de qualquer contractação. Os 17 milhões por Pedro Neto não farão qualquer sentido.
Recentemente tem-se falado na possibilidade de Brekalo. O extremo croata tem muita qualidade, é um jogador tecnicista que joga de cabeça levantada e numa constante procura do jogo colectivo. Acho-o superior a Caio Lucas por exemplo.
Por fim, a posição de avançado. Com Bruno Lage, o SL Benfica retomou um sistema com dois avançados, tipicamente com um mais móvel e outro mais de área. A dinâmica lagiana torna-se interessante por permitir que o ponta de lança saia da sua posição abrindo espaço entre os centrais tanto para o avançado móvel como para os extremos aparecerem de frente em zonas de finalização. Jonas e João Félix eram as estrelas na posição de segundo avançado. Dois craques, um a caminho do Olimpo e outro no restrito mundo dos génios. Substituir o brilho que estes dois davam ao centro do ataque encarnado será um dos grandes desafios deste plantel. Como já referi, Jota, Taarabt e Chiquinho aparecem como excelentes opções para o lugar.
Como pontas de lança, o plantel conta com o “Bola de Prata” Seferovic e os recém contratados Raul de Tomas, Cádiz e Carlos Vinicius. São quatro jogadores para uma posição. Contudo, a mobilidade e inteligência de jogadores como o suíço e o espanhol permite que possam actuar juntos no centro do terreno. Seferovic e o RDT seriam as minhas opções para a luta de um lugar no 11, sendo que até poderiam coabitar. Secundados pelo Cádiz, um ponta de lança mais vertical, o ataque estaria fechado. Juntando o recém-chegado Vinicius – bom jogador, um avançado com boa capacidade de finalização, presença na área, potência e bom toque de bola – parece já haver excesso de jogadores nesta posição, o que torna totalmente dispensável a contratação de Schettine ao Santa Clara.
Em jeito de conclusão diria que o SL Benfica deverá ser mais activo na procura de um guarda-redes e de um defesa direito, podendo também estar atento à possibilidade de contractar um excelente central para comandar a sua defesa. Dos nomes actualmente falados nenhum entusiasma especialmente. Perin é um guarda-redes interessante mas não nas condições físicas em que se encontra. Brekalo é um extremo de qualidade mas numa posição onde o seu espaço está já muito bem ocupado.

Nota: Já se falou no nome de Lo Celso mas parece-me só um delírio. O médio internacional argentino está avaliado em 50 milhões de euros, o Bétis pede 75 e já recusou uma proposta de 68. A disputa pelo jogador é neste momento feita entre o Tottenham e o Bayern, entre a Premier League e um colosso Europeu."

Cadomblé do Vata (bitaites de Verão...)

"1. Já se sabe o horário da estreia do SL Benfica no campeonato. Começamos às 21h30... agora é pensar numa marosca para atrasarmos o início do jogo 8 minutos e começar a temporada a dar um 38 aos adeptos...
2. Hoje há jogo contra a Fiorentina, com início marcado para as 01h00 de Portugal Continental (menos uma hora nos Açores)... neste horário, o 11 titular é Taarabt e mais 10.
3. Há quase uma semana que o SLB não contrata nenhum jogador... é isto que não se entende, vende-se o Félix por 120 milhões e depois faz-se como há 2 anos e não se investe mais do que 45 milhões. 
4. Pela 2ª vez desde que chegamos aos "States", o SL Benfica defrontou e goleou uma equipa de amadores... portanto, foco na vitória na ICC, mas mantendo sempre alguma atenção na preparação para o jogo com o Sporting.
5. O FC Porto prepara-se para contratar Coentrão... e o Fábio prepara-se para explicar ao Marega que o que ele lhe gritou na final da Taça da Liga foi "Porto" e não "preto"."

