sexta-feira, 15 de março de 2019

Sólidos

"Por vezes devemos olhar para a realidade dos outros clubes para darmos a devida importância a medidas de gestão tomadas no nosso. A situação do Belenenses, na relação com a SAD, é elucidativa quanto aos perigos de privilegiar soluções milagrosas, em nome de amanhãs que cantam, para a resolução de problemas estruturais. Para já, é ainda caso único ao mais alto nível do futebol português (havendo inúmeros exemplos internacionalmente), mas o histórico Atlético deixou-se enredar numa situação com contornos semelhantes. E nesta semana, no jornal A Bola, Dias Ferreira, conhecido sportinguista, defendeu a alienação da maioria do capital da SAD do seu clube, soçobrando perante a míngua de títulos no futebol e o crónico estado lastimoso das contas da SAD leonina.
Ora, nada disto nos diria respeito se pudéssemos assegurar que o Sport Lisboa e Benfica e as suas participadas gozariam da capacidade de perpetuar as suas excelentes situações económico-financeira e desportiva. Se hoje sabemos que quem está à frente dos destinos do clube tem provas dadas nestas e noutras matérias, não seria ajuizado supor que, no futuro, será sempre assim, até porque nós próprios já sofremos as arguras da gestão irresponsável, com as consequências que todos conhecemos.
É, portanto, indispensável frisar e reiterar a relevância da operação de transferência, na sua totalidade, da Benfica Estádio e da BTV para o clube. A robustez associativa, patrimonial e económica-financeira do clube será sempre o melhor travão a aventureirismos.

P.S. - Jogámos bem frente à Belenenses, SAD, assim como o vínhamos fazendo desde a entrada de Lage. Se mantivermos o nível exibicional, seremos campeões!"

João Tomaz, in O Benfica

Vudu

"Custou muito a noite de segunda-feira. Em vários sentidos. Custou porque o adversário chegou bem preparado, jogou sem medo, ganhou duelos, criou perigo, defendeu quando tinha de defender, queimou tempo quando precisou, e a coisa estava malparada até à hora de jogo. Foi custoso, de facto. Depois de tudo parecia tranquilo com Jonas a fazer de abre-latas brasileiro em vez de canivete suíço. E ainda melhor ficou com aquele remate de raiva de Samaris a que André Almeida deu um toquezinho. Estava resolvido, não havia dúvidas. O adversário estava em KO técnico.
Só que não.
Saído de uma encruzilhada com galinhas pretas, bonecos de vudu e garrafas de cachaça do Calor da Noite, veio um livre colocado que era fácil de defender. Vlachodimos pensou que era tão fácil, que seria melhor desviar-se para deixar a bola passar e ganhar o pontapé de baliza. Pensou mal, só acontece a quem lá anda. Ficou incrédulo - ficámos todos -, pediu desculpa, e o estádio veio abaixo num aplauso digno da Catedral.
E depois foi Rúben Dias a tocar a bola com pouca força e a oferecer o ouro ao bandido, como se tivessem puxado a perninha do boneco haitiano. E assim se foram os únicos dois pontos que o SL Benfica estava autorizado a desperdiçar até ao fim do campeonato. Andam felizes os antis. Não sei porquê, basta repetir esta serie de 9 vitórias consecutivas (interrompidas pelo empate com estes azuis que já ninguém sabe de onde são) para voltarmos ao nosso salão de festas. Eu acredito."

Ricardo Santos, in O Benfica

Afinal, estes jogadores são humanos

"Tenho tanta vontade de escrever a crónica desta semana como de ser trancado durante duas horas num quarto escuro com 20 crocodilos.
E talvez a aventura com os crocodilos fosse menos dolorosa, pelo menos psicologicamente. Isto, porque me apercebi de uma situação que julgava ser impensável: a equipa do Benfica é composta por seres humanos. É verdade, amigo leitor. Aquele grupo de rapazes que virou de 0-2 para 4-2 frente ao Rio Ave num piscar de olhos, que despachou pelo mesmo resultado o Sporting em Alvalade, números que até foram lisonjeiros para os leões, que goleou o Nacional por 10-0, e que foi ao Dragão buscar a liderança da Liga como se tivesse ido ao café buscar pão, é afinal um conjunto de comuns mortais.
É uma pena, porque eu já imaginava o Benfica a disputar competições interplanetárias em Marte e Júpiter. Seriam deslocações incríveis com toda a certeza, mas ao que parece este Benfica é mesmo deste planeta. Se, há uns meses, os jogadores se encarregaram de provar aos adeptos que podem confiar na equipa, agora chegou a hora de os adeptos provarem à equipa que podem confiar nos adeptos. Quando o Odyseeas sofrer um golo, quando o Rúben Dias falhar um passe, sempre que alguém cometer um erro, os adeptos têm, não o dever, mas a obrigação de incentivar, aplaudir, apoiar.
Se recuarmos à etapa final de qualquer um dos anos do tetra, percebemos facilmente que as conquistas apenas foram possíveis pela total simbiose entre adeptos e equipa. Faltam 9 finais, e temos de remar todos para o mesmo lado. Caramba, já tenho saudades de jogar ao quem-será-o-jogador-a-ficar-mais-bêbado-no-marquês."

Pedro Soares, in O Benfica

Estamos na frente

"Dois erros individuais impediram o Benfica de alcançar uma vitória que parecia certa, e que seria a 10.ª consecutiva na Liga.
Só não erra quem lá não anda. E tanto Odysseas como Rúben Dias já nos deram manifestas provas de qualidade e confiança. As suficientes para entendermos aqueles lapsos como episódios, e para ficarmos seguros de que ambos irão saber reagir com o vigor que normalmente caracteriza os grandes campeões.
Compreende-se, e aplaude-se, que Bruno Lage tenha retirado o ónus da culpa aos seus jogadores. Mas a verdade é que aquele resultado infeliz não resultou de quebra da equipa, de falha no processo de jogo, de equívoco estratégico, ou da ausência de qualquer elemento - por mais importantes que possam ser Jardel, Fejsa, Salvio, Gabriel ou Seferovic. O Benfica jogou bem, dominou toda a partida, atacou de forma certeira, marcou dois golos, podia ter marcado mais, e em condições normais teria ganho tranquilamente. Os adeptos que enchiam a Luz perceberam-no.
Como não adianta chorar sobre leite derramado, importa olhar para Moreira de Cónegos de cabeça bem erguida e com total serenidade. Importa recuperar os níveis anímicos que permitiram a recuperação de um atraso de 7 pontos até chegar ao 1.º lugar, com vitórias categóricas em Alvalade e no Dragão pelo meio. Importa perceber que somos melhores, que todo aquele azar de segunda-feira não irá decerto repetir-se, e que, continuando a jogar bem, seremos naturalmente campeões.
O que para trás está, para trás ficou. Faltam 9 jornadas, e estamos na liderança.
Ninguém nos pode tirar de lá. Só depende de nós mantê-la.
Vamos a isso!"

Luís Fialho, in O Benfica

Dedicação exemplar

"A entrega dos emblemas de dedicação e dos anéis de platina a 4267 Sócios foi um momento de exaltação benfiquista em mais uma grande organização do Clube.
O nosso Pavilhão Fidelidade rebentou pelas costuras, e o Órfeão deu o mote para um dia único. Luís Filipe Vieira sintetizou tudo numa frase - 'Os Sócios do Sport Lisboa e Benfica são o mais valioso que o Clube tem'. Nesta cerimónia, destaco três momentos especiais. Jamais esquecerei a entrega do emblema de ouro a Mário Dias. O nosso eterno vice-presidente e grande obreiro do novo Estádio da Luz mereceu a justíssima homenagem. Foi glorioso ver o pavilhão todo de pé a aplaudir o 'Pai do Estádio'. São dirigentes como Mário Dias que fazem muito falta ao SL Benfica e ao desporto nacional. Outro momento especial foi a altura em que José Bastos, antigo guarda-redes, recebeu o anel de platina pelos seus já 75 anos de Sócio. Bastos ajudou a ganhar nove títulos - três Campeonatos, cinco Taças de Portugal e a Taça Latina, a futura Taça dos Clubes Campeões. Ele foi um dos nossos 12 heróis que em 1949/50 bateram a Lazio e o Bordéus, levando o nome do Glorioso ao patamar mais alto. Bastos fechou a baliza com a habitual categoria, e Arsénio e Julinho trataram dos golos que nos deram o título que mais nenhum clube português conquistou. Outro momento especial foi a entrega do emblema de ouro a Toni, o nosso eterno campeão. Coube à sua filha e aos seus netos a honra de receberem a prova de 50 anos de dedicação de um benfiquista que, como notável jogador e capitão e como treinador exemplar, conquistou 20 títulos."

