quarta-feira, 1 de maio de 2019

Papel higénico

"1. O desarranjo intestinal do auxiliar Jorge Cruz no Chaves-Nacional é a metáfora daquilo que foi a arbitragem este ano. Não há papel higiénico que chegue.
2. Disse a tenista Naomi Osaka quando despediu o treinador. «O meu sucesso não pode ser mais importante do que a minha felicidade.» O Sporting, sem BdC, pode ter as duas coisas, como se viu na grande vitória europeia no futsal.
3. Andam os maiores clubes da Europa desejosos de ver Bruno Fernandes em cuecas, nos testes médicos, e no Estoril Open é barrado por estar de calções. Dress code ridículo.
4. A propósito da brilhante vitória do FC Porto na UEFA Youth League, ou o clube muda a sua política desportiva ou as glórias sub-19 de hoje serão, em breve, antigas glórias da formação portista. 
5. Bruno Lage foi multado em €5 mil por atraso (8 minutos) na flash, em Braga. Prejuízo ia sendo bem maior, face ao atraso de 45 minutos do Benfica no jogo.
6. Abel Ferreira fez um grande trabalho ao enfrentar paquetes com um barco à vela (mesmo que topo de gama). Só António Salvador consegue ver o naufrágio do Titanic na época da equipa. Ambição, sim, mas com realismo.
7. Pior do que empatar o jogo com o Rio Ave foi ver a equipa do FC Porto a ter de assistir ao striptease do líder dos Super Dragões. Lamentável.
8. O FC Porto, que já foi campeão com o remate de uma vida (Kelvin), sofreu agora na pele o chouriço de uma vida (Ronan). Às vezes não adianta procurar explicações, o futebol é anjo e diabo.
9. Veja-se o caso inglês: o Liverpool, que já perdeu um título por escorregadela de Gerrard, em 2014, pode ter visto agora a Premier League escapar pelos 2,93 centímetros que ditaram o golo e a vitória do Man. City sobre o Burnley.
10. Por cá nada é futebol, tudo é conspiração, e segue a guerra do costume entre Benfica e FC Porto (vão rodando o papel de vítima). Quanto aos pedidos de reunião ao CA da FPF, tenho apenas uma questão: alguém me arranja papel higiénico? Folha dupla e reciclada, sff."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Juniores - 9.ª jornada - Fase Final

Benfica 0 - 0 Leixões


Dois pontos perdidos de forma inacreditável... Jogámos mais de 20 minutos em superioridade numérica... Agora, estamos mesmo obrigados a vencer no antro Corrupto de Gaia!!!

Derrota...

Benfica 23 - 28 Corruptos
(11-13)

A diferença já era significativa, sem o Cavalcanti ainda fica mais vincada, e quando ainda se falham 7 metros, como o Benfica falha, fica impossível...

Derrota...

Sporting 4 - 2 Benfica


Derrota esperada, entre equipas em fases de maturação muito diferentes... O Benfica com praticamente uma equipa de Juniores de primeiro ano, e a Lagartada, com muitos jogadores com vários anos de sénior...

Além da troca de treinador, esta equipa sofreu muitas alterações durante a época, com vários jogadores a 'subirem' à B, ou a 'baixarem' aos Juniores...!!! Na 2.ª fase, acabámos por jogar quase sempre com uma base de Juniores de 1.º ano, que sem esta equipa, estariam a treinar sem jogar (nos Juniores). Portanto, independentemente dos resultados, existe uma clara utilidade na existência deste patamar... mas sempre como 3.ª prioridade (até porque os Juniores dão acesso à UEFA Youth League).
Mas a época ainda não terminou, ainda vamos ter uma Taça Revelação... seria interessante, agora que a equipa B tem a situação 'resolvida' apostar nesta competição...!!!

Rápidas melhoras para Casillas

"O Sport Lisboa e Benfica manifesta o desejo de rápidas melhoras para Iker Casillas neste momento difícil que está a passar, expressando o sentimento de solidariedade para que este atleta de eleição supere esta fase. Força, Casillas!"

Estão a matar a bola

"Cada vez é mais difícil retirar prazer do jogo. Se este caminho destrutivo prosseguir, o futebol português, por natureza periférico, acabará reduzido (se já não o estiver) à insignificância total. 

