segunda-feira, 20 de maio de 2019

O fabuloso destino do comendador Eliseu Pereira dos Santos

"“Olha este maluco de scooter”
“Parece o Eliseu”
“Pois parece”
“Ai, É o Eliseu!”

Este diálogo aconteceu na redacção da Tribuna, mas apostava um mindinho em como surgiu em tantas outras casas, cafés, colectividades, praças de Portugal. Ele ali estava, o desaparecido Eliseu, regressado não montado num cavalo numa noite de nevoeiro, mas de óculos escuros e chapéu numa scooter num serão de golos e espumante, logo após o Benfica bater o Santa Clara por 4-1 e assim conquistar o 37.º título nacional da sua história.
As personagens mitológicas são assim: surgem quando se menos espera, roubando a cena, maravilhando todos à volta. Mais: Eliseu, o comendador Eliseu Pereira dos Santos, sabendo muito bem que não teve a merecida despedida no Estádio da Luz, tratou de providenciá-la à sua maneira, aparecendo de surpresa (ou pelo menos assim pareceu), numa festa que já não era sua.
Um championship crasher. Um empreendedor. Um visionário.
Às tantas já ninguém queria saber da taça, só de dar um abraço ao açoriano, em apanhar uma boleiazinha na sua scooter, que havia já sido protagonista do título de 2017. Até Luís Filipe Vieira, entre impropérios e palavrões, que uma pessoa perdoa porque é dia de festa, gritava que o homem nunca aparecia, uma pessoa andava à procura dele e ele nunca aparecia. “Nunca atendes o telefone, car….!””. Isso.
Eu sei, Luís Filipe. Nós também tentámos, achávamos que ele só era escorregadio para os jornalistas, mas afinal é um modo de vida. Talvez estivesse longe, na penumbra, a preparar o grande show, o regresso apoteótico e isso só está ao alcance dos míticos. E de repente não me consigo lembrar de diálogo mais português e mais autêntico e sem salamaleques que aquele que Eliseu teve com o fragilizado Pietra (ainda a recuperar depois de se sentir indisposto no jogo com o Portimonense), tudo apanhado, e bem apanhado, pelos microfones da BTV.

“Tu realmente… vou-te dizer… Não me apertes muito”
“Estás todo f…..”
“Ainda bem que apareceste”

Nem o melhor argumentista de Hollywood, caro leitor.
Eu sei que o Benfica é campeão e devia estar aqui a fazer um sumário da época e da festa e dos golos e do diabo a sete, mas precisava mesmo de fazer uma homenagem a Eliseu Pereira dos Santos, comendador anteriormente missed in action. Atrevo-me a dizer (e acredito que o Jonas também) que a felicidade é Eliseu em cima de uma lambreta e não sei se ele vai desaparecer agora da mesma forma que apareceu, do nada, de surpresa, mas pelo menos aquela cavalgada no Estádio da Luz (e depois no Marquês, sempre com Jonas, o jovem Jonas), já ninguém nos tira.
(...)"

Shéuamento !!!

"Foi bonita a festa pah, como são todas as celebrações pintadas de encarnado e branco. Só um fim de semana assim poderia mitigar a dor de sermos Campeões sem mérito, deixando para trás os nossos rivais que em 4 oportunidades, conseguiram um brilhante empate contra nós, curiosamente e apenas devido a militância lampiónica arbitral, na única vez em que não terminamos em inferioridade numérica. Mal grado os 103 golos facturados, os 87 pontos que valeram a 3ª melhor pontuação de sempre, apenas atrás do recorde de 86 pontos lagartó-jesusianos, secundados de perto pelos Glorioso 88 pontos de 15/16 igualados à 1 ano pelo FCPorto e a melhor 2ª volta que alguma vez o futebol nacional vai ver, tudo teria sido bem diferente, se tivesse sido dada a possibilidade ao nosso principal adversário, de não só jogar contra o Benfica, como também disputar o encontro decisivo contra o SL Benfica, na sua própria casa. Não só fomos levados ao colo, como também as vicissitudes do calendário foram madrastas para quem não obteve o nosso êxito.
Claro que como infelizmente já vai sendo tradição, os benfiquistas tinham que estragar o momento com comportamentos lamentáveis. Ainda hoje estou a tentar perceber o que raio Jonas e Samaris terão feito de mal ao Glorioso para merecerem ser levados às lágrimas pelos adeptos do Clube. Ver o Pistolas encharcado em liquido lacrimal junto à linha lateral, destroça até o maior icebergue do Mundo, mas ver um treinador ter o à vontade suficiente para tratar um dos melhores estrangeiros que já passou pelo SLB por “Gajo da Repsol”, regenera até o coração encarnado mais mirrado e batido por 34 jornadas a derrubar paredes de betão armado e troca totalmente o ritmo cardíaco ao ainti-benfiquista mais militante. Ouviu e não pode “desouvir”. O comboio do 38 tem lenha suficiente para andar e a eles pouco mais resta do que tentar sabotar a linha.
E foi já com o caldo da festa já bastante entornado pelas campeãs goelas benfiquistas, que Eliseu e Shéu Han decidiram reaparecer para tornar ainda mais épico o dia. O primeiro, “Comendador Que Não Atende o Telefone Caralho” atento à falta de borracha queimada na relva, arrombou criminosamente o Museu Cosme Damião e com Jonas Pendura no encalço mostrou a Miguel Oliveira como se brilha em 2 rodas. O segundo, “Homem Mais Especial do Benfiquismo” e que por isso se chama Shéu e não Zé Manel, foi ao balneário distribuir autógrafos pela garotada e demonstrar como se grita um Hip Hip Hurra tão ensopado de Mística, que só com escafandro se podia entrar naquele balneário e não ficar eternamente adepto do Sport Lisboa e Benfica. Depois daquele “shéuamento sonoro”, duvido que haja alguém naquele plantel a pensar deixar o Benfica. Ou pelo menos, de certeza que não se vai embora sem limpar a praça toda."