Pedro Guerra, in O Benfica

Obrigado, futebol feminino!

"Para quem está em liberdade é difícil imaginar o peso das rotinas diárias de uma prisão que se acumula, numa penosa repetição, com aquele outra da privação e com a vida que passa lá fora indiferente a tudo isto. Mas para quem vive a situação há que aceitar e viver um dia de cada vez com a esperança toda num projecto pessoal de melhoria e reabilitação a pensar na vida que há de vir enquanto nesta se gastam os dias a expiar a culpa, companheira da angústia, sempre presentes.
A privação de liberdade, por compreensível reacção defensiva, eleva ainda mais a importância de todos os espaços informais em que a individualidade de cada uma pode manifestar-se. É o caso dos tempos de recreio nos pátios, das celebrações de datas festivas e das actividades desportivas em que se queimam energias e soltam angústias.
Os resultados desportivos, os casos e as vitórias, como as derrotas, têm o condão de unir a comunidade prisional em torno das suas preferências e de criar espaços de comunicação e interacção positiva entre reclusas, guardas e técnicas do estabelecimento prisional. É terreno neutro sobre o qual se constroem pontes e se estreiam laços de extrema importância para o equilíbrio socioemocinal das reclusas e para o ambiente construtivo e regenerador que, a par do rigor, se pede a um estabelecimento prisional moderno.
Por isso, quando se vê jogar futebol, esquece-se nomeadamente a dureza das realidades vividas e atenua-se o tédio opressor das rotinas. Por isso, quando se joga futebol, esbatem-se tensões e aprofundam-se solidariedades, experimenta-se e promove-se o cultivo da regra, da cooperação, do fair play e da superação individual e grupal.
Mas quando se recebe, duma assentada, a visita de uma equipa A de futebol, para mais jogado no feminino, é uma explosão de alegria e um viver (recordar) sensações que recordam a vida plena em sociedade e acentual a motivação, criando sinergias com o trabalho de reabilitação a que, de forma exemplar, toda a comunidade prisional do EP Tires nos habituou, dos guardas ao corpo técnico e direcção.
Só por isso mereceram a visita, e é bem certo que as nossas jogadoras trouxeram tanto consigo quanto lá deixavam: enriqueceram-se pessoalmente a verbalizaram-no.
Obrigado!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Pontos cardeais

"A geografia que se aprende na primeira escola concede-nos, cedo na vida, os primeiros fascínios sobre a dimensão do mundo, sem que, nessa altura, tenhamos sequer a mais remota percepção de todos os lugares a que mais tarde possamos aceder e conhecer. Em criança, apenas nos restava a intangível fantasia de imaginar outros espaços, outros sítios, outros ambientes para além dos que conhecíamos e nos eram familiares...
Com os visionários de 1904, no Benfica também pareceria que viria a ser assim. Então, certamente não lhes terá sido possível fazerem mais do que conjecturar vagamente acerca da evolução que a própria ideia fundacional do restrito grupo de amigos determinados poderia vir revestir, já que as primeiras necessidades de subsistência e da consolidação do agregado que criavam, teriam de ser prioritários. Na humildade dos seus propósitos e estando sobretudo concentrados em fortalecer o convívio no sentido de uma actividade competitiva e ganhadora, muito menos terão percepcionado a dimensão da expansão que esse conceito primordial atingiria, para eles, era mais importante assegurar, por exemplo, a assiduidade às sessões de treino, a conformidade dos equipamentos que usavam para jogar o jogo do foot-ball, ou as contas comuns e os registos para memória futura. Não terão, pois, pensado tanto em geografia...
Cento e quinze anos mais tarde, a realidade é outra. O Grande Benfica, hoje, é o próprio mundo todo. Dos confins de Trás-os-Montes ao último quilómetro de estrada na ilha do Corvo. Da primeira aldeia de Marrocos ao Cabo da Boa Esperança; da praia mais afastada de São Tomé até aos confins da Somália. Do último porto do Alasca à cidade de Ushuaia, no longínquo meridão das Américas. Sempre e onde houver portugueses, lá estará bem vivo o Benfica. E, no entanto, esta (outrora inimaginável) dimensão planetária do Benfica fez-se dos homens que um dia foram crianças a sonhar com os espaços e as forças ainda nunca experimentados. Cresceu consistentemente, isso, sim, com a cuidada transmissão de uma persistente ideia-forte que todos quiseram transportar e desenvolver cada vez mais.
Hoje, o Benfica é de todos os pontos cardeais da estrela-dos-ventos. A sul, no centro e no norte de Portugal: onde joga o Benfica, lá estão os Benfiquistas! Indefectíveis, solidários e sempre presentes e felizes, a jogar com a sua equipa. Como agora vai acontecer, nesta fase tão decisiva de uma época difícil em que todos ardentemente queremos reconquistar o que - apesar de contrariedades e 'alianças' contra a natureza - há de voltar a ser nosso, porque esse é o nosso desígnio permanente.
Ao Benfica, desta vez na região nortenha, para a conquista de autênticos pontos cardeais naquele rectângulo de escassos 37x105 Km, compreendido entre Moreira de Cónegos, Vila da Feira, Braga e Vila do Conde, não vai faltar o supremo sopro do maior grito de todas as gargantas: - 'Benfica, Benfica, Benfica!' Porque, ao contrário dos ouros lados, nós sempre crescemos a ganhar muito naturalmente, sem termos, sequer, de pensar em geografias..."

José Nuno Martins, in O Benfica

Trocar esforço por confiança

"O Benfica retificou o desaire de Zageb e marcou lugar no sorteio dos quartos de final da Liga Europa. Precisou de 120 minutos, é certo, para retirar dúvidas quando a uma superioridade futebolística que não devia ter sido posta em causa, mas prestigiou o nome do clube na UEFA e ajudou a um melhor ranking português, num contexto em que o nosso mais directo adversário, a Rússia, perdeu os derradeiros dois representantes, Zenit e Krasnodar.
Bruno Lage viu-se obrigado a gerir recursos, poupou até poder Grimaldo, Jonas e João Félix, mas acabou por ter de recorrer aos seus préstimos, tão notória era a incapacidade de vislumbrar sucesso sem uma verdadeira capacidade atacante. Por um lado, poderá dizer-se que, de olhos postos no difícil jogo do próximo domingo, em Moreira de Cónegos, a contar para a competição que mais interessa ao Benfica ganhar na presente temporada, o desgaste a que essas pedras nucleares do Benfica foram chamadas constituiu um desvalor. Mas por outro, mais importante do que o primeiro para quem conhece os movimentos mais profundos de um balneário, recuperou o elã vitorioso que encalhara em Zagreb e frente ao Belenenses SAD, criando, a montante e a jusante, razões de optimismo que tornam um grupo mais forte. Na gíria do futebol, há uma máxima que diz que «vitórias puxam vitórias», salientando-se nela a importância de um astral positivo nos sucessos pretendidos. E foi isso que o Benfica ontem, acima de tudo, conseguiu: a equipa de Bruno Lage investiu algum esforço físico suplementar, esperando um retorno feito de juros altos, em forma de confiança reforçada..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Os actores principais

"Benfica ainda apanhou dois sustos, mas justificou plenamente a passagem aos quartos

Desligados e longos
1. Fiel à identidade que está a tentar construir mas também percebendo-se que há uma hierarquia de objectivos, Bruno Lage apresentou um onze com muitas novidades, com destaque para a estreia de Jota. Com o resultado de 1-0 e sabendo que a atitude do adversário seria defensiva, o Benfica tentou ultrapassar o Dínamo sem colocar em questão o seu principal horizonte, o campeonato nacional. Mas não correspondeu na primeira parte, com a equipa, sem largura, a ser incapaz de fazer jogo exterior. Os encarnados apresentavam-se desligados no último terço, demasiado longos, com pouca criatividade, sem criar ocasiões de golo. E com pouca presença na área.
O Dínamo ainda tentou pressionar a primeira fase de construção da águia, mas quando não conseguiu baixava imediatamente. As excepções nesta fase do jogo foram Pizzi e Rafa, com o Benfica a ganhar maior largura quando Pizzi aparecia num dos flancos. Face a este cenário, o Dínamo sentia-se confortável, com Dani Olmo a revelar qualidade e a tentar o desequilíbrio.

