segunda-feira, 29 de abril de 2019

A três passos do 37

"O Benfica saiu de Braga com mais três pontos e mais líder. O resultado final dá a entender que foi um jogo tranquilo, mas não foi isso que se passou na Pedreira.
O Braga entrou em campo dominador e para além de não ter deixado o Benfica jogar, chegava com facilidade ao último reduto adversário. Acho mesmo que houve total mérito dos arsenalistas, ou seja, por mais que o Benfica tentasse, foi a estratégia de Abel que se sobrepôs à de Lage. O meio-campo bracarense foi sempre mais capaz, táctica e fisicamente. Samaris e Florentino, dois dos jogadores que mais se têm destacado, não conseguiram travar as investidas de Fransérgio, o jogador que mais impressionou pelos de Braga na primeira parte, a par de Paulinho, que foi uma carraça autêntica junto dos centrais benfiquistas. Foi numa investida fulgurante de Fransérgio, com alguma ingenuidade de Florentino à mistura, que surgiu o primeiro golo e o primeiro penálti. O brasileiro, embalado deste o meio-campo, só foi parado pela incrível precipitação de Rúben Dias. Assim, ao minuto 35, Wilson Eduardo não perdoou e fez o 1-0.
A primeira parte acabou sem que o Benfica tivesse feito um único remate à baliza de Tiago Sá. Pouco se viu Pizzi, Félix e Seferovic. Rafa foi dos poucos que tentou fazer algo de diferente no ataque, mas a concentração defensiva do Braga foi sempre superior. O Benfica teria de fazer muito mais e de ter uma atitude muito diferente na segunda parte. Pois bem, tivemos isso e muito mais.
Os milhares de benfiquistas nas bancadas foram intratáveis no apoio à equipa e não tenho dúvidas de que a entrada dos jogadores no segundo tempo teve muito a ver com a paixão palpável que saía das bancadas. Lage sabe, e tem vindo a mostrá-lo, que a força deste clube passa pela sua massa adepta e de certeza que voltou a passar ir aos jogadores durante o intervalo. A juntar a isso, as correcções tácticas não podiam ter resultado melhor. Aliás, não foi primeira vez que a leitura de jogo do nosso timoneiro foi posta à prova.
A equipa só poderia ter entrado daquela forma: pressionante, assertiva, sabendo ter bola e sabendo fechar as linhas de passe ao Braga. O Benfica mostrou-se primeiro aos 48', num livre de Grimaldo, e depois aos 52', com um remate ao poste de João Félix, na sequência de uma bela jogada de entendimento. Com o passar dos minutos, tornou-se evidente a superioridade do Benfica. Ao contrário do primeiro tempo, Samaris e Florentino acertaram posições e foram dominantes. Pizzi pegou no jogo e Félix e Seferovic esticaram-no, criando espaços no meio. Foi aos 59 minutos que apareceu o empate, marcou Pizzi de penálti, após falta de Esgaio sobre Félix. Igualdade merecida e a busca pela vitória não descansou. Aos 66', mais um penálti e mais um golo para Pizzi, desta feita depois de uma mão de Bruno Viana.
Estava completada a reviravolta, mas o descanso só chegou quando o rei das assistências do campeonato, o nosso comandante Pizzi, bateu um canto perfeito para a entrada fulgurante de Rúben Dias, que de cabeça fez o 1-3 e fez também explodir de alegria e alívio todos os que, de uma forma ou de outra, assistiam ao jogo. Uma das armas de Lage têm sido as bolas paradas e ontem tivemos outro exemplo disso.
Apesar do Braga ainda ter assustado por intermédio de Dyego Sousa, o jogo estava nas mãos certas. Estava nas mãos de uma equipa que tem lutado com todas as forças pelo campeonato e estava nas mãos de todos nós. E o jogo ficou fechado a sete chaves quando Rafa, depois de um falhanço de Seferovic, decidiu fintar a defesa do Braga e fazer o 1-4 com tremenda classe e astúcia.
O Benfica é mais líder. Tem dois pontos de vantagem quando faltam apenas três jogos para o fim. Tem vantagem, sim, mas são três partidas para encarar com determinação e com uma única intenção: Vencer!
Segue-se o Portimonense na Luz. Escusado será dizer que a equipa precisa de um estádio esgotado e vibrante. O apoio nestas últimas etapas terá de ser transcendente, assim como o desejo de vitória."

Benfica dreht wieder erst im zweiten Durchgang auf

"Am 31. Spieltag der Liga NOS stand für Benfica mit der Begegnung beim Tabellenvierten SC Braga ein echter Härtetest auf dem Spielplan. Die mit Spannung erwartete Partie im Städtischen Stadion von Braga bekam am Freitagabend noch zusätzlichen Reiz, nachdem der FC Porto bei Rio Ave einen 2:0-Vorsprung aus der Hand gegeben und in den letzten fünf Minuten noch zwei Treffer kassiert hatte. Durch das überraschende Unentschieden bot sich den Adlern die Chance, ihren Vorsprung auf die Nordportugiesen mit einem Sieg in Braga auf zwei Punkte auszubauen.
Vor 24.000 Zuschauern, von denen es wohl die Hälfte mit dem Rekordmeister hielt, waren die Gastgeber in der ersten Halbzeit klar spielbestimmend. Benfica agierte über weite Strecken ideenlos. Die Quittung für einen bis dahin reichlich uninspirierten Auftritt folgte nach 34 Minuten. Fransérgio umkurvte bei einem Sololauf gleich mehrere interessiert zuschauende Gegenspieler und wurde erst im Strafraum durch ein Foul von Rúben Dias gestoppt. Wilson verwandelte den Elfmeter zum verdienten Führungstreffer der Hausherren.
Wie schon am letzten Spieltag gegen Marítimo zeigte Benfica nach dem Seitenwechseln ein völlig anderes Gesicht. Eine knappe Viertelstunde war gespielt, als João Félix im Strafraum gelegt wurde, Pizzi traf vom Elfmeterpunkt zum Ausgleich. Nur sieben Minuten später lag der Ball zum dritten Mal an diesem späten Sonntagnachmittag auf dem Elfmeterpunkt. Nach einem Handspiel übernahm wieder Pizzi die Verantwortung und verwandelte den Strafstoß ebenso sicher wie schon zuvor.
Statt den knappen Vorsprung zu verteidigen, setzte Benfica gegen einen jetzt angeschlagenen Gegner weiter auf Angriff. Nur drei Minuten nach dem Führungstreffer erzielte Rúben Dias nach einer Ecke von Pizzi aus sechs Metern Entfernung per Kopf das 3:1. Die Gastgeber hatten dem Sturmlauf der Adler in der Folge nur noch wenig entgegenzusetzen. Der Tabellenführer vergab eine Reihe guter Gelegenheiten, ehe sich Rafa in der letzten Minute der regulären Spielzeit durch den Strafraum dribbelte und mit dem 4:1 den Schlusspunkt hinter eine bärenstarke zweite Halbzeit von Benfica setzte.
Drei Spieltage vor dem Saisonende hat die Mannschaft von Coach Bruno Lage nunmehr zwei Zähler Vorsprung auf den FC Porto. Da in Portugal bei Punktgleichheit zunächst der direkte Vergleich zählt, benötigt Benfica aus den verbleibenden Begegnungen noch sieben Zähler zur „Reconquista“ des Meistertitels. Weiter geht es am kommenden Samstag mit dem Heimspiel gegen Portimonense, das um 19 Uhr deutscher Zeit angepfiffen wird.
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SC Braga - SL Benfica 1:4
Liga NOS, 31. Spieltag
Sonntag, 28. April 2019, 18.30 Uhr 
Estádio Municipal de Braga, 24.046 Zuschauer

Mannschaftsaufstellung: Odysseas, André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Pizzi (86. Salvio), Florentino (80. Gedson), Samaris, Rafa, João Félix (91. Taarabt), Seferovic

Torschützen: 1:0 Wilson (34.), 1:1 Pizzi (59.), 1:2 Pizzi (66.), 1:3 Rúben Dias (69.), 1:4 Rafa (90.)"

De Rafa e Pablo a Lage e Abel: é preciso ter muito cuidado quando se entrega o mérito das vitórias e o demérito das derrotas aos treinadores

