segunda-feira, 6 de maio de 2019

Em alta!

"Mais uma ‘final’ ganha, mais 3 pontos, mais um passo na caminhada para a Reconquista! A meta está cada vez mais próxima e, por isso, é fundamental mantermos Todos o espírito que nos trouxe até aqui: união, amizade, solidariedade, empenho, concentração e disponibilidade máxima para os combates que ainda teremos de travar.
Estamos em boa posição para chegar onde queremos, é verdade, mas também sabemos que qualquer passo em falso pode ser fatal. O melhor e único caminho para o sucesso é a conciliação da humildade com uma enorme ambição. Nunca daremos nada por vencido de forma antecipada e reconheceremos Sempre a qualidade e o mérito do adversário.
O Portimonense, que já nos tinha vencido na 1.ª volta, voltou a criar-nos enormes dificuldades. Só a extraordinária reacção do Benfica (com o fantástico apoio que veio das bancadas) permitiu a reviravolta e aquela meia hora final. Faltam 180 minutos para a maratona chegar ao fim. Serão 180 minutos jogados nos limites. Do empenho. Do talento. Da concentração. Do Benfiquismo. Serão 180 minutos em que todos teremos de ajudar e de participar. Porque, aqui, Todos Contam.

PS: O excelente fim-de-semana do Benfica foi muito para além do triunfo frente ao Portimonense. A equipa B empatou frente ao FC Porto, no Seixal, mas os juniores venceram em Barcelos (assumindo, à condição, a liderança do campeonato nacional) e a equipa feminina goleou o Sporting B, por 5-1. Grande prestação igualmente nas modalidades! Vitória em basquetebol no Dragão Caixa, vitória em andebol no dérbi da Luz com o Sporting, vitória em futsal frente ao Eléctrico nos quartos de final do playoff e ainda vitória em hóquei em patins, frente à Juventude de Viana, que garantiu a presença na final four da Taça de Portugal. Em grande!"

Mais um esquema...!!!

"O CD Nacional pode entrar já despromovido frente ao FC Porto!
A luta pela manutenção também está ao rubro. O Vitória FC recebe esta noite o Boavista FC e pode garantir praticamente a permanência na primeira liga. Caso isso aconteça, ficam GD Chaves (32pts), CD Tondela (31pts) e CD Nacional (28pts) para dois lugares de descida. Ora vejamos o calendário para a penúltima jornada da Liga: Domingo (12 de Maio):
Chaves – Vitória FC - 15H
CD Nacional – FC Porto - 17H30
Rio Ave FC – SL Benfica - 20H
O que isto significa? Em caso de vitória do GD Chaves na recepção ao Vitória FC (faz 35pts) e o CD Nacional entra já matematicamente despromovido frente ao FC Porto. Qual a motivação dos jogadores da equipa madeirense? Isto é o desvirtuar por completo da verdade desportiva!
Podíamos considerar apenas uma conjugação de factores ou mera coincidência, mas depois todos nos lembramos:
- Do regime de excepção no sorteio quando o Sporting CP disputou o play-off da Liga das Campeões, com diversos condicionamentos - por exemplo, não poderem defrontar nas duas primeiras jornadas os clubes que jogaram a supertaça e play-off da liga Europa – tratamento ignorado este ano para o SL Benfica; . Do `Engano´ do sorteio da Liga, em que curiosamente, após repetição, o SL Benfica mantém o jogo com o Sporting à 3ª Jornada e o cenário de uma 2ª volta diabólica – tudo isto em milhares de novas possibilidades;
- De uma calendarização da Liga, que numa luta acesa ao milímetro, colocou quase sempre o SL Benfica a jogar depois do FC Porto, estimulando a famosa `pressão´, que diga-se, para alguma imprensa só existe para o SL Benfica. E não, a grande maioria não está relacionado com as competições europeias. Nos últimos 12 jogos (excluindo clássico), por 11 vezes o FC Porto jogou primeiro que o SL Benfica. Isto pode ser desvalorizado por alguns, mas não por todos. Qual a razão do FC Porto jogar em vila do conde a uma sexta-feira sem qualquer compromisso europeu? Eram praticamente 48h de pressão extra sobre o jogo do SL Benfica em Braga. Correu-lhes mal!
Por tudo isto, falamos apenas de mais um episódio que não pode ser apenas coincidência!
Seja responsabilidade da Liga, da Sport TV, dos outros clubes da Liga…o padrão é só um e o mesmo de sempre. #Portoaocolo"

Deus e Família ou o sobrenatural no comando e o Benfica a reboque

"Em comparação com outros treinadores, Bruno Lage tinha, e continua a ter, a desvantagem da inexperiência. Por muito que um treinador saiba sobre táctica, uma coisa é treinar a equipa B no sossego do Seixal, outra coisa é pegar na equipa principal e enfrentar semanalmente o volátil tribunal da Luz, transformando-se, pelo caminho, numa figura pública. Mas Lage tinha um trunfo: a ausência de passado. Ninguém o conhecia. Não havia declarações infelizes que lhe pudessem ser arremessadas em períodos conturbados. Não havia ligações a outros clubes. Não havia um histórico de resultados. Lage, como uma espécie de tela vazia, foi emoldurado e pendurado na parede para que os adeptos aí projectassem o que bem entendessem.
A mensagem começou a passar porque se deu ao mensageiro o benefício da dúvida e os resultados apareceram. O modo de falar sobre táctica sem parecer professoral ou hermético convenceu a maioria dos adeptos de que também eles seriam capazes de falar assim se percebessem alguma coisa de futebol. Porém, após o jogo de sábado, ouvir o treinador do Benfica falar de táctica foi o mesmo que ouvir as declarações de um doutorado em física no final de um congresso espírita. É normal que um treinador tenha a tentação de manter a racionalidade e procure explicar cientificamente aquilo que aconteceu em campo, mas os acontecimentos naquela meia-hora final no Estádio da Luz são o mais próximo do sobrenatural que um jogo de futebol pode estar.
Nas bancadas, os adeptos tremiam perante a iminência de uma catástrofe. No banco, Minervino Pietra sucumbiu aos nervos. Em campo, a bola queimava os pés dos jogadores do Benfica. Durante uma hora, o Portimonense jogou como equipa grande, criou oportunidades, marcou um golo. Enquanto isso, o Benfica parecia um conjunto de amadores a actuar pela primeira vez num grande palco. Foi então que toda a gente fechou os olhos e o milagre aconteceu. Haverá explicações mais rebuscadas, mas nenhuma tão simples: o sobrenatural assumiu o comando. (Lembrei-me das clarividentes palavras de Silas, nome bíblico, dias antes: às vezes só se pode mesmo rezar). Rafa desceu à terra, afastou as nuvens, abriu o caminho aos adeptos que, no transe do desespero, viram, finalmente, a luz. Explosão! Epifania! Revelação! No final, de nervos esfrangalhados, alguns jogadores choravam. Outros levantavam as mãos para os céus, talvez agradecendo, talvez interrogando os deuses sobre a razão de tanto sofrimento.
Talvez o leitor já não se recorde, mas há quase cinco anos o Brasil treinado pela dupla Scolari-Senhora do Caravaggio inaugurou aquilo a que se pode chamar “futebol pentecostal”. Os jogadores choravam antes dos jogos, depois dos jogos e até durante os jogos, disfarçando as lágrimas com o suor. Ora corriam como possuídos, ora ficavam imóveis como estátuas de sal. Era tudo à base da emoção, das palestras esotéricas do Sargentão, do amor ao povo brasileiro, de uma difusa mística de balneário. Sabemos bem como acabou esse futebol pentecostal, atropelado por um panzer germânico numa noite amena no estado de Minas.
Para já, o Benfica escapou a um novo Maracanazo porque Rafa Silva, tantas vezes acusado de falta de frieza na hora de rematar à baliza, se comportou como o único homem sóbrio no meio de uma multidão embriagada pelo puro pavor de perder um campeonato. A forma como picou a bola no primeiro golo foi um shot de lucidez e beleza num oceano confuso de emoções descontroladas. Foi Jesus a acalmar as águas do mar da Galileia. Os adeptos sentem que nos dois jogos que faltam as coisas não vão ser diferentes e só esperam que os ventos sobrenaturais soprem a favor da barcaça que treme, de emoção e de terror, por todos os lados. Talvez seja o momento certo para Bruno Lage, pelo menos nas conferências de antevisão, ceder humildemente o lugar a um xamã ou a um pastor evangélico para umas rezas colectivas à moda de Silas e seja o que Deus quiser.
Enquanto na Luz a questão parece ser do foro religioso, no Dragão discute-se a família, como se o patriarca tivesse morrido. Veja-se como cada um dos quatro golos ao Aves foi comemorado com festejos sepulcrais. No final, Sérgio Conceição, como bom pater famílias, veio dizer que os problemas familiares se resolvem, passe a redundância, em família, no recato do lar. Eu sei que recato do lar não casa bem com a imagem de um jogador a empunhar um megafone e a dirigir-se, num dialeto bizarro, aos parentes mais exaltados, mas a constatação de que o sobrenatural está, até agora, do lado do Benfica, obriga a soluções de recurso. Espera-se que os problemas familiares e a tensão crescente não resultem em mais um triste episódio de violência doméstica. Segundo os jornais, as claques prometem tréguas até à final da Taça. Depois disso, só Deus sabe.
A equipa pode já não usar a cruz de Cristo (embora o treinador acredite no poder da oração), mas o empresarial Belenenses SAD fez questão de se pôr ao lado dos bispos portugueses e declarar o domingo como dia de descanso. Disso se aproveitou o irreligioso Sporting para construir a maior goleada dos últimos trinta e cinco anos, indiferente aos apelos eclesiásticos ao descanso no dia do Senhor e aproveitando para fixar o limite moral das cabazadas nuns equilibrados 8-1."