Nunca concordei numa vírgula que fosse com opiniões que nos tentam convencer que o futebol é assunto para pessoas com falta de cultura, de pensamento estruturado, no fundo com falta de actividade intelectual tida como séria e exigente. Por isso, parece-me que a imagem que todos temos no nosso imaginário do labrego a ingerir litros de cerveja e a arrotar impropérios sobre o jogador A, o treinador B e o árbitro X, sobre o fora-de-jogo e o pontapé de grande penalidade, apenas vale como caricatura. E como caricatura cumpre a sua função, é engraçada e proporciona boas gargalhadas. Mas como às vezes se diz, toda e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Pronto, talvez não seja pura coincidência, mas seguramente não cobre toda a realidade.
Contudo, o espectáculo degradante e deprimente a que temos assistido nas últimas temporadas levou a uma espécie de conversão forçada da caricatura em algo com contornos cada vez menos distinguíveis da realidade, tornando cada vez mais difícil não ver como sensatas e razoáveis certas críticas que são feitas ao mundo da bola. Veja-se o caso dos famigerados (mas expressivos nas audiências) programas de debate (?) sobre futebol, verdadeiros atentados à decência e ao respeito, onde prevalece o insulto mais reles, o berro mais audível, a mediocridade mais ostensiva. É claro que se não houvesse uma predisposição doentia da comunicação social para estas insuportáveis “peixeiradas” tudo poderia ser mitigado. Mas isso não interessa porque não alimenta o apetite insaciável pela polémica mesquinha, pelo pequeno bate-boca.
E para que não restem dúvidas sobre a qualidade das actuações dos intervenientes nessas arenas de combate, deve o caro leitor lembrar-se de um assunto que mereceu horas e horas do habitual pseudo-debate, milhares e milhares de visualizações do mesmo vídeo insuportável, onde se procurava destrinçar se o que saía da boca de um indivíduo era cuspo ou apenas fumo (o incidente entre o anterior presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, e o presidente do Arouca, Carlos Pinho).
Mas como nem tudo é tão mau assim, manda a honestidade intelectual que não se coloquem bons programas onde de facto se debate alguma coisa no mesmo saco dos outros que, infelizmente, compõem a esmagadora maioria: o Aposta Tripla da SportTv+, o Grande Área e a Grandiosa Enciclopédia do Ludopédio, ambos da RTP, e o Mais Futebol, da TVI24, figuram, numa mera opinião pessoal, entre as honrosas excepções.
Outra aberração, não menos insuportável, que a omnipresença do futebol no espaço mediático provoca, são os “tudólogos”. Para os mais desatentos que ainda desconheçam a espécie, fica a definição do dicionário da Priberam: “pessoa que comenta ou dá opiniões sobre qualquer assunto como se fosse um perito ou especialista de cada um desses assuntos”. É que por estes dias qualquer comentador que se preze não pode deixar de dar umas lições ao povo sobre finanças e tesouraria, os meandros da justiça desportiva, sobre a táctica e as triangulações, sobre o tudo e o nada, sobre o vazio e a verborreia utilizada para preencher esse vazio.
Podemos então chegar à conclusão que os referidos programas e os seus intervenientes são o principal problema, a principal fonte de toxicidade que contamina toda a discussão sobre a bola? Seguramente que não. O topo da pirâmide é ocupado pelos próprios clubes. O surgimento dos inenarráveis directores de comunicação (cujos escritos tantas vezes servem de assunto nos referidos programas), sempre prontos a destilar ódio e a destratar quem ouse questionar a doutrina oficial de cada clube, não resultou de outra coisa que não de uma opção clara e deliberada pela confusão, pela contra-informação e pelo caos comunicacional. São opções desta natureza que não podem deixar de suscitar uma certa perplexidade quando se fala em democracia no seio dos clubes. É que, até há relativamente pouco tempo, os três principais clubes do nosso futebol viviam num autêntico culto ao chefe (leia-se, presidente). Dois deles continuam alegremente nesse caminho e o outro só não continua porque, entretanto, implodiu. Quem não se lembra de ouvir relatos, nomeadamente de sócios participantes em assembleias gerais, que denunciavam o clima intimidatório e coactivo vivido naquelas reuniões?
O quadro actual do dirigismo no futebol português não tem nada de novo para oferecer seja nas ideias, seja nas práticas, seja na comunicação (irremediavelmente virada para o tenebroso inimigo externo). Os vícios de um sistema pouco transparente jamais poderão desaparecer, se as figuras permanecerem as mesmas. Sobre a sensação de poder absoluto que, inevitavelmente, se apodera de quem lidera os clubes durante décadas a fio ou tem esse objectivo, Miguel Poiares Maduro, antigo ministro e ex-membro do Comité de Governação da FIFA, defendia a limitação de mandatos. Não podia estar mais de acordo.
Serve tudo isto para dizer que está cada vez mais difícil retirar prazer do jogo, por tudo aquilo que nada tem a ver com a sua essência e o condiciona. Se este caminho destrutivo prosseguir, o futebol português, por natureza periférico, acabará reduzido (se já não o estiver) à insignificância total. Algo pouco ou nada compaginável com quem tem tanta sede de protagonismo."

