domingo, 3 de março de 2019

Everything you can do, I can do better

"O onze surpreendia e a aposta era clara: entrar a matar! Na expectativa moravam anos de hegemonia, o temor habitual do adversário e uma pitada dos 15 minutos à Bobby Robson que, tanta vez, ajudaram o FC Porto a superiorizar-se aos adversários, quer nas Antas, quer no Dragão. Recriar-se então uma espécie de déjà-vu do espírito de conquista, do espírito combativo que tornou os azuis-e-brancos na referência futebolística nacional, era o objectivo (demonstrado pela tarja dos Super Dragões que lembrava o mostrar do símbolo). Um ambiente que se quer crispado para um adversário que tem por hábito atemorizar-se e mudar a identidade quando visita um Estádio que o obriga a passar uma ponte mental. Sim, a história da ponte que José Maria Pedroto transcendeu, recriou-se num Benfica que, raras vezes, teve a tranquilidade, identidade e, sobretudo, sabedoria, para conquistar a Invicta. No Dragão então, à custa da reacção baixa à garra do FC Porto, algumas das melhores equipas dos encarnados pereceram enquanto se tentavam encontrar. E o que ontem a equipa de Bruno Lage conseguiu fazer remete-nos para a tal história da ponte e para uma escala de sentimentos. Digamos que a letargia e o medo serão o ponto mais baixo nessa escala. Digamos que a garra, e a reacção emocional que põe de novo as coisas a andar, é necessária para ultrapassar essa mesma letargia. Mas há sentimentos acima. Sentimentos que contornam a garra e o lutar contra algo para nos levarem à tranquilidade, paz e alegria que deixam fluir a criatividade. E se o Porto está ainda preso na garra, na reacção contra algo, Bruno Lage trouxe ao Benfica a serenidade, a paz e, sobretudo, a sabedoria que transcendem tudo isso. Não admira pois que os remates de Rafa e de Félix tenham batido no cordame, e os de Marega, Herrera, Felipe&cia tenham, somente, estado perto de entrarem.
O princípio do fim: FC Porto tenta dominar a partir de trás. Casillas abre os braços à procura de opções, joga curto, FC Porto perde a bola uma vez, ganha, perde outra vez…

O clássico, não esqueçamos, foi lançado pelo signo do mais forte. Quem era mais forte, quem seria mais forte e outros que tais, seria a dúvida. Mas, se esquecermos a dualidade – em que haverá sempre argumentos para dois lados não muito distantes em termos de qualidade – resta a análise ao que foi feito de parte a parte. Retirando os filtros da posse-de-bola, do tempo a atacar, do sair-a-jogar, das oportunidades criadas e passar mais tempo do numa das duas organizações – que na maioria das vezes só servem para análises de realidade paralelas para metermos o Mundo na nossa caixa mental -, não interessando se dominou aqui ou ali, se o fez mais alto ou mais baixo, com ou sem bola, parece-nos claramente que o que o Benfica fez, no sábado à noite no Dragão, esteve, pelo menos, um furo acima do que fez o FC Porto. A sua organização defensiva ocupou melhor os espaços, a sua transição defensiva foi também de excelência, ela que é irmã gémea de uma transição ofensiva impressionante e já bem conhecida, assim como a aparição de uma organização ofensiva sempre muito bem pensada e que aproveitou muito bem os maiores espaços que o FC Porto concede nos corredores central e lateral.
Não quer isto dizer que o FC Porto de Conceição seja agora uma equipa banal e medíocre. O nível continua alto mas é menos fluído, em tudo, do que um Benfica que elevou os cinco momentos do jogo à excelência, pela excelente ocupação de espaços, pelas constantes coberturas e, com bola, pelo aproveitamento cirúrgico dos espaços que o adversário deixou. No FC Porto, dizia, isso tudo – mesmo com a inclusão de Adrián no onze – a organização saiu com mais areias na engrenagem, sendo que, principalmente a ofensiva, saiu, a espaços mais pastosa e sobressaltada, por ventura pela maior ansiedade demonstrada por um dragão que tinha mais a perder neste jogo que o seu adversário. Era preciso manter a coroa de campeão e, depois do golo inicial, a pressão fez-se sentir. Tal como na meia-final da Taça da Liga, logo após o FC Porto ter marcado, os habituais erros não-forçados obrigaram o FC Porto a ter que lidar com o encaixe de um golo sem ter sequer momento para saborear a vantagem. O perigo, sabemos, sentia-se aqui e ali, com as duas equipas a estarem de olhos postos na baliza do adversário, mas depois da vantagem conseguida o FC Porto entrou no dilema de tentar dominar, saindo a partir de trás, para impor a superioridade no jogo e mostrar ao Benfica quem mandava ali (e na Liga). Mas o controle emocional rapidamente fugiu às botas dos defensores portistas e a bola – num lance muito parecido àquele que deu o primeiro golo do FC Porto em Braga, contra o Benfica – foi parar às redes de Casillas.
É inegavelmente o momento do jogo, aquele em que a balança foi começando a pender, mentalmente, para um Benfica que, demonstrava já muita qualidade a descobrir caminhos onde outros, no Dragão, só vêem miragens. Foi aí que se foi a ponte, ou, se quisermos, que nasceu aquela onde o Benfica transcendeu alguma intranquilidade pela expectativa do que o FC Porto poderia fazer em contraponto com aquilo que ele mesmo poderia fazer. E feitas as contas no cérebro dos jogadores de Lage, tudo aquilo que ele poderia fazer… eles poderiam fazê-lo melhor.
Jogada padrão do Benfica na 2.ª parte (e que originou golo de Rafa) mostra as opções encarnadas para aproveitar o espaço azul-e-branco

Um momento que trocou às voltas ao jogo, e ao plano portista, que na 2.ª metade se viu irremediavelmente à procura de um golo por via de organização ofensiva. E dizemos trocou as voltas porque, aquilo que se viu em Braga (Benfica em organização ofensiva à procura do golo, toda a 2.ª parte) virou-se contra Conceição e deixou o Benfica explorar a sua maquiavélica transição e chegar, ele sim, a um segundo golo que confirmava tudo o que Lage e os seus jogadores tinham na mente para este jogo: amarrar os portistas em todas as zonas do campo e explorar quer em transição, quer em organização as brechas que ficam visíveis a quem disseca os seus jogos. E Bruno Lage dissecou (e de que maneira). E, mesmo quando isso não chegou (lembrem-se o FC Porto não foi mais fraco que o habitual e está ainda num nível muito bom) outro aliado do Benfica e inimigo do FC Porto entrou em cena.
E este não se pode dizer que seja um desconhecido, até porque já fez outras aparições em jogos deste calibre. Quem se lembrar do Porto-Benfica da passada época, no Dragão, lembrar-se-á de um domínio evidente e até massacrante que não se traduziu em golos, muito pela necessidade portista de afirmar a sua maior força em golos e mais golos. Traduzido, ao FC Porto não chegava só uma vitoriazeca por 1-0, ou até 2-0. A necessidade de golear e afirmar a hegemonia traiu os jogadores na hora de finalizar, e, neste sábado, nos momentos em que a organização do Benfica não conseguiu parar a do FC Porto, não conseguiu o FC Porto encontrar a tranquilidade necessária para marcar. E a isso não será alheio um bloqueio mental formado pela gigante necessidade de afirmar, pela via da força, e da garra, a sua superioridade em relação ao rival, traduzindo-se em atabalhoamentos, em finalizações a 200 à hora que, com outra tranquilidade, poderiam levar para o placard um resultado mais condigno com que o Sérgio pensa em relação ao valor das duas equipas.
Conceição não o admitirá, nem tem que o fazer, porque a cartada que o técnico campeão nacional mais gosta de jogar é a da força e a de não mostrar fraquezas. Mas estando ele (bem) atento a uma era mais organizacional (ele próprio lembrou que já não se ganha pelo grito) terá que interiorizar que o Benfica ultrapassou, em vários aspectos, a organização do FC Porto, estando um furo acima na ocupação e uso dos espaços, nos caminhos que escolhe e, principalmente, na fluidez com que o faz. Admiti-lo (ainda que para si) é o primeiro passo para entender que a versão anti-Benfica de Rui Vitória, provavelmente, já não chegará para revalidar o título. Pelo contrário, crescer uns furos na organização e, principalmente, controle emocional que se traduzirá em menor atrapalhação e alguma confusão no desenho das jogadas e, principalmente, na conclusão das mesmas, catapultará esta luta para níveis épicos. Sim, a constante transcendência entre Porto e Benfica depois de Jesus (com o Sporting e o Braga metidos pelo meio a espaços) tem sido a gasolina desta Liga. De tal modo que essa não merecerá o ódio e a negação constante de parte a parte. Pelo contrário, tem sido uma ajuda mútua que, ao estilo Ronaldo/Messi, é das poucas coisas que nos podemos orgulhar nesta Liga. E no dia que um ultrapassa o outro, resta ao ultrapassado perceber que no dia seguinte a Torre dos Clérigos, neste caso, não caiu, que a cidade continua de pé e que o clube está ainda longe de acabar. O medo épico de inferioridade, do qual nasce o atabalhoamento e a atrapalhação (que tanta vez castigou o Benfica no Dragão e nas Antas mas que desta vez se virou contra o feiticeiro) não tem razão de existir porque dá a oportunidade de transcender as condições que o criaram. E a escala acima da garra – sentimentos superiores que a equipa do Benfica levou para o relvado – está lá não só para o novo líder mas também para o FC Porto se assim o quiser, se por aí optar. Esta não é uma luta contra o Benfica (ou vice-versa) é uma luta por ser melhor a cada dia. Bruno Lage focou-se nisso e Sérgio também terá (esperamos) que o fazer. O futebol nacional agradecerá (e de que maneira)! e ficará à espera de como Benfica e FC Porto reagirão agora que as posições se inverteram novamente estando ainda 30 pontos em disputa.
FC Porto-Benfica, 1-2 (Adrián López 18′; J. Félix 26′ e Rafa 52′)"