"Explicar um jogo de futebol em poucas linhas de texto e com recurso aos vídeos não é fácil; em Portugal ainda menos. A força da nossa cultura futebolística faz com que na maior parte do tempo nos esqueçamos do que se passou no jogo, e não conseguimos ir a fundo na análise que se faz quando a “nossa” equipa vence.
Há, também, outro fenómeno de massas que tende a explicar tudo o que se passou no jogo do ponto de vista táctico, como se tudo no jogo fosse trabalhado pelos treinadores, como se tudo no jogo se pudesse reproduzir num treino. A evolução das formas da análise, e a forma fácil como a informação chega a todos, faz com que a esmagadora maioria dos analistas (dos bons analistas) do país tente esmifrar tanto os jogos naquilo que são os comportamentos tácticos de cada equipa, os comportamentos individuais e colectivos, que se esquece que em muitos dos casos o jogo que os treinadores promovem, e as acções individuais de cada jogador, não podem ser explicadas com base na táctica, com base na estratégia.
Os treinadores não podem ser endeusados de tal forma que tudo seja mérito deles e tudo seja demérito do treinador adversário. Há alturas, como esta, em que faz falta lembrar que quem joga são os jogadores, que os jogadores são humanos, e que os humanos agem e reagem consoante as incidências do jogo.
Vem isto ao caso da vitória do Benfica em Braga, num jogo em que Bruno Lage passou de incompetente a deus em 25 minutos e Abel Ferreira fez o caminho oposto, do paraíso ao inferno, no mesmo período de tempo.
A primeira parte foi paupérrima, do ponto de vista táctico, pela estratégia e pelos modelos de jogo definidos por cada treinador. E cada comportamento colectivo pode ser explicado de forma simples: o Benfica incapaz de ter na saída de bola soluções para colocar em passe curto os seus melhores jogadores em condições interessantes para criar; o Braga, por não ter arriscado na saída de bola, incapaz de expor a pressão do Benfica, sobretudo do lado de Rafa e Grimaldo.
Não é de hoje que se percebe, no Benfica, essa incapacidade que acaba por ser uma lacuna importante no seu modelo de jogo, por na maior parte dos jogos enfrentar equipas com menor qualidade individual. A forma de chegar ao último terço, os jogadores que recebem a bola nesse momento, em que zona recebem, e em que condições recebem - é este tipo de detalhe que fará a diferença no número de situações que o Benfica vai ter para criar situações de finalização ou não.
E, como se notou na primeira parte, e mesmo na segunda, a incapacidade do Benfica nesse momento é tremenda. Sem Gabriel, é Ferro que faz de quarterback, lançando as bolas longas, em largura, para os movimentos dos avançados, dos médios ala, ou dos laterais. E como esse tipo de passe é de mais difícil execução, de mais difícil recepção, e a zona para onde se dirige é pouco interessante (corredor lateral), torna-se simples anular as vantagens do mesmo antecipando e tentando dificultar ainda mais a tarefa de quem recebe, pressionando.
Do Braga, que tem um modelo de jogo interessante, sobretudo na forma como coloca os seus jogadores em campo, faltou coragem para ter a bola. Não só na segunda parte, como disse o seu treinador, mas mesmo na primeira, porque não tentou de forma efectiva expor a pouca competência do Benfica no momento de pressão, e explorar o espaço enorme que fica entre a linha defensiva e a linha média encarnada. A opção foi por jogar longo desde Tiago Sá, e começar a construir através da segunda bola. É certo que, nesse momento, a equipa foi muito agressiva e conseguiu ficar com várias segundas bolas; não menos certo é que os momentos para pressionar alto estavam bem identificados e conseguiram no meio-campo ofensivo condicionar os jogadores do Benfica para cometerem erros em posse, e para decidirem mal para onde deveria ter seguido o lance.
Porém, o resultado disso, com bola, nas situações em transição que conseguiu criar, foram muito poucos. A equipa nunca soube aproveitar a vantagem espacial que tinha, optando invariavelmente por fazer a bola entrar no corredor lateral para entrar na área em cruzamento, ou terminando os lances com remates de fora da área.
Do ponto de vista táctico, o jogo foi isto. E se houve superioridade de algum treinador, durante o jogo, Abel saiu claramente vencedor. Afinal, foi por força da sua estratégia, enquanto o efeito da estratégia durou, que Pablo Santos se conseguiu evidenciar. Dos erros cometidos em posse pelos jogadores do Benfica quando condicionados pela pressão do Braga, sobraram muitos lances em que se conseguiu impor nos duelos, e recuperar algumas bolas. Também há, nos lances ganhos pelo defesa brasileiro, algum demérito na forma como o Benfica tenta construir, facilitando-lhe o trabalho de recuperação; mas, de forma geral, foi sempre um jogador muito concentrado, esteve sempre nas zonas certas onde a bola iria cair, e conseguiu ganhar os lances dando à equipa a segurança necessária no momento defensivo, para se conseguir soltar do ponto de vista ofensivo.
Foi em transição que o Braga se conseguiu aproximar da baliza encarnada, ainda que nem sempre com qualidade nas ações e nas decisões dos seus jogadores. É, também, em transição, que Bruno Lage procura do ponto de vista estratégico dar espaço para que Rafa Santos possa aparecer em vantagem espacial para colocar a capacidade que tem para acelerar e desequilibrar o adversário nesse momento.
Rafa fica um pouco mais livre de tarefas defensivas, e apesar do Braga não ter conseguido explorar esse pormenor da equipa do Benfica, Rafa não conseguiu aparecer no jogo nas condições que o seu treinador prepara para ele. Não teve situações em que se pudesse evidenciar na condução dos contra-ataques, e nas poucas vezes em que tocou na bola definiu mal os lances. A troca entre extremos e médios ala do modelo de jogo de Bruno Lage não funcionou, e foram também poucas as situações em que Pizzi e João Félix receberam entre linhas. Curiosamente, os melhores lances do jogo do Benfica deram-se sempre que um dos dois recebeu a bola com tempo e espaço nessa situação.
O Braga foi muito capaz na reacção à perda, mas incapaz em transição ofensiva, daí o destaque ter ido para Pablo; o Benfica foi incapaz na construção e por consequência na criação, e também não conseguiu libertar Rafa que esteve na maior parte do tempo escondido do jogo.
Mas, como as incidências do jogo têm sempre uma palavra a dizer, o golo do Braga vem desfazer a tese de que a equipa da Abel foi incompetente no aproveitamento das situações de transição ofensiva, e o golo do Rafa vem, no mesmo sentido, desmontar a hipótese de o extremo ter sido um elemento de pouca produção no jogo do Benfica. Na realidade os dois golos são perfeitos para explicar às pessoas que o jogo está longe de ser predominantemente táctico, e que a influência dos treinadores, por mais que se queira imputar mérito, é demasiadas vezes reduzida.
O golo do Braga, do qual não temos acesso ao início do lance, começa numa perda de bola de Seferovic que fica no chão, e naquele momento o Benfica tem 8 jogadores atrás da linha da bola. Não apenas atrás, mas concentrados para que possam rapidamente recuperar posições e colocar ao contra ataque do Braga dificuldade acrescida pelo número de jogadores a participar no momento defensivo. Porém, João Félix e Florentino são os únicos que têm a percepção que aquele é um momento para serem agressivos e tentarem recuperar a bola, ficando Pizzi, Grimaldo, e Samaris a recuperar com demasiada lentidão. De certeza que não é dessa forma que Bruno Lage treina para a equipa reagir no momento em que perde a bola, mas por alguma razão, os jogadores não fizeram como no treino. Depois, Florentino persegue Fransérgio que, não sendo o jogador com mais critério do Braga, conseguiu definir o contra ataque com qualidade por não ter fugido do corredor central. Mas, apesar da igualdade numérica, da condução e decisão de Fransérgio, não poderia o Florentino ter feito falta? Não poderia o Ferro ter fechado mais por dentro? Não poderia o Rúben Dias ter sido mais cauteloso na abordagem ao lance?
Bruno Lage poderá trabalhar o erro de Ferro, por ser posicional, mas poderá mesmo trabalhar os erros de Rúben Dias, Florentino, Samaris, Pizzi e Grimaldo? O problema é que, sendo os erros de perceção, nesta fase da carreira dos jogadores, onde os treinos são muito virados para o rendimento, há uma dificuldade acrescida nisso: pelas vivências que os jogadores já têm, e pelo tipo de treino que se faz.
Como é que Bruno Lage trabalha Rúben Dias para que ele perceba em que lances deve ser impetuoso ou não? Sendo que as situações de jogo são todas diferentes, como é que se trabalha essa percepção? E tendo em conta que o estado anímico dos jogadores é diferente, consoante o jogo, o resultado, os momentos de maior ou menor confiança, como é que se replica isso no treino? Como é que Bruno Lage trabalha Florentino para perceber que naquele lance deve fazer falta? O mesmo Florentino que uns minutos depois vê amarelo por parar um lance de contra ataque onde o jogador que conduzia a bola ia pelo corredor lateral, sem vantagem nenhuma, sem colegas por perto para servir. Como é que se replica em treino esta percepção do perigo da situação, e o estado anímico que o jogador está antes, durante, e depois de um golo marcado ou sofrido, ou depois do jogador perceber que cometeu um erro que comprometeu a equipa?
É este treinador que não conseguiu treinar para a equipa aparecer na primeira parte que nos 25 minutos da segunda consegue arrebatar o jogo, com o que fez ao intervalo, virando o jogo para 1-3. Nessa fase, tinha mais ou menos o mesmo número de remates do que no mesmo período da primeira parte, e tem o mérito de ter conseguido impedir que o Braga chegasse menos. Mas, qual foi o seu papel na forma como a equipa conquistou os dois pontapés de penálti? Qual foi o seu mérito no golo de Rúben Dias, quando até aí não tinha criado perigo nas bolas paradas?
Não terá sido a descrença dos jogadores do Braga, causada pelos golos sofridos, e pela forma como foram obtidos esses golos? Não terá isso mudado completamente o estado de espírito dos jogadores do Braga? A confiança com que estavam no jogo não terá passado a insatisfação pelas incidências do jogo naquele momento? Não terá a perda de foco a ver com a ira dos jogadores, e daí os comportamentos menos agressivos com e sem bola depois dos dois primeiros golos do Benfica? Como é que se simula isto em treino? Qual é o demérito de Abel Ferreira e o mérito de Bruno Lage nisto? O que é que isto tem de táctico?
Por fim, o golo do Rafa. Que se tinha mantido em campo, apesar de ter estado escondido durante quase todo o jogo, e da opção ter recaído por Pizzi, que estava a fazer um bom jogo. Sendo que Pizzi é um jogador que define melhor os lances, com e sem espaço, e com a confiança com que estava no jogo (pelos golos marcados, e porque as coisas lhe estavam a sair bem tecnicamente e ao nível da decisão), é questionável a opção por manter Rafa em campo. No entanto, no mesmo lance de contra-ataque, Rafa não só define bem, algo que não tinha conseguido até aí, tendo isolado Seferovic, como depois faz um grande golo. Ou seja, o mesmo jogador a quem as coisas não estavam a sair tão bem, e que estava menos confiante do que Pizzi, consegue marcar o golo do jogo, pelo maior conforto no resultado e pela forma pouco preocupada com que os jogadores do Braga defendiam.
Pablo Santos, que esteve sempre muito focado no jogo, é o rosto da forma como os jogadores baixaram os braços e desistiram do jogo. De certeza que, caso o Braga ainda estivesse no jogo, ele não teria tão facilmente dado as suas costas para Seferovic entrar, assim como não teria desistido do lance tão cedo, tendo em conta a forma lenta como recuperou. E, olhando para a forma displicente como perde a bola segundos depois, para Rafa, e a forma como em desespero se desequilibra quando o tenta travar, percebe-se que não era o mesmo jogador do início do jogo. Ora, como é que se treina isto?
A singularidade de cada jogo e de cada situação é tanta que é impossível que Bruno Lage e que Abel Ferreira consigam simular no treino este tipo de situações que se reproduzem no jogo. E, por isso, porque muitas vezes os jogos se resolvem pelas incidências do mesmo, pela reacção dos jogadores a cada uma delas, pelo seu estado anímico, pela maior ou menor inspiração individual, é preciso ter muito cuidado quando se entrega o mérito das vitórias e o demérito das derrotas aos treinadores."