Um livre em movimento
2. Bruno Lage percebeu que para a segunda parte tinha de ir buscar os actores principais e chamou Jonas e Grimaldo, aos quais mais tarde se juntou João Félix. Coincidência das coincidências, Jonas marcou um excelente golo e Grimaldo executou um livre em movimento. Com a entrada destes dois jogadores toda a equipa melhorou, os níveis de intensidade subiram, houve maior pressão, o Benfica não deixou o adversário respirar. Assim, este período foi de autêntico domínio territorial, embalando para uma exibição mais acutilante mas nem sempre esclarecida. No entanto, os encarnados apenas fizeram um golo e acabaram por ir a prolongamento, no qual resolveram a partida. O Benfica ainda apanhou dois sustos mas justificou plenamente a passagem, sobretudo face à exibição da segunda parte.

Um Rafa de Ferro
3. Em termos de destaques individuais, nota para a exibição de Ferro, que fez um passe para Pizzi, que posteriormente assistiu Jonas para o primeiro golo e fez o segundo de forma extraordinária. Julgo estarmos na presença de um grande central, sóbrio. Além disso, Pizzi, pela exibição que fez, merecia um golo e Rafa está num momento muito bom, destacando-se a profundidade que dá à equipa e a velocidade com bola. Grimaldo também esteve muito bem, tal como Jonas. No fundo, colectivamente, após duas exibições menos conseguidas, o Benfica na segunda parte regressou ao passado recente daquilo que tem sido a era Bruno Lage."

Vítor Manuel, in A Bola

A noite mágica de Leverkusen

"Os meus caros leitores nascidos antes da década de 1990, certamente se lembrarão da velhinha Taça dos Clubes Vencedores de Taças. Nessa época, os nomes das competições ainda cumprem o que prometem: entre 1960 e 1999, apenas os vencedores das respectivas taças nacionais dos seus países disputam esse troféu. Depois da Taça dos Campeões Europeus, a „Taça das Taças“ foi na altura a segunda mais importante competição do nosso continente.
Para a minha grande alegria, o sorteio dos quartos-finais da „Taça das Taças“ em Março de 1994, determina dois jogos entre o Benfica e o Bayer Leverkusen. Os 220 quilómetros da minha casa em Offenbach até Leverkusen, não são mais do que um agradável pulinho, comparado com as viagens a Lisboa.
Depois da primeira mão frente a oitenta mil adeptos no antigo Estádio da Luz, o apuramento para as meias-finais está ainda por completo em aberto, uma vez que o jogo entre as duas equipas em Lisboa termina com um empate por 1:1. Markus Happe colocou a „Werkself“ na liderança, Isaías empatou no último minuto da partida.
Duas semanas depois, a segunda mão trará a decisão. No dia 15 de Março, Benfiquistas de todos os cantos da Europa estão a caminho de Leverkusen. Largas horas antes do pontapé de saída, já estamos em frente ao estádio de Leverkusen. „E tu... de onde vens?“, é uma das perguntas mais frequentes, enquanto brindamos com uma ou outra cerveja à saúde do Glorioso. Mais tarde, já dentro do recinto, uma das bancadas laterais do antigo Estádio Ulrich Haberland está quase por completo em mãos dos Benfiquistas.
Quando o Benfica chega ao recinto, duas horas antes do pontapé de saída, os jogadores do Glorioso vêem apenas uma enorme multidão em vermelho. Anos depois, Rui Costa recordará o momento numa entrevista para o site Maisfutebol: „Era a cor do Bayer e achámos que se o estádio estava cheio com tanta antecedência ia ser um ambiente infernal. Mas depois fomos pisar a relva e percebemos que havia tantas faixas de adeptos do Benfica como de alemães.“
Rui Costa e os seus companheiros de equipa bem que precisam de forte apoio Benfiquista nessa noite, porque a „Werkself“ do treinador Dragoslav Stepanović tem naquela época um plantel de luxo e joga com vários estrelas, como Ulf Kirsten, Bernd Schuster ou Andreas Thom.
À entrada das duas equipas em campo, os Benfiquistas nas bancadas, transformam o estádio esgotado com 21 mil espectadores, num mar de tochas e fumos. Mas depois da fumaça desaparecida, jogam apenas os anfitriões. Ulf Kirsten inaugura o marcador aos 24 minutos, Bernd Schuster aumenta após 58 minutos para 2:0.
Enquanto o ambiente nas bancadas entre os Benfiquistas oscila entre esperança e ansiedade, começa a meia hora mais incrível, que alguma vez vivi, em todas estas décadas com o Benfica. Apenas um minuto depois do 2:0, Abel Xavier marca com um remate de longe o primeiro golo das Águias nessa noite. O jogo fica empatado 60 segundos mais tarde. Depois de um canto da esquerda, João Vieira Pinto marca de cabeça mesmo em frente à baliza. A partir de agora, o jogo fica totalmente impróprio para cardíacos, até que Vassiliy Kulkov aproveita um contra-ataque aos 78 minutos e marca o 2:3. Já está!
Mas ainda não estava, pois os jogadores do Bayer por enquanto, não se dão por vencidos. Nos próximos 240 segundos, Ulf Kirsten e Pavel Hapal viram o resultado de novo para 4:3. O ambiente entre os Benfiquistas balança agora entre desespero e histeria. Apenas três minutos mais tarde, João Vieira Pinto passa a bola para Kulkov e o russo marca de onze metros de distância o 4:4. Agora é que está mesmo, é a loucura total. Toda a gente cai em cima uns dos outros. Mesmo semanas depois, ainda são visíveis as nódoas negras que levo da noite mágica de Leverkusen.
O Glorioso está nas meias-finais da Taça dos Clubes Vencedores de Taças, onde será eliminado pelo AC Parma. Depois de ter vencido a primeira mão na nossa Catedral por 2:1, o Benfica perde o segundo jogo na Itália por 1:0. A regra dos golos marcados fora de casa, que ajudou as Águias a voar até às meias-finais, impede-os agora na participação em mais uma final europeia. Mas o que verdadeiramente fica na memória desta temporada de 1993/94, é a noite mágica de Leverkusen. 
Mesmo na Alemanha, a euforia é tão grande, que um mês depois do jogo, um grupo de emigrantes, que também tiveram o privilégio de estarem presentes no Ulrich-Haberland-Stadion, fundam a Casa do Benfica de Groß-Umstadt. A primeira e, até hoje, a única Casa do Benfica em terras germânicas."

Cadomblé do Vata (Rúben...)

"Rúben Dias demorou época e meia a tornar-se efectivamente um jogador à Benfica. É certo que se lhe nota fibra Benfiquista em todos os cortes in-extremis, que tem garra Gloriosa em todas as entradas a "raspar" canela e que esboça Orgulho Encarnado sempre que fecha o punho a festejar golos. Mas precisou de quase 2 anos para passar de bestial a besta, que é como quem diz, de Mozer a Bermudéz. Há 1 mês voava sobre os troncos para marcar em Alvalade, hoje é o tronco que meteu Kikas a voar sobre o SL Benfica. Há 30 dias era o futuro capitão do Sport Lisboa e Benfica, hoje será o futuro capitão do Sport Benfica e Castelo Branco... se o Kikas não regressar a casa antes do 6 benfiquista rumar ao Vale do Romeiro.
As razões apontadas para a súbita jorge-soarização do produto do Seixal são várias, habituais e altamente credíveis, como qualquer teoria que venha da multidão da bancada: a renovação de contrato que lhe encheu de tal forma os bolsos com dinheiro, que ele já nem consegue correr; o colega de defesa, que sendo de elevado quilate deixa transparecer mais facilmente as deficiências do rapaz; namorar uma miúda gira, que logicamente, na cama lhe suga o talento todo.
O processo pelo qual Rúben está a passar é normal. Acontece mais porque Ferro apareceu cheio de qualidade. O adepto só tem coração para 1 menino bonito de cada vez e não há meias medidas. Ninguém passa de "este puto faz-se" para "é preciso calma e apoiar nos erros". A coisa é muito mais célere e segue do olhar embevecido para o "se alguém oferecer 500 mil por ele, vou lá levá-lo no meu carro, com laçarote na cabeça" mais depressa do que a parábola que a bola do Grimaldo fez.
A sorte do Dias, é que no Terceiro Anel, as opiniões mudam à velocidade da Luz. Quem ontem o metia nos píncaros está hoje de pá na mão e estará amanhã carregado de red bull no bucho, a conduzi-lo novamente lá acima. A única coisa que se pede a quem atravessa este processo é que avise cordialmente o colega que o dele vem a caminho, mesmo que a vontade seja olhar-lhe de lado e dizer entre dentes "ri-te ri-te, que já te fodem"."