O jogo pelo jogo

"Benfica a tirar vantagem do corredor esquerdo para chegar ao golo

Ponto prévio
1. Enorme expectativas a rodear este FC Porto - Benfica, não só por ser um clássico, mas também porque o resultado final pode reforçar ou manter a liderança, ou, ainda, levar à sua perda e, até, num plano mais técnico, atestar da real competência deste Benfica, que vive uma fase de excelente futebol e resultados esmagadores, com destaque para o aqueles 10-0 ao CD Nacional, que, em boa verdade, representam um insulto não ao perdedor mas à realidade da Liga portuguesa. Nesta ocasião, cara a cara com uma formação da mesma grandeza, confirmará, ou não, toda essa capacidade.

Ousadia dos técnicos
2. Equipas com sistemas tácticos muito iguais, com distribuição equivalente em cada um dos sectores. 4x4x2 habitual para o Benfica, para o FC Porto um sistema alternativo ao 4x3x3. Denuncia, pois, a ousadia e ambição dos dois técnicos. De realçar o desequilíbrio nos bancos dos suplentes, o FC Porto com melhores soluções, na medida em que tinha conjunto de jogadores bastante experimentado e rodado ao longo da época, por confronto com o Benfica, que, exceptuando Jonas, tem banco de jogadores mais jovens e menos experientes.

Empate justo, mas...
3. Jogo intenso até ao golo do FC Porto, onde o trabalho defensivo de cada uma das equipas se superiorizou ao trabalho ofensivo, o que é ilustrado pelo número muito reduzido de intervenções com grau de dificuldade elevado dos guarda-redes. Após o golo do FC Porto, que surge de bola parada, excelente reacção do Benfica, a tirar partido de uma reacção rápida à perda da bola e de movimentos de transição em profundidade muito bem articulados, explorando o sector menos forte do FC Porto, o corredor direito, onde Corona e o menos experimentado Manafá tiveram dificuldades para segurar Rafa, Grimaldo e algumas diagonais feitas por João Félix. Benfica a chegar ao golo e, por mais duas vezes, Casillas à prova. No conjunto dos 45 minutos, o empate aceita-se, com ligeira supremacia benfiquista, por força de ter colocado Casillas à prova.

A esquerda
4. No segundo tempo, entrada forte do FC Porto, Benfica sem perder equilíbrios e uma vez mais corredor esquerdo a tirar vantagem e a chegar ao golo. Depois, aquilo que era previsível, forcing do FC Porto e resposta pragmática do Benfica, baixando o bloco, encurtando linhas, impossibilitando que o jogo do FC Porto no último terço levasse pelo menos à igualdade.

À mulher de César...
5. À mulher de César não chega sê-lo, também é preciso parecê-lo. Sabendo-se da excelente fase que o Benfica atravessa quanto à qualidade do jogo de ataque e à eficácia na concretização, sabendo-se também que o FC Porto era equipa com melhor eficácia defensiva (menos batida da Liga), não seria fácil explicar um FC Porto mais contido, com estratégia mais pragmática. Mas talvez essa opção, ao invés de assumir o jogo pelo jogo, tivesse levado a melhor resultado."

Manuel Machado, in A Bola

Grande, grande. Que enorme jogo!

"Há muito, muito tempo que os adeptos do futebol português não viam um jogo de futebol assim. Pela intensidade, pela paixão, pela qualidade técnica e táctica. Espantoso, verdadeiramente espantosa, isso acontecer num clássico que, tal como ambos os treinadores admitiram, nunca seria decisivo, mas seria muito importante na vibrante luta pelo título.
A vitória do Benfica terá sido, também, uma vitória do futebol, na medida em que há muito tempo que nenhuma equipa portuguesa se atrevia a jogar no Dragão, mesmo, para ganhar. E esse facto, que se deve à irreverência de um jovem treinador - Bruno Lage - e à consagração de uma jovem equipa, foi decisivo para que o espectáculo tivesse sido tão arrebatador.
A verdade é que o campeonato muda de líder, coisa que há alguns meses parecia impensável. Agora, é o Benfica que está em melhor posição para vencer esta impressionante e entusiasmante corrida a dois. Porém, o campeonato está longe de estar decidido. Uma razão fundamental e, essa, chama-se FC Porto. Esta equipa de Sérgio Conceição lutará até ao último minuto da prova. Está no ADN do clube e, sobretudo, do seu treinador. Viu-se, ontem, aliás, que mesmo não sendo a melhor equipa em campo - o Benfica foi superior, enquanto jogou com onze - o FC Porto nunca se conformou com isso e lutou, até à exaustão, por disfarçar a diferença na qualidade de jogo e no resultado.
Aguardemos, agora, pelo efeito psicológico deste clássico. Provável que os jogadores do Benfica se sintam mais fortes e confiantes. Não têm um calendário fácil, mas sabem que estão próximos de fazer História."

Vítor Serpa, in A Bola

Vitória justa dos bebés de Lage frente ao FC Porto

"FC Porto continua coeso, mas o Benfica maravilha merece vencer o clássico.

Grande jogo entre as únicas equipas portuguesas com dimensão europeia. Este Benfica de Lage é uma maravilha para os olhos, o FC Porto continua forte e coeso, mas os encarnados mereceram vencer.
Os adeptos do Porto poderão falar de uma falta de Seferovic no primeiro golo do Benfica, os da Luz falarão da posição de Pepe, talvez um dedo à frente da linha de defesa, no golo do FC Porto. Nem num caso, nem no outro, Jorge Sousa assinalou falta. E fez bem.
O jogo começa com bola cá, bola lá, mas o golo do FC Porto reflecte a prevalência dos nortenhos sobre o meio-campo. Estamos a entrar no minuto 19, Adrián marca um livre contra a barreira, é brindado pelo ressalto para um segundo remate que dá golo.
O Benfica reage de imediato. Toma conta do meio-campo, todos os jogadores correm e acorrem aos lances de forma estonteante. Só boas defesas de Casillas não levaram os campeões a perder para o intervalo. Apenas um remate foi demais para o excelente espanhol: aos 26’ Gabriel ganha bola dividida e Seferovic avança pela esquerda. O centro rasteiro apanha Félix com espaço para dominar e rematar seco. O empate chega justo.
O Benfica continua a mandar e a segunda parte não traz tendência diferente. Logo aos 52 minutos, uma troca de bola excelente acaba com Pizzi a entregar a Rafa para um remate rasteiro que bate Iker Casillas para o 2-1.
O FC Porto empertiga-se e Conceição promove duas substituições aos 61 minutos. Entram Otávio e Soares, saem Corona e Adrián. A pressão do FC Porto acentua-se, o Benfica mantém-se unido e solta rápidos contra-ataques.
Aos 76 minutos, Gabriel decide sair da discussão para melhor jogador em campo, com um desarranjo emocional, após travar Otávio em lance para amarelo. Há sururu, que termina com Gabriel bem expulso.
A partir daí, temos o FC Porto sempre a tentar forçar o empate e o Benfica a resistir de forma estoica. Várias oportunidades esbarram no corpo de defesas encarnados.
Em cima dos 90 minutos, Odysseas faz a defesa da noite ao voar até ao ângulo superior esquerdo da sua baliza para dar canto a um excelente remate de Filipe. Logo a seguir defende remate rasteiro de Marega, disparado à queima-roupa.
Este Benfica de Lage está a lançar jogadores para o topo. Félix é um predestinado, Ferro, pelo que mostra, está a apresentar o brilho que o conservador Vitória lhe furtou.
Mora no Luz o mais sério candidato ao título, assim Vieira não estrague o que a equipa técnica está a construir.

Invicto ate à liderança
Bruno Lage mantém-se imbatível no campeonato desde que assumiu a equipa principal do Benfica sucedendo a Rui Vitória no início deste ano. O técnico continua invicto e soma nove vitórias consecutivas na Liga.
A de ontem permitiu ao Benfica uma reviravolta que coloca as águias no comando da Liga com dois pontos de vantagem sobre o rival FC Porto.
Além disso fica com uma vantagem no confronto direto que é decisiva em caso de igualdade pontual. As águias ganharam na Luz (1-0) e no Dragão (2-1).

Análise
O menino de ouro
João Félix tem técnica, disponibilidade física, engodo pelo golo. Ver nascer um jogador deste nos grandes palcos é um regalo. Ataca, defende e corre que cansa de ver.

