segunda-feira, 20 de maio de 2019

O fabuloso destino do comendador Eliseu Pereira dos Santos

"“Olha este maluco de scooter”
“Parece o Eliseu”
“Pois parece”
“Ai, É o Eliseu!”

Este diálogo aconteceu na redacção da Tribuna, mas apostava um mindinho em como surgiu em tantas outras casas, cafés, colectividades, praças de Portugal. Ele ali estava, o desaparecido Eliseu, regressado não montado num cavalo numa noite de nevoeiro, mas de óculos escuros e chapéu numa scooter num serão de golos e espumante, logo após o Benfica bater o Santa Clara por 4-1 e assim conquistar o 37.º título nacional da sua história.
As personagens mitológicas são assim: surgem quando se menos espera, roubando a cena, maravilhando todos à volta. Mais: Eliseu, o comendador Eliseu Pereira dos Santos, sabendo muito bem que não teve a merecida despedida no Estádio da Luz, tratou de providenciá-la à sua maneira, aparecendo de surpresa (ou pelo menos assim pareceu), numa festa que já não era sua.
Um championship crasher. Um empreendedor. Um visionário.
Às tantas já ninguém queria saber da taça, só de dar um abraço ao açoriano, em apanhar uma boleiazinha na sua scooter, que havia já sido protagonista do título de 2017. Até Luís Filipe Vieira, entre impropérios e palavrões, que uma pessoa perdoa porque é dia de festa, gritava que o homem nunca aparecia, uma pessoa andava à procura dele e ele nunca aparecia. “Nunca atendes o telefone, car….!””. Isso.
Eu sei, Luís Filipe. Nós também tentámos, achávamos que ele só era escorregadio para os jornalistas, mas afinal é um modo de vida. Talvez estivesse longe, na penumbra, a preparar o grande show, o regresso apoteótico e isso só está ao alcance dos míticos. E de repente não me consigo lembrar de diálogo mais português e mais autêntico e sem salamaleques que aquele que Eliseu teve com o fragilizado Pietra (ainda a recuperar depois de se sentir indisposto no jogo com o Portimonense), tudo apanhado, e bem apanhado, pelos microfones da BTV.

“Tu realmente… vou-te dizer… Não me apertes muito”
“Estás todo f…..”
“Ainda bem que apareceste”

Nem o melhor argumentista de Hollywood, caro leitor.
Eu sei que o Benfica é campeão e devia estar aqui a fazer um sumário da época e da festa e dos golos e do diabo a sete, mas precisava mesmo de fazer uma homenagem a Eliseu Pereira dos Santos, comendador anteriormente missed in action. Atrevo-me a dizer (e acredito que o Jonas também) que a felicidade é Eliseu em cima de uma lambreta e não sei se ele vai desaparecer agora da mesma forma que apareceu, do nada, de surpresa, mas pelo menos aquela cavalgada no Estádio da Luz (e depois no Marquês, sempre com Jonas, o jovem Jonas), já ninguém nos tira.
(...)"

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