O regresso de Renato

"Terminou a temporada passada com um golo no jogo que tornaria o Bayern campeão da Alemanha, e parte para a nova temporada com a expectativa de aos vinte e um anos se tornar mais importante num dos maiores colossos do futebol mundial.
Foi alterando pequenas decisões que o colocam mais perto do que pretenderá uma equipa com as características ofensivas do Bayern – Menos progressão, mais passe – Risco (aceleração) só em momentos de transições, que no caso particular dos jogos do Bayern sucedem em menor número por ser uma equipa com uma matriz táctica completamente diferente do que melhor incidiria no perfil de Renato.
Na International Champions foi titular nas partidas que o Bayern venceu o Real Madrid e o AC Milan, e em ambas para lá do pouquíssimo erro, trouxe momentos que despertaram a bancada.
Para si que não tem acompanhado o ex Golden Boy, eis Renato (no golo que fechou a temporada e nas partidas da presente época na International Champions:

"

Diego Maradona, in Lateral Esquerdo

Quem 'matou' a mudança? Suspeito 18 - A resistência à real... (parte 2)

"“Detective Colombo, na nossa última conversa, disse que havia três coisas que isoladamente podem estar a contribuir para as pessoas resistirem à mudança, mas cujo efeito combinado é multiplicador. Nessa conversa, falámos da primeira – a aversão à perda – e estava prestes a dizer quais eram as outras duas situações, que dificultam a mudança nas pessoas. Quais são?” – começou por contextualizar e perguntar o Treinador Wooden (para aceder à primeira parte da conversa entre o Treinador Wooden e o Detective Colombo, ir a https://abola.pt/Nnh/Noticias/Ver/797515).
“A teimosia” – respondeu o Detective Colombo e continuou – “consegue imaginar um rio com dois afluentes?”. “Claro” – respondeu o Treinador Wooden. “O rio chama-se persistência e um dos afluentes chama-se teimosia, enquanto o outro chama-se determinação. Quando o rio da persistência é alimentado pelo “afluente” teimosia, há um compromisso com o caminho sempre percorrido, com os hábitos, com as soluções e com os comportamentos anteriores, o passado, e esse compromisso é tal, que a teimosia torna praticamente impossível seguir outro caminho diferente, novas abordagens ou novas soluções. A teimosia impede-nos de desistir de algo, mesmo quando “está na cara” que se trata de algo que irá fracassar e que, paradoxalmente, queremos evitar, a perda.”
“Mas onde está a linha que separa a teimosia da determinação?” – perguntou o Treinador Wooden. “Do mesmo modo que ao ultrapassar os 120 kms/h numa autoestrada, passamos a circular em excesso de velocidade, também passamos a ser “guiados” pela teimosia quando Não somos capazes de nos influenciarmos a nós mesmos. Há uma diferença entre persistir na visão, missão, propósitos ou valores – o que chamo determinação – e persistir e repetir os comportamentos e as soluções que produziram maus resultados, esperando que funcionem – que designo de teimosia” – respondeu o Detective Colombo.
“Acho que estou a perceber” – começou por dizer o Treinador Wooden – “aprendemos que a persistência é um dos ingredientes do sucesso, mas por vezes, há necessidade de fazermos coisas diferentes, para conseguir melhores resultados. Para isso acontecer, “desistir” do que não funciona torna-se num pré-requisito, mas ao acreditarmos que “quem persiste vence e quem desiste perde”, a persistência passa a ser alimentada pela teimosia, entramos em “excesso de velocidade” e acabámos por repetir e persistirmos no que não funcionou.”
“Agora compreendo porque é que muitas vezes repetimos as soluções que não funcionaram no passado, esperando que produzam resultados diferentes. O que Einstein designou de insanidade. Mantemos o que fazíamos, mas não funciona, porque há um compromisso anterior, com o passado” – devolveu o Treinador Wooden. “Podemos persistir nos objectivos, na missão, nos valores que guiam o nosso comportamento, mas ajuda estarmos abertos a experimentar novas soluções, se as que já experimentamos não funcionam” – acrescentou o Detective Colombo. Fez-se nova pausa e o Treinador Wooden disse – “compreendo a mensagem – faça desvios ao caminho e persista no objectivo – e estou a ver que esta situação não é exclusiva dos jogadores, antes a todos. Como quando os filhos persistem teimosamente em “bater com a cabeça na parede” – repetir soluções que não funcionam – independentemente dos alertas dos pais.” “É isso mesmo” – começou por dizer o Detective Colombo e continuou – “o terceiro, é negar a competência e responsabilidade”. “Como assim?” – perguntou o Treinador Wooden.