Pedido de Reunião ao Conselho de Arbitragem

"Face aos comunicados emitidos por Sporting Clube de Braga e Futebol Clube do Porto, na sequência do jogo ontem disputado entre o clube minhoto e o Sport Lisboa e Benfica, e atendendo à gravidade das acusações e insinuações ali referidas, o Sport Lisboa e Benfica solicitou nesta tarde, com carácter de urgência, uma reunião ao Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF)."

Três penáltis bem assinalados e um por assinalar

"O jogo entre Sp. Braga e Benfica afigurava-se, dentro do contexto espaço-tempo, como muito importante nas contas do título, daí que todos os olhos iriam estar concentrados nas incidências técnico-tácticas do encontro, mas também nas tomadas de decisão ao nível da arbitragem. Como facilmente percebemos nas horas seguintes ao apito final da partida, muito do foco passou a incidir sobre os lances que ocorreram e as decisões do binómio árbitro/VAR. Nesse sentido, a minha crónica semanal sobre arbitragem incide hoje sobre as situações e os lances que ocorreram e as decisões que foram tomadas.
Minuto 10: João Félix remata a bola no interior da área bracarense, acabando esta por bater no braço de Claudemir. O remate foi feito de muito perto (bola inesperada), tendo o jogador do Sp. Braga o braço colado ao corpo, encolhido, e sem o movimentar ou ganhar volumetria de forma deliberada, razão pela qual não houve motivo para penálti.
Minuto 16: Rúben Dias e Paulinho disputam a bola, o jogador do Benfica entra com a sola da bota, acabando por fazer jogo perigoso activo em simultâneo com o remate do jogador bracarense, que acaba por sofrer o contacto no peito do pé. Ora, jogo perigoso activo com contacto é passível de livre directo. Como o lance ocorreu no interior da área, estaríamos perante uma situação de penálti.
Minuto 33: Rúben Dias tenta jogar a bola, mas acaba por entrar fora de tempo, carregando e derrubando Fransérgio, quando este estava em clara oportunidade de golo. Tecnicamente penálti, disciplinarmente apenas cartão amarelo em virtude de se tratar de uma infracção enquadrada na alteração da lei da tripla penalização. Ou seja, porque o central do Benfica tenta jogar a bola, cortando uma clara oportunidade de golo, passamos da expulsão para a advertência.
Minuto 50: Em nenhum momento, Florentino dominou ou jogou a bola com a mão ou braço, quando Claudemir lhe tentou passar a bola por cima, no interior da área benfiquista. Foi apenas com o peito que houve contacto com o esférico, razão pela qual não houve motivo para penálti.
Minuto 54: Pablo Santos, já no interior da sua área, ao desarmar Seferovic, toca na bola de forma clara. Só posteriormente existe o contacto entre ambos, fruto do movimento e da jogada, não havendo, portanto, qualquer infracção e motivo para penálti.
Minuto 57: João Félix ganha a frente do lance e, ao fazer o seu movimento de rotação, acaba por ser tocado no calcanhar do pé esquerdo, pela biqueira da bota do pé direito de Ricardo Esgaio. Não obstante o jogador do Benfica ter exponenciado a sua queda, o facto é que o toque existiu e foi suficiente para desequilibrar o avançado benfiquista. Uma infracção passível de pontapé de penálti. 
Minuto 61: João Félix tenta jogar a bola, mas falha o tempo de entrada e acaba por, de forma negligente e com algum perigo, pisar o tornozelo de Pablo Santos. Uma infracção passível de cartão amarelo que, na ocasião, daria a expulsão por acumulação de cartões, pois era o segundo. Convém relembrar que o protocolo do VAR não permite a intervenção para segundos cartões amarelos, apenas para vermelhos directos.
Minuto 64: Bruno Viana, ao ter o seu braço esquerdo afastado e fora do plano do corpo, em posição não natural e a ganhar volumetria (“make the body bigger”, expressão utilizada pelo International Board), acaba por dominar e interceptar o remate de Pizzi. Embora o remate tenha sido feito de perto, não atenua a circunstância da posição e da colocação por antecipação de forma deliberada do braço do jogador bracarense. Um lance tecnicamente passível de pontapé de penálti."


PS: Esta gente é incapaz de fazer uma analise a um jogo do Benfica, sem 'inventar' benefícios da arbitragem, mesmo que para isso tenham que ignorar 'pormaiores' enormes, ou mudar radicalmente de critérios, em relação a lances idênticos... ajuizados ao contrário!!!
- No lance entre o Paulinho e o Rúben, que o ex-avençado Lagarto acha que é penalty, a primeira (e única) falta é do Paulinho: quando o Rúben tenta afastar a bola, é claramente empurrado, com o braço do Paulinho no ombro do Rúben...
Sendo que depois o Rúben não faz nenhuma falta, pois coloca o pé à frente da bola, e é o Paulinho que chuta contra o pé do Rúben...
- Na suposta do Félix, anda tudo a ignorar que o 1.º Amarelo é completamente absurdo, pois o Félix, faz um corte limpo...

(Des)culpas

"Já atiraram os foguetes todos?
Então, apanhem lá as canas, que o campeonato ainda não acabou.
Não aprenderam nada com o Luisão aos saltos nos Barreiros, não é?
O Estoril, em casa, não vos lembra nada, portanto.
Ainda falta um longo caminho para todos.
O Benfica ainda vai aos Arcos.
E o FC Porto ainda recebe este “novo” Sporting alicerçado em vitórias.
Adiante.
Este fim-de-semana tivemos mais um fenómeno no Futebol que se confunde com a vida pessoal. 
Culpar os outros pelos nossos insucessos.
Ou justificar os nossos fracassos com terceiros.
Funciona muito.
E tem uma forte escola de sucesso em Portugal.
As aulas, normalmente, são em cafés e esplanadas.
Então quer dizer.
O FC Porto está a ganhar 0x2 ao minuto 85.
Vou repetir que existe malta que não lê bem à primeira.
Vantagem de dois golos contra uma equipa que este ano, em casa, tem feito um campeonato miserável.
A cinco minutos do final do jogo e uma defesa com Pepe Felipe Militão e Telles.
Com o experiente Casillas na baliza e Danilo como médio defensivo.
Campeões Nacionais em título.
Sofrem dois golos em cinco minutos.
E de quem é a culpa?
Eu, até ontem, pensava que era dos jogadores ou do treinador.
De falta de concentração ou de erros defensivos inadmissíveis e graves. Mas não.
Afinal, a culpa disto foi de um penálti forçado sobre João Félix em Braga.
Tão forçado que me fez lembrar o lance do penálti do Militão, quando o FC Porto também perdia em Braga, por 1x2, já na segunda parte.
Mas lá está.
Se João Félix não tem dado ontem um mergulho encarpado, com mortal à retaguarda, após sentir o toque de Esgaio.
O FC Porto jamais tinha perdido em Vila do Conde.
Aliás, se João Félix tem sido expulso com o respectivo segundo amarelo.
O FC Porto tinha goleado.
E é assim no Futebol e nada Vida.
Culpamos os outros por aquilo que só dependia de nós.
O FC Porto tinha que ganhar o seu jogo.
E aí talvez estas críticas tivessem mais algum fundamento.
Assim parece só desculpa de mau pagador.
Já nem vou falar da vantagem de 7 pontos na 16 jornada, com a vantagem de jogar no Dragão, contra este mesmo Benfica que estava em terceiro lugar moribundo.
E foi tudo árbitros e lances polémicos?
Foi isso determinante e fundamental nesta sucessiva perda de pontos infantis?
Se fosse um ponto talvez.
Mas sete, jamais.
Quem ganhar este Campeonato.
Ganha principalmente pelo que fez.
Mas muito pelo que o rival não conseguiu fazer."