Desabafo a Bruno Lage

"Mister, escrevo lhe esta carta porque o que me corre cá dentro é demais para o manter assim e precisava de me expressar mesmo que saiba que as hipóteses de isto chegar a ser lido por si sejam bastante remotas. Ainda assim, escrevo lhe tudo o que sinto neste momento.
A minha infância em termos desportivos foi algo conturbada, foi talvez das piores alturas da história do Benfica para se nascer do Benfica. Tenho quase 27 anos e a minha infância foi o chamado vietname do Benfica. Quando o Benfica foi campeão pela primeira vez que eu tivesse idade para me lembrar já tinha 13 anos. A minha infância foi passada a ser gozado na escola por amigos de clubes rivais à conta de não só o Benfica não ser campeão como de ser enxovalhado todos os anos a torto e a direito. Ainda assim, sempre fui do Benfica e é a única coisa que tenho a certeza que não vai mudar até me ir embora daqui. Talvez seja por isso que agora dou tanto valor a cada título, porque sei o que custa não os ter e estar anos e anos a fio a ansiar por um e festejo todos como se fossem o último.
Ver o Benfica é das maiores alegrias que tenho na vida e o estádio da Luz é dos poucos sítios onde me sinto verdadeiramente em paz. Entro e estou ali, a sofrer durante todo o jogo, a ganhar ou a perder. Foi esta sorte que o meu pai me escolheu na vida, ser do Benfica e sempre me ensinaram que isso era para o bem e para o mal. Para os 12 anos a seco a ser gozado todos os dias e para os 5 campeonatos nestes 6 últimos anos, isto vale para os dois lados.
No início desta época até o mister chegar fui perdendo uma coisa que sempre tive. Duas aliás, a esperança e a alegria de ver o Benfica. Não me interpretem mal, eu fui a todos os jogos, até taças da liga, mas ia cada vez com menos alegria e vontade. Ia lá cumprir o meu dever e não porque fosse uma coisa que me desse alegria de fazer. O Benfica jogava mal, a equipa nada fazia para nos dar valor de estarmos ali a ver aquela tristeza e o ambiente também não ia sendo o melhor. Não ia deixar de ser do Benfica, mas podia começar a dar menos importância.
Há duas coisas que tenho de lhe agradecer mister. A primeira, obviamente será pelo campeonato. Cada campeonato tem tido uma carga emocional acrescida por já não ter cá uma das pessoas com quem gostava de partilhar, tal como o mister tinha o Jaime Graça, todas as conquistas são dedicadas a eles mas fica sempre aquele vazio de já não estarem cá para sentir o mesmo.
A segunda, e para mim mais importante, é um sincero obrigado por me ter devolvido o Benfica e a alegria de ver o Benfica. Mesmo que não fosse campeão este mérito já ninguém lhe podia tirar. Devolveu nos o Benfica e devolveu nos a esperança. Pôs um plantel de jogadores que não foram escolhidos por si a jogar como eu nunca tinha visto o Benfica jogar. 10 golos num jogo, vitórias ao Sporting, Porto, Braga e Guimarães fora na mesma época, mais de 100 golos. Nunca tinha visto. 
Nunca em Janeiro quando entrou pensei que isto fosse possível e talvez este ano saiba melhor por isso, porque quando já ninguém acreditava houve um homem que acreditou pelos milhões de adeptos deste mundo e esse homem foi o mister. Acreditou por todos nós e conseguiu devolver nos o Benfica e por isso, mesmo que eu não conheça o mister e que eu seja só mais um desses milhões deixo lhe aqui o meu profundo e eterno obrigado por tudo o que fez por mim e por todos.
O Ricardo Araújo Pereira tem uma frase aquando da morte do Eusébio: “Eu estou profundamente agradecido a Eusébio porque a minha vida é muito melhor por causa do Benfica e o Benfica é muito melhor por causa do Eusébio”.
A minha vida este ano foi melhor por causa do Benfica e o Benfica este ano foi muito melhor por causa de Bruno Lage. e por isso, por todo o trabalho e por ter acreditado por si e por nós, muito muito obrigado.
Até já e um abraço."

Respeitinho...