“Alguma vez, fez algo que posteriormente se arrependeu?” – perguntou o Detective Colombo. “Várias vezes ou melhor muitas vezes, quer com os meus filhos, mulher, alunos, jogadores, colegas de trabalho, dirigentes, adeptos e comunicação social” – respondeu o Treinador Wooden. “É normal, acontece com todos, uma vez que nem sempre temos a relação que desejamos ter, mas antes aquela que conseguimos, naquele momento, ter” – e continuou o Detective Colombo – “por isso, já dizia Gandhi: “a diferença entre o que fazemos e o que somos capazes de fazer resolveria a maior parte dos problemas do mundo. Do mesmo modo que o ambiente pode influenciar o nosso comportamento, também os nossos impulsos e reacções o podem fazer e, por vezes, pensamos que não há nada a fazer. Quando assim é, os outros, as circunstâncias, as regras e regulamentos, (…), ou os nossos impulsos acabam por determinar uma boa parte do nosso comportamento e relacionámo-nos, com esses comportamentos, como se não tivéssemos qualquer influência sobre eles”.
“Estou a perceber o que o Detective está a referir: nessas situações, as pessoas podem achar que os seus comportamentos impulsivos não lhes são imputáveis, por não terem responsabilidade sobre eles. Isto porque, não têm consciência, nem competências para os influenciar. Necessitámos de liberdade com consciência, responsabilidade e competência” – devolve o Treinador Wooden.
“Alguma vez assistiu a um filme com um cavalo selvagem, que ninguém conseguia domar e, depois, apareceu um cowboy que o domou?” – perguntou o detective Colombo. “Estou a ver onde quer chegar Detective. Os nossos impulsos podem ser fortes como um cavalo selvagem e se negarmos a nossa capacidade de os domar, o cavalo (impulsos) assume as rédeas, então não só não o fazemos, como achamos que não somos responsáveis por eles, no caso comportamentos impulsivos e, por isso, acabámos por não os influenciar, por nos comportarmos impulsivamente e, mais tarde, nos arrependermos” – tentou integrar o Treinador Wooden.
“Treinador Wooden, agora imagine o efeito combinado da aversão à perda, da teimosia e de negarmos a nossa competência e responsabilidade” – desafiou o Detective Colombo. “Posto nesses termos, percebo o efeito multiplicador, que já tinha referido. As pessoas acabam por resistir à realidade, à necessidade de mudar, porque embora as soluções que estão a utilizar não funcionem, a possibilidade de perda, o compromisso com as soluções passadas e a negação de competência e de responsabilidade são mais fortes. Qual é a alternativa?” – perguntou o Detective Colombo.
“Podemos fazer várias coisas. Por exemplo, colocado entre ganhar a jogo, mas perder o campeonato ou perder o jogo, mas ganhar o campeonato, o que prefere?” – perguntou o Detective Colombo. “A segunda” – respondeu o Treinador Wooden. “Essa é a escolha da maioria das pessoas e permite diferenciar duas dimensões da aversão às perdas: as imediatas e as de longo-prazo” – disse o Detective Colombo. “É como aquelas situações em que já perdi um jogo, mas acabei por ganhar uma equipa e consequentemente, fiquei mais próximo de ganhar o campeonato” – construiu o Treinador Wooden.
“Bom exemplo” – começou por dizer o Detective Colombo e perguntou – “Agora, e o que escolhia conscientemente quando o que está a fazer não está a resultar: escolhia repetir o que não está a funcionar ou preferia aceitar que o que está feito, feito está, que é melhor ultrapassar o passado e mudar de direcção, experimentando novas soluções?” “A segunda” – devolve o Treinador Wooden e acrescentou – “isso já me aconteceu. Numa época, acreditei que o Sistema 4-3-3 era a melhor solução para a equipa. Treinei a solução, utilizei-a várias vezes, persisti, mas os resultados não estavam a aparecer e sentia-me um alfaiate que estava a tentar vestir um fato do tamanho 42 numa pessoa que vestia 54. Acabei por mudar para o Sistema 4-4-2 e os resultados foram fantásticos. Não é que um Sistema fosse melhor que o outro, mas apenas que um ajustava-se melhor ao perfil da equipa do que o outro.”