A moralidade de Bielsa

"O golo "devolvido" pelo Leeds United, a lição com Hernán Crespo e a memória de Chilavert: “Marcelo Bielsa despreza a vantagem, os atalhos, a má intenção”

O futebol vive de momentos extraordinários. De histórias de grandes vitórias, de épicas derrotas, da finta que faz cócegas, da recepção impossível que a Física não está para explicar, do que não foi e podia ter sido, do golo depois dos 90 minutos, dos futebolistas que levam para dentro do campo o que dança na mente caótica do treinador.
O futebol vive também das mensagens extraordinárias. Do que se diz e do que se é, da coerência. Marcelo Bielsa é um desses homens que, embora nem sempre imaculado (lembram-se do espião?), não subestima a sustentabilidade da moralidade. E tenta levá-la para dentro da cancha e das salas de conferências de imprensa.
Às vezes soa como um guião escrito. Fazem-lhe uma pergunta e o discurso do argentino, muito pausado e lamentavelmente interrompido pelo fiel tradutor, assenta numa qualquer reflexão eterna ou nos livros de Filosofia que deve rapar. O homem, muitas vezes rotulado de perdedor, prefere falar em justiças e merecimentos do que em factos consumados. Ou do que é certo e errado, sem atalhos. Afinal, falamos de um individuo que oferece metáforas como "quem merece mais um carro novo, o que trabalhou para isso ou àquele que saiu a lotaria?" e que ainda meteu os seus futebolistas a apanhar lixo, para compreenderam uma coisa ou duas sobre as gentes da terra e o quanto lhes custa estar no Elland Road.
Este domingo, o seu Leeds marcou um golo beneficiando da lesão e apatia dos jogadores do Aston Villa. Bielsa ordenou a construção de uma autoestrada até à própria baliza. “Não oferecemos o golo, devolvemos”, explicaria no final do encontro (1-1). Como a natureza do jogo era tão importante, ameaçando confirmar a viagem até aos play-off, houve quem o censurasse. Mas também existiram aqueles que concluíram que o treinador seria sempre elogiado e criticado. Nestas coisas já sabemos como é, certo?
Uma das grandes lições da vida de Bielsa, que talvez ajude a perceber esta intolerância ao que é injusto e errado, aconteceu há mais ou menos 15 anos. Foi durante o seu mandato como seleccionador argentino e teve em Hernán Crespo a sua falência.
“Coube-me treinar um grande ponta de lança, que foi Crespo. Era um jogador muito generoso. Tocou-me treiná-lo em dois momentos: quando ainda estava em maturação e, numa segunda altura, quando já estava maduro”, começou a contar aos jornalistas em agosto. O problema é que, num determinado momento, disse-lhe que ele estava feito um senhor jogador, maduro, quando não era assim. “Estava a mentir-lhe. Tentei fortalecer-lhe a autoestima, atribuindo-lhe uma caraterística que eu não achava que ele tinha. Quando o tempo passou e ele amadureceu verdadeiramente, eu disse-lhe: 'Que maturidade tens agora, já não és o mesmo dantes'. E ele pensou: 'Como, se antes tinha-me dito que eu estava consolidado? Enganou-me'”, lembrou Bielsa, que aproveitou para pedir desculpas ao ex-futebolista, atualmente o treinador do Banfield.
Crespo escreveu-lhe uma carta na altura, publicada nas redes sociais, reconhecendo que a mágoa era muito grande. “Foi uma tremenda deceção sentir-me enganado por um líder como você. A tristeza foi tão grande quanto a estima que eu lhe tinha (...) Era e é suficientemente inteligente para saber que o jogador não melhora o seu nível por uma mentira. (...) O mais importante é a lição que deixa a situação que agora recordou. Como nos disse tantas vezes, Marcelo, há que trabalhar com a verdade, sem enganar o outro. Fiquei feliz por ouvi-lo. Um abraço, Hernán Crespo.”
O discurso que engorda a moral está, normalmente, sob suspeita e é escrutinado. Desta vez, depois das estátuas invisíveis levantadas para Bielsa, a fatura chegou do Paraguai, pelos dedos de José Luis Chilavert, o mítico guarda-redes, que recordou no Twitter um episódio de Outubro de 2001. “O loco Bielsa dá aula de fair-play em Inglaterra. E porque permitiu o golo de [Mauricio] Pochettino com a mão contra o Paraguai, em Assunção, com a selecção argentina?”.

“A canção de Mercedes Sosa assenta-lhe bem. Tudo muda para figurar num ambiente tão contaminado. Basta de mentiras no futebol”, concluiu. Ora bem, Chilavert fala disto (40 segundos):



O título da crónica no "El Mundo" dizia: “Polémico empate entre Paraguai e Argentina”. O duelo acabou 2-2: Chilavert, de penálti, fez o primeiro; Pochettino empatou com a mão; Morínigo fez o 2-1 e Batistuta empatou aos 73’. Jogava-se o apuramento para o Campeonato do Mundo de 2002, na Coreia do Sul e Japão, e os argentinos lideravam o grupo sul-americano.
Este domingo, nas páginas do “La Nación”, o editor de Desporto explicou tudo. “Chegou o dia. Com nuances na acção, mas chegou o dia. Marcelo Bielsa despreza a vantagem, os atalhos, a má intenção", escreveu Cristian Grosso. "Quando o rosarino ainda dirigia a selecção, houve um dia em que os media apontavam para um erro arbitral que, supostamente, tinha prejudicado a sua equipa. Essa pergunta, naturalmente, procurava que Bielsa se desculpasse com o árbitro. Mas só se ouviu dele uma declaração de princípios, já que respondeu que moralmente não estava autorizado a queixar-se quando, no jogo anterior, não tinha corrigido que um golo da Argentina foi com a mão. (...) Aquela partida para os play-offs, a caminho do Campeonato do Mundo Coreia-Japão de 2002, terminou 2-2 com o Paraguai. E Bielsa sempre se recriminava por não intervir e por se entregar ao torpor quente da batota.”
Ou seja, explicando sem explicar, Bielsa demonstrou que a moral vive ora na denúncia, ora no silêncio.
Apesar do embaraço que será para muitos treinadores um dia terem de decidir algo como aconteceu no Leeds-Aston Villa, quase que dá para imaginar o alívio de Bielsa. Afinal, e apesar do empate, a justiça ganhou no domingo. E isso é um dia bom para don Marcelo."

Erradicar a violência do desporto? (2)