O eterno egoísta
Brahimi é um génio capaz do melhor e do pior. Ao intervalo Sérgio Conceição afina o seu futebol de rua. Mas ver aquela técnica toda ao serviço de um egoísta é uma pena.

É preciso coragem
Jorge Sousa arbitra de forma aceitável, mas um pouco a puxar para a equipa da casa. Está já adaptado à nova forma de julgar, que deixa seguir a bola em caso de dúvida e assim favorece o espectáculo e os minutos de bola a correr."

Ajudas do Estado (espanhol)

"Em Espanha, 1990, todos os clubes desportivos profissionais foram obrigadas a transformar-se em SAD. Contudo, uma excepção foi introduzida para os clubes que tinham obtido resultados económicos positivos nos exercícios antes da entrada em vigor da lei. Quatro clubes espanhóis usufruíram desta excepção: Barcelona, Osasuna, Athletic Bilbao e Real Madrid. Como entidades legais sem fins lucrativos, esses clubes tinham direito a uma alíquota específica de imposto sobre rendimentos, que até 2016 foi inferior à taxa de imposto aplicável às SAD.
Em 2016 a Comissão Europeia declarou que a Espanha tinha dado auxílio ilegal sob a forma de privilégio fiscal no imposto sobre as sociedades a favor destes quatro clubes, o que era incompatível com o mercado interno e ordenou que Espanha o abolisse e recuperasse o montante da ajuda concedida.
O Barcelona e o Athletic Bilbao recorreram desta decisão para o Tribunal Geral da União Europeia. Por decisão proferida esta passada semana, o Tribunal anula a decisão da Comissão no caso do Barcelona e nega provimento ao recurso do Athletic Bilbao.
O Tribunal observa que a análise de um regime de auxílios deve ponderar o que, na prática, se traduz ou não numa real vantagem concedida ao beneficiário. A este respeito, o Tribunal salienta que a Comissão, que tinha o ónus de provar a existência de uma vantagem derivada do regime tributário das entidades sem fins lucrativos, não conseguiu demonstrar que o estabelecimento de um limite máximo de deduções fiscais mais vantajoso para organizações sem fins lucrativos que as SAD não compensou a vantagem resultante de uma taxa nominal de imposto mais baixa."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

O desporto e o lazer

"É lugar comum dizer-se que o evento da industrialização e das democracias industriais determinou a eclosão do desporto moderno e a sua extensão a um fenómeno quase mundial. A actividade desportiva saiu dos estreitos quadros onde estava confinada, de alguns meios privilegiados e de algumas manifestações populares e tradicionais, mas episódicas. A sua expansão foi criada também pelas condições promovidas pela civilização técnica.
O século XX foi palco de transformações tecnológicas e sociais que alteraram a vida dos homens (no domínio tecnológico: o automóvel, o avião, a comunicação sem fios, os progressos médicos, o nuclear civil e militar; no domínio social: a emancipação das mulheres e dos adolescentes).
Neste processo de alterações, o lazer assume um papel importante. Entrámos numa sociedade de lazeres, com mecanismos particulares. A partir de 1980, e consoante os países europeus, o tempo livre tornou-se o tempo de vida mais longo, que ganhou sobre o tempo de trabalho e o tempo requerido a satisfazer as obrigações diversas (sociais, administrativas, higiénicas, familiares, domésticas, etc.). Apesar das diferenças, o tempo livre tornou-se o primeiro tipo de vida nos países desenvolvidos. O trabalho não foi destituído socialmente. Ele continua organizador. É a partir do trabalho que se continuam a se distribuir as temporalidades sociais. O trabalho ritma e determina os modos de vida, dos activos, bem como dos inactivos. É o trabalho que continua a organizar o dia, a semana, o mês e o ano.
Retirando a questão profissional, praticantes desportivos e não desportivos procuram aproveitar o lazer. Na sua continuidade, o fenómeno desportivo é inteiramente lazer. É isso que lhe dá sentido e lhe confere a sua especificidade. Sem o lazer, sem o surgimento de uma sociedade de lazeres, o fenómeno desportivo não existe. E se existe, é de outra forma. O tempo livre tornou-se o primeiro tempo de vida nos países desenvolvidos. Uma tendência se afirma, que consiste em compensar um trabalho cada vez mais intenso pelas actividades de lazer com uma intensidade correspondente. 
Ouve-se dizer que o desporto reclama capacidades físicas. Se é verdade para o nível de alto rendimento, não é verdade para todos os desportos. A simples saúde permite amplas possibilidades de praticar desporto e o leque de práticas desportivas é tão rico para a diversidade de gostos e de aptidões se possam exprimir. O desporto tem a incomparável faculdade de preencher o tempo livre."

A classificação dos desportos

"Tratando-se do mundo social, classificar é classificar indivíduos, que, eles mesmos, classificam. É classificar coisas que têm propriedade de ser classificadas. A questão da classificação, tal como ela nos é colocada em sociologia, obriga a perguntar quem classifica no mundo social? Será que todos classificamos? Esta classificação é instantânea? Como é que nós classificamos? Será que classificamos da mesma maneira que um biólogo, zoólogo ou botânico? Classificamos a partir de que definições, de que conceitos, etc.? O que é uma classificação objectiva (a partir de um conjunto de critérios ligados entre si por graus diversos, que se podem medir estatisticamente, isto é a realidade das coisas no seu estado latente)? Se todos classificam, será que os classificadores têm o mesmo peso social?
De uma forma simplista, o sociólogo Yonnet (2004, p. 112) avança com uma classificação dos desportos em duas categorias: perfeitos e imperfeitos. O futebol, o atletismo, o basquetebol, são, para si, perfeitos. O boxe (nobre arte) e o judo são imperfeitos. No primeiro caso, a qualidade da performance julga-se pelo resultado. Existe uma instrumentalização igual: bicicleta, bola, pista, peso. Os adversários confrontam-se para designar um vencedor, um vencido, e romper provisoriamente o equilíbrio, até uma próxima oportunidade. No segundo caso, a classificação tem a ver com a infiltração da qualidade no mundo da quantidade (mensuração e pela ruptura das condições de igualdade). Um juiz não é um árbitro. Um decide o resultado, o veredicto; o outro, é encarregado de fazer respeitar a regra. Os desportos imperfeitos são sedutores, e muito populares, porque eles rompem com o equilíbrio normal da competição desportiva. Mas não são democráticos. São essencialmente desportos de clientela, onde se satisfaz a hierarquia, onde o inferior se vê a admirar o superior e o dominante o dominado. São também oníricos. O segredo do futebol é a de não ficar nesta ambivalência.
Considerando o aspecto nutricional, a classificação pode ser de desportos de curta, média e longa duração. Um médico francês especialista em desporto (Dr. Dumas), referenciado por Bouet (1968, p. 70), resume-os da seguinte forma:
· Os desportos de curta duração: breve esforço, que não permite uma alimentação pré-competitiva. É o caso do atletismo, por exemplo, onde se concebe muito mal que o “sprinter” se possa alimentar durante o esforço.
· Os desportos de média duração: que obrigam a uma alimentação pré-competitiva. É, por exemplo, os desportos de equipa, onde a meio tempo se pode e deve ser utilizada para fins de descanso e recuperação energética.
· Os desportos de longa duração: que obrigam a uma alimentação pré-competitiva, como é caso do ciclismo, o alpinismo, a espeleologia, etc., que necessitam de um suplemento alimentar durante a competição.
· Mas estas considerações têm limites. As condições de treino moderno, sobretudo para o alto rendimento, requerem uma especialização nutricional racional.
A alternativa da classificação dos desportos de competição e em não competição foi alvitrada por Staley (1955). Ele distingue:
· Os desportos de acrobacia (fundamentalmente não competitivos). Exemplos: ginástica, patinagem no gelo (figuras), rodeo.
· Os desportos atléticos (fundamentalmente competitivos). Exemplos: basebol, futebol, ténis. · Os desportos de combate (fundamentalmente não competitivos): Exemplo: esgrima.
· Os desportos de natureza (fundamentalmente não competitivos). Exemplos: canoagem pesca e vela. 
· Os desportos individuais atléticos (fundamentalmente competitivos). Alguns representam uma forma competitiva de um desporto não competitivo. Exemplos: corrida de bicicleta, corrida a pé, corrida de skis.
Esta classificação encontra-se, em vários aspectos, desactualizada. O filósofo Bouet (1968) classifica as práticas desportivas em cinco grandes grupos:
· Os desportos de combate (boxe, judo, karaté, aikido, luta).
· Os desportos com bola (futebol, andebol, basquetebol, voleibol).
· Os desportos atléticos e de ginástica (halterofilia, atletismo, natação, ciclismo).
· Os desportos de natureza (alpinismo, canoagem, mergulho, espeleologia, pesca).
· Os desportos mecânicos (motociclismo, automobilismo).
Em suma, não se sabe qual é a força social destas classificações.

Referências:
Bouet, Michel (1968). Signification du sport. Paris : PUF. Staley, Seward (1955). The world of sport. Illinois: Champaign. Yonnet, Paul (2004). Huit leçons sur le sport. Paris : Gallimard."