"1. O SL Benfica sagrou-se campeão há 2 dias, mas os nossos rivais portistas continuam com dificuldades para nos darem o devido mérito pela conquista... são de resto as mesmas dificuldades, que exibiram dentro das 4 linhas nas duas derrotas contra nós, jogando contra 10 jogadores durante quase meia hora.
2. Hoje vai ser feita história na varanda da Câmara Municipal de Lisboa...Bruno Lage vai ser visto em público pela primeira vez sem fato de treino.
3. Bruno Lage sagrou-se campeões nacional e o irmão Luís Nascimento lidera o campeonato de juniores a 2 jornadas do final... a que horas é atribuída a Águia de Ouro aos pais desta gente?
4. Num jogo em que os Super Dragões exibiram uma tarja responsabilizando os árbitros pelo título do SLB, FCP bateu o SCP com um golo em fora de jogo e com Sérgio Conceição a agredir impunemente um atleta verde e branco... o final de temporada tem sido mesmo penoso para a relação entre a equipa e a claque do FCP.
5. Ainda em relação ao sururu que os manos reservaram para fechar a época com dignidade, parece que o Sporting está a pensar se apresenta queixa do FC  Porto... bom, esqueçam a palavra "pensar", o termo correcto é "pedir autorização ao Pinto da Costa"."

Houve Reconquista e o campeão é o SL Benfica

"Independentemente do seu desfecho esta seria sempre uma época de Reconquista.
Depois do fracasso da temporada passada todos no SL Benfica esperávamos uma época de revolta, de acertos e correcções, uma campanha devidamente preparada para um arranque em força. Não foi o caso. Apesar do mote “Reconquista”, pouco pareceu ter sido pensado para tal. Os reforços chegavam e não tinham impacto na equipa, o treinador mantinha-se e mantinha o seu discurso e futebol. O treinador mantinha-se mesmo depois de já despedido. O ano de 2018 foi um pesadelo encarnado. Dois campeonatos perdidos e Europa por um cano.
Felizmente houve 2019. Felizmente alguém se encheu de passas e desejou a todas as estrelinhas e luzinhas por um SL Benfica mais forte, por um novo Sport Lisboa e Benfica. E aquele que era somente um interino obrigou a que realmente acreditassem nele. Os adeptos benfiquistas mereciam poder sonhar e Bruno Lage fez-nos sonhar mais alto do que podíamos imaginar.
Esta época de Reconquista é uma reconquista da paixão, da alegria e do futebol. É uma reconquista do direito de sonhar. E tudo se deve a Bruno Lage. Chegou, agarrou o plantel, agarrou os adeptos e começou a vencer. A vencer nos relvados e a vencer no placard.
Os adeptos benfiquistas mereciam poder sonhar e Bruno Lage fez-nos sonhar mais alto do que podíamos imaginar

Foram 19 jogos, 18 vitórias e 1 empate. Foram 72 golos marcados e 16 sofridos. Várias boas exibições. E mais recentemente várias segundas partes de reconquistas.
Reconquistou-se o Seixal apostando-se seriamente no talento que o plantel tanto ansiava. Reconquistaram-se os reforços de qualidade. Reconquistaram-se os jogadores que até então só esperavam ser dispensados. Mais do que os onzes escolhidos, foi a rotina que Bruno Lage colocou no plantel, nos treinos e nas oportunidades. Reconquistou-se o oxigénio que qualquer papoila necessita para saltitar. Campeão ou não campeão, esta época acaba por ser um reanimar do Benfica e é a Bruno Lage que o devemos.
Bruno Lage, Ferro, Grimaldo, Gabriel, Samaris, Florentino, Pizzi, Rafa, João Félix, Seferovic e Jonas. Odysseas Vlachodimos, Rúben Dias, Almeida e até Taarabt.
Quando já nada o fazia crer, voltámos a ter muito e muito Benfica.
Bruno Lage foi o grande obreiro da reconquista

Foi a confirmação do nosso talento e superioridade nos relvados do Estádio de Alvalade.
Foi a conquista da liderança em pleno Estádio do Dragão.
Foi a consolidação da liderança com uma goleada no Municipal de Braga naquele que era o jogo da grande esperança azul e branca.
E mais de 100 golos marcados. Mais de 100 festejos em euforia enquanto a bola batia na rede adversária. Um feito inédito neste século.
Com este treinador a liderar o Futebol encarnado e mantendo-se no plantel todos os talentos que vimos esta época despontar, acredito piamente que o Sport Lisboa e Benfica será o FC Ajax do ano 2020.
Agora… Agora é hora de festejar.
Festejar o 37!"

