sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O risco

"Sim, correu bem e, nesse sentido, pode Bruno Lage puxar dos galões; e se tivesse corrido mal? Como explicar tanta mexida?

Arriscou Bruno Lage muito, ontem, na Turquia, ao escolher um onze cheio de jovens para este regresso do Benfica à Europa depois do insucesso na Liga dos Campeões? Sim, arriscou. Foi uma espécie de jogador de casino, disposto a jogar na fé e na sorte. Arriscou demasiado? Na minha opinião, sim, arriscou demasiado. Mas ganhou. E pode, por isso, puxar os galões.
Bruno Lage não se ficou, afinal, apenas pela surpresa de deixar em Lisboa os titulares Grimaldo e Pizzi e o regressado e muito talentoso Jonas. Se alguém, como eu, supôs que o risco de Lage se ficasse por aí, espanto maior foi ver o onze escolhido pelo treinador dos encarnados: aos jovens Rúben Dias (21 anos), Ferro (21 anos) e João Félix (19 anos), todos previsivelmente titulares, Bruno Lage resolveu juntar ainda de uma só vez mais os jovens Yuri Ribeiro (22 anos), Gedson (20 anos) e Florentino Luís (19 anos).
Uma autêntica equipa de bebés que jogou, lutou e foi feliz e que acaba por trazer para Lisboa não apenas uma surpreendente e fantástica vitória (nos tempos que correm, é sempre fantástica uma vitória europeia fora de casa), como ainda uma vitória que não pode deixar de ser considerada extraordinária tendo em conta o terreno onde foi obtida, o sempre dificílimo campo do Galatasaray mais o seu ambiente muito hostil para os adversários.
Mas se tivesse corrido mal? Como explicaria Bruno Lage a quantidade de surpreendentes opções que fez e o surpreendente número de jovens que decidiu, sem qualquer motivo aparente, incluir no onze?
Pode o treinador do Benfica falar, como falou no final do jogo, de gestão do plantel, de fadiga muscular, de não querer, nesta altura, perder mais jogadores para as leões e, portanto, ter considerado melhor optar por jogadores muito menos rodados - muitíssimo menos rodados a este nível, é uma realidade, como Corcia, Yuri Ribeiro, Florentino Luís ou até mesmo Franco Cervi e Salvio.
Mas foi ou não foi um grande risco prescindir, de uma assentada, de seis mais habituais titulares?
E, já agora, têm Samaris e Gabriel assim tantos jogos nas pernas que não justificassem continuar a dar no onze da águia a boa resposta que têm vindo a dar desde que Lage chegou ao comando da equipa? Era preciso, ao mesmo tempo, mudar os dois laterais - depois de deixar Grimaldo em casa, o treinador dos encarnados também deixou André Almeida no banco?
Como se diz atrás, Lage não se limitou a deixar em Lisboa os titularíssimos Grimaldo e Pizzi, mais um Jonas que é só o melhor jogador da equipa e acaba de regressar à competição. Fez muito mais. Fez um onze para a equipa principal do Benfica que não há muito tempo parecia sempre muito mais um onze da equipa B do Benfica do que a equipa A.

Não sei - sem qualquer ironia - se o que Bruno Lage fez ontem na Turquia foi também para agradar ao presidente do clube, fanático da ideia de que um Benfica made in Seixal será mais do que suficiente para ter sucesso em Portugal e na Europa. O que sei, volto a sublinhar, é que ao deixar também de fora do onze jogadores como André Almeida, Samaris e Gabriel, o treinador das águias fez o que provavelmente nenhum outro treinador teria feito, chamem-lhe a isso coragem, ousadia ou simplesmente... um disparatado risco.
Sim, Lage ganhou a aposta que fez. E, nesse sentido, não valerá a pena bater mais no ceguinho ou especular sobre o que poderia ter acontecido se a coisa lhe tivesse corrido para o torto.
Creio que deverá, no entanto, Bruno Lage reconhecer que apostou muito alto. E, especulando ou não, com mais ou menos subjectividade, a verdade é que não tivesse sido aquele punhado de boas (e uma ou duas fantásticas) defesas de Vlachodimos e o Benfica talvez não estivesse realmente a esta hora a celebrar ter vencido pela primeira vez na Turquia com seis jogadores da formação do clube no onze.
Foi um Benfica tão jovem que a exibição não podia deixar - era quase uma inevitabilidade - de o reflectir. Teve a equipa coisas realmente muito boas - irreverência, espírito colectivo, genica, intensidade, compromisso, agressividade ofensiva mas também coisas más: mais frequentes perdas de bola do que seria esperado, irregularidade defensiva e, sobretudo, pouca posse de bola, muito em resultado da previsível inexperiência.
Foi o Benfica, nalguns momentos, ao mesmo tempo uma equipa criativa e a procurar jogar rápido e igualmente imatura no modo como nem sempre conseguir ter controlo sobre o jogo; repito, não fosse aquele conjunto de defesas de Vlachodimos, duas delas, que me recorde, absolutamente fantásticas, e poderia o regresso da águia a Lisboa ter sido difícil de digerir.
É verdade que também não está este Galatasaray tão forte como no passado e, nesse sentido, também isso contribuiu de algum modo para a feliz noite dos encarnados na Turquia. Em todo o caso, o que fica para a história é, queira-se ou não, o sucesso num jogo difícil de uma equipa do Benfica que certamente não deixará de surpreender a Europa pela quantidade de jogadores com menos de 22 anos no onze que iniciou o jogo e, sobretudo, pela quantidade de jogadores (nada menos de seis, sublinhe-se) da formação do clube. E ainda mais Jota, que estava (e ficou) no banco, e vai ter de continuar a esperar pelo momento, sempre assinalável, de se estrear na principal equipa das águias.