O chefe de Missão aos JO de Tóquio

"No Evangelho do Oitavo Domingo do Ano Litúrgico, Jesus perguntou aos seus discípulos: “Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois numa cova?”.
No passado dia 13 de Fevereiro de 2019, o desportivo A Bola surpreendeu os seus leitores ao noticiar que a Missão Olímpica portuguesa aos Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio (2020), vai ser chefiada por um funcionário da instituição! Esta decisão que, de acordo com o Contrato-programa de desenvolvimento desportivo em curso, foi tomada com mais de dois anos de atraso, segundo conseguimos apurar, para além de ter apanhado a generalidade dos presidentes das Federações Desportivas completamente de surpresa, provocou, entre eles, um ambiente de profundo desconforto. 
Em conformidade, a pergunta que se impões é a seguinte: Trata-se de uma boa decisão a nomeação de um funcionário do Comité Olímpico de Portugal (COP) para exercer as funções de Chefe de Missão aos JO de Tóquio (2020)?
A minha tese é a de que, para além de ser incompreensível que uma tal decisão possa ter sido tomada sem uma ampla participação das principais entidades directa e indirectamente interessadas, a começar pelos presidentes das Federações Desportivas que pertencem ao Programa Olímpico, é inaceitável que uma Missão Olímpica não seja chefiada por um dirigente com estatuto e prestígio no âmbito do desporto nacional absolutamente inquestionáveis.
Do ponto de vista histórico a decisão corta com um passado que vem da primeira Missão Olímpica portuguesa aos Jogos Olímpicos de Estocolmo (1912). Ela foi chefiada por Fernando Correia um dos fundadores e membro do Comité Olímpico Português que, tendo como Presidente de honra o Conde de Penha Garcia e como Presidente executivo Jaime Mauperrin Santos, havia sido fundado a 30 de Abril de 1912. E porquê? Porque, ao tempo, na indiferença pela questão desportiva da Sociedade Promotora de Educação Física Nacional que estava, tão só, interessada no estatuto dos professores de ginástica, os apaniguados do desporto, por iniciativa própria, resolveram fundar o Comité Olímpico Português condição “sine qua non” para a presença de uma Missão Olímpica portuguesa nos JO de Estocolmo (1912). Fundado o Comité Olímpico Português, depois de enormes dificuldades financeiras que aos dirigentes actuais nem lhes passa pela cabeça, a Missão Olímpica foi composta pelos seguintes atletas: António Stromp (Atletismo); Armando Cortesão (Atletismo); Fernando Correia (Esgrima); Francisco Lázaro (Atletismo); Joaquim Vital (Luta). E foi chefiada por Fernando Correia. Da Missão Olímpica produziu Fernando Correia o Relatório do Chefe de Missão que, a fim de informar os prosélitos do desporto e o País, foi publicado na edição de 31 de Julho de 1912 do jornal Tiro e Sport. Por tudo isto, seria bom que o presidente do nosso nacional olimpismo compreendesse que a história, com o tempo, converte-se em tradição e esta em cultura que institucionaliza as normas, as regras, as hierarquias, as cerimónias e os rituais bem como o sistema de princípios e de valores que se forem destruídos comprometem a existência da própria instituição.
Mas quais são as funções do Chefe de Missão?
Diz a Regra 28 da Carta Olímpica: (4º) que está vertida nos estatutos do COP: Durante os Jogos Olímpicos os concorrentes, oficiais de equipas e outro pessoal da equipa de cada Comité Olímpico Nacional (CON) estão sob a responsabilidade de um chefe de missão nomeado pelo seu CON, cuja tarefa, em complemento de outras funções que lhe sejam atribuídas pelo seu CON, consiste em servir de elo de ligação com o Comité Olímpico Internacional (COI), as FIs (Federações Internacionais) e o COJO (Comité Organizador dos JO); (5º) Durante o período dos Jogos Olímpicos, o chefe de missão fica instalado na Aldeia Olímpica e tem acesso a todas as instalações médicas, de treino e de competição, assim como aos centros de comunicação e informação e aos hotéis da Família Olímpica. 
É evidente que, pelas suas funções de representação e de ligação, ao Chefe de Missão competem tarefas eminentemente políticas pelo que, para o seu exercício é de todo conveniente que seja nomeado um dirigente com um estatuto hierárquico e uma imagem em consonância com o cargo que vai desempenhar.
E, assim, a pergunta que se coloca é a seguinte: De entre as centenas de dirigentes desportivos do desporto nacional, uns com um perfil mais técnico e outros com um perfil mais político não foi possível encontrar um com competência, estatuto, prestígio e disponibilidade para chefiar a Missão Olímpica aos JO de Tóquio (2020)?
E pergunto ainda: Foi considerada a possibilidade de Rosa Mota chefiar a Missão Olímpica a Tóquio (2020)? Não é ela vice-presidente do COP? Não tem competência, prestígio nacional e internacional? Não estava disponível? E, como o desporto nacional não é assim tão desprovido de competências, volto a perguntar: Não existiam muitas outras possibilidades entre ex atletas olímpicos?
Correndo o risco de me poder esquecer de alguns nomes, pergunto ao presidente do COP se foram considerados os seguintes:
Ana Antas de Barros, Aurora Cunha, Beatriz Gomes, Carlos Lopes, Fernanda Ribeiro, Filipa Cavalleri, Joana Pratas, João Campos, João Rodrigues, José Carvalho, José Garcia, José Gomes, Manuela Machado, Miguel Maia, Nuno Barreto, Nuno Delgado, Nuno Laurentino, Paulo Frischknecht, Paulo Martins, Pedro Dias, Renato Kobayashi, Roberto Dória Durão, Susana Feitor. Nenhuma destas personalidades foi julgada com um currículo adequado? Todos eles manifestaram indisponibilidade?
As Missões Olímpicas sempre foram chefiadas por dirigentes nomeados para o efeito. E foi assim que procedeu o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) que nomeou para chefiar a Missão aos Jogos Paralímpicos de Tóquio (2020) Leila Marques que, para além de ter participado em quatro edições dos Jogos Paralímpicos, é vice-presidente da instituição. Será a primeira mulher a chefiar uma Missão portuguesa nuns Jogos Paralímpicos. Parabéns à própria e aos dirigentes que a escolheram. 
Mais uma pergunta: Tinha sido muito difícil aos dirigentes do COP procederem da mesma maneira? 
Mas, para além dos ex atletas olímpicos, não existem no País indivíduos com competência e prestígio capazes de chefiarem a Missão Olímpica?
Voltando a correr o risco de me poder esquecer de muitos nomes, assim de repente, para além de alguns membros da Comissão Executiva do COP, vêm-me à memória nomes como os de Abel Correia, Alexandre Mestre, António Campos, António Fonseca e Costa, António Simões, Carlos Colaço, Cipriano Lucas, Eduardo Saraiva, Eduardo Monteiro, Elsa Pereira, Fernando Mota, Fernando Parente, Fernando Seara, Francisco Alves, Inês Antas de Barros, Isabel Mesquita, João Marreiros, Jorge Salcedo, João Querido Manha, José Leandro, José Manuel Pereira, José Pedro Rebocho Lopes, Luís Miguel Cunha, Manuel Brito, Margarida Mascarenhas, Maria José Carvalho, Mário Santos, Mário Teixeira, Paulo Andrade, Paulo Ponte e Castro, Pedro Mil-Homens, Rui Claudino, Sidónio Serpa, Tomaz Morais, Vasco Lynce, Vítor Medeiros ou Vítor Valadas Rosa.
Do ponto de vista cultural, os dirigentes desportivos não podem ignorar que a cultura é um dos pilares que, desde os primórdios do Olimpismo, sustenta o MO. E a cultura preserva-se através das pessoas. O respeito pelas pessoas, pelos atletas, pelos técnicos pelos dirigentes e por todos aqueles que, das mais diversas maneiras, interagem no MO, deve ser a preocupação central do MO. E, por isso, continua a ser uma das grandes preocupações do COI quando, na recomendação 26 da Agenda 2020, advoga a necessidade de “melhorar a integração do desporto com a cultura”. Por isso, alterar processos instituídos há dezenas de anos à revelia de qualquer explicação formal não só às pessoas directamente envolvidas como ao próprio País não me parece ser uma prática de acordo com ideário que deve presidir ao MO.
E porquê?
Porque um CON não é um comité de alta competição, nem uma Missão Olímpica é uma espécie de selecção nacional que participa nuns campeonatos regionais ou do Mundo que, para além do quantitativo dos records, se esgota em si mesmo mal terminam as competições. Uma Missão Olímpica é muito mais do que isso. Repare-se que o “território olímpico” nas cidades anfitriãs dos JO é uma espécie de Estado dentro do próprio Estado. Esta questão está implicitamente estabelecida no caderno de encargos apresentado às cidades que se candidatam a receberem os JO, caderno esse que deve ser assumido pelos governos dos países das cidades onde acontecem o JO. Depois, os procedimentos e os rituais a cumprir durante os Jogos invocam um significado e importância que obrigam a uma representação da instituição para além de uma qualquer competência técnica. Representam uma cultura de milénios que, na sociedade moderna, tem vindo a ser construída de há cerca de 125 anos a esta parte e, em Portugal, de há, pelo menos, 113 anos, desde que o Rei D. Carlos, em 1906 indicou a Pierre de Coubertin o nome do tísico António Lancastre a fim de este passar a representar em Portugal os interesses do COI. Por isso, os valores os rituais e os procedimentos devem ser cultivados e preservados sob pena de, se assim não acontecer, os JO serem transformados num circo romano, isto é, num mero mecanismo de catarse de dirigentes políticos e desportivos e de alienação das populações como, infelizmente, já está a acontecer em vários eventos desportivos regionais e mundiais. Assim sendo, é de toda a conveniência que a Missão Olímpica continue a ser chefiada ao mais alto nível por um dirigente livre de quaisquer conflitos de interesses e não por um funcionário por muito competente que possa ser. Desde logo porque não se pode sequer aceitar que um funcionário técnico possa estar a superintender dirigentes desportivos que lideram as várias modalidades apuradas para os JO sob pena de se criar uma situação potencialmente geradora de conflitos que, certamente, prejudicarão a própria Missão Olímpica.
Do ponto de vista da democraticidade do MO os dirigentes atuais deviam seguir o espírito de Pierre de Coubertin que, pelo seu exemplo, instituiu uma cultura profundamente democrática no COI aquando da sua liderança entre 1896 e 1925. Não existe Olimpismo sem democracia, na medida em que, sendo o desporto a substância fundamental do Olimpismo, o desporto só é verdadeiramente desporto se for profundamente democrático no respeito por dois princípios fundamentais: (1º) O da igualdade no que diz respeito ao acesso generalizado ao desporto (à prática, ao enquadramento técnico e à liderança político-administrativa); (2º) O da equidade no que diz respeito ao direito de cada um, no quadro das condições sociais do país e de uma forma clara, ser tratado de acordo com as suas capacidades, competências e empenho. Assim sendo, de acordo com Artigo 16 (K) e 17 (4) dos Estatutos do COP, teria sido um momento de sadio envolvimento democrático se a nomeação do Chefe de Missão aos Jogos Olímpicos de Tóquio (2020), que devia ter sido realizada no primeiro ano do Ciclo Olímpico, tivesse tido uma ampla discussão democrática na Assembleia Plenária do COP e sujeita ao veredicto dos Presidentes das Federações Desportivas (ou seus representantes) pertencentes ao Programa Olímpico.
Não é compreensível que a liderança de uma Missão Olímpica que é a mais importante responsabilidade de qualquer CON possa ser delegada num técnico da instituição. Um CON não pode, em circunstâncias nenhumas, ser colocado na situação de ser representado por um técnico perante as entidades locais, elementos do Governo do respectivo país ou até Presidentes da República que, habitualmente, visitam as respectivas Missões Olímpicas. A menos que, embora também não estejamos de acordo, a nomeação de um técnico seja um pretexto para a Missão Olímpica, na realidade, ser chefiada pelo próprio presidente do CON!
Uma Missão Olímpica é muito mais do que uma equipa desportiva. Ela transcende-a na medida em que representa um CON que, de acordo com a Carta Olímpica e as prerrogativas que lhe são conferidas pela lei da generalidade dos mais diversos países do mundo, para além dos aspectos históricos e culturais tem responsabilidades acrescidas no desenvolvimento do desporto nos respectivos países.
Perante este quadro de situação, estou em crer que os presidentes das Federações Desportivas que fazem parte do Programa Olímpico estão perante uma de duas situações: (1ª) Ignoram, ordeiramente, a situação e deixam prosseguir os acontecimentos continuando a perder cada vez mais importância e poder no âmbito das decisões do COP e, em consequência, no das suas próprias Federações; (2º) De acordo com o nº 2 do Artigo 18.º dos Estatutos do COP apresentam um requerimento no sentido de convocar uma Assembleia Plenária com o objectivo de debater a questão da chefia da Missão Olímpica aos JO de Tóquio (2020) a fim de alterarem uma situação absolutamente inaceitável.
O Chefe de Missão aos jogos Olímpicos tem de ser portador de uma forte autoridade institucional, de um prestígio pessoal inquestionável e de uma generalizada aceitação das Federações Desportivas que são as entidades que, de facto, são responsáveis pelo sucesso da Missão Olímpica. Para que estas três condições aconteçam é necessário que exista uma ampla participação das próprias Federações Desportivas. Neste sentido, a escolha do Chefe de Missão deve ser objecto de um processo de votação em Assembleia Plenária a partir de candidaturas apresentadas pelas Federações Desportiva que serão sujeitas a sucessivas votações exclusivas até se encontrar o nome. Deste modo, o Chefe de Missão será sempre um dirigente merecedor de um largo consenso. E, neste sentido, há muito que a escolha do Chefe de Missão devia ter sido objecto de um regulamento próprio de modo a que a decisão não seja uma opção da exclusiva responsabilidade da Comissão Executiva que, no fundo, não passa disso. Quer dizer, deve, tão só, executar as decisões emanadas do órgão que lhe é hierarquicamente superior a Assembleia Plenária.
Assim, lamenta-se que a recente nomeação do Chefe de Missão para JO de Tóquio (2020), para além de esquecer a história e ignorar a cultura, não tenha sido objecto de um amplo consenso democrático entre as Federações Desportivas que fazem parte do Programa Olímpico.
Em conformidade, a pergunta que deixo aos membros da Assembleia Plenária do COP é a seguinte: “Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois numa cova?”"