A orquestra da Luz

"O Benfica ultrapassou ontem o Dínamo Zagreb por 3-0 (após prolongamento) na 2° mão dos oitavos de final da Liga Europa.
Com várias surpresas no onze inicial, o Benfica alinhou com Odysseas, André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Fejsa, Gabriel, Zivkovic, Pizzi, Rafa e Jota.
O Benfica entrou no jogo com velocidade e pressão elevada à procura de virar o resultado da primeira mão, porém nos primeiros minutos não teve uma oportunidade de golo devido à falta de definição no último terço.
Já os croatas com Dani Olmo, o mais perigoso da equipa apenas causava perigo com contra ataques rápidos e apoiados.
Até ao intervalo, as únicas oportunidades de golo do Benfica tinham surgido por rasgos individuais e Pizzi por essa altura (e no resto do jogo) era o maior desequilibrador da equipa. Por outro lado, Yuri estava péssimo e Zivkovic com pouca influência no jogo.
No intervalo, Lage alterou a equipa e colocou uma referência ofensiva de peso em campo, Jonas e ainda colocou Grimaldo. Os crucificados foram Yuri e Zivkovic.
O Benfica ainda à procura do golo enfrenta um Dínamo bastante recuado com 11 jogadores atrás da linha da bola.
Aos 62 minutos, Lage retirou Jota do campo e colocou João Félix.
O golo chegou aos 70 minutos, quando Ferro com um passe teleguiado colocou a bola em Pizzi que amorteceu a bola para Jonas que com a classe a que nos habituou, marcou um grande golo.
A falta de golos obrigava o jogo a seguir para prolongamento.
Aos 94 minutos, Ferro ganhou a bola fora da área croata e aplicou uma “bomba" a Livakovic que não tinha hipóteses de defender. Estando o Benfica à frente da eliminatória pela primeira vez, agora era a vez do Dínamo de ir atrás do resultado.
Aos 105 minutos, num momento de inspiração de Grimaldo, o mesmo levanta o estádio com um golaço que deixou Livakovic paralisado.
Uma expulsão por acumulação de amarelos a Stojanovic sossegou ainda mais os encarnados e o resultado permaneceu inalterado.
A destacar pela positiva: principalmente Pizzi, Rafa e Ferro pelo autêntico jogão que fizeram ontem.
A destacar pela negativa: Yuri e Zivkovic.
Segue-se agora o Eintracht Frankfurt para a Liga Europa onde dois jogadores se encontrarão com clubes, que conhecem muito bem, Haris Seferovic e Luka Jovic (ainda vinculado ao Benfica mas está emprestado)"

Foi à Benfica

"Aconteceu o que todos queríamos: uma grande noite europeia na Luz, com quase 50 mil adeptos a regressarem felizes a casa. Tudo está bem quando acaba bem.
Foi mais uma exibição de grande qualidade, mais um excelente resultado e mais uma demonstração cabal de que, neste plantel, todos contam! Portugueses, não portugueses, formados no Seixal ou em qualquer outro ponto do Mundo, jovens, experientes, altos, baixos, pouco importa: todos ajudam, todos acrescentam, todos contam!
O Benfica concretizou a ‘remontada’ que se pedia e mantém, assim, intactas as suas aspirações nas três provas em que se encontra.
Todos sabemos que a Reconquista é o maior dos objectivos, assumido desde a primeira hora. Mas isso não quer dizer que não seja possível compaginar esse caminho com outras conquistas e outras missões. É o que está a ser feito e, como ainda ontem se viu, com um enorme sentido de responsabilidade.
A confiança existe. A ambição existe. A determinação existe. Tudo na medida certa, sem exageros, com o máximo de respeito por todos os opositores. Na Liga Europa, o próximo adversário é o Eintracht Frankfurt, mas apenas a 11 e 18 de Abril. Ou seja, ainda não surge no horizonte.
Para já, todo o foco vai para a deslocação de domingo ao terreno do Moreirense. É a próxima ‘final’ e é, por isso, o único jogo em que interessa pensar. A onda vermelha lá estará!

PS: A convocatória para os próximos jogos de Portugal, anunciada pelo seleccionador Fernando Santos, é o melhor reconhecimento ao trabalho desenvolvido no Seixal durante a última década. Entre jogadores que actualmente jogam no Benfica ou passaram pela sua formação, são 11 os convocados. Uma aposta de fundo com ganhos para todo o futebol português."

Eintracht Frankfurt

Vamos à Alemanha, seguramente com muito apoio dos Benfiquistas... numa eliminatória dividida ao meio no favoritismo, com a 'troca' Jovic/Seferovic em evidência!

O Eintracht Frankfurt é uma das boas surpresas deste ano na Bundesliga, tem uma equipa com vários internacionais, com um jogo bastante físico e intenso, com a qualidade técnica do Rebic e do Jovic a fazer a diferença...

Do nosso lado, tendo em conta a prioridade interna, será muito importante o boletim clínico estar 'limpo'! Prefiro sempre ter o 2.º jogo na Luz, mas já várias vezes 'virámos' fora resultados menos bons na Luz... O currículo com equipas Alemãs é que não é muito agradável!!!

Em caso de qualificação, vamos defrontar muito provavelmente o Chelsea.

Arsenal -Nápoles
Villarreal -Valência
Benfica -Eintracht Frankfurt
Slavia Praga -Chelsea

PS: Parabéns ao Félix pela primeira convocatória para a Selecção principal... mas tal como aos outros - Rúben, Pizzi e Rafa - espero que jogue pouco, pois precisam de recuperar algum gás!!!
Sendo que muito provavelmente só o Rúben será titular... o que não deixa de see irónico, devido à não convocação do Ferro, claramente o Central em melhor actualmente no Benfica!

Cadomblé do Vata

"1. Muito bem Bruno Lage: entra com putos; jogadores do Dínamo no chão de 2 em 2 minutos; mete Jonas e Grimaldo... ah estão com merdas? Então vamos a sério.
2. À primeira vista o prolongamento seria a pior notícia possível, antes de uma visita ao Moreirense... mas sejamos realistas, alguma vez é negativo ter mais 30 minutos de Glorioso?
3. Dizem que o Jonas está velho... a mim parece-me que quando o Seferovic voltar, o Pistolas volta para a equipa de juniores.
4. Até dizia que derrotamos o Dínamo à bomba.... mas isso com balcânicos é como falar de Boeing's 737 Max numa viagem de avião.
5. Vamos lá a ver se a gente se entende: o Ferro é central, está no SLB há 8 anos e fez 4 épocas na equipa B... quem raio no início desta época olhou para ele e disse "bom, isto é melhor irmos buscar o Lema"."

Baby Benfica? (...) nota um certo velhinho chamado Jonas: há lá coisa mais bonita do que ver um bebé ser levado ao colo pelo avô

"Vlachodimos
Regresso às boas exibições, e por boas exibições entenda-se que usou os braços para afastar a bola da baliza e ajudou a equipa a atingir o objectivo da noite.

André Almeida
O capitão fez uma exibição plena de sacrifício, mas acabou por ser o único a beneficiar da presença de Yuri Ribeiro em campo. Fez André Almeida parecer Philip Lahm.

Rúben Dias
Se é verdade que ele sempre foi duro, desde que se viu emparelhado com um central praticante da elegância, Rúben Dias parece o amigo brutamontes que arranja sempre confusão quando a malta sai à noite. Curiosamente, é também o gajo que safa toda a gente quando um dos outros arranja confusão. Hoje voltou a ser igual a si mesmo. Não fez tudo bem, mas não fugiu dos mitras de Zagreb quando eles vieram na nossa direcção.

Ferro
repararam na quantidade de analistas que sempre souberam que Ferro ia ser este portento de leitura de jogo, capacidade de antecipação e qualidade com a bola no pé? São mais que as mães, mas não se deixem enganar. Ninguém sabia, atrevo-me a dizer que nem mesmo o Ferro imaginava, que a sua estreia na equipa principal o elevaria a decisor de jogos - na defesa e no ataque - em tão pouco tempo. Talvez Bruno Lage soubesse, mas da última vez que o elogiei a coisa correu mal.

Yuri Ribeiro
Uma lição magistral para todos os miúdos na formação do Benfica: não abandonem os estudos. Nunca se sabe quando poderão precisar.

Fejsa
A sua exibição fez lembrar a mãe de "Good Bye Lenin!" se esta acordasse do coma e de imediato lhe dissessem que o muro de Berlim tinha caído e o capitalismo entrara a pés juntos sobre o regime comunista. A história de Fejsa não é diferente: lesionou-se na velhinha RDA e acordou numa Alemanha unificada em 4-4-2 sem tempo a perder.