A errata (ou adenda) de (...) a propósito da violência no futebol

"Há poucos dias publiquei um texto sobre como a moral sportinguista cai por terra quando alguns dos seus adeptos cantam insultos em pavilhões, liderados por atletas e funcionários do clube. Referi a obsessão dos sportinguistas com o Benfica, ali expressa de um modo infeliz. Escrevi sobre a cultura clubística que eu considero ser distintiva de cada clube, e como isso nos eleva. A maioria dos benfiquistas compreendeu o que eu quis dizer e reagiu de forma positiva. Fê-lo porque se revê numa postura mais civilizada e jamais praticaria ou apoiaria certo tipo de comportamentos. Infelizmente, no que ao comportamento diz respeito, essa maioria não perfaz 100% e, assim, aos poucos, lá se vai a nossa moral.
Da mesma forma que critiquei o comportamento dos adeptos rivais, pergunto: que benfiquistas são estes que, sucessivamente, vandalizam automóveis e núcleos do Sporting com alusões a very lights e adeptos mortos? Isto é para lá de vergonhoso. Como é possível pegar numa coisa tão boa como o futebol e transformá-lo em algo tão repulsivo? Aliás, vergonhoso não é sequer um termo adequado para descrever estes actos. Isto é um nojo. Infelizmente, não é de hoje.
Muitos adeptos do Sporting e do FC Porto reagiram ao meu texto anterior, dizendo que omiti comportamentos de adeptos do meu clube. Não sinto que o tenha feito, mas também não acho que tenha sido suficientemente claro perante um tema que não deve ter zonas cinzentas. Por isso aproveito esta infeliz oportunidade para dizer da forma mais clara que posso: a direcção do Sport Lisboa e Benfica deveria reagir publicamente, repudiando e colaborando com as autoridades (se ainda não o fez) em tudo o que ajudar a identificar os autores destes crimes.
O acto de vandalismo ocorrido ontem pode parecer um episódio isolado, mas infelizmente não é. São coisas que acontecem de forma recorrente. Não consigo conceber que o very light ou a morte de um adepto junto ao estádio da Luz devam sequer ser discutidos, mas esta espécie de celebração recorrente também não pode ser relativizada. Este tipo de postura deve envergonhar a instituição. Não podendo substituir as autoridades, a direcção pode ainda assim pugnar pela cultura desportiva nos espaços que pertencem ao clube. Deveria identificar estes adeptos e impedi-los de voltar a entrar em recintos desportivos. É o mínimo. A maioria de benfiquistas que se revê numa postura civilizada assim merece. Se pensarmos de outra forma e estes episódios continuarem a acontecer, um dia não haverá moral clubística que sobreviva à forma de estar de alguns."

Ameaças ocas...!!!

"A mesma ladainha desesperada do hacker. Está à vista de toda a gente que o plano correu mal. A prova também, a fazer fé no conteúdo desta notícia. Os prevaricadores poderiam ter refutado a prevaricação, negado a sua existência, justificado legalmente o que fizeram. Parece que indicaram um estatuto de jornalista, prontamente contrariado pelo respectivo sindicato e uma estratégia inovadora implementada à revelia dos patrões! Ridículo!
Não sendo possível, recorrem a novas ameaças, prática endógena, desta vez com o impacto de uma hipotética decisão condenatória nas contas públicas! Notável!
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem existe para assegurar a intangibilidade de um núcleo de direitos que cada pessoa deve ter, independentemente do local em que se encontra. Entre esses direitos estão a reserva da privacidade e a dignidade de cada um que deve ficar imune à raiva alheia. Esse Tribunal não está lá para ser alvo de manipulações mediáticas. Nem é uma estação de tratamento de radicalismos.
Estivessem realmente preocupados em informar teriam mantido a divulgação dos emails, mesmo os truncados, que foi vedada por uma decisão cautelar. Depois enfrentariam as consequências escudados na fé inabalável no recurso para esse tribunal.
Não fizeram nada disso porque a informação nunca foi o motivo, apenas o pretexto. Espero que sejam exemplarmente condenados para que percam a mania que podem competir à margem da lei."