Nem mais, persistiu no objectivo de ganhar e mudou o caminho para lá chegar, ultrapassou o passado, aprendeu com a situação e experimentou uma nova abordagem, para conseguir melhores resultados” – começou por dizer o Detective Colombo e continuou – “a determinada altura, fui convidado a participar numa reunião de uma equipa. As coisas estavam a correr mal e aconteceu uma coisa curiosa, quando falamos com os jogadores. Nem todos percebiam os factos do mesmo modo, nem todos pensavam o mesmo sobre esses factos, nem todos sentiam o mesmo e nem todos se comportavam da mesma maneira, perante os mesmos factos. Treinador Wooden, se perante a mesma realidade pessoas diferentes pensam, sentem, desejam e fazem coisas diferentes, de quem é a responsabilidade dos pensamentos, sentimentos, intenções e comportamentos das diferentes pessoas?” Nova pausa, o Treinador Wooden estava a reflectir, começa a levantar lentamente o queixo e respondeu – “de cada uma das pessoas”.
Contudo, por vezes, as pessoas atribuem a responsabilidade pelas suas expectativas, pensamentos, sentimentos, objectivos e comportamentos aos outros e às circunstâncias, em vez de assumirem a responsabilidade por eles. Que jogadores prefere: "os que se vitimizam e os que culpam os outros e as circunstâncias ou os que assumem a responsabilidade e melhoram as suas competências, de forma a estarem à altura dos desafios?”. “Novamente a segunda” – respondeu o treinador Wooden.
“Do mesmo modo que ninguém nasceu capaz de conduzir um automóvel, mas a grande maioria das pessoas acaba por fazê-lo, também ninguém nasce capaz de influenciar os seus impulsos e os condicionalismos do ambiente, mas é possível as pessoas determinarem mais o seu comportamento, em vez de serem vítimas. Para isso acontecer, do mesmo modo que é necessário aprender a conduzir um carro, também podemos aprender e desenvolver as competências que nos permitam determinar, tanto quanto possível (não é fácil, mas é possível), o nosso comportamento, como nos tentou recordar Nelson Mandela com “I am the master of my fate, I am the captain of my soul”” – clarificou o Detective Colombo.
“Detective Colombo, encontramos mais um culpado de estar a matar a mudança no Clube, a Resistência à Realidade, isto é, de a realidade nos mostrar que algo não funciona, nos convidar a aprender e a experimentar algo de novo, diferente, mas, em vez disso, as pessoas poderem resistir a ela – realidade, mudança – persistindo na repetição das soluções que não funcionaram” – rematou o Treinador Wooden.
"Excelente Treinador Wooden. Agora tem três pistas para ajudar o Peter Taylor a escolher que interacção quer ter: a) deixar a mudança nas mãos das circunstâncias externas, das aprendizagens anteriores, do compromisso com o passado e da dependência dos impulsos internos ou b) enfrentar a tarefa de assumir a liberdade de escolher com responsabilidade e desenvolver as competências, para fazer face às dificuldades da realidade. A diferença da escolha resultará na capacidade ou incapacidade de se influenciar a si próprio e às circunstâncias” – disse o Detective Colombo. 
“Detective percebo que persistir é importante, mas não chega. Necessitamos – filhos, pais, professores, gestores, (…) - de combinar a persistência nos objectivos com novos caminhos, experiências, abordagens ou soluções, quando as coisas não estão a funcionar, caso contrário, poderemos ser vítimas de nós próprios” – concluiu o Treinador Wooden.
Passados uns meses, o Detective Colombo entrou na bomba de gasolina, olhou para a direita e lá estavam os jornais desportivos. Na primeira página, de todos, apareciam fotos de alegria do F.C. os Galácticos. No mesmo jornal, que meses antes, estava a frase “200.000 Milhões podem ir pelo Ralo”, agora apareciam várias fotos. Na central, via-se a equipa do F.C. os Galácticos entusiástica a levantar o Troféu de Campeão Intercontinental e à sua volta, outras imagens. Uma com os adeptos eufóricos, outra onde os dirigentes exibiam um sorriso de orelha a orelha, outra com o Peter Taylor e a frase – “Vale o Dobro” - e um título esclarecedor: “Milagre”. O Detective Colombo esboçou o sorriso e pensou – “será?”"