o Sporting de Keizer continua a sua peregrinação em busca de voltar ao plano que viveu até ao final do ano, no primeiro mês e meio, sensivelmente, de orientação do treinador holandês.
A derrota de ontem, em casa, diante dos espanhóis - a terceira nos últimos cinco jogos - já quase pode diluir por completo o impacto do sucesso que a equipa teve (porque teve) na Taça da Liga, na parte final do último mês de Janeiro, há, portanto, apenas três semanas.
Os sportinguistas estarão zangados e com total razão e o risco é sempre o mesmo: o de verem a insatisfação transformar-se em descrença, desânimo e desilusão.
E esses são muitas vezes sentimentos que arrastam perigosamente as equipas e as impedem de recuperar com maior rapidez. Parece o caso do Sporting, cujo estado de espírito parece, agora, demasiadamente abalado para que o futebol da equipa possa exibir a alegria que já exibiu com este mesmo treinador.
O Sporting de Keizer parece realmente uma equipa a viver o conflito entre o que quer e o que pode. Parece uma equipa desconfiada de si própria e das próprias capacidades e que naturalmente acaba por se entregar mais facilmente à frustração à medida que acumula insucessos.
Mesmo quando parece ter ainda alguma alma o leão mostra não ter cabeça, como foi o caso da exibição de ontem, frente a um Villarreal que está, na Liga espanhola, verdadeiramente pelas ruas da amargura.
Mesmo considerando mais ou menos certas ou mais ou menos erradas algumas opções que Marcel Keizar tem vindo a fazer nos últimos tempos, a verdade é que todos reconhecerão com maior ou menos facilidade que o Sporting não tem, na verdade, um plantel à altura dos desafios que deve enfrentar, em Portugal e na Europa.
Claro que podem discutir-se, sublinho, algumas das decisões do treinador, claro que pode analisar-se com mais profundidade o rendimento deste ou daquele jogador. Mas, infelizmente para o Sporting, serão sempre os resultados a ditar a circunstância e o modo como se avalia trabalho de treinadores e equipas.
E depois do que sucedeu ontem, qualquer mau resultado, este domingo, com o Sporting de Braga (e um empate já será um mau resultado para os sportinguistas), num jogo que inevitavelmente será jogado num clima de excepcional intensidade, poderá colocar Keizer e jogadores num plano de incontornável desespero emocional.
Não sei, com toda a sinceridade, se o Sporting, interna e externamente, estará devidamente preparado para o viver!

Consegui, por seu lado, o FC Porto um animador resultado em Roma, que lhe confere, pelo menos, o direito de sonhar com uma fantástica qualificação para os quartos de final da Champions. E sonha, ironia das ironias, graças, muito em especial, ao desempenho de um jogador já tantas vezes dado como definitivamente acabado no universo portista, e cuja contratação o próprio presidente dos portistas qualificou de «péssimo negócio... a não repetir», quando à contratação do espanhol se referiu, em detalhe, numa entrevista dada... em 2016!
Pois foi esse Adrian Lopez, que custou uma pequena fortuna e, como se compreende, muito custou ao FC Porto pagar, que esta semana reacendeu ao FC Porto a chama destes oitavos de final e que pode valer mais de 10 milhões em caso de passagem aos quartos de final.
O futebol é isto mesmo!"

João Bonzinho, in A Bola

PS: O Bonzinho está mesmo com dificuldade em 'lidar' com o Lage!!! Numa crónica anterior, escreveu centenas de palavras, criticando a resposta do Lage a uma pergunta torta da CMTV!!!
Neste caso, até parece que o Bonzinho, começou a escrever a crónica, quando ficou a conhecer o onze do Benfica... e depois, após o apito final, teve que 'alterar' o conteúdo!!!

Agora a cabeça vale mais

"Estamos a finalizar o segundo terço das competições, momento em que já se consegue perceber melhor as tendências mais marcantes de uma competição. A pressão aumenta para todos, alguns colocam em causa o processo quando se perde, as dúvidas são muitas, o equilíbrio emocional de todos é decisivo para atingir os objectivos. E quando digo todos, são mesmo todos. Dos jogadores ao responsável pela rouparia, do departamento médico ao presidente. Se existe ruído, entenda-se não acreditar que se atinge o que se pretende, esse efeito rapidamente passa para muitos mais elementos do grupo. A cabeça vale mais nestas alturas do que tudo o resto. É preciso ganhar, mas por vezes isso não acontece. Nesses momentos todos têm que ser solidários, contudo, normalmente isso não acontece. Há sempre quem aponte o dedo a seguir o esconda. Só que já cometeu o erro. O grupo parte-se. Isto é o que os treinadores não devem permitir, quando lhes é permitido. O normal é serem eles considerados culpados. São afastados. Contrata-se outro. Volta-se a ganhar e a escolha foi acertada. Perde-se, e repete-se o processo. Como por vezes brincava com os nossos jogadores, tudo tratado nada resolvido. Um círculo vicioso que só é vencido com vitórias. Todos as querem, mas poucos as conseguem. A equipa está mais defendida quando os seus membros, nomeadamente os jogadores, têm uma cultura de clube que lhes permite atingir o que muitos não vêem nem sentem. Nesta fase, a que define em definitivo os objectivos, não basta talento ou capacidade física. É necessário que os líderes tenham capacidade para assumir o jogo. Dentro e fora do campo. Na vitória e no insucesso. Todos têm um grande desafio. Os que jogam para ser campeões e os que lutam pela manutenção. Todos têm que manter a cabeça no lugar para aumentarem as possibilidades de sucesso. Quem falhar está a favorecer o adversário. São 3 meses duros. Por vezes nunca mais acabam."