Gabriel
Jogou como se a sua vida depende disso, quando na verdade era a nossa que estava ali no fio da navalha. Só descansou quando soube que todos os adeptos tinham chegado bem a casa.

Pizzi
Sabe tudo, vê tudo, está em todo o lado. Duvidam?

Zivkovic
Os defensores de Zivkovic devem sentir-se um pouco como muitos fãs do Michael Jackson desde que viram aquele novo documentário: assim fica difícil. Nem o Pizzi será capaz de o salvar.

Jota
A avaliar pelos comentários catastrofistas de benfiquistas um pouco por esse mundo fora, a carreira de Jota ao serviço do Benfica terminou hoje. A avaliar pela entrevista que deu no final do jogo, a carreira dele começou hoje. Os bebés não são todos iguais, amigos. Porque é que haveria de ser diferente no Benfica? Dêem-lhe mimo, um biberão de vez em quando e talvez um lugar mais encostado à ala, para ele crescer feliz e nos orgulhar a todos. Sem esquecer o Pizzi.

Rafa
Pára De Correr, Tens Jogo No Domingo! Tu também, Pizzi.

Jonas
lá coisa mais bonita do que ver um bebé ser levado ao colo pelo avô. Põe-te fino, Baby Benfica, que o velhinho Jonas ainda desbloqueia jogos com uma perna atrás das costas. Pode estar cansado, mas ainda respira e será fundamental até ao fim da época. Nesse sentido, dá-lhe jeito que a expressão popular seja "15 minutos à Benfica". As pernas do génio brasileiro não aguentam muito mais. Já as do Pizzi.

Grimaldo
Entrou ao intervalo e, apesar da intensidade, fez quase tudo mal, ao ponto de parecer um dos mais afectados pela recente crise de confiança. Mereceu todos os meus insultos até marcar o melhor golo da semana num extraordinário remate teleguiado que confirmou a passagem do Benfica aos quartos de final. Continuei a insultá-lo, mas naquele jeito de quem tem muito carinho por alguém. Sacana do Pizzi.

João Félix
Contém multitudes. A sua mobilidade consegue desposicionar adversários e criar vias rápidas para os colegas, a sua inteligência na desmarcação dá profundidade ao jogo ofensivo da equipa, o seu pragmatismo em algumas combinações revela um sentido colectivo de jogo que nos aproxima da vitória em qualquer jogo, e o seu feitio faz-me pensar que precisava de uns calduços do Luisão. Ou do Pizzi.

Gedson
Não é nenhum Pizzi, mas também se safa."

SL Benfica - GNK Dìnamo Zagreb

"Mais um jogo muito complicado. Na Croácia o Zagreb eliminou o jogo ofensivo do Benfica ao fechar os espaços entre a linha defensiva e os médios. Hoje o Zagreb conseguiu mais uma vez contrariar o Benfica. Primeiro com uma pressão alta. Depois com a defesa posicional. Demos 30 minutos de borla ao início. Os 60 minutos que se seguiram já foram um pouco melhores. Acabámos por despachar a eliminatória no Prolongamento. Umas notas sobre o jogo.
1. Rafa. O melhor em campo. Começou a jogar no centro do terreno, numa posição que já não o víamos há bastante tempo. Nessa posição criou as poucas ocasiões de perigo na primeira parte, com umas boas combinações com Jota. Na segunda parte acabaria por voltar a ala e apesar de não estar envolvido em nenhum golo, esteve nos outros grandes momentos do Benfica e ajudou a criar momentum.
2. Jonas. Não oferece o que Seferovic é capaz de dar e já não tem capacidade para pressionar alto. Mas dentro da área a qualidade está toda lá. O Benfica ganhou outra qualidade com Jonas no ataque. Teve vários remates muito perigosos que só não deram em golo graças à bela exibição do guarda-redes croata. Acaba por marcar o golo numa jogada em Ferra coloca a bola em Pizzi, Pizzi toca de primeira para Jonas que marca num remate muito colocado já dentro da grande área com a.... canela. 
3. Ferro. Que jogaço. Nem vou falar no golo que marcou. Se não viram, vão ver. Foi um remate fora da grande área com uma violência tremenda. Mas além de vários cortes importantes mostrou aquilo que faz tão bem: sair a jogar. É ele que está na génese da jogada do golo de Jonas, ao colocar a bola em Pizzi.
4. Pizzi e Gabriel. Exibição a cumpridora dos dois. Pizzi tem uma assistência. Gabriel recuperou muitas bolas, como de costume.
5. Grimaldo. Fez mais um golaço, deu largura ao ataque e está envolvido em algumas boas jogadas. O golo foi um remate do meio da rua com a bola a ganhar um efeito similar aqueles Tomahawks que o Ronaldo marcava antes da lesão no joelho.
6. Jota. A qualidade está lá. Mas é complicado pedir a um jogador tão desequilibrador no 1v1 que tenha menos a bola. No centro do terreno há mais homens e Jota vai perder a bola se não for mais rápido a passa-la. Tem que jogar na ala. Ali não rende nem metade do que é capaz.
7. Yuri Ribeiro. Vi-o a jogar nos juvenis. Gostei. Vi-o a jogar nos juniores. Gostei. Vi-o estrear-se pelo Benfica B ainda com idade junior. Gostei. Vi-o no Rio Ave. Gostei. Não consigo gostar do que anda a fazer na equipa principal. Hoje fartou-se de perder bolas. Tem que dar mais.
8. Fejsa. Ofensivamente não consegue contribuir. Atacamos literalmente com menos um. Fejsa fica sempre mais atrasado no campo relativamente ao que Samaris faz. Defensivamente também não fez uma exibição fantástica. O físico não me parecia a 100% pois logo na primeira parte vi-o a recuperar a passo em pleno contra-ataque croata. Adoro o Fejsa. Tenho uma camisola com nome dele. Não vejo um lugar para ele numa equipa com a ideia de jogo de Lage. E acho que com 30 anos ele tem é que jogar e não estar na bancada à espera que Florentino e Samaris lhe dêem uma oportunidade.
Jogo foi muito complicado. O Benfica voltou a não ser muito rápido na troca de bola e isso não permitiu atravessar a solidez defensiva do Dinamo. Outra coisa que senti que não esteve lá foi a pressão. Aliás, ate ao momento do golo de Jonas, das poucas vezes que fizemos pressão, foi quando criámos mais perigo. Nota-se algum cansaço. O jogo em Moreira de Cónegos vai ser dos mais importantes da época. Encham aquilo!"

Acho que ele Lagiu muito bem

"No rescaldo da vitória de ontem, frente ao Zagreb, rapidamente se levantaram algumas vozes críticas que apontavam o risco da gestão que Bruno Lage (tentou) fazer nesta partida. Se há riscos em jogar de início com Yuri Ribeiro e um (por agora) inconsequente Jota? Sem um ponta-de-lança? Há, pois! Todavia deixo aqui duas questões para os críticos-rápidos-no-gatilho:
Preferem ter jogadores nucleares lesionados ou de rastos nesta fase da época (sendo que alguns já estão)? 
Lage tem um plantel à altura de competir em todas as frentes com a mesma qualidade?
Parece-me evidente que a resposta a estas duas questões é um rotundo “não”. Mas isso sou eu.
É evidente que num clube como o Benfica a exigência deve ser máxima e a ambição só pode ser - sempre - ganhar tudo. Mas entre o que é a essência do Glorioso e a realidade desta época, vai alguma distância.
Para os adeptos das comparações: façam o exercício de analisar os plantéis que o Benfica tinha nos anos em que chegou à final da Liga Europa, e a rotatividade que, aí sim, era possível fazer sem grandes quebras de rendimento.
Em suma: Lage arriscou, mas na realidade não tem outro remédio. Volto a bater nesta tecla: é absolutamente surreal o plantel não dispor de mais um ponta-de-lança capaz de ser, pelo menos, alternativa válida.
A realidade é que o nosso timoneiro recebeu um desafio tremendo e aceitou ir para a guerra com snipers de elite, mas também com crianças que nunca pegaram numa espingarda.
Nota: exibições tremendas de Ferro, Pizzi, Gabriel e Rafa, ontem. Que tenham muita saúde. 
Domingo, há mais. Pra cima deles, Benfica!"