Conceição não cumprimentou Félix? Tudo certo. É que um é pago para ter mau perder, o outro para ganhar bem

"Vlachodimos
Defendeu tudo o que havia para defender, em especial na segunda parte quando o adversário tentava dar um arzinho da sua graça. A calma com que impediu o remate de Danilo merecia que a realização colocasse uns óculos escuros e um cigarro no canto da boca. Melhor só se tivesse ido à cabine do VAR e restaurado a visão de Tiago Martins após o golo ilegal do FC Porto. Mas isso faria dele um deus, e esse lugar já se encontra ocupado por Bruno Lage.

André Almeida
O rei das assistências André Almeida fez folga esta noite (apesar de várias acções ofensivas competentes), mas felizmente pudemos contar com a presença do rei dos cortes in extremis, que é tão bom ou melhor. Se dúvidas restassem, André Almeida sabe que ajudou decisivamente a sua equipa a ganhar a partir do momento em que o treinador da equipa adversária, ainda meio desnorteado na sala de imprensa, desabafa sobre um lance em que o nosso Almeidinhos tirou o pão da boca do Herrera. Fora isso, fechou o mais que pôde as investidas de Brahimi, o Robben do Bolhão, que assim se viu obrigado a rodopiar sobre si mesmo mais vezes do que gostaria.

Rúben Dias
Se fosse legal apostar qual seria a reacção de Rúben Dias a uma chapada de Brahimi, alguém teria perdido uma fortuna. O facto é que o nosso capitão em formação evitou o confronto e com isso livrou-se de ficar fora mais do que um jogo. Já o Brahimi livrou-se de uma visita ao dentista amanhã. Toda a gente ganha. Não. Esperem. Só ganhámos nós. Inchem.

Ferro
Marega bem pode ir à China para resolver os seus problemas físicos, mas todos vimos que foi Ferro quem lhe tratou da saúde. Eu quando vou ao Porto trago de lá umas boas garrafas de vinho. O nosso jovem central optou por trazer um maliano no bolso. Vai ser estranho aparecer em casa com ele. É melhor avisar a namorada antes.

Grimaldo
Fez história quando ganhou um lance aéreo a Marega, como que dizendo que tudo era possível nesta noite no Dragão, incluindo um golo do Porto em fora de jogo, claro. Grimaldo, que na Taça da Liga fora batido algumas vezes pelo avançado do Porto, revelou maior rigor defensivo e a qualidade do costume a atacar, abrindo alas para o arrastão ofensivo liderado pelos colegas Rafa, Pizzi ou Seferovic, ou até mesmo metendo a mão ao bolso de alguns jogadores adversários para lhes sacar o telemóvel.

Samaris
É sempre assim. Toda a gente se apaixonará por um assassino charmoso como João Félix, mas é raro elogiarmos os homens que se livram do corpo. Deixemos por isso uma palavra de apreço para Andreas Samaris, aliás, uma nota de profunda admiração. A tarefa pode não ter o glamour de outras, e é verdade que momentos houve durante o jogo em que o médio grego se esqueceu de queimar as roupas dos falecidos, mas a sua exibição terminou com um daqueles cortes dentro da área que vence jogos e às vezes até campeonatos.

Gabriel
Liderou a brigada de minas e armadilhas no centro do terreno, desativando uma série de engenhos explosivos com um simples corte do fio azul. A sua acção permitiu que os colegas à sua frente preparassem o espectáculo pirotécnico com que os jogadores do FCP foram presenteados esta noite. Louve-se a decência. Pelo menos estes não estavam no hotel a dormir. Terminou a participação no jogo de hoje fazendo um décimo daquilo que qualquer benfiquista tem vontade de fazer a Otávio quando o vê repetidamente à procura de caldinho. E mesmo assim Jorge Sousa entendeu que devia acabar expulso. Eu teria ido preso.