O VAR vai matar o futebol

"Fui sempre contra o uso das novas tecnologias no futebol. Uma coisa são os jogos a sério, com pessoas de carne e osso; outra, diferente, são os jogos de computador. Misturar as duas coisas só podia dar asneira.A realidade está à vista. Nunca houve tanta suspeição no futebol como há hoje. E, para agravar as coisas, o espectáculo perdeu espontaneidade.Comecemos pela suspeição. Antes, discutiam-se os erros dos árbitros, mas poucos se atreviam a dizer que eram intencionais. Hoje, quando há um erro, a suspeita é imediata: se o VAR pôde ver as imagens várias vezes e errou, é porque quis errar. Os erros deixaram de ter desculpa. E neste campeonato já houve erros que decidiram jogos – e podem decidir o título. Ora, quando assim acontece, a suspeição está colocada ao mais alto nível.
Levanto uma questão pouco abordada. Hoje, quando há um golo, a jogada tem de ser toda revista pelo VAR. Ora, se houver intenção de beneficiar (ou prejudicar) um clube, torna-se fácil: como ao longo de uma jogada há quase sempre lances duvidosos, basta assinalar uma falta qualquer à equipa que marcou o golo para este ser anulado.Antes, era muito mais difícil. Só estava em causa a parte final do lance: se havia fora de jogo ou falta do marcador do golo. Hoje as hipóteses de invalidar um golo são inúmeras.
Vamos agora à perda de espontaneidade.Os golos eram – e são – os momentos mágicos do futebol. Aqueles em que o estádio explode de entusiasmo ou mergulha na tristeza. Mas agora as emoções são mitigadas pela dúvida: o VAR vai validar ou não o golo? Os adeptos controlam-se. Não explodem de alegria nem mergulham logo no desespero: esperam pelo VAR. E este compasso de espera é fatal. Matou a magia do golo.Recentemente, numa eliminatória da Champions, a segundos do apito final e depois de um jogo avassalador, cheio de emoções, o Manchester City marcou um golo que lhe daria a passagem na eliminatória. Uns festejaram, outros desesperaram – até porque na jogada não se divisava nada de irregular. Mas o VAR foi descobrir um fora de jogo de 5 cm, sem qualquer influência na jogada, mas que levou à anulação do golo e à eliminação do City.Daqui em diante, nos jogos do Manchester City, nenhum adepto – lembrando-se daquele momento -- voltará a festejar um golo de modo espontâneo.
Tudo isto – a desconfiança em relação aos resultados dos jogos e até dos campeonatos, o fim da espontaneidade nos festejos dos golos – terá consequências devastadoras no futebol. Até porque o VAR tenderá sempre a ir mais longe, a querer intervir mais no jogo, a querer decidir em caso de cartões amarelos e faltas perigosas – com pausas cada vez maiores na partida. O futebol tinha a vantagem de ser um jogo muito simples. Ao complicarem-no, com a introdução de quartos árbitros, de árbitros de baliza, de VARs, de protocolos, vão acabar por matá-lo."

O melhor jogador do mundo são dois

"Os dois golos que Messi marcou ao Liverpool relançaram a discussão sobre o título de melhor jogador do mundo. Acontece sazonalmente. Em Março, por exemplo, os três golos com que Ronaldo eliminou o Atlético de Madrid depois de uma derrota da Juventus no jogo da primeira mão tiveram o mesmo efeito. Há mais de uma década que é assim, o que diz tudo sobre o privilégio que foi partilhar os últimos 15 anos com dois dos mais brilhantes jogadores de todos os tempos e o disparate que é cair na tentação de escolher entre um e o outro. Provavelmente, Ronaldo foi o melhor jogador do mundo em Março, Messi é o melhor jogador do mundo em Abril, e maio está agora a começar. Certo, pelo menos tão certo como qualquer prognóstico pode ser nesta altura, é que mais uma vez estarão os dois juntos a discutir a Bola de Ouro e o prémio The Best lá mais para o fim do ano, provavelmente acompanhados pelo outsider deste ano - todos os anos há uma variável onde eles são a constante.
Já adivinhar qual deles será o eleito desta vez é mais complicado. Messi ainda não eliminou o Liverpool e, se o conseguir, terá uma final da Champions para jogar. Seria interessante perceber, por exemplo, até que ponto este Barcelona é mais capaz de lidar com o vertiginoso futebol do Ajax do que foi a Juventus, mesmo considerando que a solidez da equipa de Valverde depende menos de Messi do que a Vecchia Signora dependia de Ronaldo.
Depois, o CR7 ainda tem a hipótese de ser o primeiro a vencer a Liga das Nações, que vai disputar em casa. Bem sabemos que os dois últimos "ensaios" da Selecção após o regresso do capitão não foram exactamente auspiciosos - dois empates com a Ucrânia e a Sérvia -, mas as provas a eliminar sempre foram o habitat natural de Ronaldo. Claro que para Portugal vencer a Liga das Nações, será preciso mudar algo na Selecção, desde logo na relação da equipa com o capitão.
Para cumprir todo o seu potencial, Portugal tem de aprender a jogar com Ronaldo e não exclusivamente para Ronaldo, tornando-se não apenas numa equipa mais imprevisível e por isso mais difícil de anular, mas numa que também impeça que os adversários se sintam à vontade para mobilizar todas as forças no sentido de bloquear apenas um jogador. Quem tem Bernardo Silva, João Félix, Rúben Neves ou Bruno Fernandes não se pode encolher até ficar do tamanho de um só jogador. Mesmo que seja o melhor do mundo, se não em maio, pelo menos em Junho."

Dos campos de futebol para o museu

"Quem costuma visitar o Museu de Serralves já reparou nele, seguramente. Figura afável, de sorriso disponível, dentro da discrição da função. Há quem lhe chame o Obama do museu, pelas parecenças fisionómicas com o ex-presidente norte-americano e, arrisco, pela empatia que gera a quem o procura em busca de informações Manuel Penteado é um assistente de sala prestável e conhecedor.
Para a maioria dos milhares de visitantes que passam pelo museu de arte contemporânea será apenas isso. O simpático «Obama» de Serralves. Estudou para isso depois de uma carreira feita noutra profissão na qual foi artista, idolatrado (e vilipendiado) semana a semana na mais popular das expressões culturais, que é o futebol.
Para quem cresceu na década de 1980, ele era um dos heróis dos sonhos de criança, avançado-centro com o golo por missão. Uma das minhas primeiras memórias futebolísticas de infância teve-o como protagonista, em 1984, num dérbi com o Boavista, crucial para a manutenção do Salgueiros na primeira divisão. Penteado saltou mais alto do que o guarda-redes e marcou de cabeça o golo que salvou a equipa. Naquele domingo, ele foi o herói.
Jogou também no FC Porto de Pedroto e tornou-se ídolo no Leixões, ao longo de uma carreira que terminou muitos anos depois, no anonimato das divisões inferiores. Tentou ainda a sorte como treinador, mas a instabilidade de uma vida de promessas por pagar levou-o a procurar outros ares. A reinventar-se. Fê-lo em Serralves, onde está há 15 anos (tem agora 60) capaz de distribuir conhecimento e simpatia por quem o procura."

Enfim, manutenção garantida!