O Ajax de sempre

"Mais cedo ou mais tarde, vai chegar o momento em que dizemos: “É agora ou nunca.” É aquele momento em que todos os astros devem alinhar-se, em que o trabalho de uma época (ou de uma geração) vai a exame. O momento findo o qual já nada será como dantes. É como se estivéssemos na trajectória de subida de uma montanha-russa mas já a avistar a curva descendente que se aproxima. Com as ressalvas devidas, este é o sentimento que atravessa actualmente o Ajax, um clube que regressa às origens sempre que um ciclo chega ao fim.
É notável e ao mesmo tempo entusiasmante perceber como uma convicção, mesmo que retocada pela velocidade do avanço da indústria, consegue resistir ao passar dos anos, à vertiginosa evolução do futebol e à ditadura dos milhões. É um ideário enquadrado pela necessidade, é certo, mas não deixa de ser uma escolha. A maioria da concorrência seguiu caminhos diversos. O Ajax agarrou-se à sua matriz.
Numa leitura mais superficial, o que faz do Ajax versão 2018-19 um extraterrestre num futebol de terráqueos é o facto de a desigualdade orçamental de que sofre - quando comparado com as potências europeias - não ter minado a sua capacidade de ir ultrapassando rivais na mais exigente prova de clubes do planeta. Mesmo partindo da cauda da grelha para uma corrida feita (pelo menos) a duas velocidades. Mas o que verdadeiramente encanta nesta fornada de talento é percebermos que a escola continua de portas abertas.
O sucesso deste projecto, independentemente de como terminar a eliminatória com o Tottenham, é a perpetuação de um legado. Hoje brilham Mathijs de Ligt, Frenkie de Jong ou Donny van de Beek no palco onde outrora encantaram Johan Neeskens e Johan Cruyff, Van Basten e Rijkaard, Davids e Kluivert, Seedorf e Van der Sar. O lema formar para ganhar é bem mais do que letra morta em Amesterdão, mesmo quando os troféus demoram a chegar.
Praticar um futebol-champanhe, que, mais do que atrair, seja capaz de convencer os adeptos é uma forma de estar no histórico emblema holandês. E fazê-lo com os jovens criados na casa-mãe é já uma imagem de marca. Essa filosofia, que permite apenas retoques pontuais no plantel (Dusan Tadic e Daley Blind são os casos mais óbvios na presente temporada), não lhe terá custado o afastamento dos grandes palcos europeus nos últimos anos? Muito provavelmente contribuiu para isso, sim. Mas num clube com dirigentes/gestores financeiramente conscientes e num país cujo mercado nunca conseguirá competir, em termos de receitas, com os Big 5, continuar a investir na formação é apenas um sinal de clarividência. Até porque ninguém aguenta anos a fio apoiado apenas em bicos de pés. 
Uma geração como a actual, em que o talento e a maturidade competitiva se cruzam em doses generosas (mesmo tratando-se da equipa com média etária mais baixa da Champions), é uma raridade. Por norma, a academia do Ajax aponta para um ou dois jogadores da formação na equipa principal, todos os anos. A actual constelação vai muito além disso.
Essa qualidade intrínseca e o potencial de rendimento (desportivo e financeiro) que decorre do estado inicial das carreiras fazem destes jovens pérolas difíceis de reter depois de terem reluzido numa montra que todos os anos alimenta os sonhos da elite do futebol - o defesa/médio De Jong, de resto, já foi contratado pelo Barcelona, a troco de 75 milhões de euros.
É por isso que este final de época é seminal para o Ajax. Porque não ficará pedra sobre pedra depois de os miúdos de Erik ten Hag terem puxado o tapete a colossos como o Real Madrid e a Juventus. O clube sabe-o bem, porque o tem sentido na pele inúmeras vezes ao longo da história, e não só encara a realidade como um meio para o equilíbrio financeiro (que lhe permite manter ou aumentar o investimento na academia), mas também como uma janela de oportunidade para a fornada de talento que vem a seguir. Um ciclo virtuoso, mais do que vicioso. Uma forma de estar na vida.
Não há certezas no futebol e não é de descartar que, depois de 2018-19, se inicie outra travessia no deserto europeu para um Ajax que será sempre um anacronismo num universo movido a injecções financeiras. A lei Bosman pode ter concorrido para afastar o clube do ombro a ombro com os recorrentes reis da Europa, mas não lhe apagou o guião desenhado em meados do século passado. 
Quando hoje vemos a tomada de decisão de De Ligt ou De Jong na primeira fase de construção e no corredor central, muitas vezes pressionados após a pronta recuperação da bola, concluímos que o ideário de Cruyff está vivo. E esse é o maior elogio que se pode fazer ao Ajax do século XXI, que se esforça, em boa medida, por ser o Ajax de sempre."