Pizzi
A forma como se desenvencilhou de três adversários no momento do passe para Rafa é uma síntese perfeita da qualidade exibicional demonstrada no sábado. Por um lado, temos Pizzi relaxado a brincar na área portista. Por outro, temos uma defesa do FCP desorientada a tentar perceber que atropelo de futebol era este. Assim que perceberam a ideia, já o remate de Rafa tinha sido devidamente colocado na gaveta.

Rafa
Aos poucos o seu rosto vai adquirindo feições de vencedor e o futebol de Rafa perde a necessidade de pedir licença. Hoje voltou a levar tudo à frente com os seus dribles e a capacidade de correr muitos metros, levando consigo uma equipa capaz de trocas de bola e posição que foram deixando o meio campo e a defesa portista em estado de sítio. Não tanto porque o golo fosse sempre iminente, mas porque desde cedo se sentiu no Dragão um primeiro leve, depois pestilento cheiro a cocó de quem percebeu que chegara o dia do julgamento. Como se tal não bastasse, ainda conseguiu afastar de vez a fama de tipo que só marca quando o resultado está feito. Marcou um golo absolutamente decisivo e, mais importante, não pareceu estranhar que isso lhe tivesse acontecido. Antes disso, já conquistara os adeptos quando se dirigiu a João Félix no festejo do primeiro golo e lhe pediu que se levantasse.

João Félix
Continua a acrescentar golos de belo efeito à sua colecção. Nas últimas semanas marcou de cabeça, de pé direito e de pé esquerdo. Urge por isso recorrer a outro tipo de execuções técnicas para não fatigar o adepto. Hoje recebeu orientado de Seferovic e, com a bola à sua mercê, colocou a parte exterior do pé direito por forma a colocar o esférico na baliza e um melão na cabeça de cada adepto da casa. Mesmo sabendo que o empate não bastava, João Félix fez o que qualquer miúdo faria e correu para celebrar o golo. Queriam ver-nos de joelhos novamente e o miúdo fez-lhes a vontade. Mas o gesto técnico mais bonito da noite estava guardado para o final. Dirigiu-se a Sérgio Conceição para o cumprimentar e este recusou. Tudo certo. Enquanto o treinador do Porto é pago ter mau perder, o nosso miúdo é pago para ter bom ganhar.

Seferovic
É dele a assistência para o primeiro golo e uma série de participações no jogo que, não tendo matado ninguém, permitiram moer Felipe até este se tornar condimento. Assim que ganharam o gosto, os restantes colegas no ataque começaram a pedir-lhe que "passasse o Felipe, por favor".

Gedson
Assim que pisou o relvado tornou-se o oitavo português em campo no Dragão. Mais uma goleada indecente para o Benfica.

Corchia
Entrou para ajudar a compor uma defesa de 5 que cortasse as vazas a um FCP cada vez mais desesperado. A substituição foi à Lage, os 5 minutos em campo foram à Benfica.

Cervi
Bruno Lage sabe o que faz. Franco Cervi entrou nos últimos instantes de uma vitória saborosíssima para nos lembrar de que a vitória de hoje foi um passo decisivo para podermos ver o pequeno argentino novamente bêbedo a dançar no Marquês. Até lá, já sabem: jogo a jogo, treino a treino, e Carrega Benfica."

Cadomblé do Vata

"1. Pedras contra o autocarro... apanhamo-las todas e construímos um 1° lugar.
2. Pepe bem tentou a táctica do pisão com João Felix mas de nada valeu... se calhar para o próximo Clássico será melhor pedir instruções ao Paulinho Santos.
3. Estamos em primeiro mas ainda falta muito campeonato... e é preciso ter em conta que na próxima semana o FCPorto vai levar a tabela classificativa à China para tentar recuperar rapidamente a rotura de 2 pontos.
4. Quando Lage veio socorrer o Benfica, estávamos a 7 pontos do 1° lugar e entretanto já temos 2 de vantagem... aconselho a UEFA a ter calma na homologação da fase de grupos da Champions, que o Génio Lage ainda nos vai meter nos oitavos de final.
5. Félix é um génio, Florentino uma aranha e Gedson um cavalo, mas Dias e Ferro são das coisas mais lindas que já vi no SLB... a raça de um e a classe do outro deviam ser uma cláusula nos estatutos do Glorioso."

Curtas do Clássico

"Num dos clássicos mais bem jogados desta temporada, o Benfica venceu no Dragão e alcançou o primeiro lugar da Liga com uma exibição bastante convincente. O Clássico demonstrou duas equipas com identidades bem vincadas, onde a Identidade Lage se superiorizou e surpreendeu todo o estádio do Dragão pela personalidade demonstrada ao longo de todo o jogo.
* Personalidade e Competência incrível demonstrada pela equipa de Lage num dos Estádios mais complicados da Europa, sobretudo na 1ª parte
* Ao contrário do esperado, um Benfica altamente pressionante sobre a construção portista durante todo o jogo a conseguir controlar a ligação com as fases ofensivas
* Em Ataque Posicional, igual a si mesmo, o Benfica procurou construir deste trás e ligar com a qualidade e posicionamentos habituais perante um Porto pressionante como se esperava
* Trocas constantes entre os três que moram nas costas de Seferovic com Félix aparecer constantemente nos corredores laterais
* Regresso de Conceição à construção da temporada passada (3+1) e a alterar a dinâmica ofensiva portista com o Benfica a controlar bem a entrada da bola nas costas da 1ª linha de pressão
* Benfica fortíssimo a transitar defensivamente e ofensivamente, mas principalmente ofensivamente com a equipa encarnada a conseguir chegar à baliza adversária com alguma facilidade
* Exibição tremenda de Vlachodimos que, na parte final, segura a vitória encarnada e, uma vez mais, de Gabriel que, apesar da expulsão, esteve a um nível altíssimo
Um Benfica com grande personalidade no Dragão, fiel à sua identidade e emocionalmente, muito bem preparado para todos os momentos do jogo. A vitória ajusta-se num grande jogo de futebol, uma vez que, ambas as equipas quiseram mais ganhar do que perder.
Bruno Lage à Pep Guardiola no modelo e como pensa estrategicamente o jogo. Desde Mourinho que um jovem treinador não tinha tanto impacto."

Vermelhão: Nem a roubar... Liderança... Final a Final... Até ao fim...!!!

Corruptos 1 - 2 Benfica


Num contexto destes, uma vitória, só pode ser adjectivada como épica! Inacreditável como jornada após jornada, os ladrões continuam a roubar, sempre a favor dos mesmos, com impunidade total... sem qualquer tipo de vergonha!
Inacreditável como mesmo anunciando que vão provocar desacatos na madrugada na zona do Hotel onde o Benfica passou a noite, ninguém faz nada para os evitar... Inacreditável como os carros oficiais do Benfica, são apedrejados na zona do Estádio... sem nada acontecer aos criminosos!!!
Enorme espírito de luta, garra, perseverança e 'calma'... e muita competência! Só somando tudo isto, podemos estar agora na liderança da Liga! Mas tal como na 1.ª volta, o campeonato não acabou...!!! Nas duas jornadas a seguir à vitória da 1.ª volta, perdemos os dois jogos... Agora, ficamos com um empate, como margem de erro, mas ninguém julgue que iremos ter facilidades, vamos ter 9 finais da 'Champions', até ao fim... O cenário é parecido com o jogo de Alvalixo, na estreia do Ederson, no ano do Tri, onde ficámos com 1 ponto de vantagem a 10 jornadas do fim...
Estamos a jogar neste momento sem o Jardel, sem o Fejsa, sem o Salvio e com o Jonas no banco... Os Corruptos para hoje, andaram a 'recuperar' os lesionados, com 'ranhos de caracol' e afins... Se algum Benfiquista ano inicio da época, adivinhasse que o Benfica ia jogar sem os 4 'ausentes', metia imediatamente as mãos na cabeça..!!!
O nosso Dr. Milagre é sem dúvida o Lage... que além das questões tácticas, 'deu' personalidade à equipa... Já jogámos em vários ambientes adversos nos últimos 2 meses, e a equipa nunca se 'encolheu', bem pelo contrário... Com a juventude dos 'onzes' a passar completamente ao lado do rendimento!
Hoje, ao intervalo devia estar 0-2 !!! Entrámos muito bem no jogo, a controlar a partida, com domínio territorial, apesar de no momento do remate, termos estado demasiado 'envergonhados'... O único momento da 1.ª parte, onde perdemos a 'calma' e o domínio territorial, foi após o penalty não assinalado sobre o Pizzi... e foi exactamente nesse momento que os Corruptos, marcaram o golo, de bola parada, e com um fora-de-jogo pelo meio...!!!
A reacção ao golo foi imediata, forçamos ainda mais a pressão alta... e empatámos!
Os últimos minutos antes do intervalo, foram mais 'tranquilos', com a equipa a recuar um pouco...
Voltámos a entrar muito bem no 2.º tempo, com o golo do Rafa a confirmar...
Em vantagem, os Corruptos tinham a obrigação de arriscar mais... Tentámos a controlar o jogo longe da nossa área, e fomos quase sempre conseguindo esse intento... mesmo com toda a 'inclinação' induzida pelo apitadeiro!!!
E só a seguir à expulsão do Gabriel é que o Odysseas teve algum trabalho... O Ody ainda teve o condão de evitar o golo do empate, já nos descontos... em mais um lace irregular, que ia passar como nada fosse!!!
É complicado individualizar a exibição do Benfica, acho que todos tiveram muito bem... mas é impossível não destacar os jovens que não tremeram, mesmo quando pressionados por todos os lados... O Samaris que viu a sua titularidade questionada por muitos Benfiquistas, devido às excelentes exibições do Florentino, foi claramente um dos melhores... O Pizzi, só falhou na finalização... Novo jogo de enorme desgaste para a dupla da frente...
A vergonha da arbitragem começou com as nomeações do Sousa (que em teoria até seria um mal menor!!!), mas principalmente dos Fiscais e do VAR Tiago Martins...
O penalty sobre o Pizzi é claríssimo... a não actuação do VAR é nojenta (nada de novo...); o fora-de-jogo do Pepe no golo dos Corruptos é óbvio, até porque a bola desvia no Marega, e portanto o fora-de-jogo nem sequer é discutível... se não tivesse tocado no Marega, também estava fora-de-jogo, mas aí seria milimétrico...
O Pepe tinha que ser expulso (acabou sem um único Amarelo...), andou o jogo todo a perdoar Amarelos aos Corruptos, e no lance da expulsão do Gabriel, o zelo com que expulsou o nosso '8', não mostrou ao não expulsar os vários jogadores dos Corruptos que agrediram jogadores do Benfica: Brahimi e Otávio à cabeça! Aliás este porco do Otávio agride o Gabriel e depois da expulsão ainda aplaude, algo que seguindo os tais critérios zelosos também lhe deviam valer o 2.º Amarelo!!! E já agora: a reacção do Pepe, no final da 1.ª parte, simulando uma falta que não existiu, e depois empurrando o Félix, não merecia dois Amarelos?!!! Um pela simulação, e outro pela provocação?!!!
Mas além disto tudo, tivemos um jogo totalmente inquinado, com faltas a meio-campo absurdas...Foram faltas inventadas impedindo contra-ataques do Benfica, foram faltas atrás de faltas inventadas junto da nossa área...
Um autêntico festival de roubalheira...
Sem o Gabriel para o jogo com o Belenenses, é preciso começar a pensar nas alternativas! O Gedson deverá ser o escolhido, mas eu preferia um Krovinovic em 'forma'! O regresso do Pizzi ao meio, também não me agrada... Recordo que o Belém tem uma saída para o contra-ataque muito bem mecanizada, e com o Benfica entre dois jogos Europeus, é preciso ter muito cuidado...
Mas o próximo jogo, será em Zagreb... O Lage irá quase de certeza voltar a 'rodar' a equipa, sendo que o Gabriel muito provavelmente irá jogar... se calhar 'empurrando' o Gedson para a direita!!! Mas quem deveria ser titular, na minha opinião, deverá ser o Jonas... O Seferovic está a precisar de descanso!