Benfica feiert den 37. Meistertitel

"Am Ende ging es schnell, am Ende war es einfach. Benfica schlägt Santa Clara am frühen Samstagabend mit 4:1 und ist zum 37. Mal portugiesischer Meister. Zwei Treffer von Seferovic (17.) und João Félix (23.) brachten die Adler früh auf die Siegerstraße, noch im ersten Durchgang sorgte Rafa nach 39. Minuten für die endgültige Entscheidung. Der Rest ging im Jubel des ausverkauften Estádio da Luz unter, auf dessen Rängen viele Fans ihr Glück kaum fassen mochten.
Noch vor vier Monaten hätte man sich mit der Prophezeiung, Benfica würde am Saisonende Meister sein, bestenfalls lächerlich gemacht. Doch dann kam Bruno Lage, machte aus einem Rückstand von sieben Punkten einen Vorsprung von zwei Zählern, den Benfica alles in allem ziemlich souverän über die Zielline brachte. Ganz nebenbei erzielten die Adler 103 Treffer und stellten damit ihren eigenen Ligarekord aus der Spielzeit 1963/64 ein.
Vor dem Spiel war ich wie immer an der „Megabar“ oberhalb des Stadions am Alto dos Moinhos. Fünf Stunden vor dem Anpfiff war dort die Anspannung bei aller Siegesgewissheit bereits mit Händen greifbar. Praktisch jeder wünschte sich, dass das Drama endlich ein glückliches Ende nimmt. Aus aller Welt waren sie zum letzten Spiel der Saison gekommen: Aus den USA und aus Kanada, aus England, Frankreich und Luxemburg. Ich konnte alte Freunde in die Arme schließen und liebe Menschen treffen, die ich bislang nur von Twitter kannte. Keine Frage, Benfica ist ein universeller Klub, mit Anhängern auf der ganzen Welt. Benfica ist viel größer als Portugal.
Als der Mannschaftsbus des frisch gebackenen Meisters kurz vor ein Uhr morgens am Kreisel des Marquês de Pombal in der Innenstadt eintraf, wurde er dort von mehr als einer halben Million Menschen erwartet. Zu dieser Stunde saß ich längst mit Freunden an einem mehr als reich gedeckten Tisch und freute mich nicht nur über die so unerwartete, aber dafür um so schönere Meisterschaft. Denn bereits am Samstagnachmittag holte die Frauenmannschaft von Benfica im Nationalstadion den portugiesischen Pokal, am Sonntag gewannen ihre Kolleginnen vom Rollhockey den siebten (!) Meistertitel in Serie.
Jetzt beginnt die Sommerpause und mit ihr die Spekulationen rund um den Kader. Es bleibt abzuwarten, ob es Präsident Luís Filipe Vieira gelingen wird, den „Kindergarten“ der Adler zusammen zu halten. Jungstars wie João Félix, Rúben Dias, Ferro, Gedson oder Florentino sind begehrt. Es wäre schön, sie auch in der kommenden Saison im Estádio da Luz Fußball spielen zu sehen.
Doch bis dahin vergehen noch ein paar Wochen. Heute wird die Mannschaft noch im Rathaus von Lissabon empfangen, morgen fliege ich dann mit meiner besseren Hälfte zurück nach Deutschland und mache ganz offiziell einen Haken hinter die Saison 2018/19, die unvergesslich bleiben wird. 
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SL Benfica - Santa Clara 4:1
Liga NOS, 34. Spieltag
Samstag, 18. Mai 2019, 18.30 Uhr
Estádio da Luz, 64.064 Zuschauer

Mannschaftsaufstellung: Odysseas, André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Pizzi, Florentino, Samaris (80. Taarabt), Rafa (86. Salvio), João Félix (68. Jonas), Seferovic
Torschützen: 1:0 Seferovic (17.), 2:0 João Félix (23.), 3:0 Rafa (39.), 4:0 Seferovic (56.), 4:1 César (59.)"

Quando os superclubes Benfica e Porto interessam à Europa como Globetrotters do futebol

"Os governos nacionais pecam por inacção na defesa do futebol. Os maiores clubes estão sozinhos quando existem parceiros internacionais interessados na captura de lucros que o Modelo de Futebol Europeu cria.

O Modelo de Futebol Europeu
Nos anos 80 do século passado ao perguntar a um dos mais conhecidos economistas do desporto americano o que pensava da hipótese do Benfica ter a capacidade de acompanhar o sucesso do futebol europeu, a sua resposta foi que se devia tornar um clube como os Harlem Globetrotters que dão espectáculos de malabarismos de basquetebol com antigos jogadores e enchem pavilhões como acontece quando vêm a Portugal.
O grande economista, reconhecendo internacionalmente o SLB, já não o considerava apto para a competição lucrativa do seu modelo e o Benfica deveria passar à história como um circo ambulante do futebol. A ignorância do economista americano acerca do Modelo de Desporto (Futebol) Europeu levou-o a fazer extrapolações desajustadas eliminando, por exemplo, o mecanismo de subidas e descidas dos clubes nos campeonatos de futebol. Este mecanismo é essencial para a competitividade do modelo europeu porque, em primeiro lugar, permite aos campeonatos de futebol terem resultados incertos e, por esse motivo, obrigarem os clubes a praticarem o seu melhor futebol para assegurarem a vitória que os adeptos adoram e não descerem de divisão o que os adeptos detestam. Em segundo lugar, os campeonatos europeus ligam no topo da pirâmide os melhores clubes de todo o continente europeu.
Ou seja, no Modelo de Desporto Europeu os clubes dos pequenos países podem ganhar os campeonatos de clubes e de selecções. O critério de decisão no futebol europeu é o da qualidade de jogo jogado por uma equipa que possui os melhores jogadores de um determinado nível de competição, jogo jogado, esse, que foi pensado por um bom treinador e cujas condições de trabalho são decididas por líderes íntegros e dedicados ao clube na oferta de actividades que cativam os praticantes da modalidade e os levam a associar-se no clube e a assistir aos seus espectáculos desportivos com os seus melhores praticantes.
A racionalidade do Modelo de Desporto (Futebol) Europeu é a da vitória do melhor clube com um percurso coerente, desportiva, económica e socialmente. A racionalidade do Modelo de Desporto Americano é o lucro gerado pelo espectáculo desportivo.