Castigo provocador: SL Benfica recorre para o TAD

"Confrontados com o castigo inqualificável aplicado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a Luís Filipe Vieira, o Sport Lisboa e Benfica informa:
1. Irá de imediato recorrer desta decisão para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) por considerar totalmente injustificável este castigo, que, recorde-se, surge na sequência de declarações proferidas após o jogo da meia-final da Taça da Liga entre o SL Benfica e o FC Porto e tendo em conta uma arbitragem com erros reconhecidos pelo próprio Conselho de Arbitragem, que levou ao próprio pedido de paragem de actividade por parte do árbitro e VAR daquela partida, perante tamanho escândalo que ocorreu.
2. Denunciamos a óbvia dualidade de critérios desta decisão comparativamente a outros processos, nomeadamente no que se refere a dois recentes processos em que estiveram em causa declarações do Director de Comunicação do FCP, que, face a idênticas exposições nos termos legais, foi objecto de diferente apreciação por parte dos relatores daquele órgão.
3. Também denunciamos a permanente omissão de posições do Conselho de Disciplina da FPF face às constantes declarações de responsáveis do FCP como no recente exemplo do Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do clube, que considerou que tinha chegado o momento "para se fazer justiça pelas próprias mãos". Reiterando uma postura daquele órgão de fingir que não ouve, lê ou sabe o que é dito nas mais diversas plataformas por responsáveis do nosso clube rival, ao contrário da perseguição oficiosa e constante de toda e qualquer pessoa ligada ao Sport Lisboa e Benfica.
4. Esta decisão, nesta altura, fase decisiva das competições, tem claramente um carácter provocador e perturbador, por parte de um órgão (Conselho de Disciplina) pertencente à Federação Portuguesa de Futebol, completamente desnecessário e ao qual saberemos responder com a serenidade exigível, deixando a garantia a todos os milhões de Sócios, adeptos e simpatizantes do Sport Lisboa e Benfica que nada nem ninguém nos fará desviar do nosso foco, que é a luta pela conquista do Campeonato.
5. O total descontrolo com que o Conselho de Disciplina tem sido dirigido, com peças processuais que recorrem a argumentos absurdos, erróneos e sem qualquer tipo de sustentação, mas, mais grave, com permanente dualidade de critérios, e em que idênticas situações têm decisões contrárias, é o mais nefasto dos contributos para uma entidade que devia pautar a sua conduta pelo mais escrupuloso rigor e não pela ânsia permanente de ter um protagonismo de todo desajustado.
6. Por último, o Sport Lisboa e Benfica remete para posterior reunião dos seus órgãos sociais a eventual tomada de outras posições que se considerem adequadas."