José Couceiro, in A Bola

The boys from Seixal brilham na vitória do Benfica. Com uma ajudinha do novo Seferovic

"Foi um Benfica em versão Youth League que saiu vitorioso do terreno do Galatasaray na 1ª mão dos 16 avos de final da Liga Europa. O avançado suíço continua a dar cartas improváveis e fez o 16º golo da época, enquanto o regressado Salvio esteve ao nível habitual dos últimos tempos: golo e lesão. Tentos de uma vitória por 2-1 que coloca os encarnados com pé e meio na fase seguinte

Um, dois, três, quatro, cinco, seis. É a conta que Lage fez (com a dívida licença artística de um bom provérbio) e que vai fazendo com os meninos do Seixal, que continuam a jogar como se estivessem no centro de treinos enquanto se estreiam nas competições europeias. Sem desprimor pela margem sul, claro. Seis produtos da formação e seis alterações na equipa do Benfica que manteve o estado de graça e somou mais uma vitória na era do antigo técnico dos Bês. Sem goleada, desta feita, mas com um marcador de 2-1 na casa do Galatasaray que dá aos encarnados o primeiro triunfo na Turquia.
Os números são como o algodão, não enganam e mostram bem o que tem sido o percurso recente do Benfica.16 golos marcados nos últimos três jogos a que se juntam os dois averbados esta noite no Ali Sami Yen, que deixam as portas dos oitavos de final escancaradas e que são mais uma prova de força de uma equipa que nem precisou de jogar a alta rotação frente a um adversário sempre complicado. 
Sim, é sempre muito repetido que jogar na Turquia é complicado, com as equipas adversárias a terem que enfrentar ambientes infernais e adeptos fervorosos por detrás de clubes que vendem cara a derrota. E é repetido pela simples razão que é verdade, como o comprovam os sete jogos que os encarnados já tinham feito no país sem uma vitória. Estatística, mais uma, que Bruno Lage encarregou-se de superar.
Com um onze que pareceu sempre relativamente à vontade em campo, apesar dos naturais períodos de pressão turca. Com Gedson e Florentino (em estreia nas competições europeias) a fazer o duo do meio-campo, o Benfica começou dividir as operações com o Galatasaray, sem que nenhuma equipa tivesse claro ascendente de jogo.
Caberia aos homens da casa a primeira (meia) oportunidade da partida, com Vlachodimos a afastar uma bola perigosa dentro da grande área aos 18 minutos e, logo a seguir, Onyekuru a rematar ao lado após cruzamento do lado ocupado pelo também estreante Yuri Ribeiro. O lateral made in Seixal esteve no pior e no melhor do Benfica, ao acusar algumas dificuldades defensivas mas também a somar uma ou outra incursão interessante pelo meio-campo adversário. Numa delas, esteve mesmo na origem do primeiro golo do jogo. Dos seus pés saiu uma bola para a área que acabou no braço de Marcão (a quem havemos de voltar, para seu infortúnio) e depois na marca da grande penalidade. Aí coube ao regressado Salvio a responsabilidade, com o argentino a não acusar a pressão e a a colocar os encarnados em vantagem aos 27 minutos de jogo.
O tento surgiu numa fase de maior ascendente dos turcos, que acusaram a desvantagem e permitiram ao Benfica um controlo mais efetivo da partida, com algumas transições falhadas que podiam ter dado mais perigo. Nesse campo Salvio (apesar do golo) e Cervi foram de menos para as intenções encarnadas que ainda assim não saíram goradas com a vantagem garantida para a segunda parte. 

Perdido entre Chaves e Istambul
Os segundos 45 minutos trouxeram um Galatasaray com vontade renovada e a criar mais perigo junto da defensiva encarnada. Belhanda e Feghouli não davam descanso, sobretudo o último, muitas vezes no raio de acção e a incomodar Yuri Ribeiro. Foi por isso sem surpresa que o empate foi restabelecido aos 54 minutos, com Luyindama a saltar sem a devida oposição do muito em jogo Yuri e a dar nova esperança aos adeptos turcos.
Assalto turco que acabou por não se intensificar da forma esperada, até porque uma mudança forçada operada por Bruno Lage pouco antes do golo do Galatasaray acabou por ser benéfica a longo prazo para o jogo encarnado. Salvio lesionou-se, a braçadeira passou para Rúben Dias (capitão em todos os escalões do futebol do Benfica) e para o seu lugar entrou Gabriel, que ajudou a controlar o jogo na fase mais complicada. Com a boa fortuna do golo da vitória ter surgido não muito depois, quando pouco o fazia prever.
Foi dos pés do novo capitão que saiu o lançamento longo para a corrida de Seferovic, que aproveitou nova falha de Marcão para se isolar e rematar sem hipóteses para o fundo das redes aos 64 minutos. Entre Chaves e Istambul, o antigo atleta do Desportivo ainda estava perdido nas marcações e contribuiu para um golpe nas aspirações da sua equipa que acabou por revelar-se decisivo. 
Galatasaray que, sem grande convicção, ainda foi à procura pelo menos do golo do empate, que Vlachodimos fez questão de impedir, com uma grande intervenção, aquele que seria o bis de Luyindama aos 85 minutos. Não mais se mexeu o marcador que acabou com uma vantagem de 2-1 para o Benfica e um pé e meio nos oitavos de final da Liga Europa. Com o contributo cada vez mais presente dos Boys from Seixal."