Os superclubes Benfica e Porto
Desde há muito o Benfica, o Porto e o Sporting são incluídos no selecto grupo dos superclubes europeus. Actualmente os ordenamentos de clubes europeus feitos segundo o critério do volume de negócios demonstram que muitos clubes europeus estão a ultrapassar os portugueses e que os regulamentos e leis europeias valorizam os critérios lucrativos e prejudicam os critérios desportivos. 
Esses critérios lucrativos não têm de ser absolutos e assumidos como os mais correctos. Aliás os clubes alemães recusaram uma das propostas da UEFA mostrando que não são apenas os pequenos e os médios países que podem ser prejudicados e que há um país grande em que existe solidariedade entre os 36 clubes das competições profissionais que recusam alterações destrutivas do Modelo de Desporto Europeu.
A persistência dos grandes capitais na captura dos rendimentos do futebol profissional é crescente e mantêm a pressão sobre os clubes intermédios dos grandes países. A sua táctica é agora descartar-se de grandes clubes europeus dos pequenos e médios países como o SLB e o FCP. O desporto português necessita de uma estratégia de desenvolvimento para poder defender os seus interesses no seio do Modelo do Desporto Europeu e não embarcar na destruição que começando no futebol alastrará a todas as outras modalidades cortando aos países de média dimensão o acesso ao sucesso desportivo e europeu. O desporto europeu é competitivo, rico e invejado pelo mundo porque é diverso, complexo e popular envolvendo a maior percentagem de praticantes do desporto mundial através do seu.

Modelo de Desporto
Wladimir Andreff e Paul Staudohar, em 2000, constataram a transformação de clubes sem finalidade lucrativa em empresas lucrativas como um racional irreversível. De facto alguns clubes transformam-se em empresas mas o sucesso do futebol profissional não tem de ser feito a partir da captura da riqueza associativa dos clubes que é pertença dos seus associados. O Barcelona é o exemplo da excelência de um clube sem finalidade lucrativa e pertencente exclusivamente aos seus associados para obter vitórias do futebol profissional graças à excelência da gestão dos seus dirigentes. Neste movimento europeu de privatização e esbulho dos activos sociais das populações locais, as SAD’s criadas em Portugal são actualmente a forma de todas as aventuras e marginalidades que já levaram à ruína muitos clubes nacionais que eram bandeiras das suas cidades, concelhos e regiões. É incompreensível que se passem legislaturas sem que se protejam estas matérias de interesse público para as populações, autarquias e parceiros locais.
Mais tarde, em 2015, o investigador de Harvard Matt Andrews procurou compreender a realidade dos maiores clubes europeus que podem ser superiores às maiores empresas de desporto profissionais americanas. Discorreu sobre a relevância dos mecanismos económicos, mais do que os desportivos, para explicar o surgimento dos superclubes à imagem das maiores multinacionais. Apontou duas fases. Na primeira, os clubes tornam-se complexos, altamente criadores de valor de produtos consumidos globalmente. Na segunda, os clubes acumulam novos conhecimentos catalisadores de mecanismos de envolvimento como capital, infraestruturas e liderança adaptativa. Tal como a análise do economista americano a actual filosofia do desporto português sugere que o futebol é um mercado de concorrência perfeita onde o Estado não se deve imiscuir por ser um grande negócio global. 
Talvez o futebol português deva compreender que o futebol global é maravilhoso para alguns muito grandes empresários e que no modelo de futebol global também se desaparece como acautelam os clubes alemães.

As instituições do desporto
O desporto deve ter instituições que o promovam, que nomeiem líderes íntegros, leis simples que promovam a eficácia desportiva, a democracia social e a eficiência económica, organizações com valor científico e técnico, relações mutuamente desafiantes e equilibradoras e que todas tenham o reconhecimento nacional.
Estarão as instituições do desporto a proteger o feito extraordinário da existência de superclubes portugueses ou com a sua ineficácia política estarão a contribuir para a degradação e possíveis fracassos destes expoentes nacionais? A resposta é: os governos evitam a complexidade desportiva por estarem despojados de boas instituições desportivas e refugiam-se na vacuidade dos discursos e nos actos de política, inconsequentes durante legislaturas inteiras.
O futebol necessita que os governos actuem em 3 áreas: Primeiro: A Visão. Necessita-se do consenso para a estratégia nacional de promoção do futebol da base ao topo, sem as confundir e contribuir para o inferno do mexilhão e a soberba dos camarotes. Segundo: A Regulação. Há que melhorar a regulação de todos os clubes e SAD’s assegurando o cumprimento dos princípios do Fair-Play Financeiro criado pela UEFA e aplicado pela FPF com desenvolvimentos nacionais como os relacionados com a qualificação das unidades locais de produção do futebol. Terceiro: O Programa. Olhar para o todo nacional exige medidas visando o aumento da competitividade dos campeonatos nacionais promovendo condições económicas que permitam aos clubes e aos campeonatos de menor dimensão crescerem desportivamente e aproximar-se dos primeiros. Nas condições actuais de política desportiva pública o Sporting e o Braga terão uma distância cada vez maior para alcançarem o topo. 
Neste ponto final, realce-se a importância do Governo, eventualmente com o conhecimento e aceitação da Presidência da República, preparar para os eurodeputados nacionais a estratégia de defesa dos superclubes portugueses, para que os nossos representantes articulem com os representantes dos países pequenos e médios a estratégia europeia face a parceiros globais que actuam a partir dos maiores clubes dos maiores países que já adquiriram."