Vitória... no prolongamento!!!

Braga 3 - 4 Benfica

Estamos na Final 8, da Taça de Portugal, depois de uma dificílima vitória em Braga... no prolongamento, depois de termos chegado ao intervalo a perder 2-0!!!

O Braga está mais fraco esta época, mas tem melhorado... e sabia-se que hoje, numa prova a eliminar, iriam dar tudo... o Benfica entrou 'relaxado' e foi quase fatal!!!

Como curiosidade, os nossos quatro golos, foram todos marcados, por ex-jogadores do Braga!!!

Vitória... e 1.º lugar garantido

Benfica 3 - 0 Castêlo da Maia
25-18, 25-21, 25-15

A faltar uma jornada para terminar a fase regular, garantimos com a vitória de hoje o 1.º lugar...

Amanhã temos novo jogo, na Luz, desta vez para a Taça de Portugal, com o Guimarães.

Vitória na Marinha...

Marinhense 1 - 3 Benfica

Vitória que devia ter sido mais tranquila, num jogo que ficou marcado por mais uma provocação vergonhosa, com a nomeação dos dois apitadeiros ladrões que roubaram o Benfica, no Dragay Caixa, à duas jornadas!!!

“Tanto o Rúben Dias como o Ferro já têm muitos jogos nas pernas contra jogadores com o dobro da idade deles, já batidos e com ratice”

"Rúben Dias e Francisco Ferreira - mais conhecido por Ferro - têm ambos 21 anos, mas esta jovem dupla de centrais made in Seixal já é bem mais rodada do que parece: o primeiro somou 59 jogos na equipa B antes de chegar ao plantel principal, no qual já vai com 70 partidas nas pernas; e o segundo atuou 94 vezes pela equipa secundária antes de ser promovido por Bruno Lage. Ou seja, ambos já são bem mais experientes do que era Paulo Madeira quando se estreou num FC Porto-Benfica, em 1990/91, com apenas 20 anos, recorda à Tribuna Expresso o ex-central benfiquista: "Agora um miúdo de 20 anos já tem uma maturidade muito maior do que naquela altura"

A dupla de centrais mais jovem num FC Porto-Benfica foi a dupla Rui Bento-Paulo Madeira, com 19 e 21 anos, respectivamente. Sabias?
Não fazia a mínima ideia. Nem sei quando é que foi isso.

A 3 de Novembro de 1991.
Não me lembro. E diz-me uma coisa: isso foi para o campeonato ou...?

Foi para o campeonato e ficou 0-0.
3 de Novembro de 1991... Espera, mas isso foi antes ou a seguir ao César Brito?

Ora isto foi depois.
Pois, deve ter sido depois. O Benfica é campeão em 91...

Sim, 1990/91. E em 1991/92 foi o FC Porto.
Pois, o César Brito foi 90/91. Então o jogo que me estás a falar foi no ano a seguir a sermos campeões, com aqueles dois golos do César Brito.

Já vi que te lembras bem desse jogo do César Brito e não do seguinte.
Pois é, desse não me lembro [risos].
De qualquer modo já tinhas jogado a titular no FC Porto-Benfica de 90/91, com 20 anos.
É assim, obviamente que os dias de hoje são diferentes daquela altura. Uma vitória no Estádio das Antas, com dois golos do César Brito, e sermos campeões... Na altura o Benfica apresentava uma equipa madura. Lembro-me que joguei eu, o Ricardo e o William, e eles os dois já tinham alguma experiência. Depois no ano a seguir foi a estreia de dois miúdos [Paulo Madeira e Rui Bento] a quem o Eriksson deu oportunidade. Agora, sabemos que jogar no Porto naquela altura era muito complicado. Não só pelo ambiente criado e pela ratice que os jogadores tinham que ter, porque realmente em termos psicológicos havia uma grande pressão, desde a chegada do autocarro ao próprio aquecimento, que era num campo paralelo ao estádio das Antas, ao qual os adeptos do FC Porto tinham acesso e podiam, já naquela altura, digamos que incentivar pela negativa as equipas. E depois o próprio jogo em si, a entrada do túnel e a pressão que havia sobre o adversário era brutal. Creio que hoje em dias as coisas não são assim, mas realmente era preciso ter uma grande força mental para nos abstrairmos de todas estas situações. E por isso também aquela história... Não sou muito de estatísticas, mas segundo vi recentemente, desde a nossa vitória do César Brito que o Benfica só conseguiu duas vitórias no estádio das Antas e do Dragão para o campeonato [em 2014 e em 2005]. Portanto, só por aí já se vê a dificuldade que é jogar ali.

Vai ser difícil para Rúben Dias e Ferro?
Se o Benfica jogar com o Rúben Dias e com o Ferro, como é provável que aconteça, em primeiro lugar não será uma estreia, porque já jogaram juntos esta época em jogos complicados, como o jogo na Turquia contra o Galatasaray, que tem um ambiente muito parecido ao que vão apanhar no Porto. Os dois complementaram-se bem e já são jogadores com provas dadas - o Rúben Dias mais, claro, porque já tem mais jogos e tem uma grande maturidade neste Benfica. O Ferro é uma agradável surpresa: teve uma oportunidade e agarrou-a com unhas e dentes. Espero que sábado possam estar na melhor forma possível, porque realmente complementam-se bem e estando a concentração ao mais alto nível acabam por fazer um bom jogo. 

Estes jovens estão mais preparados para lidar com jogos deste nível, mais do que na tua altura de jogador?
Acho que sim. Quando hoje se olha para um Rúben Dias ou para um Ferro, vemos que já estavam num futebol profissional, nas equipas B, e não apenas num futebol de formação em que só apanham miúdos da idade deles. Tanto o Rúben Dias como o Ferro, quando assumiram um papel fundamental no plantel principal já tinham muitos jogos nas pernas, especialmente na equipa B, contra jogadores se calhar com o dobro da idade deles, jogadores já batidos. Obviamente podem não ser jogadores se calhar tão fortes em termos técnicos ou tácticos, mas são jogadores com aquela ratice e os miúdos vão aprendendo é com os jogos. Na minha altura havia um campeonato de reservas, mas não era um campeonato competitivo, não era a mesma coisa. Ou seja, no meu tempo só se ganhava essa maturidade competitiva muito mais tarde do que hoje em dia. Agora um miúdo de 20 anos já tem uma maturidade muito maior do que naquela altura. Não é por aí que as pessoas têm de ter medo. Já são jogadores mais batidos, mas, como te disse, neste tipo de jogos a concentração é absolutamente essencial, porque o mínimo deslize, a mínima desconcentração momentânea pode ser a morte do artista. E estes jogos normalmente resolvem-se com pormenores e é nisso que muitas vezes se distinguem os grandes jogadores dos outros que não conseguem atingir o topo. Se um jogador estiver concentradíssimo o jogo todo, mentalizado que qualquer falha ou erro pode ser fatal, então seguramente faz um bom jogo.