"Arturo Pérez-Reverte (1), no diálogo entre Jaime Astarloa, o mestre de armas, e Marcelino Romero, o professor de piano, mostra-nos as posições antagónicas de dois comuns mortais, uma talvez mais utópica, outra talvez mais realista.
Aquele último declara:
– Sou contra qualquer tipo de violência, pessoal ou colectiva.
E o seu interlocutor contrapõe:
– Pois eu não. Há nela tonalidades muito subtis, garanto-lhe. Uma civilização que renuncia à possibilidade de recorrer à violência nos seus pensamentos e acções destrói-se a si mesma. Transforma-se num rebanho de carneiros a degolar pelo primeiro que passe. O mesmo acontece aos homens.
A etologia, a psicanálise, a sociologia, a psicologia social, a história e até a filosofia mostram-nos que os comportamentos de violência são inerentes ao ser humano… A evolução biológica não modelou por si só o homem: no campo da ontogénese combinam-se três factores fundamentais – a estrutura genética, o efeito social e a acção ou esforço pessoal; no campo da filogénese, o desaparecimento dos instintos no ser humano só foi possível realizar-se porque existiu uma compensação por parte de uma progressão paralela da tradição, da cultura, do poder inventivo (conhecimento) do homem e porque a sociedade vai conservando o saber adquirido… e tenta melhorar esse saber.
A etologia mostra-nos que tanto o comportamento agressivo como o comportamento altruísta foram pré-programados através de adaptações genéticas que se processaram ao longo da filogénese da humanidade. Logo, não poderemos libertarmo-nos de um ou de outro indiscriminadamente… Damásio (2) realça a dualidade cooperação-conflito ao afirmar que “as estratégias cooperativas fazem parte da composição biológica homeostática dos seres humanos, o que significa que o embrião da resolução de conflitos está presente nos grupos humanos, a par da tendência para conflitos.” Harari (3) salienta que a importância decisiva da cooperação a larga escala é provada à sociedade pela História e que “o factor decisivo na nossa conquista do mundo foi a capacidade de ligarmos o maior número de humanos entre si.” Parece-nos assim justificar-se não ser com o incremento de novas leis, o acrescentamento de sanções e de prémios ou o lançamento de campanhas de sensibilização que se conseguirá «erradicar a violência do desporto». Até porque para Damásio (2) “parece ser razoável pressupor que o equilíbrio entre a cooperação salutar e a competição destrutiva depende, em grande medida, da contenção civilizacional e da governação justa e democrática, capaz de representar aqueles que estão a ser governados.”
Em 1982, a então Direcção-Geral dos Desportos lançava a «Desportos revista» (n.º 1, Jun/Jul) com carácter bimestral. Recordamo-nos da contra-capa dessa revista onde se podia ver a silhueta de uma pomba em mancha branca estilizada segurando nas patas uma bola com uma venda a toda a volta desta sobre um fundo azul-claro. A legenda, em letras bem grandes, era “desporto sem violência”. Talvez uma das primeiras campanhas a serem lançadas sobre este tema…
Em 1991 foi comemorado o Ano da Ética Desportiva no nosso país.
A Comissão Europeia decidiu designar 2004 como o Ano Europeu para a Educação pelo Desporto.
A Organização das Nações Unidas proclamou 2005 como o Ano Internacional do Desporto e da Educação Física.
Vinte e um anos depois Portugal repete-se: 2012 acabou por ser o Ano Nacional da Ética no Desporto.
De todas estas campanhas, de todas estas comemorações, de todas estas proclamações, o que resultou em termos de erradicação da violência associada ao desporto? A resposta é «nada!». Mas só o é devido a quatro motivos (causas) muito simples: 1º - a iliteracia sobre o assunto dos que estiveram à frente dos destinos de todos esses eventos; 2º - o só se ter recorrido a uma tentativa de manipulação dos consumidores do espectáculo desportivo em conluio com os mass media; 3º - o abandono de uma análise consciente e de um espírito crítico por parte destas vítimas que se traduziu no ignorar das mesmas; 4º - a falácia da ética no desporto.
Porque eles desconheciam que no indivíduo mantém-se sempre “uma determinada disposição agressiva que mais facilmente virá ao de cima numa oportunidade que se lhe ofereça, quanto mais longa for a impossibilidade que tiver para se libertar” como nos mostra Eibl-Eibesfeldt (4). Porque desconheciam que é impossível erradicar por completo a violência associada ao desporto dado que, segundo este mesmo autor, “é possível uma redução de agressividade mas não a sua completa eliminação. (…) Toda a subestimação da agressividade, com base na suposição de ela poder ser aprendida, é da maior irresponsabilidade em face da evidência presente.”
Os que estiveram à frente dos destinos de todas essas campanhas, de todas essas comemorações, olvidaram que a competição e a violência sempre acompanharam a evolução filogénica da nossa espécie. E é preciso reconhecer, como nos diz Castoriadis (5), “a importância dessas duas manifestações que tanto a História como a experiência clínica confirmam quotidianamente: a agressividade ilimitada dos seres humanos e a sua compulsividade repetitiva.”
Lopes Marques, logo no primeiro editorial da revista acima referida, afirmava que “não há desportista ou atleta que não se sinta um pouco técnico ou treinador, não há técnico ou treinador que não se sinta um pouco dirigente, não há dirigente que não se sinta um pouco árbitro ou jornalista, não há jornalista que não se sinta um pouco político, e, finalmente, não há político que não se sinta um pouco desportista.” Ou seja, todos nós desempenhamos diferentes papéis em contextos diferentes mesmo que não tenhamos competências para isso. Isto acontece porque o ser humano tem um pensamento associativo (relacionamos tudo com tudo, mesmo aquilo que não dominamos), um pensamento generalista (tendemos imensa vezes a recorrer a um defeito: a generalização), um pensamento categórico (utilizamos os nossos valores morais independentemente dos resultados) e um pensamento determinista (todos os factos são baseados em causas). Tudo se agrava quando disso não temos consciência… e principalmente quando o sentimento e a paixão se sobrepõem à razão.
Rui Pereira, Professor de Direito e Presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo em 2006 (CM, 08.01.2006, p. 12) declarava que “nenhuma sociedade assegura a inexistência de quaisquer distúrbios e a punição de todos os crimes. Por exemplo, o modo seguro de erradicar a violência desportiva seria acabar com o próprio desporto.” Uma conclusão correcta mas um raciocínio errado: o modo seguro de erradicar a violência na sociedade seria acabar com a própria sociedade?
Não é possível erradicar a violência no desporto. Isto porque, como referem Pires e Cunha (6), a ética da competição desportiva vive na necessidade de gerir um paradoxo de extraordinária complexidade: “se, por um lado, a agressividade competitiva não pode disparar para níveis incontroláveis, sob pena de o desporto deixar de ser uma actividade positiva do ponto de vista educativo, económico, político e social, por outro lado, qualquer tentativa para erradicar a agressividade subjacente ao jogo competitivo poderá deturpar a essência da pratica desportiva enquanto espaço de confronto sem o qual o desporto deixa de usufruir das condições da sua existência.”
Não é possível erradicar a violência associada ao desporto. A ética – nomeadamente a ética desportiva – há muito que está contaminada pela cultura, pelo negócio e pelo lucro. Talvez por isso mesmo fosse conveniente saber-se quanto se vai gastar do erário público com a campanha «Violência Zero» e que resultados produzirá a mesma. Talvez por isso mesmo fosse conveniente os responsáveis por este país deixarem-se de discursos de circunstância e de nos atirarem areia para os olhos (os nossos!). E que ponham os olhos (os seus!) naquilo que se passou este fim de semana no jogo NRD Ídolos da Praça – GD Alfarim, da AF Setúbal e no jogo FC Maia Lidador – EA Sporting, da AF do Porto."

Qual a nova fórmula para ser Campeão?

"Embora a diferença pontual entre o campeão e o vice-campeão das principais ligas de Futebol da Europa se tenha mantido constante nas últimas duas décadas, é muito frequente ouvir-se dizer que um Campeão ganha os campeonatos, tal como os jogos, por detalhes. E para explicar esses detalhes é comum serem indicados dois factores fundamentais: o talento e a prática dos atletas. Isto permite desenhar a (antiga) fórmula para ser Campeão:
Campeão = Talento + Prática
Mas, basta (só) ter Talento?
Parece que não. E a prova disso é que (unanimemente) os treinadores dizem que os jogos ganham-se nos treinos. Mas, também, é preciso que os atletas tenham pezinhos (no caso do futebol), como habitualmente dizem os treinadores, comentadores, adeptos e até atletas! Cruyff dizia "...nunca vi equipas marcarem golo, jogadores sim.”. Mas, quantos são os casos de atletas com (evidente) talento que acabam por não vingar nos principais palcos competitivos? Imensos!! Lembra-se do caso do Fábio Paim (formado no Sporting)? Na altura falava-se que seria ainda melhor do que Cristiano Ronaldo! Porque é que este talento (tal como outros) não vingaram nos grandes palcos competitivos? Pois bem, a Ciência consegue explicar este fenómeno. Sabe-se que a formação de um atleta de topo implica o desenvolvimento de factores biológicos (e.g. técnica e física), psicológicos (e.g resiliência) e sociais (e.g. comunicação e empatia). No caso do Fábio Paim está reportado que houve uma dificuldade no desenvolvimento (atempado) dos factores psico-sociais que (infelizmente) determinaram a manifestação de comportamentos desviantes. Este aspecto é declarado inclusivamente em depoimentos do próprio anos mais tarde após o início da sua carreira profissional. Por isso é que cada vez mais se investe no scouting para se encontrar (potenciais) atletas onde (parte considerável d-) estes factores já estejam desenvolvidos de forma inata (ainda que estimulados pelo ambiente!). Ou seja, encontrar pessoas que reúnam a melhor fusão e qualidade dos genes da mãe e do pai para serem manifestados numa certa função desportiva, neste caso jogar Futebol. Mas, este processo de scouting em encontrar talentos tem sido altamente ineficiente no passado, pois consome imensos recursos e é (em muitas situações) falacioso. Uma das razões prende-se com o facto de o processo de scouting basear-se na intuição e conhecimento empírico (apenas!) dos scouts. Como tal, o próprio processo de scouting acaba por ser baseado no talento do scout! Porque se diz (ou se sabe) que errar é humano, é que cada vez mais se concebem máquinas/tecnologias que minimizam o erro humano. E porque as máquinas não se constroem sozinhas, é aqui que a Ciência se posiciona e evidencia a sua importância para o desenvolvimento do Desporto. E prova disso é que cada vez mais clubes (de topo!) apostam na Ciência para a resolução dos seus problemas, como por exemplo no desenvolvimento de algoritmos (matemáticos) que com maior eficiência identifiquem talentos. A propósito da origem do talento, sabe-se que a grande parte dos jogadores de topo mundial é oriundo de uma camada social (vulgarmente dita) baixa. E há uma razão conhecida para explicar isto. É que estes meios são altamente favoráveis ao desenvolvimento de vários factores importantes para um jogador de futebol, como é o caso dos atributos motores/biológicos. Mas, por outro lado, alguns dos factores psico-sociais ficam em défice (por exemplo, a vulnerabilidade social e focus externo condutor a comportamentos desviantes). Felizmente, já é conhecido na Ciência abordagens que permitem colmatar estes défices. Porém, infelizmente, estas abordagens são pouco conhecidas (e aplicadas) pelas estruturas directivas de muitos Clubes Desportivos. E, consequentemente, acabam-se por perder os talentos. Um outro exemplo de que a Ciência é fundamental para garantir que não se perde um talento, é o processo de crescimento e maturação. Falemos do João Félix, que neste momento é amplamente falado como um talento (a ser) manifestado. De acordo com depoimentos públicos, o João Félix mencionou que quando jogava no Futebol Clube do Porto ele era criticado pelo seu (diminuto) tamanho, o que de certo modo condicionou o tempo e qualidade da sua prática desportiva. Ao ponto de ser menos valorizado e ser dispensado a jogar num clube satélite do FC Porto, o Padroense. Hoje em dia, o João Félix tem uma estatura superior à da média dos Portugueses masculinos, e a sua performance desportiva não é em nada condicionada pelo seu tamanho. E, sabe-se pela Ciência, que as etapas de crescimento e maturação não ocorrem nos jovens na mesma altura biológica, o que obriga uma correta avaliação para que tome as decisões certas. Melhor, é possível (cientificamente) determinar o estadio de desenvolvimento maturacional da criança/adolescente e estimar a dimensão corporal que o atleta atingirá em idade adulta. Portanto, talento é importante (ou melhor fundamental) mas este pode (e deve!) ser (cientificamente) identificado com eficácia.
Então, basta ter (adicionalmente) Prática?
A prática, por si só (i.e. per se), também não chega. Nem mesmo quando o talento está presente. Vejamos os dois casos de talento anteriores descritos. Ambos o Fábio Paim e o João Félix foram expostos a prática desportiva desde idades muito precoces (o que sugere um tempo de prática similar, que se admite de qualidade similar também). Porém, tiveram desfechos desportivos diferentes. Enquanto o Fábio Paim não conseguiu vingar nos principais palcos desportivos, o João Félix conseguiu (até à data!) vingar. Provavelmente houve um maior desenvolvimento de factores (diria psico-sociais) do rendimento que não alcançaram de igual modo os dois atletas. E, aqui também, a Ciência sabe quais as melhores práticas para as características individuais dos atletas (aquando inseridas num dado grupo), de modo a todos os factores de rendimento no atleta se possam desenvolver. Ou seja, não existe a melhor prática/método de treino. Existe uma melhor prática/método face aos princípios/modelo de jogo do treinador, onde sofre influência do comportamento colectivo da equipa e das características dos atletas. E por forma a objectivamente saber o que faz o atleta na prática, existem nos dias actuais tecnologias que permitem quantificar (minuciosamente) a prática dos atletas, de modo a que se possa (cientificamente) determinar a melhor prática para um determinado atleta. Por exemplo, duas medidas básicas são a distância percorrida total e a distância percorrida a velocidades elevadas (por norma superior a 20km/h). Tais indicadores permitem que o treinador modele o treino de forma a se aproximar à exigência física do jogo que se pretende competir. Mas, também é importante que consiga determinar a natureza da prática para maximizar o desenvolvimento do atleta. E, aqui, a Ciência também consegue diagnosticar qual a melhor abordagem. Por exemplo, sabe-se hoje em dia que (em muitas das situações) os factores psico-sociais são fundamentais para ganhar jogos. E, como tal, é fundamental (para alguns atletas) que se desenvolvam soft skills e capacidades intelectuais. Um bom exemplo é a inteligência emocional, que permite que um atleta com maior inteligência consiga produzir um menor esforço (físico) para garantir um mesmo resultado desportivo. Já existem vários treinadores a dizer isto... 
Portanto, qual a (nova) fórmula para ser Campeão? É aquela que adiciona o Factor C. Ou seja, parece ser esta:
Campeão = Ciência ? (Talento + Prática)