Com o Benfica somos sempre os cabeçudos, mas preparemo-nos para um festival de golos à fartazana em Março

"O Sporting perdeu 4-2 com o Benfica em Alvalade e levou um banho de bola. Foi uma humilhação tão grande que os sportinguistas só pediam que aquilo acabasse o mais depressa possível para o resultado não atingir níveis catastróficos. Aliás, para o Benfica, nós fazemos sempre o papel de cabeçudos. Eles ganham em Alvalade como se jogassem na Luz. No outro jogo com o Benfica, agora para a Taça de Portugal, o melhor foi mesmo o resultado. Perder só por 2-1 foi, mais uma vez, uma enorme mentira. A equipa esteve melhorzinha, mas este melhorzinho é muito medíocre. Vi o Moreirense fazer um jogo muito melhor na Luz, onde aliás ganhou.
Depois, lá ganhámos ao Feirense, após o árbitro, com a ajuda do VAR, ter invalidado um golo aos rapazes da casa e de um defesa deles ter metido a bola na própria baliza mesmo ao cair da primeira parte. Na segunda parte, o Bruno Fernandes marcou dois belos golos e fechámos a loja. Mas a primeira parte foi deprimente e o Sporting foi dominado pelo Feirense, que bem merecia outro resultado ao intervalo.
Bom, e veio o jogo de ontem contra o Villarreal, penúltimo classificado da Liga espanhola, que este ano ainda não tinha ganho um único jogo. Ora já se sabe que quando há coisas que nunca aconteceram, logo aparece o Sporting a dar uma mãozinha para que aconteçam. E assim foi: aos três minutos já levávamos um no bornal e a partir daí foi ver a equipa a andar sempre aos papéis, penosamente, a correr atrás da bola, com o Coates a ser o nosso avançado mais perigoso, mas sem quaisquer resultados. Chegámos ao fim e o mais positivo foi de novo o resultado: perder só por 1-0 foi o melhor que se conseguiu arranjar. E não me venham com o cansaço e os jogos de três em três dias ou de quatro em quatro. O FC Porto e o Benfica fazem o mesmo e continuam a ganhar e a intimidar os adversários.
Chegados aqui, está na altura de dizer uma primeira verdade: o Sporting de José Peseiro não jogava pior do que o Sporting de Marcel Keizer. Quando muito, jogava tão mal, embora a classificação fosse bem melhor. Nessa altura, o Sporting estava em segundo lugar, a dois pontos do primeiro, e agora vai num honroso quarto lugar, a nove do primeiro, a oito do segundo e a sete do terceiro. Ou seja, o Sporting este ano aspira a ficar em quarto lugar. E domingo, em Alvalade, contra o Braga, teme-se o pior: uma nova derrota.
Bruno de Carvalho devia ser chamado a explicar porque despediu o treinador Abel Ferreira da equipa B do Sporting para meter lá o seu amigo João de Deus que, como seria de esperar, pela sua linda carreira, só podia ser uma catástrofe. Confirmou-se em pleno. Em contrapartida, o Braga, desde que é comandado por Abel Ferreira, nunca perdeu connosco e já ganhou pelo menos duas vezes ao Sporting, uma em Alvalade e outra na Pedreira. E não sei se não me estou a esquecer de mais alguma derrota.
E vamos à segunda verdade: a equipa não terá grandes jogadores, mas tem jogadores obrigados a fazer muito melhor, como Raphinha, que era um grande jogador no Guimarães e deixou de ser em Alvalade. E se não fazem é porque Keizer lhes retirou confiança, casos evidentes de Jovane Cabral e Miguel Luís, que saíram da equipa quando estavam a render e a marcar golos, desaparecendo até do banco; porque Keizer tem cometido erros inadmissíveis (jogar em Tondela durante 45 minutos sem um avançado de raiz – tinha o Montero) só podia dar mau resultado; porque Keizer tem um modelo de jogo com um só avançado (Bas Dost), que não é adequado quando as equipas se fecham muito, Dost está fora de forma e não há quem faça centros de jeito, com excepção do Acuña; porque Keizer gosta muito de atacar e pouco de defender (desde que chegou ao comando do Sporting, a equipa sofreu golos em todos os jogos, menos num), o que corre bem quando o ataque está oleado, inspirado e a equipa marca mais do que sofre e muito mal quando isso não acontece; porque Keizer, apesar de tudo o que entra pelos olhos dentro, não experimenta jogar noutro sistema, em que Montero ou Luiz Phellype possam estar em campo (ontem tivemos o mesmo filme, com o Dost a parecer um pelicano no meio de uma aldeia de pinguins); e porque Keizer continua a apostar em Petrovic, um rapaz que carrega uma tristeza imenso aos ombros por ser sérvio e nos transmite a todos nós, sportinguistas, uma imensa tristeza por o vermos a jogar na equipa principal do clube.
Em resumo, passada a euforia inicial, o sr. Keizer não só não aproveita os jogadores da formação como conseguiu que a equipa e a nação sportinguista entrassem de novo em depressão, envergonhados com o que (não) vamos vendo nos campos de futebol onde a nossa equipa principal joga. Ah, é verdade, a Taça da Liga veio no nosso autocarro. Por mim, sr. Keizer, pode levá-la para a Holanda. Tenho a certeza que encontraremos na Academia um treinador português que faça mais do que aquilo que V.Exa. tem feito. Ou, por outras palavras, volta Peseiro que estás perdoado.

PS – Como o dr. Varandas vai aguentar o sr. Keizer pelo menos até ao final da época, estou muito curioso para ver os excelentes jogos que a equipa vai fazer depois de ser afastada da Liga Europa e da Taça de Portugal. Aí já não vai haver a desculpa do cansaço. Lá para o final de Março preparemo-nos, sportinguistas, para ver fabulosas exibições e golos à fartazana!"