Obrigado, Benfica!

"A explosão de alegria e de festa dos nossos adeptos pela celebração da Reconquista em todo o Portugal, países da Lusofonia e um pouco por todo o Mundo merece o maior e o mais rasgado dos elogios por parte de todos nós.
Foi um mar e uma onda vermelha impressionante de manifestação de orgulho Benfiquista, dando público testemunho sobre a força e a mística popular única do glorioso Sport Lisboa e Benfica.
A forma incansável como os nossos sócios, adeptos e simpatizantes nos apoiaram nesta caminhada rumo ao 37 ficará para sempre como um marco e demonstra que os momentos difíceis só serviram para nos tornar ainda mais fortes, unidos e coesos.
Esta vitória foi justa e inequívoca. Feita de uma 2.ª volta absolutamente extraordinária, histórica e com números avassaladores. Ganhámos os dois jogos ao nosso mais directo rival. Ganhámos cinco e empatámos apenas um dos seis jogos contra FC Porto, Sporting e Sp. Braga. Igualámos o recorde de golos marcados da nossa história (103). Marcámos mais 29 golos do que o segundo classificado e tivemos o melhor marcador, Seferovic, com 23 golos.
Foi a vitória da verdade desportiva e da afirmação de uma estratégia vencedora que, com base na aposta na formação, permite-nos ambicionar ainda mais para o futuro.
Um título ganho por uma equipa e uma estrutura – dirigentes, equipas técnicas, funcionários – que funcionaram como um bloco único.
Uma palavra de agradecimento a Rui Vitória, que liderou a equipa na primeira fase da época. Foi um técnico que conquistou vários títulos connosco ao longo dos últimos três anos.
E de realçar, também, um enorme elogio a dois símbolos do Benfica que, em diferentes momentos desta época, entenderam iniciar um novo ciclo da sua vida, mas sempre ligados ao nosso clube: Shéu Han e Luisão.
Naturalmente, há uma enorme satisfação pela opção certa, no momento certo, por Bruno Lage, que personificou na perfeição toda a cultura e filosofia que se procurou desde a primeira hora implementar com a aposta no Seixal, conciliando juventude e experiência para um projecto vencedor, mas com ambição europeia de futuro.
O treino a treino, o jogo a jogo, a conquista dos adeptos e a confiança na plena afirmação da juventude ficarão para sempre na memória de todos nós.
Ganhando cinco dos últimos seis títulos da Liga reforçámos a hegemonia no futebol português e assim, com a solidez patrimonial e financeira que vivemos, temos a estabilidade e a força necessária para olhar o futuro com enorme confiança.
Por tudo isto: Obrigado e Parabéns, Benfica!

Luís Filipe Vieira"

A marca de Lage – Como marcou tanto em Organização Ofensiva?


"A Organização Ofensiva do Benfica de Bruno Lage, que tantos golos somou.
* A preocupação com a perda
* A vantagem numérica (6×4)
* As rupturas pós entradas interiores
* A equipa das recepções para o lado oposto
* A largura máxima dos laterais"

7.ª Campeonato Nacional

Stuart Massamá 1 - 4 Benfica

Ainda falta a Final da Taça de Portugal, mas estamos perto de fazer mais uma vez o 'pleno' a esta festa do Heptacampeonato!!!

Parabéns à secção, num momento importante, já que na próxima época a Lagartada vai ser o principal adversário, com algumas das nossas hoquistas a mudarem-se para o outro lado!!!

A caminho da Final...

Fundão 1 - 7 Benfica

Por acaso, estava à espera de uma goleada destas, o Eléctrico durante a época criou sempre mais problemas do que o actual Fundão...
Agora é preparar o 2.º jogo, e resolver isto rapidamente... a única nota negativa, foi a expulsão do Chaguinha!

Juniores - 12.ª jornada - Fase Final

Alverca 0 - 5 Benfica


Nova goleada, mas com 0-1 ao intervalo...

Faltam duas jornadas (em Braga; e no Seixal com o Sporting), obrigatório somar os 6 pontos.



PS: Parabéns aos nossos Juvenis B, que se sagraram hoje Campeões Distritais.

Iniciados - 7.ª jornada - Fase Final

Benfica 1 - 2 Corruptos


Adeus ao título, num jogo onde mais uma vez, ficou claro que esta equipa do Benfica, fisicamente, parece uma equipa de Infantis... Enorme diferença de maturidade física... com equipas com menos opções, a diferença não se faz notar, mas...

A reconquista

"A reconquista aí está. O 37 erguido. E no aplauso imenso, e merecido, da multidão esteve o encanto da simplicidade.