A Guerra dos Tronos

"Infelizmente não conheço nenhum adepto fanático de um clube pequeno. Adorava perguntar-lhe o que o faz ir aos jogos, o que o faz sofrer por uma equipa de jogadores limitados, que vai jogar mal, perder na maioria das vezes e dificilmente alguma vez ganhar um título. É a expressão máxima do amor a um clube na realidade. Saber que vão sempre dar mais ao clube que ele vai dar a si. Mesmo assim, acho fascinante. Tornar-se-á algo platónico e vale pelo convívio, pelas amizades que a envolvência ao clube cria, ou as expectativas são reajustadas: 3 pontos são uma espécie de conquista da Taça da Liga e a fuga à despromoção o equivalente a ganhar o campeonato?
Eu sou adepto de um clube grande. Que regra geral terá bons jogadores, que farão boas jogadas e conquistarão títulos. Recuso-me a aceitar que sou um plástico “glory hunter” porque isto já vem desde criança, altura em que corria era atrás do pião e não de qualquer glória futebolística. Na minha adolescência e juventude nunca vi o Benfica a ser campeão e isso não me fez ceder. Sei que se o sonho mais desejado de portistas e sportinguistas alguma vez acontecesse e o Benfica fosse parar à 2ª divisão ou aos distritais, eu continuaria a apoiar o clube. Mas lá está, aceitando os passos atrás, mas querendo os passos à frente até ao 1º lugar. Até ao Trono.
É que o futebol também é uma espécie de Game of Thrones. No caso do Reino Português há historicamente três Casas pretendentes ao Trono: Benfica, FC Porto e Sporting. Já muitas batalhas travaram entre si e vão-se revezando nas conquistas. Todos os anos preparam o assalto ao Castelo e só um acaba por vencer. O que conquista celebra durante dias, sabendo que ficarão as memórias e as escrituras gravadas a bordões de ouro em livros que serão lidos por gerações futuras. Poemas, canções e lendas nascerão dessa conquista. Mas no ano seguinte já nova guerra despontou no Reino e de pouco vale qual o Rei que se sentou no Trono, se no ano corrente a cor da bandeira no ponto mais alto do castelo for outra.
A vida é o momento. O futebol também. Por isso todos os anos queremos ser campeões. Mas existe um “holy grail” ainda maior que o ser campeão. É a derradeira princesa após derrotar todos os dragões que aparecem pela frente. E esse “holy grail” chama-se…hegemonia. É essa a palavra que eu mais desejo associada ao Benfica. Não é Glorioso, nem Campeão. É Hegemónico. Porque isso vai além do passado recente, do presente e do futuro próximo. Quando um clube tem uma hegemonia significa que está num longo ciclo de conquistas que as outras Casas não conseguem parar. Num ano até podem recuperar alguma fronteira, mas sabem que no ano seguinte provavelmente a voltarão a perder. Porque o Rei Hegemónico regenera muito rapidamente e nada perdoa.
Na História do Reino Lusitano é possível identificar três ciclos, embora não muito facilmente delimitados: A Casa Sporting teve um período de conquistas altamente intenso, embora de duração curta para uma hegemonia. Apoiado por cinco valiosos guerreiros que os livros de História consagraram como “os cinco Violinos” venceram uns incríveis 7 Campeonatos em 8 anos entre 1946 e 1954. Mas entretanto surgiu o período áureo da Casa Benfica que impulsionado pelo maior Rei que o Reino de Portugal alguma vez assistiu, de seu nome Eusébio, criou uma longa hegemonia que começou nos anos 60 e só acabou algures entre os anos 80 e os anos 90. Nesse período chegou a vencer 14 campeonatos em 18 anos, entre 1959 e 1977. Só que por entre os escombros e as sombras, a Casa Porto foi crescendo, vencendo, conquistando, até assumir uma nova e esmagadora hegemonia no Reino de Portugal entre finais dos anos 80 e início dos anos 90.
Como as hegemonias são longas e difíceis de detectar no curto prazo, é aqui que os estudiosos colocarão o ponto de interrogação. É que sem nos darmos conta, dado que muitas vezes olhamos mais para a árvore que para a floresta, é possível que estejamos a viver uma nova mudança de Casa Hegemónica. Se…e este é um “Se” do tamanho dos Sete Reinos da série Game of Thrones, o Benfica for campeão este ano, significará que conquistou 5 campeonatos nos últimos 6 anos. Até 6 campeonatos nos últimos 10 anos. Os escribas da Casa Porto farão odes à sua hegemonia e garantirão que nada está a acontecer, imitando o famoso ministro da informação do Iraque, mas algo está a acontecer, sim. Se…e este é um “Se” do tamanho de todos os dragões do Reino colocados em fila indiana, o Benfica concretizar a conquista deste campeonato, estará na verdade mais perto do meu maior sonho de sempre: começar a aproximar as duas palavras que abrem as portas para o paraíso. Benfica Hegemónico.
Nas três batalhas que faltam, só me resta desejar que o príncipe Bruno Lage se chegue à frente, montado no seu cavalo, olhe para trás e, ao ver os seus valiosos e destemidos guerreiros, grite brava e apaixonadamente: “Carrega Benfica!”"