"Derrota com o Tondela a fechar o ano de 2018. Derrota com o Sp. Braga a abrir 2019. “A caminho da 2ª liga” - diziam alguns madeirenses. “Têm tanta inveja nossa que também querem ser campeões da 2ª liga” – troçavam outros. A esses, recordo e enfatizo: na próxima época o maior das ilhas terá a sua 35º participação consecutiva no principal escalão do campeonato português. Trigésima quinta. Vitória com o Tondela a fechar o mês de Abril.
Vitória com o Sp. Braga a abrir maio. Manutenção garantida, sofrimento terminado! 2018/2019 será uma época para esquecer, mas também para recordar. Terá de ser feito um balanço sério de tudo o que se passou nesta temporada para que não se voltem a repetir os mesmos erros, nomeadamente na sua planificação. Infelizmente será cada vez mais complicado voltar a ter um Marítimo que lute pelo acesso às competições europeias: o dinheiro não abunda no clube insular, ao contrário de outros que têm pessoas prontas a investir no seu crescimento. Daí ser fundamental ter uma preparação criteriosa, cirúrgica e acertada do plantel (e do treinador...), e evitar experiências que possam comprometer uma época tranquila. Nos últimos anos, no mercado de inverno, chegaram jogadores como Correa, Joel, Rene, Getterson e Grolli – todos jogadores com um nível muito aceitável e que acrescentam qualidade. Porque é que em Julho chegam sempre jogadores com qualidade duvidosa?
Apesar de já muito ter sido referido em relação ao Marítimo deste ano, em jeito de balanço final, deixo algumas notas:
Responsáveis pela má época:
- Carlos Pereira: é inevitável associar o Presidente ao descalabro que foi esta temporada. Sendo o responsável máximo por todos os departamentos do clube, há que saber assumir os seus erros: escolha do treinador, escolha do plantel e, não menos importante, distanciamento do clube perante os seus adeptos.
- Cláudio Braga: treinador sem qualquer noção e conhecimento do futebol português, não teve capacidade para gerir o balneário, perdendo por completo a confiança dos jogadores e massa associativa. Saiu tarde.
- Jogadores: o Marítimo até tem jogadores de qualidade mas o ambiente entre jogadores não parece ter sido o melhor. Precisa-se de “limpeza” no balneário.
Responsáveis pela manutenção:
- Petit: apesar de não apresentar um futebol de qualidade, trouxe aquilo que a equipa necessitava: raça, querer e pontos. Soube dar um abanão no plantel ao fazer uma revolução no 11 no jogo contra o Belenenses SAD, fora de casa. Foi a mudança de chip que faltava e, a partir deste jogo, começou a (lenta) recuperação.
- Jogadores (a partir de determinada altura): souberam dar as mãos nas alturas de sufoco e pressão, remando para o mesmo lado. Honraram o emblema do clube e deram satisfações aos seus apoiantes.
- Adeptos: acredito que todos os maritimistas já foram questionados: “Porque é que és do Marítimo?” São épocas como esta que mostram o porquê de sermos diferentes e gostarmos de um clube “deste gabarito”: por mais que perca e por mais que jogue mal, aguardamos ansiosamente que chegue o dia de jogo para vibrarmos e sofrermos com a nossa equipa de coração. O apoio incansável em muito contribuiu para as últimas vitórias e para o regresso do Caldeirão."

Troféu O Jogo/Leilosoc: regresso ao passado num ciclismo de futuro

"As viagens no tempo há muito que são um sonho da Humanidade e tema vastamente explorado na literatura, cinema ou banda desenhada. Para já, pertencem ao domínio dos sonhos, da fantasia, mas quem arrisca dizer que nunca serão possíveis? De uma forma muito particular, iniciativas como o Troféu O Jogo/Leilosoc, sábado e domingo na estrada, também possibilitam tais viagens, em especial para quem, como o autor destas linhas, teve a possibilidade de revisitar protagonistas e momentos de um passado não tão longínquo mas o bastante para se tornar numa - várias - saudosa recordação. O que é igualmente fantástico!
Ouvir ídolos de há 30 anos como Paulo Pinto e Delmino Pereira lembrarem histórias e peripécias vividas no Grande Prémio O Jogo, que entre 1987 e 1993 era uma das maiores e mais importantes corridas do calendário nacional é como entrar numa cápsula espacial e especial, carregar num botão, e regressar ao passado. Mas a um passado com muitas e boas lições para o futuro, inclusivamente de um ciclismo que mudou muito em relação a esses tempos - ao contrário destes protagonistas, os bons valores da actualidade reveem-se nas carreiras internacionais de Rui Costa, Nélson Oliveira, Rúben Guerreiro, Ivo e Rui Oliveira. O sonho deles ganhou asas, crescendo à escala das nossas sociedades. No horizonte já não surge a Volta a Portugal, mas a Volta a Espanha, Itália, França...
A realidade de agora eram as visões de futuro, os sonhos dessa antiga geração, e também por isso este Troféu O Jogo/Leilosoc é especial e emocionante, por trazer de volta essa personagem ímpar enquanto ciclista mas sobretudo como homem que foi José Santiago. Visionário é um adjectivo que lhe assenta bem - como muitos outros - e homenageá-lo pelo que foi e pelo que o ciclismo perdeu quando desapareceu apenas justo. Também ele viajou no tempo, talvez antes dos demais, deixando várias dessas lições que o passado pode ensinar ao ciclismo e que passam por esta ligação aos jornais, umbilical desde a origem de ambos, tal como o indispensável elemento humano, as personagens, as histórias e estórias das corridas, afinal, aquilo que desperta a paixão do público. Para que o ciclismo possa continuar a viajar rumo ao futuro."