Foi um sábado histórico para o Benfica. No futebol feminino conquistou, no emblemático Estádio Nacional, a sua primeira Taça de Portugal. Depois num Estádio da Luz cheio de fervor concretizou-se a reconquista. Ambicionada e muito desejada. Foi a recompensa de quatro meses em que se combinou o encanto da simplicidade com o aplauso da multidão. Ontem naquele instante da entrega da Taça, em rigor da Taça da Liga NOS, houve uma mistura intensa de felicidade e de autenticidade. Já que «cada um é a cor do seu coração»! E todos, todos mesmo, do relvado colorido às bancadas entusiasmadas merecem este título, esta conquista, esta reconquista! De Bruno Lage a Jonas, de Luís Filipe Vieira a Jardel, de Rui Costa a Rafa, de Domingos Soares de Oliveira a André Almeida, de Tiago Pinto a Pizzi, de Samaris a Seferovic, de Shéu a Ferro, mais o Rúben Dias e o Grimaldo, o Luisão, o Salvio e o Florentino, entre tantos outros que construindo um verdadeiro colectivo são os heróis deste gloriosa reconquista. Sim gloriosa. Em pontos conquistados, em golos marcados, num dinâmica gerada e multiplicada. Como na madrugada de hoje se sentiu no Marquês de Pombal em Lisboa e em múltiplos marqueses - da Rotunda da Boavista aos diferentes rossios - deste nosso Portugal e cada canto do mundo onde a alma benfiquista se juntou e festejou.
Foi um título merecido. Um título em que a generosidade venceu a maldade, a inteligência superou a inveja, a unidade se combinou com a humildade e, também, com a honra. E perante ataques ou insultos a resposta numa unanimidade que importa referenciar foi a vitória, a alegria da partilha com os fiéis adeptos que, jornada a jornada, levaram uma equipa honesta - sim honesta e tendo como referência Bruno Lage! - à reconquista do título de campeão nacional. Sim foi o 37. Cantado num coro impressionante. Mas, acima de tudo, foi merecimento - «as coisas não são de quem as logra, senão de quem as merece!» - e foi querer, foi sabedoria e trabalho, foi valor e união, foi vontade e dignidade. E a memória na camisola de Bruno Lage do Senhor Jaime Graça mais o beijo de parabéns que dei à Dona Flora, viúva do saudoso Senhor Eusébio da Silva Ferreira, mostram que este 37 é a ponte determinante entre um passado de glória e um futuro de grandes vitórias. E foram, ainda 103 golos o que evidencia capacidade e perfeição numa segunda volta de sonho. E que terminou com uma vitória clara face a um Santa Clara que mostrou uma qualidade de jogo que importa realçar.
A reconquista é, assim, a combinação de três Vs: vitória, vontade e virtude. E "a virtude é como o segredo: oculto, conserva-se; manifesto, perde-se"! E, aqui, a estrutura foi mestre e sábia. E, no final, a reconquista fez-se em casa. Ontem no banco uma equipa técnica concebida e desenvolvida na 'Academia do Seixal'. Direi que foi uma conquista construída dentro de muros. E esta conquista, com a sagacidade de Bruno Lage e a motivação do Presidente do Benfica, levou a esta reconquista bem festejada. Em todas as partes desta aldeia global onde há um crescente sentimento. E este sentimento e este crescimento que se sente e se presente impõe que a crença não esmoreça. Temos de continuar a acreditar. Que depois deste 37 tudo vamos fazer para merecer e conquistar o 38. Sabendo bem o que nos levou à reconquista foi a prudência e o querer, o que fundamentou esta recompensa foi a união e a agregação de todas e todos os (as) benfiquistas, o ser e a essência de um clube em que a alegria do relvado contagia o prazer das bancadas.
A reconquista aí está. O 37 erguido. E no aplauso imenso, e merecido, da multidão esteve o encanto da simplicidade. E com esta é difícil. Foi jogo a jogo, final a final. E em que a generosidade evidenciada levou à imensa felicidade. Que para aqueles que foram o centro de reconquista é um largo momento de glória. Que a história, no seu singular registo, não deixará de evidenciar e de proclamar. Com a nota que o título 37 do Benfica tem como título justo e merecido de Reconquista!"