PS: Olhem lá para fora! Parece que já existem alguns Clubes a aplicar..."

A morte da memória

"Se bem me lembro, em Vergílio Ferreira, a morte da memória é “o grande sinal do nosso tempo”. Escreveu o nosso épico nacional, Luís de Camões, autor de Os Lusíadas, na sua exímia lírica: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades / Muda-se o Ser, muda-se a Confiança / Todo o mundo é composto de Mudança / Tomando sempre novas Qualidades”. E, porque sempre despontam novas qualidades, ao longo do tempo, não deverá surpreender-nos que as novas gerações gostem de arriscar pé, para fora dos trilhos batidos pelas gerações anteriores. No entanto, a leitura de um diálogo de Platão, ou de um ensaio de Montaigne, ou de um romance de Eça de Queirós, sobreexcedem à leitura de um largo caixote de romances de cordel, ou das açucaradas notícias da literatura “cor-de-rosa”. Portanto, há velhos que continuam jovens e jovens que parecem velhos. Aqueles escritores, pensadores e artistas a quem Baudelaire (1821-1867), o maior poeta da modernidade, chamava os “faróis da humanidade” confirmam o que venho de escrever: podem ler-se, atualmente, com maior aprazimento, do que muita literatura hodierna, incapaz de “abrir um sulco de sinais por onde o quem somos ou o que sentimos há-de passar”. Esta página de antologia, em que Vergílio Ferreira evoca a figura de André Malraux, no momento em que é surpreendido pela notícia da morte do autor de Condition Humaine, diz mais, a este respeito, do que as minhas canhestras ousadias de aprendiz de filósofo: “E eis que, abruptamente, chega-me a notícia de que André Malraux morreu. Uma parte de nós todos, da Europa ao menos, morreu também com ele. Ninguém, como Malraux, com efeito, personificou a trágica encruzilhada em que se embaraça a cultura moderna. Ninguém, como ele, tentou reagir, jogando-se todo nos valores com que imaginou poder redimir-se o homem de hoje. Nenhuma fracção de si ele furtou ao risco da morte, para assim pagar o preço máximo pelo que defendia. Assim, tudo em si ele comprometeu, do corpo à inteligência, nada reservando, para a sua comodidade, a pequenez de um interesse pessoal. Grande astro do nossa escuro céu” (Conta-Corrente – I, pp. 378/379).
André Malraux, outro contemporâneo, outro “farol da humanidade”, outro escritor e pensador de uma deslumbrante sageza, com mensagem que nenhuma geração poderá deixar de comungar! Obedecendo a um impulso sem razão aparente, algumas vezes, leccionando eu em cursos universitários de Desporto, a ele me referi - como a Dostoievski que, no seu quarto humilde, em noite em que não descortinava horizonte, para além do horizonte irremediável da morte, pediu à mulher lhe lesse um trecho do Evangelho. Ela tomou a velha Bíblia que o acompanhava, desde os campos da Sibéria e leu. Era o Evangelho de S.Mateus, naquela parte em que Jesus diz a S, João Baptista: “Não me retenhais…”. E Dostoievski viu, naquele texto, o anúncio da sua morte. Chamou então os filhos, para ditar-lhes as derradeiras recomendações: “Tende uma absoluta confiança em Deus e nunca desespereis do seu perdão. Amo-vos muito, mas o meu amor nada é, diante do Amor de Deus pelos Homens, Suas criaturas”. Concluídas estas palavras, entregou a Bíblia a seu filho Fédia e preparou-se para morrer. Há, aqui, em Dostoievski, não só uma despedida, mas também um anúncio e uma promessa - de que, com a concretização de certos valores que o cristianismo nos legou, o progresso é possível, o desenvolvimento é inevitável. De facto, uma ideia sistémica de democracia, animada por instituições justas, construída por pessoas livres e num trabalho estrutural-estruturante da Verdade, da Justiça e do Amor, resultará naturalmente em mais e melhor Educação, em mais e melhor Saúde, em mais e melhor Justiça, em mais e melhor Segurança Social. No JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, de 2019/4/24, o Ministro da Educação, Prof. Tiago Brandão Rodrigues, um desportista, um democrata, um cientista, um intelectual, escreve: “Quando se dá o 25 de Abril, somente 5% dos adolescentes, entre os 15 e 17 anos frequentavam o ensino secundário. Em 2018, 88% dos jovens completaram-no”.
E reatou o Ministro: “Tratava-se de um cenário desolador, em profundo contraste com o resto da Europa, onde a formação de nível secundário já se havia massificado nas décadas anteriores, inclusive em casos como a Espanha e a Grécia, com os quais nos podíamos comparar, em termos económicos, sociais e políticos (…). Não há dúvidas de que a revolução democrática se fez na educação, num movimento que não deixámos de consolidar, ao longo dos últimos anos. Hoje, a generalidade das crianças e dos jovens, qualquer que seja a sua condição socioeconómica de origem, tem um percurso de pelo menos 15 anos, desde o início do pré-escolar até ao final do ensino secundário”. Pesado de anos, não me ocorre que algum ministro, antes ou depois a Revolução dos Cravos, pudesse dizer, em verdade, que é indiscutível o progresso educativo, no nosso país; que nele princípios e práticas se articulam, se complementam, se justificam. Nesta Modernidade inacabada, como o refere J. Habermas, tem sido possível, em Portugal, promover e sustentar um Sistema Educativo, como “conditio sine qua non” da realização da Democracia? Não é verdade também que o magno doutrinador do capitalismo moderno, Adam Smith, afirma, com irreprimível sobranceria, que a suprema virtude é o Egoísmo e o pior dos vícios é o Altruísmo? Em poucas palavras: é possível, nas nossas escolas, uma educação de qualidade, em condições de efectiva igualdade, numa sociedade fiel aos ditames do neoliberalismo capitalista global, que promove inevitavelmente a exclusão e a desigualdade? No meu modesto pensar, o ser humano é, sobre o mais, história, quero eu dizer: encontra-se em contínuo processo de transcendência, em relação ao que tem e ao que é. Não se descobre, portanto, regime político onde a pessoa humana, onde o cidadão não possam apontar situações específicas de desigualdade. Mesmo em regimes democráticos, como felizmente o nosso (dos ditatoriais não vale a pena falar, pois que são todos ilegítimos) este fenómeno é visível.
Com a inquietação intelectual e moral, de que é portador, o Ministro Tiago Brandão Rodrigues, acompanhado exemplarmente pelo Secretário de Estado do Desporto e da Juventude, Dr. João Paulo Rebelo, tem dado à educação física escolar e ao desporto na escola e a uma variada gama de iniciativas, cimentando uma reflexão sobre a violência, no desporto, em Portugal, uma orientação pioneira que não é demais realçar. Mas voltemos ao Ministro da Educação: “Apesar dos muitos avanços, temos de continuar a trabalhar, para dar respostas às muitas necessidades de aprendizagem ao longo da vida, porque grandes transformações têm atravessado as sociedades e têm tornado os mercados de trabalho cada vez mais exigentes (…). Temos de continuar a trabalhar para manter linguagens, formatos e agentes da educação, verdadeiramente conectados com o mundo real, assumindo a condução deste veículo privilegiado de intervenção social”. De facto, aproxima-se a Quarta Revolução Industrial e, com ela, uma larga e profunda mudança de paradigma, “na forma como trabalhamos e comunicamos e também como nos expressamos, nos informamos e nos divertimos. Ao mesmo tempo, os governos e as instituições estão a ser reformulados, tal como os sistemas de educação, de saúde e de transportes, entre muitos outros” (Klaus Schwab, A Quarta Revolução Industrial, Levoir, Lisboa, 2017, p. 6). São já muitas e visíveis as inovações que podem inventariar-se, com esta mudança de paradigma, por meio da fusão dos mundos físico, digital e biológico. Mas outras inovações os especialistas sugerem, antecipam, tendo em conta a tecnologia e a digitalização – no entanto (repito-me) partindo da educação de qualidade a que se referem o Ministro da Educação e os seus Secretários de Estado. E assim remata o seu ensaio o Prof. Tiago Brandão Rodrigues: “Tudo isto com o objectivo de conseguir que todos e cada um tenham direito a educação de qualidade, nas nossas escolas(…), o fundamental para serem livres na sociedade de hoje e de amanhã, inseridos num mundo de conhecimento global (…). Garantir e cumprir Abril não dispensa esse compromisso permanente”.
Perante a maré de irracionalidade que submerge o mundo em que vivemos, empurrada pelas ondas de uma contestação indiscriminada e global, o actual Ministro da Educação não deixa morrer a memória, ou seja, diz-nos que foi, é e será preciso ser sempre um perturbador de mediocridades, para encontrar as linhas de pensamento, que estimulem novas práticas, verdadeiras promessas de um Futuro mais humano e mais humanizante. Escreve Leonardo Boff, no seu livro Tempo de Transcendência (Sextante, Rio de Janeiro, 2000): “Somos todos seres desejantes. Talvez o desejo seja a nossa experiência mais imediata e, ao mesmo tempo, mais profunda. Coisa que já Aristóteles vira e que Freud colocou como eixo fundamental, para entender o motor interno humano. A nossa estrutura de base é o desejo. E faz parte da dinâmica do desejo não ter limites. Não desejamos só isso e aquilo. Desejamos tudo. Não queremos só viver muito, queremos viver sempre. Desejamos a imortalidade” (p. 60). Daí, que a transcendência seja o desejo mais secreto e mais ardente, que habita em cada um de nós. Uma transcendência, porém, que não se resuma a verbalização mais ou menos crítica, que não se concretize unicamente em informais clubes de pensamento, ou numa cultura de bloqueamento, de inacção e comodismo, rodeada embora de vasta erudição. Pelo desejo da transcendência, podemos superar os limites, cada um de nós vê-se coagido a superar os limites - para passarmos da teoria à prática e da razão à fé e da memória à profecia. E para concluirmos, por fim que, pela transcendência, nada, neste mundo, é definitivo. Não deixemos morrer a memória que nos revela sem peias que tudo, neste mundo é transitório, tudo é passageiro, excepto o desejo da transcendência, que faz de cada um de nós um projecto infinito."