Para um desporto que humanamente se cumpra

"O estudo do Desporto só poderá realizar-se, em liberdade intelectual, em espírito crítico e em diálogo plural. De facto, se o Desporto é um dos aspetos da Motricidade Humana, ou seja, do movimento intencional e solidário da transcendência, e a transcendência designa um sujeito movimentando-se para “ser-mais”- para interpretar uma “performance desportiva”, sem excluir o físico há mais do que físico na sua análise. Por muitas razões e mais esta: uma “performance desportiva” é, sobre o mais, um drama, mais qualidade do que quantidade e portanto onde as dimensões sentimental e espiritual e intelectual têm papel relevante. No desporto de alta competição, torna-se de uma evidência meridiana que o espírito é carne e que a carne é espírito. Quando, adjunto do treinador Jorge Jesus, trabalhei, no Sport Lisboa e Benfica, nas nossas habituais conversas, cheguei mesmo a falar-lhe numa “lei da complementaridade” que unisse o animus e anima, a luz e a sombra, a exterioridade e a interioridade, em que o ser humano se revela. Em todo o século XIX e nos inícios do século XX, a Física fundamentava, na pessoa humana, a noção de energia e a de força em aspetos puramente quantitativos – ideia que influenciou decisivamente a educação física, a psicologia e a medicina daqueles anos idos. E com que eu rompi afoitamente, nos primeiros anos da década de 60, após a leitura de M. Merleau-Ponty, de E. Mounier e de P. Teilhard de Chardin. Tenho despertado cóleras e procelas, com algumas das minhas ideias. Mas ideias, ninguém o contestará, vinculadas a um tema: pela transcendência desportiva (e não só desportiva) emerge, como um grito, um anseio inapagável de o Homem desejar ser Deus. A competição, o esforço, a tensão esgotantes, no desporto das elites, assim o manifestam. Leonardo Boff poderá escutar-se, neste passo: “Se Jesus-homem pôde ser a encarnação do Verbo, é porque existia essa possibilidade, dentro da natureza humana. Ora, Jesus é um homem como nós. Logo, a natureza humana, como tal, comporta essa transcendência e racionalidade para com o Absoluto. Ela pode se identificar com Ele e fazer parte da sua história” (Jesus Cristo Libertador, p. 212).
A escolástica medieval não ofuscava a racionalidade, enquanto a ciência moderna foi sobretudo empírica. Aquela cultuava a razão humana, desde que obediente às imposições do dogma; esta, a ciência de Kepler, Galileu e Newton e ainda a do positivismo e a do neopositivismo aceitam os factos brutos, independentemente da sua racionalidade, ou seja, as teorias científicas elaboram-se, justificam-se, com base na observação empírica. Enganou-se a ciência moderna: não há factos puros, não há observações empíricas puras, pois que uma observação, ou uma experiência, são norteadas sempre por uma teoria. A própria “ciência normal”, é Thomas Kuhn a dizê-lo, na sua The Structure of Scientific Revolutions (2ª. ed., The University of Chicago Press, Chicago, 1970): “não passa de uma tentativa de forçar a natureza a encaixar-se, dentro dos limites pré-estabelecidos e relativamente inflexíveis, fornecidos pelo paradigma” (p. 24). A integração, ou a síntese, de vários saberes, na investigação científica, percebe-se perfeitamente na investigação científica, principalmente a daqueles cientistas que foram estrelas em tempo de escuridão. Por isso, ao pretender salientar as características de um Desporto que humanamente se cumpra, julgo dever dar fé às seguintes: primazia do elemento antropológico sobre o desportivo (para mim, a pessoa é fim e o desporto é meio); primazia do projecto (ou até da utopia) sobre o factual, do futuro sobre o passado; primazia da crítica sobre as leis, muitas delas impostas e promulgadas pelos interesses das classes dominantes; primazia do social sobre o individual, dado que o Desporto não se legisla, como se se destinasse a alguns privilegiados, pois que se destina a todos os cidadãos; primazia da ortopraxia sobre a ortodoxia, ou dos prático-teóricos de uma consciente vitalidade, sobre os teóricos tão-só, meros retóricos e pouco mais: estes, tendo ao seu serviço uma vasta burocracia incompetente e rotineira, que trabalha servilmente, sem capacidade criadora, e aqueles, demasiadas vezes, em completa orfandade de meios e de recursos. Afinal, repito o que venho dizendo, há muitos anos: quem não pratica não sabe! Ocorre-me, frequentemente, uma frase do Eça, relatada pelo Jaime Batalha Reis: “Basta de ler e imaginar, precisamos de um banho de vida prática”(in Ana Nascimento Piedade, Em Diálogo com Eduardo Lourenço, Gradiva, Lisboa, 2015, p. 120).
Na primazia do elemento antropológico sobre o desportivo, encontro eu o fundamento do Desporto, como ciência e como valor. De há mais de 50 anos até hoje, sem mandos de ninguém, aceitei a mundividência, com um ou outro retoque, de Teilhard de Chardin (1881-1955), que me parece suficientemente sedutora. Com efeito, na evolução da natureza e do cosmos, um momento há em que o ser humano aparece. E com base em observações empírico-indutivas, anteriores a Teilhard (refiro-me a Charles Darwin: 1809-1882), com ascendência animal. E portanto um produto natural da evolução biológica. A paleontologia descobriu, neste incessante movimento evolutivo de tudo o que existe, que os reinos mineral, vegetal, animal e humano surgiram, uns a seguir aos outros e por esta ordem. E obedecendo à lei de complexidade-consciência, que assim se define: “quanto mais complexo for um organismo, na sua organização interna, tanto mais elevado será o grau de psiquismo que o anima e que parece emanar desta mesma complexidade”. E com a ideia da complexidade, que ninguém ousa contestar, ao “infinitamente grande” e ao “infinitamente pequeno” (os dois infinitos que assustavam Pascal) deverá acrescentar-se o “infinitamente complexo”. Concluindo: gradualmente, é no Homem que a Evolução se torna consciência, se interioriza e… se finaliza, na transcendência em busca do Absoluto. Com Teilhard de Chardin, o Homem não é uma paixão inútil, ao jeito de Sartre, mas a certeza, no coração da História, de que o ser humano é um permanente anseio de Absoluto. Resumindo: o mundo é uma evolução para o Homem e este uma evolução para Deus. É verdade que, na nossa sociedade do espectáculo, imediatista e superficial, procurar a presença de Deus na História parece uma atitude unicamente metafísica ou teológica. Mas o que é a transcendência (assim o penso, com respeito pelos que não aceitam as minhas ideias) senão um esforço para acrescentar algo, qualitativamente novo, ao real? O que é a transcendência senão um esforço para transfigurar o real? O que é a transcendência senão a “prova provada” de que o ser humano é um projecto ilimitado?
Todo o universo caminha para o ser humano e o ser humano caminha para Deus. Os clubes, os campeonatos, as associações, as federações só se justificam se avivados por uma ideia-mestra: o serviço do ser humano e a sua emancipação. Um futebol impregnado de superstições, que ressuscitam regionalismos e clubismos intolerantes, é o resultado do decadentismo das classes dirigentes e de um povo explorado e manipulado. Antes do Desporto, está o Homem; antes do Treino, está o Homem; antes da Competição, está o Homem. Tudo o mais são sedativos, se não é este o fundamento. Dói-me ver tanto treinador desportivo encurralado e aferrolhado num fisiologismo positivista e longe, muito longe do radical fundante de tudo o que faz. Ainda há pouco, depois de assistir pela televisão, ao Barcelona-Liverpool, eu dizia para mim mesmo: diante da magnitude do desempenho do Messi, pois que, sem ele, o Barcelona não venceria este jogo, que os “entendidos” não sobrevalorizem agora as indispensáveis tática ou a preparação física, ou até uma rude cadência de trabalho, pois que foi o génio de um homem-jogador que, acima de tudo, o ganhou. Ele precisou, de facto, da equipa. Só que, sem ele, a eliminatória parecia pender para as cores do Liverpool. Pela primazia do elemento antropológico sobre o desportivo, “há que tentar demolir a sedutora fixação em determinados modelos fisicalistas de cientificidade, entretanto carentes de legitimidade, principalmente após as aturadas críticas da epistemologia pós-bachelardiana. Modelos esses que, além de descabidos, são retrógrados” (Adalberto Dias de Carvalho, Epistemologia das Ciências da Educação, Edições Afrontamento, 1988, p. 17). A “sacralidade desportiva”, decorrente do impacto emocional que o desempenho dos atletas exerce na vida de um povo – pede também outras disciplinas, para além da fisiologia em especial e da biologia em geral (cfr. Alfredo Teixeira, Não Sabemos Já Donde a Luz Mana, Paulinas, Lisboa, pp. 145 ss.).