Rumo certo

"A primeira vitória em solo turco teve impacto na Europa do futebol pela ‘Primavera Encarnada’. Ainda mal o jogo de Istambul tinha terminado e já a prestigiada ‘Marca’, em Espanha, baptizava a proeza que tinha acabado de acontecer: “El Baby Benfica se lleva el ‘duelo de Champions’ ante el Galatasaray”.
Não se tratou apenas de vencer. Mais do que ganhar, desta vez, foi como se ganhou. Com uma equipa inicial com 22 anos (!) de média de idade (e com 6 jogadores da formação) a superar o campeão da Turquia no seu próprio estádio. Um importante passo para se chegar à eliminatória seguinte da Liga Europa, mas com a consciência de que foi apenas... um passo. E com a certeza de que as grandes caminhadas se fazem com muitos passos.
Ontem provou-se que o rumo e a estratégia definida de aposta na formação tem todo o sentido: estreia de mais 3 jogadores como titulares em competições da UEFA (Ferro, Yuri Ribeiro e Florentino), num jogo em que Rúben Dias terminou a noite com a braçadeira de capitão… aos 21 anos!
Os reforços de inverno, como se comprova, estavam mesmo no Seixal e fazem parte de um plantel onde – sem excepção – todos contam e onde a conciliação entre juventude e experiência é o factor-chave.
Na próxima segunda-feira, na Vila das Aves, é tempo de regresso ao campeonato nacional. Lá iremos ter, com toda a certeza, o apoio inexcedível da onda vermelha, num jogo de grande dificuldade – e importância – para o caminho que, juntos, queremos percorrer. Porque todas as reconquistas se fazem de mãos dadas!"

Teens !!!

"❤ Em Dia de São Valentim, ficámos todos enamorados pelo futebol da equipa de Bruno Lage. Uma exibição de gala em casa do Gala deu a 1.ª vitória benfiquista na Turquia. A gala dos namorados. O feito, só por si, já era de louvar, mas a revolução que Lage empreendeu no onze torna tudo mais especial. O Benfica apresentou-se no invicto solo turco com seis jovens da formação, alguns deles teenagers ainda, e com seis mexidas no onze que deu dez. E fez história.
💔 No jantar dos encalhados, o Sporting perdeu em casa frente ao penúltimo da liga espanhola, que não ganhava há 10 jogos. Se fôssemos como eles, diríamos que uma equipa que não vencia há dois meses de certeza que comprou este resultado a um clube com dificuldades financeiras que ainda terá feito dinheiro em apostas. E que Acuña fez de propósito para ser expulso. E que o onze escolhido por Kaizer é muito suspeito. Valeu que o Villarreal foi muito respeitoso e recusou ganhar por mais que 1-0, a bem da competitividade da Liga Europa."

Seferovic, porque não há dúvida que o futebol se joga com a cabeça

"O avançado suíço tem sido decisivo no bom momento do Benfica

Quem viu Seferovic conquistar metros a Marcão, para depois ganhar na luta de corpo e atirar com classe ao ângulo da baliza do Galatasaray, deve ter tido dificuldades em lembrar-se do que era este mesmo jogador há coisa de um ano.
O avançado suíço deu uma volta completa no destino, para se apresentar agora em grande momento. Confiante, autoritário, criativo e ligeirinho.
Seferovic corre, recupera bolas, tabela, toca de calcanhar, assiste e faz golos. Muitos golos.
Por alguma razão, aliás, é nesta altura o jogador com mais golos marcados no campeonato em 2019, entre todos os jogadores que actuam na Europa.
De dispensado a indispensável, portanto, foi uma questão de meses. E jogos, e minutos. Bastou-lhe afinal ter alguma continuidade, fazer o primeiro golo, e o segundo e o terceiro, para virar a cabeça do avesso. Hoje acredita que pode tudo, e acreditando fica mais perto de o poder.
Seferovic é, no fim de contas, a melhor prova que existe neste momento no futebol português de que o futebol é um desporto que se joga na cabeça dos jogadores: se eles confiarem que sim, mas confiarem mesmo cegamente que sim, então muito provavelmente vão tornar-se decisivos.
Como está a ser o suíço.
É naturalmente mais fácil, claro, fazer tudo isto numa equipa que está a jogar bem e vive, também ela, muito confiante. Como é o caso do Benfica. Mas boa parte do momento fulgurante da formação encarnada deve-se ao contributo do ponta de lança.
É certo que agora já há Jonas, mas a verdade é que Seferovic não corre: voa. Nas nuvens."

Organização e muito Tino

"A organização das linhas encarnadas no momento defensivo é hoje substancialmente diferente de um passado recente. O Benfica trocou o pressing a todo o instante por um maior controlo em Organização Defensiva, as linhas estão mais juntas, e sobretudo a linha média ganhou uma articulação que não tinha.
A preocupação de todos em voltar para trás da linha da bola (excelente a ideia de retirar Pizzi do corredor central em momento defensivo), e a coordenação e preocupação em não permitir que a posse adversária chegue às costas dos médios, com a constante movimentação destes para que estejam sempre mais na situação defensiva, é hoje uma evidência.



Para lá da organização defensiva bastante mais rigorosa e inteligente, em Istanbul, surgiu Tino.
O perna longa é um portento na posição que ocupa. Portento pela disponibilidade física e mental, bem como inteligência para a ocupação dos espaços, e capacidade tremenda para desarmar e sair com bola dos duelos.
Não só tem a capacidade física para fazer, como percebe o que há por fazer. Na Turquia, roubou uma série de bolas, mas ainda mais do que as que roubou, foi os espaços que fechou, as superioridades numéricas que provocou no momento defensivo e como estas foram sempre fundamentais para que o Galatasaray não pudesse criar.
Ora perceba como joga Tino."

De mal a pior

"Por muita vontade que possa haver, não parece muito provável que o Sporting tenha capacidade para inverter a marcha.