O menino que sabe de mais

"Jorge Valdano conta que Manuel Sanchis, capitão do Real Madrid da famosa Quinta do Buitre, costumava adormecer nas viagens entre os hotéis e os estádios. Certa tarde, depois de cumprido o ritual, acordou sobressaltado e perguntou ao companheiro mais próximo "onde é que vamos jogar hoje?". O trajecto estava prestes a concluir-se e o autocarro encontrava-se próximo do destino. O sono apagara-lhe da memória que o adversário era ‘só’ o Barcelona e aquele ambiente hostil nas imediações de Camp Nou era o prenúncio de um duelo que é o despique entre duas facções extremadas do mesmo país.
Vale este relato para relevar o entendimento que certos jogadores têm do futebol. Essa abstracção também pode afectar Florentino Luís, para quem o jogo está num patamar superior em relação a toda e qualquer importância para lá das quatro linhas: não há duelos grandes ou pequenos, com mais ou menos pressão, seja com o campeão europeu ou com uma equipa amadora. O jogo é sempre o mesmo, o papel não muda e ele cumpre o que lhe está consignado com o escrúpulo de funcionário a quem não é preciso dizer o que deve fazer. É um aluno tão inteligente e com disco rígido tão preenchido que, mesmo sob avaliação, revela o saber de um professor universitário.
Florentino é a essência do jogo porque, no território onde muito se define pelo sentido estratégico, não comete erros; é prodigioso no que concebe e executa; perfeito no modo como se impõe com argumentos tácticos esplendorosos e um entendimento surpreendente da função. Não é normal que um miúdo com tão tenra idade tenha uma leitura tão rápida e correta do que se passa à volta; que chegue constantemente aos factos centésimos de segundo antes de ocorrerem; que seja tão limpo nos desarmes e nas intenções; que ataque quando está a defender e defenda quando está a atacar. É impressionante a facilidade com que intercepta linhas de passe, decifra intenções alheias, antecipa movimentos, rouba a bola e vai à vida dele. É um mestre precoce, mesmo não sendo ainda um projecto concluído, como foi notório no jogo de Braga.
Ninguém acredita que seja ele, um miúdo sem barba na cara e expressão de quem acabou de sair da escola primária, a entender e dominar todos os princípios de uma tarefa com elevada complexidade e que, pela tremenda exigência que encerra, está interdita a menores. Florentino é um fenómeno porque já aprendeu quase tudo sobre o jogo; comanda em silêncio a manobra de uma ampla sequência de combinações e movimentos colectivos; deixa os outros de boca aberta pelas sucessivas aulas de gestão e administração futebolística que lecciona como se fosse a enciclopédia de uma ciência inconsciente também baseada no instinto, que lhe permite zelar por equilíbrio e segurança. Nunca reclama protagonismo, tem apurado sentido de responsabilidade e funciona como operação de somar constante.
Os jovens costumam ser mais vulneráveis aos tremores da competição; não interpretam com total rigor o sentido de representação do símbolo que trazem ao peito, nem se comportam segundo as regras que envolvem o espectáculo. Florentino é um daqueles maravilhosos irresponsáveis que abordam tudo o que está subjacente às grandes batalhas como veterano que não fez outra coisa durante uma longa carreira. É simplesmente escandaloso que, aos 19 anos, revele o conhecimento, a serenidade, a eficácia e a regularidade de quem já descobriu, por ele próprio, todos os segredos do futebol, com especial incidência na sua natureza de desporto colectivo. Pelo caminho vai aperfeiçoando o entendimento do ofício que outros, mais velhos e experientes, jamais dominaram com tanta coerência. O tempo transformá-lo-á num jogador universal, craque planetário que, em breve, será dos melhores e mais completos médios-centro do futebol mundial.

Sérgio Conceição com crédito total
O ambiente aqueceu depois do surpreendente empate com o Rio Ave
Sérgio Conceição sabe tudo quanto precisa sobre o FC Porto, seus fundamentos e orientação como clube; sobre os adeptos, seus princípios emocionais e comportamento. A equipa tropeçou em Vila do Conde, a nação azul e branca agitou-se, protestou com veemência e pôs em causa uma série de coisas. Mas ilibou, do presidente ao simpatizante mais insignificante, o treinador. O crédito é total e intocável. Claro.