Adianto nova citação: “A cultura exageradamente competitiva do futebol profissional, a espetacularização excessiva na mídia, disputas desmedidas e os altíssimos valores que giram em torno da modalidade incentivam a filosofia do ganhar a qualquer preço e parece que ajudam as explicar a violência no futebol. Pelo menos, algumas práticas de violência, no universo profissional e de alto rendimento desse esporte (Maurício Murad, para entender A Violência no Futebol, Benvirá, S. Paulo, 2012, p. 106). Por outro lado, uma vida afrontosamente epicurista, quando não provocantemente hedonista, de muitos dos dirigentes desportivos e dos futebolistas mais aplaudidos; o prevalecimento de critérios unicamente económicos ou financeiros, de acordo com as taras do capitalismo dominante (os próprios socialismos que por aí se pavoneiam não passam de capitalismos do Estado); a indisponibilidade para aceitar, no Desporto, uma evidente proliferação de significantes e significados religiosos – tudo isto contribui directamente para o desinteresse na criação de uma ciência hermenêutico-humana, que salvaguarde a multiplicidade e a complexidade do que é essencial, no estudo do ser humano e que, como novo paradigma, lhe dê coesão e uma identidade disciplinar própria. Porque o sentido da vida humana é a transcendência (e o Desporto assim o confirma), a primeira etapa que se impõe, na teorização e na prática desportivas, é a constituição de uma equipa de trabalho interdisciplinar, onde eu integro também a teologia, dado que o afluxo ininterrupto de significantes e de significados religiosos, na prática desportiva, é tão evidente que recusar o contributo da teologia equivale, neste caso, a um enorme dislate. Volto ao teólogo Alfredo Teixeira, também observador sagaz e meticuloso, servido por vasta cultura, do fenómeno desportivo: “A extraordinária diversidade do sagrado impôs uma progressiva dessubstancialização do termo, que passou a necessitar de um modelador: sagrado religioso, sagrado político, sagrado social, etc.” (op. cit., p. 172). Eu teria também em conta o sagrado desportivo… Para um Desporto que humanamente se cumpra, parece-me necessário não afrouxar na investigação de matérias que, de facto, não passam de “ciências auxiliares do Desporto”, como a Política do Desporto, a Sociologia do Desporto, a Psicologia do Desporto, a Filosofia do Desporto, a Epistemologia do Desporto e a Teologia do Desporto. Álvaro Magalhães realça um ponto que me parece de magno interesse: “O homem é o animal que possui menor número de reacções inatas, o seu repertório é quase todo constituído por respostas adquiridas-aprendidas, o que, de resto, explica a longevidade da infância, onde faz a aquisição das bases fundamentais. Daí a necessidade do treino constante do futebolista. Trata-se do apuramento das suas qualidades, por repetição, e resulta na criação de automatismos. Também os animais treinam, nas suas brincadeiras, as corridas, os saltos e os movimentos do ataque ou da defesa, dos quais depende a sua sobrevivência. O instinto, embora seja um fenómeno essencialmente inato, pode ser modificado pela aprendizagem, que desempenha, em geral, um papel de afinação e melhoria do resultado” (História Natural Do Futebol, Assírio &a Alvim, Lisboa, 2004, p. 192). O saber científico dos positivistas e neopositivistas é neutro, objectivo e objectivante, destina-se às Ciências da Natureza, ou melhor: explica as Ciências da Natureza. Só que o Homem, acima de tudo, compreende-se. E, para compreender uma pessoa, importa estabelecer, com ela, uma relação vital solidária. Sem esta relação, quase sempre a objectivamos e manipulamos. A pessoa, após um desbaste intelectual depurador, é sujeito e é mistério. Por isso, “assumindo que, para além da técnica, da táctica, da preparação condicional e do futebol jogado, uma equipa profissional exige estar em permanentes “cuidados intensivos”, relativos à sua inteligência mental (foco e concentração nas tarefas) inteligência emocional (controlo da ansiedade e empatia individual e colectiva) inteligência espiritual (disponibilidade para se superar) e inteligência social (o todo é maior do que a soma das partes” (Jorge Araújo, O Treino Do Treinador, Teamwork Consultores, Porto, 2016, p. 16).
Neste livro, verdadeiramente inovador na bibliografia desportiva, em língua portuguesa, Vítor Serpa, director do jornal A Bola, jornalista brilhante, estudioso, metódico, daqueles que não escreve para agradar, levanta um problema de que poucos treinadores cuidam: a comunicação. Com efeito, é o Vítor Serpa a dizê-lo: é “preciso treinar o que se comunica, como se comunica, quando se comunica e para quem se comunica. Tal como é preciso treinar o comportamento, em função do impacto da comunicação que recebemos do exterior. Eu defendo abertamente que, a partir de um certo nível de exigência e de exposição pública, um treinador deve ter o seu próprio departamento de comunicação, que se pode e deve compatibilizar com o departamento de comunicação do clube, mas não se deve fundir, nem confundir com ele. Digo-o, não por pressentimento de razão, ou mera sensibilidade. Digo-o, por estudo, observação e análise” (op. cit., pp. 21/22). J. Habermas, no ato de comunicar, aponta “quatro exigências de validade universais: a compreensibilidade da expressão, a verdade do enunciado, a veracidade da intenção e a rectidão das normas”. Karl-Otto Apel concorda com as exigências de validade universais, no ato de comunicar, de Habermas, mas avança a necessidade imperiosa de uma atmosfera sócio-política, com estas normas fundamentais: lutar por que não perca as características humanas “a comunidade real de comunicação”; criar “uma comunidade ideal de comunicação”, sem catequeses rígidas, sem amestradas unanimidades, sem ditaduras de qualquer espécie e que assim possa alcançar-se o consenso universal. Ora, o clubismo faccioso, a ignorância dos princípios inalienáveis da ética desportiva, um economicismo sem freios, os açaimes das várias censuras que não findam, mesmo em regimes democráticos – dificultam uma comunidade ideal e real de comunicação. É verdade: o desporto é mais do que desporto. E só o será verdadeiramente, quando souber articular-se com os mais nobilitantes e progressivos ideais da humanidade.
Progressivos? Na realidade, se estamos no movimento intencional da transcendência, temos o rosto, firme, a olhar em frente, a fitar o Futuro, o que não acontece tão-só no espectáculo desportivo. Se o Desporto vê, no ser humano, a prioridade, entre os seus objectivos, o desporto-arte, o desporto-educação, o desporto-saúde, o desporto paralímpico, etc. hão-de situar-se entre os alvos de uma política verdadeiramente nacional. Um alargamento das dimensões sociais e históricas da motricidade humana em geral e do desporto em especial relaciona a prática desportiva com a sociedade toda e não, unicamente, com as situações escolares e com o desporto de alto rendimento. Para que humanamente se cumpra e sem descambar num redutor puerocentrismo, o desporto, ou o jogo desportivo, deverão tornar-se uma “educação permanente”, em diálogo, ou em relação dialéctica, com os projectos educativos para todas as idades. A propósito da ciência da educação, escreve Adalberto Dias de Carvalho: “A ciência da educação não pode apenas ser uma ciência descritiva: será também uma ciência normativa, em que a componente utópica tem um papel central. É que esta ciência lida com um objecto inconcluído, não podendo por isso bastar-lhe o conhecimento de um objecto já construído. Se tal acontecesse, ela estaria somente a contribuir para a reprodução dos modelos educativos existentes, partindo implicitamente do princípio de que eles eram definitivos” (op. cit., p. 93). Também a Ciência da Motricidade Humana, onde se integram, como especialidades, o desporto, o jogo desportivo, a dança, a ergonomia, a reabilitação, não quer situar-se em verdades feitas, cristalizadas e motive e esclareça os estudiosos a que ponham de lado qualquer conhecimento, marcado pela rigidez de muitas certezas. Para a motricidade humana o ser é um “ser em movimento, visando a transcendência” e o real, na sequência de Teilhard de Chardin, “um processo em evolução contínua para o Absoluto, partindo do nada e do caos”. Permitam-me que, neste momento, distinga um filósofo do século XIX: Hegel! Foi da “esquerda hegeliana” que nasceu Marx e os próprios heterodoxos marxistas; encontra-se nele a fonte mais viva do pensamento dialéctico. Tudo está em movimento. E, porque tudo está em movimento, perigam a inércia, o comodismo, a rigidez burocrática. E pode nascer a Esperança!"