Vendo agora a forma como o Benfica tem abordado os jogos e tendo os centrais tido mais preponderância no início da construção dos ataques, neste tipo de jogos é fácil para um central manter a mesma abordagem de sempre ou, com a ansiedade, a tendência é facilitar e esticar na frente?
Acho que há uma coisa que vai ser positiva neste jogo: as condições climatéricas. Isso muitas vezes condiciona bastante um jogo. Se não chover, o campo deverá estar ideal e, portanto, em termos de raciocínio não haverá tanta pressa em chutar a bola para a frente. Acho que haverá mais preocupação em jogar, por parte do Benfica. Mas ainda não se sabe muito bem como jogará o Benfica, porque o Benfica tem alturas em que começa a pressionar o adversário lá em cima e tem alturas em que relaxa um bocado e troca muito a bola. Quem vê o Benfica a jogar hoje em dia percebe que os jogadores têm uma confiança muito grande. Vê-se que a equipa está confiante, não perde a bola facilmente, não falha passes fáceis. Isto é tudo uma questão de treino e de concentração, sabendo o que o treinador quer que façam. Hoje em dia olha-se para este Benfica e já não se vê um central a dar um chutão para a frente. Só mesmo em última instância, num alívio dentro da área, por exemplo. De resto, preferem sempre sair a jogar, procuram um futebol bonito. Já o FC Porto joga de maneira algo diferente, porque gosta de colocar a bola direta nos avançados e realmente nesse aspecto é muito forte, porque tem na frente dois, três jogadores muito fortes. Tanto o Soares como o Marega são jogadores em termos físicos muito possantes, muito poderosos, e o FC Porto gosta de jogar dessa forma para aproveitar isso e depois nas segundas bolas tem o Herrera, tem o Brahimi, tem o Corona... Ou seja, isto para dizer que os centrais do FC Porto normalmente jogam de forma mais directa, são formas de jogar. Acima de tudo, acho que vai ser um bom jogo. Mas, a meu ver, a responsabilidade é do Benfica, porque, não tendo um resultado positivo, o FC Porto passa a ter quatro pontos de vantagem, faltando 10 jornadas, ou seja, 30 pontos. Mas quatro pontos de diferença é muito ponto em 30 pontos. Já o FC Porto, mesmo com um empate continua à frente e o campeonato fica aberto, e mesmo perdendo o FC Porto fica a dois pontos, portanto não fica com o campeonato fechado. Por isso é que digo que a responsabilidade é do Benfica, porque, a meu ver, tem de encarar este jogo para ganhar, como encarou os últimos oito em que teve vitórias, para que o campeonato possa ter mais emoção. 
Quando entravas para um clássico, havia alguma palavra especial do Eriksson ou dos veteranos?
Nem por isso. As palestras do Eriksson eram palestras simples, normais, de incentivo, nada de muito diferente. Se calhar hoje um treinador dá mais enfâse a nuances sobre as bolas paradas ou sobre a forma como o adversário joga, até porque hoje em termos de vídeos e de análise do adversário consegue-se saber muito mais do que aquilo que se sabia antigamente, até porque os meios são totalmente diferentes. Mas acho que essa integração dos jovens tem a ver com os jogadores com mais experiência do plantel, ou seja, no meu tempo, quando me estreei, tive sempre o apoio dos mais velhos, dos Velosos, dos Vítores Paneiras, dos Pachecos... A gente olhava para eles como nossos ídolos, naquela altura, quando éramos miúdos a subir da formação e a jogar com eles. Eles ajudavam-nos muito nessa integração no futebol profissional. Penso que hoje em dia também funciona assim, porque as equipas grandes, obviamente, não podem ter só miúdos, têm de ter jogadores batidos, com experiência, como um Samaris da vida, um André Almeida da vida, um Jonas da vida... Dou um exemplo: se calhar o João Félix, que hoje joga com o Jonas, olhava para o Jonas há três ou quatros anos como alguém que queria imitar. Este tipo de integração é muito importante para os jovens conseguirem chegar ao topo, por isso é que os mais velhos são muito importantes, tem de haver uma mescla de juventude com experiência.

Entre o Rúben e o Ferro, quem é que é mais parecido com o Paulo Madeira?
Não sei quem é que é mais à Paulo Madeira, mas acho que o Rúben Dias ainda está um bocadinho mais acima do que o Ferro. O Rúben Dias já deu cartas e já demonstrou que estamos perante um central de elite. Disse há uns tempos e interpretaram-me mal, que um dia o Benfica não iria ter capacidade para aguentá-lo e o Rúben Dias iria para um clube grande. O que quis dizer na altura não era para denegrir o Benfica, mas vai chegar uma determinada altura em que, em termos financeiros, o Benfica não vai ter capacidade para segurar o Rúben Dias, porque pode aparecer um grande colosso europeu. Isto não quer dizer que o Benfica não seja um colosso europeu, agora, temos de ter consciência que em termos financeiros se calhar não vai conseguir concorrer com o Manchester City, com o Manchester United...

Aconteceu isso com o Lindelöf, por exemplo.
Pronto. Acho que pode acontecer ao Rúben Dias. O Ferro ainda vai ter de demonstrar com mais alguns jogos que pode chegar a um patamar mais alto, mas tem todas as condições. Em termos físicos é forte, joga bem de cabeça, já provou que marca golos... Portanto, estamos perante dois jogadores ainda diferente em termos de maturidade mas com uma capacidade de futuro muito grande.

Olhas para eles e pensas: "Estes gajos são melhores do que eu"?
[risos] Eh pá, isso hoje em dia é difícil ter um termo de comparação, porque o futebol agora é totalmente diferente. Hoje os clubes e os jogadores têm muitas preocupações, é a comida, é o descanso, é uma série de coisas. Antigamente havia um bocado, mas era tudo muito desafogado, ninguém ligava assim muito ao que comia. Hoje em dia os jogadores são muito controlados e estar a comparar esse tempo com o de agora é difícil.

Isso quer dizer que comias o que te apetecia num estágio?
Não, havia alguma preocupação com a comida por parte do doutor, mas não era uma preocupação ao pormenor, como é hoje. Hoje em dia os jogadores sabem que só podem comer X disto e X daquilo, há um controlo muito grande. Antigamente não havia esse controlo assim, havia sempre aqueles que saltavam um bocado a cerca e à noite pediam comida para os quartos [risos].
Antes de um clássico assim - aliás, antes e depois, porque depois há aquela adrenalina - dá para dormir bem?
Acho que chega ali a uma determinada altura em que a ansiedade toma um bocado conta dos jogadores, quando vão para estágio, no sentido em que os jogadores querem que o jogo chegue rapidamente e pronto. E depois acontece realmente uma coisa muito engraçada: no final dos jogos, por norma, há um descarregar de energia que é uma coisa muito forte. Acaba o jogo e parece que aquela adrenalina é brutal. Este tipo de jogos tem uma particularidade, porque em termos de mentalização para o jogo os treinadores nem precisam de picar os jogadores, eles já sabem a responsabilidade que é jogar um clássico e um dérbi. Não vão ao jogo só por jogar e pronto. Havia jogos que para nós, jogadores, às vezes eram quase um frete. Estes jogos não, claro. Desde a saída do autocarro do hotel, até à chegada às Antas, onde as medidas tinham de ser muito apertadas porque às vezes havia ali excessos, e isso criava muita adrenalina. Mas também acontece uma coisa surreal, que é: assim que começa o jogo, aquele nervosismo inicial era logo abafado. Ao fim de 10 minutos já ninguém se lembrava que estava a jogar um clássico, porque focavas-te no jogo. Perguntavam-se se eu tinha visto isto ou aquilo, ou os assobios, e é óbvio que antes do jogo começar nota-se isso tudo, mas depois tudo passa. Já não ouvimos nada, porque o nosso cérebro está tão concentrado no que está a fazer que deixa de perceber o que está ao redor.

Os treinadores hoje em dia estão quase sempre em pé, na linha lateral. Neste tipo de jogos dá para ouvir alguma coisa do que diz o treinador?
Ouvir não, não se consegue ouvir nada. Mas o facto de o treinador, que é o líder, estar lá, estar em pé, às vezes até a gesticular, é uma percepção que fica. Não dá para passar mensagens vocalmente, mas há uma presença ali.

Se calhar até dos próprios colegas é difícil.
Não, dos colegas é mais fácil, por acaso. Porque há ali uma química. E os centrais se calhar são os únicos dois jogadores que têm a mesma função e têm de estar muito em sintonia um com o outro, porque de resto, o lateral direito pode não estar em função do lateral esquerdo, o extremo direito do esquerdo... Os centrais são diferentes. Neste tipo de jogos essa comunicação forte entre os centrais também é muito importante. Às vezes só mesmo no olhar ou no assobiar sabe-se logo o que o colega quer."