Bruno Fernandes é um espectáculo
Os grandes jogadores exercem peso esmagador nos jogos em que participam
Bruno Fernandes é o melhor futebolista da Liga, mesmo agora que lhe tem faltado o fogo-de-artifício dos golos. Vê-lo ao vivo é um espectáculo sublime, porque domina tudo e todos: os companheiros que o seguem, os adversários que o temem e os árbitros, que ele trata como se fossem seus empregados, que não reagem às recriminações mas tendem a mostrar que, decidindo ao contrário, até estão de acordo com ele.

Árbitro que é um caso perdido
Como foi possível Rui Costa não ter visto a falta de Acuña sobre Rochinha?
O VAR, a sua natureza, os seus protocolos e a sua utilidade na defesa da verdade desportiva, tem funcionado como álibi para árbitros que, errando, o aproveitam para sacudir água do capote. No Sporting-V. Guimarães, por exemplo, correu tudo bem. Mas o resultado foi catastrófico. É o que sucede quando uma boa ferramenta presta auxílio a um árbitro leve, presunçoso e incompetente. Rui Costa é um caso perdido."

O jogo do título? - análise ao Sp. Braga-Benfica

"À partida para esta jornada, foi bastantes vezes sugerido que se tratava de uma etapa decisiva para se apurar o campeão. Depois do empate surpreendente do FC Porto na sexta-feira em Vila do Conde, a hipótese parecia reforçada. Se o Benfica passasse em Braga, a margem de segurança permitiria uma caminhada vitoriosa rumo ao 37. Pois nada é mais enganador. A forma como o Benfica deu a iniciativa do jogo ao Sp. Braga na primeira parte - e até a forma como o FC do Porto ofereceu a segunda parte ao Rio Ave - está aí para demonstrar que o jogo do título será sempre o próximo e que não há pontos garantidos antes da disputa dos jogos.
Em Braga, o Benfica ultrapassou o adversário teoricamente mais difícil que tinha pela frente e, com Lage aos comandos, no campeonato, a equipa perdeu apenas dois pontos, - aliás de forma insólita, em casa, com o Belenenses SAD. Mais, convém não esquecer o que se dizia sobre a difícil segunda volta do Benfica, sempre a jogar fora com as equipas que ocupam os primeiros lugares da classificação - com saídas a Guimarães, Alvalade, Dragão, Moreira de Cónegos e Braga. as, como também demonstrou o desafio em Braga, o pior Benfica de Lage é o que joga com os resultados. Numa primeira parte de pressão alta e intensa do adversário, o Benfica (a procurar gerir o resultado?) ficou tolhido de movimentos e o duplo pivô Samaris/Florentino foi incapaz de recuperar a bola e, acima de tudo, garantir saídas de jogo curtas.
Uma vez mais, no que é a demonstração da qualidade do treinador, foi após o intervalo,e quando houve oportunidade de rectificar, que a equipa melhorou substancialmente.. Com as linhas mais subidas, com Pizzi a procurar zonas interiores e Félix com mais bola, o Benfica recuperou a identidade que tem tido nesta segunda metade do campeonato e revelou a sua superioridade.
Será que, após a vitória concludente no Minho, podemos dizer que se tratou do jogo do título? É óbvio que não. No sábado, na Luz, com um Portimonense que nos derrotou na primeira volta, o Benfica tem mais um jogo do título."

Não castigos !!!

"Alex Telles, Pepe, Herrera, Marega, Casillas.. todos com 4 cartões amarelos e alguns desde dia 3 de Fevereiro! A equipa com menos cartões amarelos e sem expulsões na Liga da Vergonha. É um vale tudo sem fim. Esperamos que este assunto seja discutido na reunião de emergência com o Conselho de Arbitragem."

Se fosse eu a mandar, era em todos os jogos!!!

"Chegou a hora de todas as decisões.
Faltam 3 jornadas que vão decidir o Campeão nacional 2018/2019.
Nesta fase crucial e em nome da verdade desportiva, aproveitamos para reforçar e relembrar o pedido de controlo anti-doping para as 3 jornadas finais de Sport Lisboa e Benfica e FC Porto. Para todas as equipas!"