Quando se esperava que frente a uma equipa em dificuldades desde há muito tempo, o Sporting fosse capaz de fazer prova de vida, aconteceu exactamente o contrário. E assim, os espanhóis do Villarreal acabaram por tornar fácil aquilo que antecipadamente poderia parecer difícil.
Depois de ver desaparecer do horizonte um campeonato a que faltam ainda 13 jornadas para chegar ao fim, os leões de Marcel Keizer deverão ter-se despedido também ontem da Liga Europa. É verdade que havia razões seguras para não serem alimentados muitos optimismos, mas sair desta maneira é escandaloso e vexatório em demasia.
A equipa espanhola já não vencia desde o dia 13 de Dezembro passado. Por essa altura, lograra derrotar o Spartak de Moscovo, por 2-1, no jogo de encerramento da fase de grupos da Liga Europa. Curiosamente, acaba por ser nesta mesma competição que o submarino amarelo acaba de voltar à tona para disparar com força sobre uma frágil embarcação perdida no mar encapelado em que navega há algum tempo.

E agora?
As vozes contestatárias hão-de forçosamente fazer-se ouvir, porque há motivos de sobra para tal. E se é verdade que falta qualidade a uma grande parte dos jogadores do plantel leonino, não é menos certo que sobra uma parte demasiado importante dessa ausência de qualidade a quem lhe traça as linhas de orientação.
Daí que o ciclo agora vivido pelos leões promete tornar-se ainda mais difícil de contornar. Seguem-se jogos de grau de dificuldade elevado e não se vislumbram hipóteses de o atenuar.
Muitos associados e adeptos mostram disposição para virar as costas à equipa, mas também não desejam o regresso a um passado recente de triste memória.
O Sporting Clube de Portugal está ainda em condições de dar a volta a esta confrangedora situação? Por muita vontade que possa haver, não parece muito provável ter capacidade para inverter a marcha. E no futebol não há milagres. Se não houver trabalho e qualidade, nada feito.
Está à vista de todos: é esse o binómio que está ausente do grupo há largo tempo."

O futebol não é uma arte de compaixão

"A greve dos enfermeiros, as confusões com a ADSE, a auditoria às contas da CGD, os protestos dos professores, a crise na Venezuela, em que um louco continua a levar alegremente o país para o abismo, entre muitos outros assuntos sérios e preocupantes, não conseguem rivalizar em termos de destaque com a goleada histórica do Benfica ao Nacional da Madeira por 10-0. Temos de reconhecer que este é um país cómico que adora descarregar todas as suas alegrias e frustrações no jogo da bola.  
Grandes teorias foram avançadas sobre a vitória encarnada - que os chineses estariam por detrás do resultado por causa das apostas, que os jogadores do Nacional quiseram fazer a cama ao treinador, que os jogadores do Nacional fizeram de propósito, etc. -, mas nenhuma foi mais insólita do que aquela que defendia que o Benfica devia ter abrandado por respeito (?) aos jogadores adversários! Extraordinário. Um jogo acontece para apurar um vencedor e, se possível, pela maior diferença possível. Até por isso acho um disparate o futebol permitir empates pois, à semelhança de outras modalidades, nunca deveria deixar os espectadores irem para casa sem ser a gritar vitória ou a chorar a derrota. Mas isso é outra história.
Dez a zero é um resultado muito pesado, mas os números não são muito diferentes daqueles que acontecem com alguma regularidade: o Benfica já perdeu 7-1 com o Sporting e o Celta de Vigo (aqui ficaram em branco) e nunca ninguém duvidou do empenho dos jogadores. Já este ano, o Benfica ganhou 6-0 ao Braga e ninguém no seu estado normal acredita que os jogadores do Braga facilitaram.
O desporto profissional procura eleger os melhores, e os melhores são aqueles que ganham mais vezes e conseguem vergar os seus adversários. Se assim não fosse, em vez do VAR seria preferível entrar em campo uma alma caridosa para dizer aos craques para não marcarem mais golos pois a equipa adversária ainda acabará no psiquiatra.
Este país é excelente para os humoristas viverem."

A maior surpresa do mercado de inverno

"O Sp. Braga foi, entre os candidatos ao título, aquele que mais surpreendeu no mercado de inverno. Não por algum nome sonante que tenha chegado à «Pedreira», antes por não ter chegado ninguém.
É verdade que os «arsenalistas» abriram e fecharam a janela de transferências a seis pontos do líder FC Porto, mas o que se passou entretanto, em menos de quinze dias, mostra que havia legitimidade para continuar a sonhar com o tal título que António Salvador quer festejar antes do centenário.
O Benfica também não recrutou ninguém, optando por libertar alguns reforços que não o chegaram a ser, substituindo-os por jovens da equipa B, mas a perspectiva bracarense é especial.
Poucas vezes o emblema minhoto dependeu apenas de si para conquistar um título inédito, e se esse contexto é fruto de um projecto sólido e coerente, talvez esta nova oportunidade justificasse uma valorização diferente do mercado de inverno.
Até porque seria sempre uma actuação cirúrgica, para uma ou outra posição, e que não implicasse qualquer manobra financeira de risco.
Nada disto significa que o grupo à disposição de Abel não tenha qualidade suficiente para lutar pelo título, e é por isso que este texto começa precisamente por validar essa candidatura.
É perfeitamente natural que o técnico tenha preferido destacar a permanência das principais figuras da equipa, ainda que também isso motive a surpresa em torno do balanço de mercado.
As contas à valorização do plantel ficam para mais tarde, e a realidade é que este Sp. Braga já vai aprendendo a vencer mesmo nos dias em que não consegue convencer.
Continua a correr por fora, é certo, mas isso até pode dar jeito, sobretudo se FC Porto e Benfica andarem demasiado distraídos um com o outro."