Fernando Seara, in A Bola

O Campeão voltou

"No início da época Bruno Lage era o treinador da equipa B, tendo como alguns dos seus pupilos Ferro, Florentino ou João Félix. Vlachodimos era um desconhecido, Rafa um jogador que falhava demasiados golos, Samaris estava encostado e Seferovic também era para dispensar. A meio da época o Benfica estava em 4º lugar, a 7 pontos do primeiro classificado, com um futebol de fraca qualidade e tendo em Rui Vitória um "dead man walking" à espera apenas do próximo desaire até ao corte fatal. No final da época o Benfica é Campeão Nacional, ultrapassando os 100 golos e fazendo uma 2ª volta praticamente perfeita. Bruno Lage é uma certeza, João Félix uma estrela internacional, Rafa um extremo goleador, Samaris um jogador recuperado e Seferovic o Bota de Prata do Campeonato Português.
É inacreditável o que aconteceu ao Benfica. Existiria uma 2ª volta mais complicada que ter que ir a FC Porto, Sporting, Braga, Moreirense, V. Guimarães e Rio Ave? Quão raro é trocar de treinador a meio da temporada e acabar campeão? A última vez que se viu tal coisa no futebol Português foi em 2000 com o Sporting de Materazzi e Inácio e olhando para o Benfica temos que recuar até 1968, quando Otto Glória terminou a empreitada começada por Fernando Riera e Fernando Cabrita. E marcar 100 golos? Mais uma vez, só recuando até 1973. Aos tempos do Benfica Invicto de Jimmy Hagan.
É notável a transformação que estamos a assistir no Benfica e no futebol Português. Depois de uma longa hegemonia do FC Porto, o clube da Luz acaba de vencer o seu 5º campeonato em 6 anos. O 6º campeonato em 10 anos. Nunca fui um admirador de Luís Filipe Vieira e gostava de um dia ver outro tipo de presidente no clube, mas os méritos têm que ser dados: a aposta no Seixal foi uma cartada muito forte, jogada para o longo prazo, mas os frutos chegaram e de que maneira. Contra o Santa Clara o Benfica entrou em campo com 7 Portugueses, quase todos formados no Caixa Futebol Campus. O clube está cheio de pujança e sempre com novos jovens a baterem à porta da equipa principal.
Foi bonita a festa. As bandeiras, o levantar da taça, a lambreta do Eliseu e o Zlobin a fazer de Paulo Lopes, "o homem da taça". E tanto Benfiquismo na recepção ao autocarro, no estádio, no Marquês, um pouco por todo o país e no estrangeiro. Aliás, é o próprio Benfica que é um clube bonito. É uma alegria ver aquele vermelho garrido numa massa adepta que no momento do auge, no momento da euforia, não se recorda nem 2 segundos dos seus rivais. Os cânticos são para nós, para os nossos. 
Desde que acompanho o Benfica, foi a nona vez que celebrei um campeonato. Todos são especiais, embora uns mais especiais que outros. Dão-me uma alegria imensa, uma sensação incontida de êxtase e de paz com o mundo. Mas curiosamente desta vez não senti muita euforia. Porque o Benfica está a atingir um nível de maturidade em que as conquistas repetem-se e começam a ser uma consequência natural, uma inevitabilidade no futebol Português. É na verdade, o Benfica a voltar à posição hegemónica que a minha adolescência agradecia que nunca de lá tivesse saído.
Viva o Benfica e rumo ao 38!"

Final à campeão

"Santa Clara destemido mas Benfica empurrado por tremendo ambiente fez o que tinha a fazer

Barreira psicológica derrubada
1. Quando se chega ao intervalo com uma vantagem de três golos, poucas dúvidas restam da supremacia do Benfica num jogo em que o Santa Clara até entrou personalizado e afirmativo ameaçando argumentos que acabaram por não se concretizar. O ambiente convidativo e festivo quase eufórico, com que o engalanado Estádio da Luz recebeu a sua equipa, empurrou-a para uma exibição em crescendo, tranquila, segura e marcada por acelerações criteriosas que espartilharam completamente a pouco sincronizada organização defensiva da equipa de João Henriques. As ideias claras e desempoeiradas do jogo açoriano emperravam na ineficácia defensiva com que se predispôs a estancar o poderio ofensivo dum demolidor e variado ataque encarnado.

Desfrutar do momento
2. A segunda parte começou condicionada pelo desnivelado resultado, mas as duas equipas teimavam em oferecer à entusiasta massa adepta um espectáculo aberto e corrido, pejado de golos e jogadas bem desenhadas. O Santa Clara mostrava no seu jogo ligado, associativo e de olhos na baliza de Vlachodimos a razão do seu campeonato competente e tranquilo. Mas o dia era de festa e tributos, e o prestado a Jonas, foi carregado de simbolismo e reconhecimento de um jogador que tem emprestado ao futebol nacional um perfume distinto.

Resultado natural
3. O jogo foi deslizando serenamente para o seu final, com o desfecho decidido e sem grandes motivos de interesse, com o Benfica a revelar lacunas evidentes nos esquemas tácticos defensivos e o Santa Clara a aproveitar para também participar na festa como protagonista. Era o resultado natural de um jogo tranquilo e sem casos de arbitragem - estranho no nosso polémico futebol - entre duas equipas que conseguiram os seus objectivos - apesar de distintos - e que teimavam em surpreender as expectativas colocadas nas suas trajectórias. Se por um lado o Santa Clara fez muito mais do que se debater pela sobrevivência na principal liga portuguesa, o Benfica por sua vez, fugiu de uma posição secundária e trepando de forma meteórica na pontuação, conseguiu ser primeiro e destronar o seu rival do Porto. A segunda parte foi mais equilibrada e sem tanta vertigem ofensiva do Benfica, que revelou menos acerto na definição das suas transições ofensivas, o que se entende em função do natural abaixamento dos níveis de vigilância. Por seu lado o Santa Clara fez o seu golo de honra - e outro podia ter acontecido - o que embelezou um jogo que a partir de certa altura, trouxe consigo o arrastar de acontecimentos, característica própria de um jogo de final de época e com as decisões já definidas."

Daúto Faquirá, in A Bola