Treino 'jogado'!!!

Benfica 5 - 0 Ocean City

Svilar (Zlobin, 46'); Ebuehi, Dias, Jardel, Ferreira; Samaris, Taarabt, Chiquinho, Cervi; Jota, R.d.T.

Mais um treino, com uma equipa amadora...

"Inconstitucional, desnecessária e insuficiente'

"A nova lei contra a violência no desporto, recentemente aprovada pela Assembleia da República, merece a contestação do Benfica.

O Clube alega que a constituição dos adeptos como associação é uma solução “desnecessária, insuficiente e inconstitucional”, baseando-se no artigo 46.º da República Portuguesa que diz que “ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação nem coagido por qualquer meio a permanecer nela”.
A lei aprovada – a ser aplicada em 2020/21 – define que determinado grupo de adeptos só pode ser apoiado pelo seu clube se se tiver constituído sob a forma de associação na Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD). Um requisito que o Benfica considera “desnecessário, insuficiente e inconstitucional”. Lei Contra a Violencia no Desporto
“Entendemos que a lei actualmente em vigor que regula os Grupos Organizados de Adeptos (GOA) tem um requisito essencial: que esses grupos se constituam sob a forma de uma associação e que se registem na Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência. Esse requisito – que é condição necessária e suficiente para que os clubes prestem apoio – nós consideramos que é profundamente errado”, afirmou o vice-presidente Nuno Gaioso no final de uma sessão de esclarecimento, realizada nesta terça-feira no Estádio da Luz, onde também esteve presente o Presidente Luís Filipe Vieira e que foi promovida pelo próprio Clube. O Benfica, assume, foi o emblema que “mais investiu em questões de prevenção de segurança, infraestruturas, processos, pedagogia e recursos humanos ao longo dos últimos anos”.
“É errado porque é desnecessário [o que importa é criar registo de adeptos – pessoas individuais – que permita a sua identificação, defende o Benfica]; é um requisito insuficiente porque o que temos observado é que a dimensão social de GOA não corresponde à dimensão actualmente registada na Autoridade [o Vitória de Guimarães, por exemplo, só tem 11 adeptos registados...]; e, por último, consideramos – à semelhança do que temos feito nos vários processos judiciais – que é um requisito inconstitucional por violar os princípios de liberdade de associação”, explicou Nuno Gaioso, suportado por um documento com dados oficiais de 2019 que diz que em Portugal existem 28 Grupos de Adeptos Organizados, num total de 4701 membros registados.
“Aquilo que hoje se trata tem a ver com a questão particular dos Grupos de Adeptos Organizados e não da questão da criminalidade dentro ou fora dos estádios, que é algo que diz respeito às autoridades policiais e em que o Benfica colaborará sempre e quando lhe seja pedida essa colaboração”, garantiu. Lei Contra a Violencia no Desporto.