O poder do comentário do comentador

"Nos dias que correm, é cada vez mais comum vermos ex-árbitros seguirem o caminho (pós-carreira) do comentário desportivo.
Honestamente, acho que isso faz todo o sentido.
Se é para pôr alguém a dizer coisas difíceis sobre coisas dificílimas, que seja quem teve o conhecimento teórico e a experiência prática. Quem calçou botas e estudou regras e leis de jogo a vida toda. Quem participou em dezenas de cursos, sessões e acções de aperfeiçoamento. Quem recebeu instruções e recomendações regulares e actualizadas. Quem dirigiu alguns milhares de jogos e decidiu muitos milhares de lances.
Esta lógica, a de dar palavra a quem tem mais "know how", é a mesma que preside a outras em que o mais sensato é ouvir os que mais percebem da poda.
Quem estará mais habilitado para falar de treino, tácticas e opções técnicas do que o treinador, que fez aí a sua formação e viveu uma vida de sensações de campo?
E quem saberá mais sobre marcar golos, defender à zona ou fazer passes milimétricos, do que o jogador que os exercitou e praticou, vezes sem conta, durante anos a fio?
Claro que há, para além de juízes de campo, técnicos e atletas, muita gente que percebe do jogo, das suas normas e da sua essência. E claro que todas as pessoas têm direito a opinar e a comentar, sobretudo se tiverem paixão, vontade e oportunidade. Mas, perdoem-me a opinião sincera, penso que essa devia ser a excepção e não a regra. Para bem da informação que se passa para a opinião pública. 
Eu também gosto muito de aviões, tenho paixão por toda aquela dinâmica que faz levantar do chão aqueles pássaros gigantes e, reconheço, não sei mais do assunto do que um comandante experiente, um profissional reconhecido ou alguém especializado na matéria.
Vem esta ideia a propósito das eternas polémicas - com vincada, reiterada e estratégica expressão pública - sobre a opinião de jogadas e lances, feitas por ex-árbitros, agora a colaborar com a imprensa.
Parece que há pessoas que, afinal, percebem bem mais de aviões do que quem trabalha, há anos, na aviação.
Digo isto porque sinto, na pele, as consequências diárias que a mera opinião pode ter no círculo de pessoas que gravitam à volta de uma partida de futebol. É qualquer coisa de impressionante. No sentido patológico do termo, claro.
Reparem: há o árbitro. Depois há o analista de arbitragem. E depois há um mundo de gente, ora satisfeita, ora indignada, com a opinião dada sobre a decisão tomada.
Parece confuso, não parece? Deixem-me trocar por miúdos: é como se erros e acertos, lá dentro e, mais tarde, boas e más interpretações sobre eles, cá fora... fossem depois a uma espécie de julgamento popular, onde uma série infindável de "pilotos sem brevet" sente-se avalizada para aplaudir, ironizar, repudiar ou chacinar.
Nada a opor à liberdade de expressão das pessoas, como é óbvio, mas a cegueira é tanta que parece que aquele a quem se pede opinião técnica é o mesmo que mostra cartões e assinala penáltis.
A malta fica tão alterada, enervada e incomodada com esta coisa das arbitragens que confunde os papéis. Convencem-se quem opina é a mesma pessoa que decide. Se não assim, parece.
Por sentir isso e muitas outras coisas que o limite de carateres deste espaço não me permite explorar agora, permitam-me algumas dicas bem intencionadas:
1 - Quando o comentador comenta, o jogo já acabou. Está decidido. Os golos estão marcados, as defesas estão feitas e os pontos estão atribuídos. Não há nada que ele possa dizer que mude essa realidade.
2 - O facto de existirem comentadores que têm opiniões diferentes sobre determinado lance não significa que não se entendam, que estejam de má-fé ou que sejam incompetentes. Significa que, tal como qualquer outro adepto ou agente do jogo, têm dúvidas sobre como interpretar determinada jogada. O futebol não é uma ciência exacta e é essa sua incerteza, o facto de ser pouco consensual e expectável, que o torna tão belo e apelativo.
Se acham incongruente haver quem se divida na opinião, deviam assistir a uma sessão técnica de árbitros (em Portugal ou lá fora), para verem o que é discutir e discordar de lances, uns atrás dos outros. É assim hoje. Foi assim no meu tempo. Será sempre assim, enquanto forem os homens a avaliar o que homens fazem.
3 - Não dêem tanta importância às análises que os ex-árbitros fazem. É um disparate a dimensão pública dada a quem tem por missão opinar.
O seu trabalho é interpretar momentos de jogo, não sentenciar o que quer que seja. Se nalguns casos a factualidade não deixa dúvidas e tudo fica mais fácil, noutros a coisa é quase impossível de garantir. Sendo assim, relativizem. Não matem o mensageiro.
São apenas e só pontos de vista.
4 - Não caiam no erro, reiterado, de elogiar o comentador quando ele diz o que "serve", massacrando-o na semana seguinte, quando o que opina não coincide com o que gostavam de ouvir.
A ofensa não incomoda e o elogio não agrada. Uns e outros são irrelevantes, porque uns e outros nunca irão nem condicionar nem manipular o que quer que seja.
Está claro... ou repito no ponto seguinte?
5 - Ainda assim e apesar do fillet mignon da malta serem os lances... o maior contributo que um comentador deve dar ao futebol é tentar, através deles, esclarecer as pessoas. Explicar o que dizem as regras, o que pensou o árbitro quando decidiu, porque acertou ou errou e o que podia ter feito de diferente. Como podia ter evitado o equívoco.
Essa sim, deve ser a sua missão por excelência. E é uma missão difícil, porque a cultura desportiva reinante e altamente incentivada é oposta.
Não se pense com isto que estou a tentar branquear erros de árbitros ou a desvalorizar o impacto que têm nas competições. Nada disso.
Porque muito que se pense o contrário, o corporativismo é o pior inimigo de qualquer grupo. Impede-o de crescer e evoluir.
O que, no fundo, estou a tentar dizer é para não darem tanta importância a quem comenta. É uma função como qualquer outra.
Não encerra estratégias duvidosas, não tenta defender uns clubes, atacando outros. Não persegue nem jogadores, nem técnicos nem dirigentes.
O comentador é apenas mais um profissional ao serviço do futebol, que opina na área em que trabalhou. Diz o que pensa e sente, com base no que viu e sabe.
Podem não concordar, podem detestar e podem naturalmente criticar, mas fica bem respeitar.
Foco no que é importante. O futebol precisa de menos folclore e mais andamento."

"Denegação de justiça e prevaricação"

"Como a paciência é um atributo pessoal limitado, não vos vou fazer perder muito do vosso tempo, nem do meu, com apreciações sobre a actividade do Conselho de Disciplina da FPF e do seu apêndice "Comissão de Instrutores". Se o que escrevem é, como diz publicamente o Benfica em comunicados, e tantos comentadores, parcial, ilegal, sectário, e mais não sei o quê…, então, está na hora de testar a idoneidade das condutas face à previsão do artigo 369.º do Código Penal, que previne as condutas de "Denegação de justiça e prevaricação".
Incorre em conduta criminosa quem: "... no âmbito de inquérito processual, processo jurisdicional, por contra-ordenação ou disciplinar, conscientemente e contra direito, promover ou não promover, conduzir, decidir ou não decidir, ou praticar acto no exercício de poderes decorrentes do cargo que exerce, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 120 dias. Acrescenta-se, no n.º 2, que "se o facto for praticado com intenção de prejudicar ou beneficiar alguém, o funcionário é punido com pena de prisão até 5 anos".
Ocorrem-vos de sopetão um conjunto de casos que encaixariam nestas normas? É o clubismo, dirão alguns. Eu chamar-lhe-ia algo diferente. A título de exemplo, inventar uma zona do corpo entre a face e o pescoço é muito mais do que criatividade anatómica. É inventar uma base argumentativa, no âmbito de um processo, para a desresponsabilização de uma conduta agressiva.
E quem põe em causa a actividade do Conselho de Disciplina não é apenas o Benfica, note-se, é, sobretudo, o Tribunal Arbitral do Desporto que amiúde revoga as recorridas decisões disciplinares. 
Ora, a impunidade é um estado anti-jurídico, indesejável socialmente, para o qual contribuem, em doses variáveis, consoante as circunstâncias, o prevaricador e o lesado. Com os recursos que tem, o Benfica não tem necessidade, nem justificação, para ser permanentemente lesado por condutas intencionais, ilícitas e que permanecem impunes. Isto não tem nada a ver com desporto, tem a ver com o tipo de sociedade em que vivemos e com àquela em que gostaríamos de viver."