No limite da emoção

"O verdadeiro futebol joga-se dentro das quatro linhas e é mágico, mesmo que muitos andem a tentar-nos convencer do contrário. Sou obrigado a começar da mesma maneira que iniciei o artigo do mês anterior. Porque nunca é demais realçar e, sobretudo, porque entramos na recta final do nosso Campeonato e as emoções atingem o seu expoente máximo. O SL Benfica de Bruno Lage ganhou nove pontos ao FC Porto de Sérgio Conceição e está, por isso, sentado no cadeirão do primeiro lugar. Faltam três jornadas para o final e a polémica adensa-se sobre o nosso futebol. O ódio teima em não deixar a paixão deste desporto respirar. Porém, pode acreditar no que lhe vou dizer: a rivalidade histórica é necessária. E é preciosa. Já imaginou o Campeonato Português sem a presença do seu maior rival? Acha que teria a mesma emoção? Ir à confeitaria no dia a seguir ao jogo transformar-se-ia num processo bem mais simples. Pedia um café, um pastel de nata e virava costas. Talvez já nem houvesse espaço para aquele diálogo que, muitas vezes, dá outro ânimo ao seu dia. “Um homem sábio aprende muito mais com os seus inimigos do que um tolo com os seus amigos”, esta é uma das grandes afirmações de Niki Lauda no filme “Rush: No Limite da Emoção”. E é precisamente isto que os rivais permitem. Para o bem e para o mal. Nas vitórias e nas derrotas. Estar no limite da emoção. E, caso esse limite não seja ultrapassado, o futebol é maravilhoso.
(...)"

O Sporting foi campeão europeu de futsal e (...) não percebe bem que raio é que isso tem a ver com o Benfica, mas parece que tem

"Alguns sportinguistas gostam de dizer que a sua preferência clubística é uma coisa que se ensina às crianças. Dir-nos-ão, com profundo estadismo, que o sportinguismo professa um conjunto de valores essenciais a uma sociedade civilizada, que fará dos petizes, enfim, melhores pessoas. É uma coisa que tem passado de boca em boca e de adepto em adepto até se cristalizar numa soberba intrigante de quem por vezes se comporta como se fosse a única espécie a utilizar talheres à mesa.
Depois, como sempre acontece neste universo de fábulas, vem o embate com a realidade. Olhamos com atenção e pasmamos. Ou então não. Constatamos apenas. No momento de celebrar uma vitória internacional pela qual foram amplamente parabenizados e até recebidos nos Paços do Concelho, os adeptos do Sporting fecham-se no seu pavilhão e cantam a plenos pulmões, alguns até acompanhados pelas suas crianças, que ser do Sporting, esse clube alegadamente distinto, é, e passo a citar, "f***r lampiões".
Milhares de pessoas celebraram o vernáculo. E então? Assim é que é! O idioma, próprio dos eternos rivais do Benfica, inclui um número considerável de portistas (e também já foi usado indevidamente por adeptos do meu clube), mas não pode nem deve ser normalizado ou legitimado.
Eu tenho dois filhos e se me sair uma asneira da boca ao pé deles fico embaraçado. Se isso acontecer a propósito de futebol, a vergonha é ainda maior. Não anseio pelo dia em que tiver de explicar a um filho meu o que leva milhares de adeptos a cantarem isto. Mas, e agora? Os mesmos que pediram para banir adeptos por imitarem o som de um very light no pavilhão da Luz indignam-se?
Zero. Nem um pio.
Claro, esses acérrimos defensores da elevação dirão que nada disto que se passou ontem é parte do problema do futebol português. É só festa rija. Na verdade, dirão, devemos é continuar a basear o argumentário nos múltiplos processos extraídos das capas dos jornais, dos blogues anónimos e a celebrar julgamentos mediáticos como se fossem a nova inquisição. Assim é que é. Até terem de calçar os mesmos sapatos, claro está.
Não é que precisássemos ou desejássemos, mas tudo isto serve, também, para atestar a dimensão do Benfica. Até nas suas mais importantes vitórias os rivais perdem as maneiras e aproveitam para demonstrar a sua verdadeira e inultrapassável obsessão. Que venha maio e nos dê mais uma oportunidade de mostrar como se faz a festa. Não sejamos mais um clube engravatado todo o ano que se assoa à gravata por engano. Quem sabe um dia ganhamos todos maneiras."