“Uma oportunidade perdida”
Os grupos organizados de adeptos do Benfica não pretendem constituir-se como associação, por não quererem, entre outros motivos, uma estrutura hierarquizada entre si.
“Estamos a falar de GOA que são Sócios, Sócios titulares de um Red Pass que lhes dá acesso a todos os jogos e são Sócios que, por razões absolutamente legítimas, não se pretendem constituir sob o formato de uma associação desde logo porque não têm lideranças nem hierarquias definidas, e não as pretendem ter. Nas palavras de muitos deles, são Sócios cuja única associação à qual querem pertencer é ao Sport Lisboa e Benfica”, esclareceu.
Como alternativa, o Benfica apresentou, em Janeiro deste ano, uma proposta que visava garantir o registo de todos os adeptos. Uma solução, na altura, também apoiada pela Federação Portuguesa de Futebol e pela Liga Portuguesa de Futebol.
“Esta alteração legislativa que foi aprovada no Parlamento por iniciativa do Governo continha uma proposta em que mantinha a necessidade de constituição como requisito necessário suficiente. O Sport Lisboa e Benfica, em Janeiro, apresentou à Assembleia da República um conjunto de sugestões e de propostas de melhoria na lei que nos pareceram absolutamente razoáveis no sentido da resolução deste problema. A primeira, e mais importante, é a criação de um procedimento de registo diferente, promovido directamente pelos clubes e fazendo o registo dos membros dos GOA que autorizassem a prestação dessa informação. Esse procedimento conviveria em paralelo com o procedimento de registo actual das associações e dos membros dessas associações”, fez notar Nuno Gaioso.
“Esta iniciativa foi apresentada por escrito e apresentada por nós à Comissão e a alguns grupos parlamentares. E foi uma iniciativa em que nos foi transmitido o apoio por parte dos presidentes da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga. Esta revisão era uma oportunidade excelente para encontrar uma solução, abrangente, sistémica e pacífica de resolução do registo individual dos membros dos GOA. Infelizmente foi, a nosso ver, uma oportunidade perdida, porque a lei que veio a ser aprovada não consagrou esta nossa proposta”, esclareceu o vice-presidente.

Estratégias de reacção do Benfica
O Benfica tem, no entanto, montadas estratégias legislativas e jurídicas, pedagógicas e judiciais.
“O Benfica tomará algumas medidas. Umas de natureza de defesa dos processos que existem, suscitando a razoabilidade das suas posições e em particular a inconstitucionalidade desta disposição; faremos também uma atitude pedagógica de clarificar a nossa posição e de sensibilização para a alteração legislativa, não só junto da opinião pública, mas também do poder executivo legislativo e judicial; e, por fim, tentaremos encontrar soluções coordenadas com os GOA para que o Benfica não venha a ser mais alvo de processos. Processos esses que não têm a ver com violência, xenofobia ou racismo, mas com coisas tão simples como entoar cânticos ou trazer tarjas ou bandeiras para dentro do Estádio”, apontou Nuno Gaioso, deixando a garantia: “O Benfica cumprirá sempre aquilo que é o objectivo último que está previsto na lei, que é segurança das competições desportivas e dos jogos, coisa que temos feito no passado.” 