Futebol, fraude e viciação de resultados

"“Quase todas as semanas há casos que acalentam polémicas em torno do futebol”

1. A fraude ‒ entendida como todo o acto intencional de pessoas, individuais ou colectivas, perpetrado com logro e que causa, efectiva ou potencialmente, vantagens ou danos a outros e que violam ou a ética, ou as normas organizacionais ou a lei ‒ abunda nas actividades desportivas, assumindo maior relevância nos desportos que mais apaixonam o público. Por isso, como dizia há uma década, “quase todas as semanas há casos que acalentam polémicas em torno do futebol. Árbitros, directores de clubes e órgãos de informação inflamam os sentimentos, incendeiam o clubismo, reduzem a racionalidade, encontram explicações para na mesa do café mostrarmos a nossa competência desportiva e concluirmos gloriosamente que a responsabilidade do que nos desagradou teve origem nos outros.”
No entanto, a fraude enquanto logro de uma ou várias vítimas, não é visível, não é observável até ao momento da sua detecção, confirmado apenas após julgamento em tribunal.
Os casos detectados de corrupção nas cúpulas da Federação Internacional a propósito da localização de eventos desportivos de monta; os muitos casos de branqueamento de capitais, aproveitando a desorganização interna de muitas organizações, as movimentações financeiras de difícil estimação, as relações entre alguns clubes e as actividades económicas e a projecção pública de dirigentes, jogadores, e a consequente cobertura sócio-mediática; as fugas ao pagamento dos impostos utilizando variegadas artimanhas, amiudadamente envolvendo os offshores e, finalmente, a viciação de resultados desportivos, são algumas das fraudes habituais.
Falar racionalmente delas pode ser positivo. Centrar os holofotes mediáticos em algumas também pode ser uma manobra de diversão em relação a outras que estão efectivamente a decorrer.
2. A viciação dos resultados pode visar diferentes propósitos (classificação ou apostas, legais ou ilegais), influenciar diversos agentes desportivos (dirigentes, treinadores, jogadores ou árbitros), recorrendo a diferentes processos (corrupção ou ameaça de morte do próprio ou de familiares), eventualmente associando-se a outras fraudes (com destaque para o branqueamento de capitais) ou outros crimes (como, por exemplo, o tráfico de drogas).
A diversidade de modus operandi e objectivos, assim como a frequência das fraudes e a sua mundialidade, tornam muito difícil a investigação criminal e a prova em julgamento. Há que aproveitar ao máximo todas as informações de um determinado tipo de fraude para extrapolar para outras situações, utilizando o rigor científico na determinação da probabilidade de fraude. Foi o que fez o Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF):
No documento de trabalho (Working Paper) 59, assumindo os dados do Caso Calciocaos ‒ dos maiores escândalos mundiais de manipulação de resultados, tendo mesmo provocado a retirada de um título de campeão e na descida de divisão de várias equipas; caso ocorrido na primeira liga italiana na época desportiva de 2004/05, embora apenas tenha vindo a ser descoberto em 2006 e comas consequências a terem lugar apenas a partir da época de 2006/07; a manipulação de resultados consistiu na escolha dos árbitros por parte de algumas das equipas para alguns dos seus jogos, através de alguns membros das administrações dos clubes ‒ construiu-se um rigoroso modelo matemático.
No Working Paper 61 utiliza-se, a partir do modelo elaborado anteriormente, o conceito de probabilidade de fraude para a Liga Portuguesa entre 2013 e 2018.
Os dois documentos estão inteiramente disponíveis no site do OBEGEF (www.obegef.pt) em [Publicações] / [Working Papers]
3. Será que a semelhança entre fraude e probabilidade de fraude vai ser bem entendida? Será que as instituições oficialmente responsáveis pelo futebol nacional compreenderão a importância destes trabalhos e as perspectivas futuras que abrem? Só o futuro nos permitirá responder."

A superflash e a flash interview

"1. O que é a superflash nas transmissões televisivas de futebol?
A superflash é uma entrevista inicial, imediatamente após o final do jogo e ainda dentro de campo. Está prevista no art. 90.º do Regulamento das Competições Profissionais da Liga e obedece a vários requisitos. Como elementos mais curiosos das regras a que obedecem as superflash, destacam-se o facto de que, apesar do painel da competição que costuma estar por trás do jogador entrevistado ser fornecido pela Liga e obedecer aos critérios desta entidade e o clube não poder fazer constar patrocinadores próprios que sejam concorrentes da Liga, ter de suportar o custo do mesmo em partes iguais com a Liga e o clube adversário, bem como o facto de ser entrevistado um jogador da equipa visitada que não pode ser o mesmo que participará da flash interview. A duração da mesma não pode exceder ou 90 segundos, ou duas perguntas. Como última nota, atenta-se ao facto de que esta entrevista não se realiza no jogo que é considerado o encontro mais importante da semana.
2. E em que consiste a flash interview?
Esta entrevista está estipulada no art. 91.º do Regulamento das Competições Profissionais e tem algumas diferenças a nível de formato relativamente à superflash, ainda que não seja uma conferência de imprensa. De facto, a flash interview tem de começar cinco minutos após o término do jogo e admite a intervenção de um jogador e treinador de cada uma das equipas, sem haver hipótese de recusa dos mesmos. Contudo, cada um só poderá ser abordado durante 90 segundos, única e exclusivamente sobre incidências do próprio encontro. Caso um jogador tenha sido sorteado para efectuar o controlo antidoping, poderá participar à mesma na flash interview, desde que devidamente acompanhado. Em sentido inverso, um treinador que tenha sido expulso no decorrer da partida terá de ser obrigatoriamente substituído por um adjunto, não podendo participar."

O desporto vale mais do que aquilo que custa ao Estado

"Entendi por bem recuperar para título deste texto uma frase que consta do programa da candidatura aos órgãos sociais do Comité Olímpico de Portugal que integrei.
Todos aqueles que vivem por dentro o movimento associativo sabem bem o desequilíbrio que existe entre aquilo que é dado à sociedade pelo Desporto em Portugal e aquilo que são as contrapartidas financeiras e de reconhecimento que lhe são retribuídas pelos poderes públicos.
Portugal e os portugueses orgulham-se dos seus desportistas e dos resultados de excelência que vão conseguindo e que projectam a nossa imagem no Mundo.
Portugal e os portugueses vivem apaixonadamente, semana após semana, as competições desportivas das várias modalidades, e é expressivo o número de encarregados de educação e familiares que acompanham os nossos jovens atletas ao longo de todo o País.
Mas o Desporto é muito mais do que isso. É um contributo permanente para a promoção da actividade física que valoriza hábitos de vida saudável e diminui encargos com a Saúde. É um instrumento fundamental de Inclusão, seja para cidadãos portadores de deficiência, seja para cidadãos privados de liberdade. É um espaço privilegiado para libertar os mais jovens de uma dependência excessiva de um mundo digital, que deve fazer parte do nosso quotidiano, mas não deve ser totalitário. É, em muitas circunstâncias, um factor de coesão territorial e social, onde outras instâncias com maior responsabilidade falham.
E o Estado reconhece tudo isto na sua devida dimensão?
Não!
A existência de uma fiscalidade cega a esta realidade deve ser contrariada e direccionada para um enquadramento legislativo mais adequado e amigo do desenvolvimento desportivo.
Alguns passos, a maioria tendo por base contributos construídos pelo Comité Olímpico de Portugal, foram dados nos dois últimos Orçamentos de Estado.
Falamos, nomeadamente, da equiparação do mecenato desportivo ao mecenato cultural, a limitação à tributação em IRS de juízes, árbitros e oficiais voluntários até ao montante anual de €2.375, a equiparação também em sede de IRS das bolsas dos treinadores de atletas integrados nos Programas de Preparação Olímpica.
Mas muitos outros contributos importantes foram omitidos, quer pelo Governo, quer pelos Grupos Parlamentares.
Entre eles destacamos a necessidade de garantir plena segurança jurídica na aplicação do regime de isenção do IRC e um estímulo reforçado ao mecenato desportivo.
Tal só ocorrerá se a noção de donativo prevista no Estatuto dos Benefícios Fiscais não contender com um mínimo de visibilidade pública que o mecenas tem a expectativa de obter e que fica muito aquém de uma qualquer dimensão económica e comercial da publicidade.
Em ano de eleições legislativas, o movimento associativo desportivo estará atento às propostas que constem dos programas eleitorais dos vários Partidos, esperando que se nos possam unir numa visão comum de Futuro, tendo como objectivo Valorizar Socialmente o Desporto!"