À Benfica!

"Grande equipa, grandes adeptos, grande vitória! A deslocação a Braga – e a forma como Bruno Lage e os jogadores souberam inverter o rumo dos acontecimentos – é mais um capítulo de sucesso nesta extraordinária 2.ª volta que o Benfica está a realizar: triunfos nos estádios do 2.º classificado (FC Porto), do 3.º (Sporting), do 4.º (Sp. Braga), do 5.º (Moreirense) e do 6.º (Vitória de Guimarães). É impossível não reconhecer a qualidade desta equipa e o mérito desta caminhada.
Já são 91 golos apontados no campeonato e, desde a chegada do atual treinador, o Benfica soma 15 vitórias em 16 jogos. Ou seja, um aproveitamento de 95,8% (!) dos pontos possíveis. Os números são impressionantes e permitiram esta sensacional recuperação. É fundamental lembrar, no entanto, que ainda nada se conseguiu. O que já foi feito é muito bom, mas o mais difícil é sempre o que está por fazer.
Faltam agora 3 finais e o Benfica só conseguirá ter sucesso se for capaz de manter todas as qualidades que tem demonstrado: união, coesão, determinação, humildade e enorme capacidade de trabalho. Foi isso que voltou a ver-se em Braga e, em especial, na excelente 2.ª parte que permitiu virar o resultado.
Uma palavra especial para os adeptos do Benfica. Para os que estiveram no estádio e foram incansáveis, mas também para os milhares que ficaram ao lado da equipa em Todos os momentos: desde a saída do autocarro da Luz (no sábado), à chegada a Gaia, passando pelo indescritível apoio no percurso até Braga. Nas bermas das estradas, nos viadutos, nas portagens e, claro, no regresso à Luz. Cada vez mais, Todos Contam!

PS: Quem tem 10 pontos a mais na classificação em virtude do benefício de erros de arbitragem e mesmo assim ainda tenta criar uma realidade virtual sobre o jogo de ontem em Braga… é porque perdeu o último pingo de vergonha que ainda lhe poderia restar. São ridículas todas as fotos publicadas já depois do toque no pé de João Félix, para se tentar “provar” que não existiu contacto. Por muito que lhes custe, a falta é real. Basta reparar, aliás, na reacção do próprio jogador do Sp. Braga que comete a falta. Há lances que suscitam dúvidas naturais. Neste caso, porém, existe apenas uma espécie de ensaio sobre a cegueira para justificar ainda mais ameaças, mais insultos e mais pressão sobre todos os agentes desportivos. Como sempre, com as equipas de arbitragem à cabeça. A estratégia é sempre a mesma. Já se esqueceram, aliás, da forma como recentemente ganharam duas vezes naquele mesmo estádio: frente ao Benfica para a Taça da Liga e frente ao próprio Sp. Braga, para o campeonato."

Prioridades

"A semana passada saiu uma notícia que o Benfica estaria disposto a pagar 3M pelo avançado do Vitória de Setúbal, Jhonder Cádiz. O venezuelano não é mau jogador. È um avançado bastante completo. Forte fisicamente e com alguma técnica. Não tem pedigree e por isso é que não é muito falado (e é tão barato). É um diamante em bruto. O Setúbal já desmentiu ter um acordo com o Benfica. No entanto, o caso traz à conversa a questão das prioridades.
Todos os verões o Benfica acaba por ir buscar alguém a uma equipa da Primeira Liga. No geral, os adeptos benfiquistas não gostam destas contratações porque na maioria dos casos são jogadores para emprestar. O modelo, no entanto, não é inovador. É o mesmo modelo que a Juventus anda a pôr em prática há alguns anos: comprar barato, emprestar e vender mais caro.
Há três anos para cá que a Juventus faz sempre 50-70M em jogadores excedentes. Há três motivos pelos quais o faz. Primeiro porque é capaz de identificar talento (tem um grande scouting), depois porque compra barato (e de boa qualidade, devido ao scouting) e terceiro porque tem aquele “pedigree”. Um jogador que passe na formação da Juventus é um jogador talentoso e com futuro. Há um jogador que passou pela Juventus nos nossos quadros. É o Gabriel. É o tal selo de qualidade.
Os bolsos do dono da Juventus são fundos. Não são tão fundos como os bolsos do dono do City, mas são muito fundos. Dava para comprar o Benfica mais de 25 vezes e ainda ficar com centenas de milhões de euros. O principal motivo que a Juventus faz isto, não é por motivos financeiros directos, mas sim indirectos. Ao vender estes jogadores todos e facturar estes milhões todos, a Juventus acaba por ter maior margem de manobra com o fair-play financeiros.
As motivações do Benfica são completamente distintas. Nós cumprimos o fair-play financeiro por uma margem significativa. O Benfica faz isto para ganhar dinheiro. Estamos a estabelecer o seu pedigree. A nossa formação já é reconhecida. Falta agora que os jogadores que emprestamos tenham sucesso.
A grande questão é se 1€ investido em jogadores para emprestar gera mais retorno que 1€ investido em jogadores para o 11 inicial. Quando olhamos para a lista de receitas do Benfica, os jogadores emprestados não são nenhuma das principais alíneas (pelo menos ainda). E como o Benfica é um clube de desporto, é certo que nenhum jogador emprestado gera títulos ao clube. Como tal, e numa altura que o Benfica anda a lutar pelo título com um jogador fundamental no 11 inicial que ainda não tem contrato para a próxima época, a prioridade deveria ser renovar com esse jogador e não andar à caça de jogadores para emprestar (que não sabemos se o Benfica está a fazer ou não).
O Samaris é parte do melhor Benfica desta época. Tem sido recorrentemente dos melhores em campo. É um jogador fundamental. A prioridade número 1 do Benfica até ao final da época no que toca a contratações, tem que ser renovar com o grego."

Cadomblé do Vata

"1. Há uns anos, durante um cruzeiro vi o SLB dar 4 à Naval; passados uns anos vi debaixo da Torre Eiffel enfiarmos 2 no Boavista; hoje em Mérida foram 4 no Braga... em vez de darem 3 milhões pelo Cádiz, paguem-me 6 anos de férias e o Hexa deixa de ser um sonho.
2. Estava tão nervoso com o jogo, que à hora do pontapé de saída, peguei nos putos e fomos brincar para o parque... basicamente foi o mesmo que o Lage fez na segunda parte...
3. Contra os 6 primeiros classificados, somamos 10 vitórias, 1 empate e 1 derrota... diz que estamos em 1° por causa dos árbitros.
4. Desde que chegou ao SLB, Bruno Lage só ganhou no Dragão, em Alvalade, na Pedreira, em Moreira de Cónegos e em Guimarães... quando o quiserem criticar, leiam antes isto em voz alta.
5. Na jornada em que os anti benfiquistas contavam passar para a frente do campeonato, o SLB aumentou a vantagem... tenham calma, o Gaviscom e o Rennie não são matérias perigosas, pelo que não se esperam problemas de reposição de stock nos pontos de venda."

Os estupefacientes de Rúben, a condição oftalmológica de Pizzi, a verdade desportiva de Félix - e um copo para Adel

"Odysseas
Depois de uma primeira parte em que foi obrigado a utilizar os pés demasiadas vezes, Vlachodimos passou a segunda metade do jogo a ver os seus colegas darem a volta ao resultado. Só faltava o seu momento. Surgiu aos 78', com o resultado em 1-3, com o grego a defender sem espinhas um pontapé de bicicleta de Dyego Souza. Vlachodimos segura o esférico com firmeza, quase parece atacá-lo para dizer ao mundo inteiro que esta é sua. Levantou o rosto e apontou o olhar na direcção dos colegas, como quem diz "não tenham medo, o Odysseas está aqui", ao que Rúben Dias retorquiu com um seco "deixa-te mas é de merdas e passa a bola".