Fundos 'grátis'!!!

"Hoje o Polvo das Antas aborda as ligações Torre das Antas - Minas Gerais/ Brasil (não, desta vez não nomearemos Calheiros)
Banco BMG - Banco envolvido no escândalo Mensalão em 2005, e que chegou a patrocinar 40 clubes no futebol brasileiro. Só na principal divisão brasileira chegou a patrocinar, ou teve participação, em jogadores de 12 clubes.
Tal influência permitiu que o Banco participasse directamente em diversas negociações de jogadores com os clubes seus parceiros. Vice-Presidente do Banco desde 1996, e CEO entre 2004 e 2013, e actual membro do Conselho de Administração, Ricardo Guimarães (ex-Presidente do Atlético-MG), criou o fundo BR Soccer em 2009, com registo na Comissão de Valores Mobiliários. Indirectamente passou a ter o controlo sobre o Coimbra Esporte Clube, da terceira divisão de Minas Gerais. O clube é propriedade da empresa Vevent Empreendimentos e Participações, que por sua vez é detida em 99.95% pelo fundo BR Soccer.
Interessante é o facto do fundo ter chegado a ter uma carteira com mais de uma centena de jogadores em 2013. Quanto ao clube, chegou-se ao cúmulo de em 2014 ter um maior valor em atletas do que clubes como Flamengo e Palmeiras. Nem sequer imaginamos a dor e sofrimento dos adeptos do Coimbra Esporte Clube ao constatarem que nenhum desses jogadores jogava no seu clube.
Ou seja, um clube que apenas disputava o Campeonato Mineiro e a Taça Belo Horizonte, em tempo recorde conseguiu o feito de ter mais activo que clubes que disputavam o Brasileirão e competições internacionais. Mais depressa angariaram milhões para adquirirem percentagens de passes de jogadores que uma página web.
No ano seguinte em 2015, a FIFA vetou a participação de terceiros em direitos de jogadores e deixaram de poder adquirir e vender direitos de atletas. De modo a contornar a proibição de partilha de passes de jogadores por terceiros o FC Porto e o Banco BMG, através do Coimbra Esporte Clube, começaram a fazer negociatas de jogadores de futebol.
E quem é o Presidente do Coimbra Esporte Clube?
Marcus Vinicius Fernandes Vieira, que é - por coincidência - sócio da Vevent e foi - também por coincidência - director jurídico do BMG. Como se isso não bastasse este chegou a defender o Banco BMG como advogado em diversas ocasiões.
Como entra o FC Porto no universo BMG?
O ponto de partida foi o Museu do clube, onde acabou por encaixar €8M através de um contrato de publicidade e naming, o que levaria Ricardo Guimarães a receber um valioso Dragão de Ouro em 2013, na categoria de Parceiro do Ano. Recordamos que Pinto da Costa e Ricardo Guimarães chegaram a inaugurar o museu com pompa e circunstância, no entanto sempre ficou a questão no ar, qual a razão pela qual o Banco de Minas Gerais decidiu investir tanto dinheiro no Clube se não tem qualquer actividade comercial em Portugal?
Vejamos o caso do jogador Otávio. Sabemos que o BMG adquiriu 50% do seu passe por cerca de 1.35M, além de 15% a um fundo japonês, perfazendo os 65% que o Coimbra Esporte Clube detinha do jogador. Em 2014 o FC Porto comprou 33% do seu passe, por 2,5M€. Mais tarde, e sem explicação a ninguém, a SAD cedeu 0.5% do seu passe. Não sabemos é a quem, nem por quanto. 
Sabemos é que a transferência de Otávio teve o cunho de Adelino Caldeira e Reinaldo Teles como comprova o seu contrato. Importa ainda dizer que um dos representantes do BMG, no futebol, é o empresário Giuliano Bertolucci, que colocou no FC Porto jogadores como Éder Militão, Alex Telles, Felipe, Otávio, entre outros.
Isto tudo leva a concluir que a prospecção do Porto no mercado brasileiro é feita em conluio com o BMG/Giuliano Bertolucci. Segue-se um exercício muito simples.
Desde que existe o Porto B, até ao final de 2018, já foram contratados pelo menos 23 jogadores a clubes brasileiros. E desses 23 jogadores, quantos chegaram à equipa principal ? 1, tão e somente 1. Que jogador? O nosso caro e muito prezado Otávio, que entretanto já custou €7.5M por 68% do passe. Quase o mesmo que o patrocínio do BMG no Porto. Confuso, não acham? O BMG paga um patrocínio ao FC Porto, e este compra jogadores do catálogo do Banco, qual máquina de lavar? 
Façamos uma conta muito simples. Quantos desses jogadores chegaram à equipa principal ? A resposta é desoladora, pois a percentagem de sucesso do Porto B em brasileiros foi de 4,34%.
Para que não restem dúvidas:
2012-13: Diogo Mateus, Víctor Luís, Anderson Santos, Guilherme Lopes, Sebá (via Cruzeiro), Dellatorre (via Desportivo Brasil/Traffic);
2014-15: Diego Carlos (via Desportivo Brasil fundado pela Traffic), Otávio, Roniel (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Anderson Dim; 2015-16: Rodrigo Soares (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport) e, Maurício (via Portimonense/Teodoro), Wellington Nascimento (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Ronan, Enrick Santos, Gleison (via Portimonense/Teodoro);
2016-17: Inácio (via Portimonense/Teodoro), Galeno (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport);
2017-18: Luizão, Danúbio (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Anderson Canhoto; 
2018-19: Diego Landis (via Desportivo Brasil fundado pela Traffic), Emerson Souza e Ewerton Pereira (via Portimonense/Teodoro)
Que é feito destes jogadores?
- Guilherme Lopes por exemplo jogou 1 minutinho na Segunda Liga e acabou a carreira aos 24 anos
- Enrick Santos, infelizmente, ainda teve menos sucesso terminando a carreira prematuramente aos 20 anos de idade.
- Anderson Canhoto teve mais sorte e quando voltou ao Brasil foi jogar na quarta divisão. - Anderson Dim seguiu viagem para Freamunde e depois para o Coimbra MG. Já mudou de profissão.
- Ronan depois de 2 grandes jogos pelo Porto B, passou pelo Tombense, Nova Iguaçu, Santa Cruz e Natal e Cabrofiense. Não participou sequer em 10 jogos nestes grandes clubes.
- Danúbio pertence atualmente ao Uberaba, tendo antes estado emprestado ao Estoril pelo Grémio Anápolis.
- Ewerton Pereira que chegou em 1 de Julho 2018 voltou para o Portimonense em 24 Julho 2018 por empréstimo e em Janeiro terminou o empréstimo, tendo ido para o Japão em 12 Janeiro 2019. 
Concluindo, há miúdos que vêm passar uma temporada de férias a Portugal, com tudo pago, e depois voltam para o Brasil para se dedicarem à pesca. O Polvo das Antas pergunta:
- Porque é que não se fala da fraca aposta do Porto em jogadores jovens portugueses da sua formação?
- Haverá algum Banco no Mundo que patrocine clubes de futebol em países onde não exerça actividade, e negoceie passes de jogadores em grande número, à excepção do BMG? Quais as contrapartidas, sabendo que não há almoços grátis?
- É normal um Banco ter um acordo com um clube onde diz, e citamos, "toda e qualquer negociação envolvendo possíveis reforços para os portugueses no Brasil tem de passar pelo BMG"?
- Podemos colocar o BMG ao lado da Gestifute e Doyen, por exemplo?
Estas são perguntas às quais gostaríamos de ter respostas,e para quem tanto pugna pela verdade desportiva, certamente que não haverá problema em esclarecer estas situações. Não é necessário responder já, nós continuaremos aqui e não temos pressa.
Como não podia deixar de ser, brevemente teremos novidades."

Vitória... com alguma surpresa!

Benfica 25 - 24 Sporting
(12-13)

Não fizemos um jogo espectacular, mas foi o suficiente para ganhar aos Milionários... isto sem o Cavalcanti e sem o Seabra que não sai do banco!!!
Matematicamente estamos na luta, mas o principal beneficiado deste resultado são os Corruptos lá de cima!!!

Vitória em Ponte de Sor...