Os desportos alternativos

"A lista de desportos alternativos (futebol freestyle, parkour, free running, frizzbee, kitesurf, ski freestyle, speedriding, etc.) é longa. Alguns deles são puras invenções; outros são derivados de práticas adaptadas aos desejos de um público que não se reconhece na primeira versão (Serres, 2010). Os desportos alternativos têm a particularidade de estar em perpétua evolução e também de provocar o nascimento de novas disciplinas. As técnicas de uma disciplina podem muito bem encontrar uma utilidade ou um aperfeiçoamento noutra. Um praticante de skate pode, por exemplo, encontrar uma segunda carreira no surf ou no snowboard. Eles vão ainda mais longe quando misturam saberes para criar uma actividade original. Duas práticas a priori diferentes podem criar uma terceira. Assim nasceu o speedriding.
A maior parte destes desportos ignoram os programas de treino. A experiência reenvia para si próprio e não uma procura de assistência exterior. Os jovens desportivos alternativos constroem eles mesmos os seus próprios patamares de progressão, adaptados aos seus desejos e os seus meios.
Até aqui, a expressão do desporto passou sempre pela competição. Esta deve ser organizada por uma federação. No entanto, uma parte do jovem público não quer esses desportos oficiais. Porquê? A procura de novidades e a implicação de patrocinadores, que procuram sempre algo novo, encorajaram estes desportos alternativos, procurando um formato mais original. A promoção destas práticas são: liberdade, juventude, natureza e contracultura (Serres, 2010). Os fabricantes de equipamentos e de materiais tiram proveito destes desportos de moda. Os patrocinadores preferem que “os desportistas se libertem e que eles forneçam fotografias e imagens incríveis porque reunimos todas as condições para eles irem até aos seus limites” (Serres, 2010, p. 49). Basta ir à Internet para se descobrir os vídeos e as imagens destes jovens. A sua notoriedade passa mais pela Internet do que pelos jornais ou revistas.
A competição não lhes dá a visibilidade desejada. As imagens, os vídeos e as suas aparições na Internet constituem uma publicidade evidente. No caso do parkour a Internet assumiu um papel importante na difusão das técnicas. Permite completar uma iniciação e de aperfeiçoar um gesto. A música, a montagem e a partilha de performances concorrem para fazer destes desportos uma vertente intercultural, global e federativa, que estabelecem ligações entre estas disciplinas.
Loret, sociólogo especialista destas modalidades desportivas alternativas, explica: “as federações procuram integrar os adeptos dos desportos alternativos, mas sem mudar os serviços desportivos competitivos que correspondem ao seu saber-fazer tradicional. Não é porque o snowboard, a BTT ou o voleibol de praia são integrados no programa olímpico que se pode concluir que o CIO fez a sua revolução cultural. É preciso propor novos serviços desportivos, formatados às normas culturais dos desportos de deslizar, e não as suas normas técnicas” (Loret citado em Serres, 2010, p. 75).
Os jovens preferem estes desportos porque são criativos, inventivos e não são, forçosamente, repetitivos. “Eles não se declaram nem liberais nem libertários, mas sim independentes” (Serres, 2010). Alguns autores denunciam estas práticas fora do quadro das federações como a expressão do individualismo ou do egoísmo, que nasce a partir dos anos 1990 (Bozonnet, 1996).
No seu Discurso do método (1637 [1992], p. 80), Descartes propõe “que nos tornemos mestres e possuidores da natureza”. A atividade desportiva assenta, assim, sobre um pressuposto: ele existe um fundo ? natureza, corpo ? que não pode ficar inexplorado. A natureza surge como um imenso parque de libertação emocional, análogo aos parques de atracções, especialmente colocados à sua disposição. O corpo desportivo não é explorado a curto prazo para produzir um resultado como nas modalidades olímpicas. E eles não se podem confinar nos recintos artificiais, como os estádios ou as piscinas. O universo do desporto não cessa de alargar a sua gama de actividades, de diversificar e declinar a oferta (Lipovetsky, 1992)."

Vermelhão: Bombas até aos Quartos!!!

Benfica 3 - 0 Dínamo Zagreb


A intenção era 'poupar' jogadores, mas a poupança acabou em 'desgaste' extra, com um prolongamento, completamente desnecessário!!! É fácil ser treinador de bancada, ou de teclado, mas agora parece perfeitamente cristalino: devíamos ter entrado com a 'carne toda no assador', fazer 3-0 ao intervalo, e depois 'gerir'!!!
A primeira parte foi penosa, pois além de alguns jogadores fora de forma, da falta de rotinas entre alguns jogadores, o facto de jogarmos sem pontas-de-lança puros, contra uma equipa que defendia praticamente com 11 jogadores atrás da linha da bola, deu em muitos passes errados... que iam irritando as bancadas!
As substituições ao intervalo tudo mudaram... Ficado provado, que os jogadores não são todos iguais... e que neste momento, com as lesões, e com alguns jogadores 'desligados' (Zivko e Krovi por exemplo...), não temos praticamente soluções alternativas, em várias posições: pontas-de-lança, centrais, lateral esquerdo e mesmo nas alas.
O 'velhote' voltou a ser decisivo, desbloqueando o jogo... que estava complicadíssimo, com as 'coisas' a correrem quase sempre mal, na área do adversário... e com o passar dos minutos, com as muitas pseudo-lesões dos Croatas, o jogo caminhava perigosamente para o fim.
Dito isto, e admitindo a clara superioridade do Benfica, o Dínamo, apesar da estratégia defensiva, demonstrou qualidade táctica, apesar da juventude da equipa, com jogadores fisicamente fortes, defesas com velocidade... e um jogador de 'outro' campeonato: o Olmo, excelente jogador.
Individualmente, destaco o regresso do Fejsa - finalmente! -, foram os 120 minutos ideais para regressar. Defensivamente esteve bem... e com a bola nos pés, ainda fez alguns passes longos!!!
A minha 'preocupação' recai essencialmente, em cima de dois jogadores: Gabriel e Rafa, que fizeram um jogo com muitos quilómetros, muitos sprint's e ambos neste momento não têm substitutos no plantel!
Mais um exemplar jogo do Ferro... muito além da 'bomba', voltou a estar inultrapassável nos duelos, dominou o jogo área, e no 'passe' vai confirmando grande qualidade...
O nota para o Jota que fez a estreia como titular: ainda falta 'algo' ao Jota, para se afirmar na equipa principal, alguma mudança de velocidade, ou força nos contactos físicos, e até nos tempos exactos para fazer os passes ou cruzamentos... Mas nada disso o 'envergonhou', procurou constantemente a bola, procurou a 'sorte'... Pode até não ser este ano, mas na próxima época estará mais forte seguramente!
Estamos em Março, e após todos estes meses de competição 'finalmente' aconteceu o 'inesperado': no estádio pareceu-me que ficou um penalty por marcar contra o Benfica, no início do jogo! O árbitro marcou a falta ao 'contrário'! Mas a ter sido mal decidido, acabou por compensar o penalty' da 1.ª mão, que na minha opinião foi mal marcado (a unanimidade, inclusive entre Benfiquistas, sobre a justiça do penalty de Zagreb, alguns só para 'bater' no Rúben, mete-me confusão...!!!
Mas a arbitragem, teve outros erros... 'esqueceu-se' de alguns cartões para os Croatas...
Se o jogo de Moreira de Cónegos já seria difícil, com o acumulado do desgaste, será extremamente complicado. Como já referi, o Gabriel e o Rafa, pareceram-me os mais desgastados, com o Pizzi por perto...!!! Praticamente sem soluções ofensivas no banco para mudar o jogo, em caso de necessidade (estilo Jiménez!), o melhor será mesmo resolver o jogo de Domingo 'cedo'... porque se deixarmos a decisão para os últimos minutos, duvido que exista força nas pernas e cabeças lúcidas!!!
As opções para os Quartos-de-final da Liga Europa, são 'curtas', entre os nomes 'grandes' o Slavia de Praga e o Villarreal parecem ser os mais 'acessíveis' mas tudo depende dos objectivos 'internos' de cada equipa! Este Dínamo de Zagreb tornou-se mais difícil, porque 'poupou' todos os seus jogadores, já que tem a sua situação no Campeonato decidida... Se o mesmo acontecer com o nosso próximo adversário, qualquer um deles será complicado, se pelo contrário, o nosso adversário decidir 'gerir', tal como nós fizemos nesta eliminatória, o grau de dificuldade será completamente diferente...
Sendo que no nosso caso, com dois jogos consecutivos na Luz (Setúbal e Marítimo), entre os Quartos-de-final da Liga Europa, suspeito que as 'rotações radicais' acabaram! Se os lesionados regressarem, poderá haver algumas alterações, mas só em algumas posições!