“Não são as associações que praticam violência, são as pessoas”
Uma posição tomada pelo Sport Lisboa e Benfica e corroborada por João Costa Quinta, também vice-presidente do Clube.
“No âmbito do combate à violência no desporto e nos recintos desportivos, só é possível conseguir fazê-lo com um registo individualizado das pessoas. Não são as associações que praticam violência, racismo ou xenofobia, são as pessoas. E só com registo individualizado das pessoas é que lá chegamos. O que queríamos era que a lei obrigasse os clubes a garantir o registo individualizado dessas pessoas”, referiu, confessando: “Não conseguimos perceber. Parece-me que os argumentos que utilizámos e transmitimos, e que, aliás, granjearam o apoio tanto do presidente da Federação Portuguesa de Futebol como do presidente da Liga, são racionais, adequados, proporcionais e permitem o cumprimento do objectivo último da lei. Não nos foi dada qualquer indicação das razões pelas quais a solução não vingou nesta nova proposta de lei agora aprovada.”
“O Benfica tem processos de contraordenação porque há um grupo de adeptos que exibe tarjas com símbolos alusivos ao Clube ou à claque e, ao abrigo da lei, isso é considerado apoio ilegal às claques. Mas, se essas tarjas ou símbolos forem exibidos no sector de cima ou do lado, não há apoio ilegal”, explicou.
Apesar de discordar da lei que entrará em vigor na temporada 2020/21, “o Benfica continuará a cumpri-la enquanto estiver em vigor”."

UEFexit, o futebol do futuro

"Olho para estes jogos de verão envolvendo os principais clubes europeus em estádios cheios de japoneses sorridentes ou de americanos exuberantes como uma visão de futuro. Um dia será assim a Superliga, depois da dissidência dos clubes principais, o UEFexit, que tanto assusta a UEFA neste momento: apenas dúzia e meia de clubes mais poderosos a circular pelo mundo mais rico, como uma espécie de Globetrotters em espectáculos elitistas e inacessíveis aos mortais comuns.
A força do dinheiro já transformou totalmente o conceito de pré-época. Acabaram os tempos dos estágios em retiros espirituais, treinos de carga entremeados com joguinhos de tiro ao alvo com equipas locais de padeiros e fiéis de armazém, progredindo lentamente em torneios “veranieggos" até chegar ao início das competições mais ou menos no ponto. Agora é a abrir: viagens transcontinentais, choques térmicos e climáticos violentos, contactos comerciais com multidões histéricas de adeptos-clientes e jogos com os adversários mais poderosos, ainda que a maior parte dos jogadores não actue mais do que 45 minutos por partida.
Cientificamente, não sei o que resulta melhor, mas os atletas da actualidade não engordam nas férias nem desligam da profissão, sob pena de perderem o comboio na estação de partida. O nível destes jogos fica longe do padrão competitivo a que estamos habituados, mas é extasiante para estes novos públicos, menos exigentes, no Extremo Oriente ou na América do Norte.
São espectadores desportivamente mais tolerantes, mas economicamente mais interessantes e, sobretudo, mais numerosos. As grandes marcas do futebol inglês, espanhol, italiano e alemão já têm mais consumidores no Oriente ou na América do que nos próprios países de origem.
Se transportarmos este balão de ensaio para um contexto futurista, num Mundo cada vez mais apequenado pelas comunicações globais, preparemo-nos para mudar hábitos de décadas. A própria sobrevivência do futebol local pode residir, em parte, na exportação dos espectáculos entre campeões europeus para palcos distantes e nos respectivos “prime times”, mas às nossas horas de almoço ou inícios de madrugada, deixando as “slots” horárias mais valiosas para as competições domésticas.
No sofá de um adepto português seria assim: um Barcelona-Chelsea, do Japão, à hora de almoço, um Sporting ou um Benfica à hora de jantar e um Real Madrid-Arsenal, de Nova York, à meia-noite. Acabaria aquela concorrência desleal dos jogos das equipas grandes da Premier League ou da Liga espanhola à mesma hora do nosso campeonato e, então, seria só escolher entre um Braga-Tondela e um Sevilla-Bilbao ou um Newcastle-Everton.
A Superliga é um projecto imparável, mas o futebol precisará sempre de quem descubra e desenvolva as sucessivas gerações de jogadores. Para que tal seja viável e funcional, as respectivas competições locais terão de ser minimamente aliciantes e competitivas, com carisma e público - e tudo indica que os seus ideólogos procuram chegar a um modelo de negócio que contente todas as partes e todas as escalas."