Eléctrico 4 - 6 Benfica

Como eu esperava, jogo muito complicado, o Eléctrico tem feito a vida difícil ao Sporting e ao Benfica, principalmente nos jogos em Ponte de Sor...
Agora na Luz, é preciso concentração e resolver o assunto à primeira!

Vitória no antro...

Corruptos 73 - 76 Benfica
18-20, 15-13, 19-18, 21-25

Foi um jogo a 'feijões', já nada alterava a classificação, mas mesmo assim sabe sempre bem ganhar... 
Deu também para 'testar' alguns esquemas, para a mais que provável Meia-final...
Preocupante, os 0 pontos do Suarez, contra este tipo de adversários...!!!

Empate injusto...

Benfica B 1 - 1 Corruptos B


Bom jogo, onde fomos sempre mais perigosos, mas o desperdício foi-nos fatal...
Isto, com uma defesa 'retalhada'... e com a lesão do Conti, tivemos que fazer adaptações... com o Nóbrega a fazer a estreia na B, com uma excelente exibição!

Juniores - 10.ª jornada - Fase Final

Gil Vicente 0 - 2 Benfica


Não foi fácil, os golos só apareceram na segunda parte, e a 15 minutos do fim o Ronaldo foi expulso...!!!

Com os dois pontos perdidos no Seixal com os Leixões, temos que ir vencer ao antro dos Corruptos...

Duas finais

"Sentiu-se ansiedade, talvez pela combinação entre juventude e responsabilidade que enche o rico e unido plantel do Benfica

1. Esta Liga vai ser disputada até ao último minuto. Não há nem vencedores antecipados nem há, com a excepção do Feirense, inequívocos despromovidos. Como se percebeu ontem num Estádio da Luz com lotação plena - e que tremeu no momento do golo do Portimonense mas que soube reagir de imediato com um fervor que nunca quebra - e que evidenciou que o Benfica, este Benfica, sabe sofrer e que, também graças à inspiração dos seus valores individuais - com destaque para Rafa - sabe saborear vitórias difíceis. Sim, ontem o Benfica ganhou pelo talento das suas individualidades e pelo cimento, que se sente forte e sólido, do colectivo. Ontem foi o André Almeida, as suas assistências e também as suas lágrimas. Ontem foi Bruno Lage, a sua serenidade, e também a entrada de Fejsa como sinal claro que faz parte da equipa e é querido por todos. Ontem foi a alegria, saltitante e bem contagiante, de Jonas logo que marcou o quinto golo do Benfica. Ou seja, logo que voltou aos golos. Ontem, foi ainda o regresso aos golos do Seferovic o que confirma o seu faro de golo e o seu instinto de matador. Mas ontem, sejamos sinceros, também se sentiu ansiedade em alguns momentos do jogo, talvez em resultado dessa combinação complexa entre juventude e responsabilidade que enche o rico e unido plantel do Benfica. E ontem também foi a confirmação que o Portimonense tem grandes valores - sem esquecermos o ausente Jackson Martínez - e que Artur Soares Dias é um árbitro reconhecido e competente e que vai representar, e decerto bem, a arbitragem portuguesa no Mundial sub-20 que, com a participação da nossa Selecção, se vai disputar proximamente na Polónia. E ontem foi igualmente para grande alegria nossa a primeira vez que o Jorge Frederico, levado pelo Zé da Pedra Dura - que massinhas serves, meu! - foi, aos 35 anos, pela primeira vez ao Estádio e vibrou, e muito, com o seu Benfica. Ele que, na sua específica e singular essência de vida, é de uma simplicidade tocante e de uma simpatia que emociona. No final do jogo sorria e repetia o resultado. Tinha concretizado um sonho, envergando a camisola do seu Benfica! Tinha cumprimentado o homem da águia e tinha visto o seu voo. E nós percebemos que a alegria do Jorge era a alegria do Jonas, a emoção do Jorge era a emoção do André Almeida, que a crença do Jorge era crença do Rafa, que  sorriso do Jorge era o sorriso do João Félix, que a fé do Jorge era, também, entre todos, a fé do Florentino, do Pizzi e do Samaris. E esta comunhão, feita de encontros inesperados, percorre as bancadas e chega, em sons fortes e imagens únicas, aos milhões de benfiquistas que acreditam, hoje mais do que ontem, que a reconquista é possível. E que restam duas finais. Restam, no total, cerca de centro e noventa minutos. Mas sabendo, até pela experiência de ontem, que não há vitórias antecipadas. Há, sim, e no final, conquistas que se merecem. E no próximo domingo será uma outra final em Vila do Conde frente a um Rio Ave em grande momento de forma! Com a alegria do Jorge Frederico Coco!

2. O futebol e o homem português são referência neste fim de semana na Inglaterra. Hoje em Reading, em homenagem ao treinador José Gomes, os adeptos do clube que «salvou da descida de divisão» vão levar uma camisola da selecção portuguesa vestida. É um bonito sinal de agradecimento. O treinador José Gomes chegou ao Reading a meio de Dezembro passado, e o clube, que estava quase que condenado à descida de divisão, mantém-se na segunda liga britânica, uma das mais competitivas do mundo do futebol. Bonito gesto das gentes de Reading! Como foi bonita a homenagem que a Universidade de Wolverhampton conferiu a Nuno Espírito Santo. Concedeu-lhe, em razão dos êxitos desportivos alcançados - reforçados com os três pontos de ontem - o título honorário de Doutor em desporto. Percebemos bem que a Academia se casa com a cidade e com os símbolos da cidade. Um deles é o clube que chegou há um ano, com a liderança de Nuno Espírito Santo à principal liga inglesa - e a mais vista do planeta! - e que este ano conseguiu a melhor classificação de sempre. A Universidade faz o reconhecimento que, jogo a jogo, os adeptos sublinham e aplaudem. E este duplo reconhecimento em Inglaterra tem de ser motivo de orgulho para todos nós. É um pouco de nós que é reconhecido. E o futebol é, mesmo, nos seus fantásticos exemplos - onde está, esta semana, também o Pedro Emanuel com a conquista da Taça do Rei na Arábia Saudita - um dos grandes embaixadores de Portugal.

3. Uma nota final para Iker Casillas. O mundo do futebol mostrou que sabe distinguir os jogos nos relvados - e até alguns fora deles - com o jogo da vida. Sabemos todos que cada um de nós é um ser que se não repete. Sabemos admirar o imenso guarda-redes que, há quatro anos, enche a baliza do Futebol Clube do Porto. E sabemos bem que a sua presença entre nós - em particular na cidade do porto - ajuda a promover mais um destino de eleição. O Presidente Rui Moreira sabe-o bem. Mas nós, simples mortais, recorremos ao nosso extraordinário Padre António Vieira e dizemos: «Todos imos embarcados na mesma nau, que é a vida, e todos navegamos com o mesmo vento, que é o tempo». E esta vitória imensa de Casillas neste jogo da vida é um verdadeiro momento de uma comum e fraterna alegria.

4. Com a subida do Famalicão - que se saúda na pessoa do Miguel Ribeiro! - o Minho terá cinco representantes na próxima edição da Liga NOS. Do Mondego para baixo a redução de presenças desce época a época. Talvez seja hora de meditar acerca desta realidade real! E, também, da litoralização do nosso futebol de topo! E estas reflexões são bem urgentes e exigem conhecimento e vontade, convicção e comunhão, partilha e solidariedade. Sim, solidariedade. Que cada vez se sente menos e que escassamente se partilha!"

Fernando Seara, in A Bola