Aaron Ramsey e o futebol português

"Segundo a UEFA, as receitas brutas com a venda de jogadores equivalem a 76% de todos os outros proveitos dos clubes portugueses.

Desta vez foi Aaron Ramsey. O ainda atleta do Arsenal não renovou contrato, tornou-se num “jogador livre” e rumará a Turim como o jogador britânico mais bem pago da actualidade, com um salário de 300 mil libras (cerca de 342 mil euros) por semana. Além de perder o atleta, o Arsenal não receberá qualquer valor pela transferência e o clube que o formou não terá acesso às compensações do mecanismo de solidariedade da FIFA. Os jogadores, e os seus empresários, têm vindo a perceber que têm muito a ganhar se evitarem a renovação dos contratos para se apropriarem das verbas que estariam destinadas às transferências e aos mecanismos de compensação e solidariedade.
O tema é relevante para o futebol português. Segundo a UEFA, as receitas brutas com a venda de jogadores equivalem a 76% de todos os outros proveitos dos clubes portugueses. Daqui se percebe o risco, se a tendência para os “free agents” se acentuar. Haverá menos receitas de transferências e formação e os maiores clubes nacionais procurarão dominar ainda mais todos os outros proveitos ligados ao futebol para que possam continuar a ser competitivos. Além disso, com maior dependência do poder das televisões, os jogos continuarão a ser marcados para dias e horas pouco adequados."

A tudologia

"Os tudólogos não se limitam a falar sobre tudo, com força ou grito, e rapidamente, pois fazem-no sempre contra isto ou aquilo, ou denunciando, pondo a nu, destapando, mesmo que sejam só números de circo, gritaria oca ou precipitações assentes em falta de estudo ou de reflexão

Quase não há dia em que no espaço público (que é hoje quase só o espaço mediático) não possamos encontrar um tudólogo ou uma tudóloga. E que espécie é essa? Comecemos por definir pela negativa, embora metodologicamente talvez não seja o caminho mais científico (mas a ciência também já não é o que era). Ora, não é um ou uma achista, pois não se limita a achar isto ou aquilo. Quer dizer, é achista, mas é bem mais do que isso, sendo também certo que achistas há muitos e tudólogos há poucos. Também não é um ou uma opinadora profissional, ou sequer residente ou frequente, porque, embora opine muito, não faz disso profissão ou actividade, e tem um conjunto de características (veremos adiante) que só se encontram, cumuladas, em poucos seres. Por isso, talvez seja uma espécie rara e, ao mesmo tempo, tão requisitada, embora a frequência da requisição (e da aceitação) também resulte de outros factores, como sejam: a necessidade de preencher o abundante espaço mediático; o actual gosto geral pela polémica, ou mesmo pela gritaria; a imperiosa necessidade que o tudólogo ou a tudóloga tem de dizer coisas; a rapidez com que as notícias, os eventos, as crises, as fracturas e os problemas se sucedem, ao ponto de ser preciso, com muita frequência, recorrer à tudologia, que é uma ciência que sai barata, enche o olho ou o ouvido e, estou em crer, dá um enorme prazer aos cientistas que a cultivam; ou, se não lhes dá vivo prazer, pelo menos corresponderá a uma incapacidade, qual seja a de, ao menos às vezes, estarem prudentemente calados.
Ora, para ser um tudólogo ou uma tudóloga são precisas, pelo menos, cinco coisas, e todas juntas no mesmo ser. Primeiro, tem de ser apto e estar disponível a falar sobre tudo – isso é essencial e, aliás, aí radica o ponto de Arquimedes da tudologia. Segundo, tem de se ter essa disponibilidade sempre e rapidamente, mesmo que o tema requeresse ou aconselhasse preparação e ela não seja possível ou não esteja (por razões exógenas ou endógenas) ao alcance do cultor da tudologia; não importa, há que responder ao apelo e ir opinar logo. Terceiro, e essencial, há que opinar com força, com convicção, quando não mesmo de modo estridente, aqui e ali levantar a voz, ou gritar, e ser sempre polémico, assertivo, aparentemente corajoso; não há tudologia morna, nem cautelosa, nem dubitativa. Quarto, o tudólogo ou a tudóloga são contra e denunciam, esse é o seu ofício, e isso faz deles grande parte do que são; não se limitam a falar sobre tudo, com força ou grito, e rapidamente, fazem-no contra isto ou aquilo, ou denunciando, pondo a nu, destapando, mesmo que sejam só números de circo, gritaria oca ou precipitações assentes em falta de estudo ou de reflexão. Quinto, e finalmente, invocam sempre bons fins, causas nobres, fraturas necessárias, e, sobretudo, a tudologia é contra essa coisa vaga e nebulosa que são os “interesses instalados”, mesmo quando o tudólogo ou a tudóloga não são outra coisa senão um produto acabado dessa nebulosa ou aspirantes à sua própria instalação interesseira, precisamente à custa da tudologia."