André Almeida
A sobriedade não recebe medalhas do Presidente da República, mas devia. Cometeu o erro de procurar Seferovic demasiadas vezes, algo que nesta fase da temporada poderá afastá-lo da primeira posição no ranking mundial de laterais direitos. Inteligente como é, André Almeida saberá encontrar outros caminhos para ajudar a equipa a chegar aos 100 golos esta época.

Rúben Dias
Apesar de a sua abordagem no lance do penalty do Braga ser digna de um titular do Aliados Lordelo sob o efeito de estupefacientes, também ele tem sabido trilhar este caminho duro da reconquista e não espantou por isso que se tivesse reconciliado na segunda parte com meia dúzia de intervenções cruciais e um golpe de cabeça que colocou o Benfica numa situação de vantagem que permitiu finalmente a milhões de benfiquistas fecharem os olhos por breves instantes e imaginarem-se encharcados em álcool no Marquês de Pombal. Ainda não ganhámos nada, mas é um bom começo. 

Ferro
A malta do Seixal pode dizer o que quiser acerca do nosso centro de treinos, mas a classe de Ferro é uma coisa que não se ensina nos livros, não se adquire na caixa 360 e não vem na dieta rigorosa. É mais do que isso. É de feitio. Corre-lhe no sangue. Esqueçam o orgulho imenso de ver um miúdo assim vestir de encarnado. É imperativo que os pais de Ferro partilhem os seus ensinamentos com o Caixa Futebol Campus. É que é simplesmente o facto de ler bem a maioria dos lances e chegar primeiro à bola, abordar os confrontos físicos de modo socialmente responsável ou de conseguir passar a bola quase sempre bem aos colegas. É o modo como faz tudo isto repetidamente desde que entrou no onze que me leva a crer que Ferro nasceu para ser capitão do Benfica. Veremos se fica cá tempo suficiente para cumprir esse desígnio ou se regressa aos 35 anos para a volta olímpica. 

Grimaldo
Muita diabrura faz o nosso lateral espanhol, com e sem a bola coladinha no pé. Às vezes passam despercebidas porque "apenas" permitem aos colegas fazerem das suas enquanto Grimaldo fica a assistir, que nem aquele meme de uma pequena menina que sorri diabolicamente enquanto a casa pega fogo atrás de si. Se rebobinarmos e virmos com atenção, vimos que metade das situações de superioridade no meio campo contrário passam por ele. É este o nosso piromaníaco favorito. 

Florentino
Começou com os nervos do aluno nota 20 que achava ter a matéria toda decorada e esbarrou na primeira questão do exame. Perante este bloqueio, Florentino fez exactamente o mesmo que nós: aproveitou uma ida à casa de banho para consultar a sua cábula, lavar a cara, pregar a si mesmo duas ou três estaladas em frente a um espelho e regressar à sala de aula, onde arrancaria para um 17 sem espinhas. A confirmação chegou quando fez um daqueles cortes em carrinho que se estão a tornar a sua marca registada. Como aluno nota 20 que é, vai ficar irritadíssimo e tudo fará nos jogos que faltam para atingir a perfeição.

Samaris
A proposta de renovação, que Samaris irá assinar porque os benfiquistas e ele merecem-se, deverá ainda assim incluir uma cláusula de penalização salarial em caso de primeiras partes como a de hoje. Isto não pode ser só dar dar dar, Andreas.

Pizzi
Fiel a si mesmo, Pizzi avançou decidido por duas vezes, com um olho na baliza e outro na desejada festa do Marquês. Tiago Sá bem tentou adivinhar o lado, mas nada podia fazer perante a condição oftalmológica do nosso maestro, cuja confiança inabalável no regresso para a segunda parte permitiu ainda somar mais uma assistência e sair metaforicamente em ombros, perante aplausos de milhares de benfiquistas que compraram uma garrafa de CRF no Pingo Doce em Braga para garantirem entrada no jogo, e neste momento dão por si a suspeitar que deviam ter comprado mais.

Rafa
Notável leitura de jogo e capacidade individual. Rafa percebeu desde logo que Seferovic ia falhar na cara do guarda redes, e que a bola iria cair junto aos pés de um cadáver da equipa adversária. Depois foi só contornar os restantes corpos e pedir desculpa aos presentes por ter profanado o cemitério dos sonhos bracarenses. No fundo é bom saber que não temos de ver jogos do Barcelona para assistir a lances como este.

Seferovic
Mais um jogo a marcar passo, como se tivesse medo de ser feliz. O que receias, Haris? Caminha na direcção da luz, meu amigo. Hoje em "minha nossa senhora, o que é que se passa com este gajo?", Seferovic conseguiu a proeza de impedir um golo feito, num remate que bateu em si já a contagem ia em 3 ou 4. Nunca o melhor marcador de um campeonato falhou tantos golos, o que talvez explique o seu já excelente entendimento da língua portuguesa, em especial asneiras, que em Seferovic são usadas como elogio ou insulto. Só depende de ti miúdo.

João Félix
Andou muito escondido do jogo, optando na primeira parte por desempenhar o papel de jogador algo displicente que nos tira um bocadinho do sério. Regressou do balneário apostado em demonstrar que isto era mais uma noite em Frankfurt ou em Alvalade, mas sim uma tarde de folia em Braga. Quando demos por nós já a pedreira tremia com os festejos do país, depois de reposta a verdade desportiva: do jogo, do miúdo e deste campeonato.

Gedson
Entrou muito bem. Este miúdo faz-se.

Salvio
Entrou mais ou menos. Já não é nenhum miúdo.

Taarbat
Este entrou com aquela gana de quem precisa desesperadamente de um pretexto para voltar a beber. Quem nunca?"

SC Braga - SL Benfica

"O Benfica já não vai ter jogos fáceis até ao final da época. Este jogo tem uma diferença comparativamente aos outros três. O adversário de hoje jogou para ganhar, algo que provavelmente não vai acontecer nos próximos três jogos. O Benfica teve uma primeira parte má. O Braga pressionou alto e o Benfica nunca saiu a jogar. Na segunda parte, o Braga tentou defender o resultado e o Benfica foi marcando. O resultado acaba por pecar por escassez. Umas notas sobre o jogo.
1. Pizzi. Um jogo algo apagado no jogo corrido. Na primeira parte não me lembro de o ter visto uma vez. A pressão alta do Braga fez com que a bola nunca passasse de Florentino e Samaris. Na segunda parte acabou por fazer a diferença. Não no jogo corrido, mas nas bolas paradas. Enganou bem o Tiago Sá nos dois penalties. Ambos batidos como se quer. Guarda-redes para um lado e bola para o outro. O segundo penalty é ele que o conquista. Remate já dentro da área e Bruno Viana corta com a mão. O remate é à queima roupa, mas estes lances têm sido sempre assinalados esta época. Volumetria pura e dura. Nada a dizer.
2. Rafa. Tal como Pizzi, foi vítima da pouca bola que o Benfica conseguiu transportar na primeira parte. Na segunda parte, acaba por não ter muito mais bola, mas aparece em alguns lances importantes. Quase que marcava de cabeça depois uma defesa incompleta do Tiago Sá a um remate do Félix. Pouco depois, num lance que Seferovic não conseguiu finalizar na cara do Tiago Sá, Rafa tem uma excelente reacção à perda da bola, finta dois ou três jogadores do Braga e finaliza para o quarto golo.
3. Rúben Dias. Acaba por estar no melhor e no pior. É ele que comete o "penalty" do Braga. As culpas não são só dele. O Fransergio veio a conduzir a bola desde do meio campo. Passou por Florentino e por Ferro. Rúben Dias acaba por encostar ao brasileiro que ao sentir o toque mandou-se para o chão. Na segunda parte, marca o terceiro golo do Benfica, na sequência de um canto. Quatro homens foram ao primeiro poste, abrindo uma clareira no segundo poste onde o Rúben Dias finaliza. 
4. Florentino Luís. Foi um jogo muito estranho. Primeira parte muito má. Parece que entrou nervoso. Falhou vários passes, não recuperou muitas bolas. Segunda parte muito boa. Puxo o Florentino aqui por um motivo. Na jogada que dá o penalty do Braga, o Fransergio corre com a bola desde do meio campo até onde sofreu a "falta". Foram quase 50m. 30m foram com Florentino ao lado que com a equipa descompensada não faz falta. No futebol é permitido fazer faltas. O Florentino não é excepção. A nossa equipa faz pouquíssimas faltas, principalmente nestes momentos oportunos. É algo a reflectir.
5. Haris Seferovic. Mais um dia que não conseguiu marcar. É relevante? Nem por isso. Já nos salvou várias vezes este ano. Vai voltar a marcar concerteza. 6. Penalties. Foram três penalties. O único que é indiscutível, na minha opinião, é o último. Braço aberto e bola na mão. Não há nada a dizer. Os outros dois, em ambos há toque, para mim não é suficiente para falta.
O Braga assustou. Aquela pressão alta secou o Benfica. Mas a partir do momento que fechou lá atrás, o Benfica só não marcou mais porque o Tiago Sá evitou uma série de golos. Foi uma do Félix, duas do Seferovic, uma do Rafa. Ficou 1-4. Podia ter sido a repetição da primeira volta. Faltam três finais."