Planos de carreira: a necessidade de uma visão global

"Ser atleta de elite nos tempos atuais é um desafio de características singulares, dada a complexidade que caracteriza essa “profissão”. Muitos desportistas são também, por exemplo, estudantes, empresários, gestores da sua marca pessoal, responsáveis de comunicação, para além de terem de assumir a condição de referências sociais.
Todos estes aspectos são peças de um puzzle que importa que encaixem de forma harmoniosa para que seja atingido o sucesso, numa visão geral sobre todas as áreas que compõem o plano de carreira do atleta. Porque um puzzle só está completo quando todas as peças se encaixam.
A performance desportiva de um atleta é regularmente escrutinada apenas pelo seu resultado, numa análise crua, onde os números não contam toda a história, tornando invisíveis factores determinantes no desempenho do atleta, como sejam os objectivos estabelecidos para a competição, o estado de forma física e psicológica ou a situação pessoal e familiar.
Na Comissão de Atletas Olímpicos, preocupamo-nos com a pessoa e não apenas com o atleta. Após o término da carreira desportiva, os atletas têm pela frente largos anos de vida activa que importa preparar atempadamente e apoiar, possibilitando que, também nessa fase, alcancem os seus objectivos.
Esta preparação passa, em grande medida, pelo apoio à compatibilização da carreira desportiva com os estudos e pela capacitação para a posterior integração no mercado laboral. Este trabalho tem sido desenvolvido no âmbito do Athlete Career Programme, através de um acompanhamento individual, assente em três pilares: formação, educação e habilitação para a vida.
Ao mesmo tempo, constata-se um baixo nível de literacia financeira entre os desportistas. Números internacionais demonstram uma débil saúde financeira de muitos atletas, tornando-os vulneráveis a situações menos condizentes com o seu estatuto de referências para a população. Perante este cenário, urge sensibilizá-los e aconselhá-los para a adequada gestão dos seus rendimentos e para a criação de hábitos de poupança, preparando a estabilidade futura.
Existem actualmente diversos mecanismos e programas de apoio ao dispor dos atletas, nas mais diversas áreas. No entanto, a sua activação e o seu sucesso dependem do envolvimento e da procura dos próprios atletas. São eles que têm de dar o primeiro passo!
Para tal, todos os que directa ou indirectamente intervêm com os atletas desempenham um importante papel na sensibilização para estas temáticas e para a utilização dos recursos existentes.
Assume, portanto, vital importância a implementação de políticas de apoio centradas nos atletas, com uma visão global sobre o seu plano de carreira e que promovam uma fluida articulação entre todas as estruturas de apoio existentes, tornando-as mais eficientes."

Cadomblé do Vata

"1. Bruno Lage está a conquistar toda a massa adepta do Benfica, com excepção da minha esposa... ela admite que os resultados estão a ser fabulosos, mas já começa a levar a sério a minha ameaça de tatuar a cara do Mister nas costas.
2. Muito bem escolhido o 11 inicial, apinhado de segundas escolhas... depois de uma semana de polémica em Portugal por causa dos 10-0, Lage não quis correr o risco de levar a discussão para uma escala europeia.
3. A equipa B do SLB venceu o Galatasaray em Istambul em jogo da segunda competição mais importante do calendário europeu... e ainda havia por aí gente que dizia que o grupo do FC Porto na Champions tinha qualidade de Liga Europa.
4. Grande exibição de Florentino Luís, a merecer o regresso à equipa B... porque se continua com este registo exibicional no futebol dos adultos, chega mais depressa aos 60 anos do que o Sanches.
5. A nossa primeira vitória em solo otomano, terminou com Fernando a pisar ostensivamente um jogador do Benfica... afinal de contas, nem tudo foi novidade no jogo de Istambul."

Galatasaray-Benfica? Não. (...) tem outras coisas importantes em mente: qual é a cláusula de rescisão de Bruno Lage?

"Vlachodimos
Grande defesa aos 85 minutos. Foi o irmão mais velho de que os meninos do Seixal precisavam naquela final de tarde em Istambul.

Corchia
Boa exibição do lateral que, tal como os restantes reabilitados de Bruno Lage, aparenta ser muito melhor do que nos pareceu até há 1 mês e pouco. É um tema delicado que justifica a marcação de um Prós e Contras para debater quem deve ser titular no próximo jogo, se Corchia ou Puskas.

Rúben Dias
Imperial e justamente premiado por isso. Há quem queira ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Rúben Dias quer arrancar umas pernas a adversários e ser capitão do Benfica. Tal como tudo o que o miúdo conseguiu até aqui, também hoje o momento pareceu chegar subitamente, porque temos sido mal habituados a esperar demasiado.

Ferro
Ainda há 2 semanas parecia o mais tenrinho do quarteto defensivo e hoje foi vê-lo limpar o centro da defesa como quem manda nisto tudo. Em suma, mais um que dará a vida por Bruno Lage. Ao contrário do que vemos nos filmes, em que o protagonismo cabe geralmente a uma mulher mais experiente, seja um quarentão de Setúbal a transformar estes miúdos em homens.

Yuri Ribeiro
Agora mais a sério, talvez devêssemos considerar um número limite de jogadores do Seixal no onze. Ou qualquer coisa assim. Florentino Obrigado por tudo, Ljubomir. Felicidades na próxima etapa da tua carreira.

Gedson
Bom regresso ao onze, primeiro a fazer de Gabriel e depois a fazer de Pizzi, com um ou outro erro de Gedson. Como qualquer miúdo da sua idade, Gedson podia optar pelo caminho fácil e revoltar-se contra a figura paternal de Bruno Lage, mas não.

Salvio
"Até estava a jogar bem, marcou um golo, e depois lesionou-se" - um dia será este o título da biografia de Salvio.

Cervi
Nunca o desespero foi tão bem representado num pé esquerdo. João Félix Até os turcos já sabem qual o antídoto. Exibição fustigada por sucessivas caneladas de adversários invejosos. Deixem o nosso menino jogar. É para isso que os adeptos pagam bilhete, incluindo os da equipa adversária. 

Seferovic 
Se eu volto a ouvir alguém chamar cepo a Seferovic, acho que dou cabo da minha vida. 

Gabriel
Apesar de alguns passes menos acertados, continua a mostrar que tem tudo para se tornar BFF de Florentino num futuro muito próximo.

Krovinovic
Entrou para o lugar de Cervi. Fez a média de idades da equipa descer para 22 anos e a tensão arterial de quem viu jogar Cervi descer para 12.

Samaris
Falemos de coisas importantes: qual é a cláusula de rescisão de Bruno Lage?"