quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Vitória na Roménia...

Zalau 1 - 3 Benfica
25-23, 15-25, 19-25, 22-25

Obrigação cumprida... Após o sorteio desta competição, ficámos a saber que éramos favoritos até este momento! A partir de agora, tudo o que vier à rede é peixe!!! Vamos defrontar os Russos do Belogorie, que são claramente favoritos, mas...

A derrota no 1.º Set, acabou por fazer bem à equipa, pois nos dois seguintes, não demos a mínima hipótese aos Romenos... E no 4.º Set, mesmo com a rotação, e com a qualificação já garantida, vencemos!

Vitória tranquila...

Benfica 33 - 17 Boa-Hora
(18-7)

Jogo com pouca história, que deu para o João da Silva ir ganhando ritmo e confiança... e para o Nyokas confirmar a subida de rendimento.

Goleada... enganadora!

Benfica 4 - 0 Ac. Viseu


Estreia do Renato Paiva ao comando da equipa, com uma goleada... mas não foi tão fácil, como o marcador dá a entender!

A primeira parte não foi grande 'coisa', marcámos um golo, mas tivemos sempre muita dificuldade em controlar o jogo... Melhorámos o posicionamento na 2.ª parte, mas mesmo assim, fomos acumulando golos, a jogar em contra-ataque...

Uma das situações que mais me irrita, são as perdas de bola, em zonas proibidas, por distracções parvas! Hoje, o Ferro e o Florentino por exemplo, tiveram desconcentrações deste tipo... Fazem parte do crescimento dos jogadores?! Certo... mas...
E em relação ao Florentino, no que concerne à capacidade de recuperação de bola, mesmo ao nível dos contactos físicos, na minha opinião, já está preparado para o equipa principal!!!

Na flash-interview no final da partida, o Renato explicou tudo, mas mesmo tudo... A equipa tem princípios de jogo bem treinados, mas não anda em piloto-automático!!!

Uma nota para os 6 lesionados (a maior parte com lesões graves!) que afectam jogadores desta equipa! É muita gente...!!!

Descafeinado

"1. Os casos de violência sucedem-se no futebol português, mas está longe de ser um problema local. É, sim, civilizacional: «Vou matar-te!», disse um menino de 8 anos para uma jovem arbitra em Espanha. Ela acabou a carreira, mas o que fazemos com ele?
2. «Vieste aqui encomendado pelo Benfica!», disse Beto (team manager do Sporting) ao árbitro, em Tondela. Tenho tanta dificuldade em comentar este caso como o do ciclista de 90 anos apanhado com doping. Porque se há coisas estupidamente lógicas, também as há logicamente estúpidas.
3. O Sporting - FC Porto foi um clássico descafeinado que até parecia mais importante para os dragões. Já se fala que Marcel Keizer pode ser o realizador da sequela do filme de 1989. Querida, encolhi os miúdos.
4. Só um clube pode ter Messi, mas todos o procuram, como se pudesse haver mais espalhados por aí. O Benfica não pode ter Mourinho, pelo menos agora, mas deve continuar a procurá-lo. Talvez ele esteja em Bruno Lage e nos seus feelings, talvez não, mas a aposta faz sentido e (escrevo antes do encontro de ontem) tem sido. lufada de ar fresco na proposta de jogo e no discurso. Mas atenção: o que herda, o que lhe pedem, é tão difícil como ter um livro numa discoteca.
5. Sugestões à FPF: depois de ouvidos os treinadores (e bem), porque não os capitães de equipa?
6. Jorge Jesus e Rui Vitória outra vez juntos, agora na Arábia Saudita, a lutar pelo título, é cósmico e cómico.
7. Muito se fala em tempo útil de jogo. Há uns anos, vi um treinador da formação (no caso do Benfica) a mandar um jogador ficar no chão quando este se levantava após sofrer um falta, nos últimos minutos. A discussão pode travar-se na primeira divisão, mas o problema começa muito antes.
8. No dia em que me sentar à frente da televisão para ver o Índia - Barém ou o Quirguistão - Filipinas, da Taça da Ásia, liguem sff ao meu médico."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Duelo de equilíbrios

"Destaque para a ascensão e abrangência do jogo de João Félix, no passe, movimento e finalização

Estratégias
1. Jogo de Taça, apuramento para as meias-finais em causa e poucas alterações nas duas equipas. O Vitória em 4x3x3, com o triângulo do meio-campo aberto, Joseph e Matheus com a preocupação no fecho posicional de Fejsa e Gabriel e o Benfica no sistema de 4x4x2, com dois falsos alas, já que Pizzi e Zivkovic posicionaram-se constantemente por dentro. Estratégias idênticas em organização defensiva, não pressionando as primeiras fases de construção e com zonas/jogadores de pressão bem definidas. Do lado do Vitória fecho de jogo interior e forte pressão em Pizzi; do lado do Benfica fecho em corredor lateral, orientando quase sempre a pressão em Pedro Henrique. Na primeira parte o Benfica com mais bola, assente num jogo de apoios bem definidos em jogo interior, salientando o quadrado no meio-campo, efectuado pelo duplo pivô defensivo e os alas muito por dentro. Na segunda parte realço a capacidade do Vitória na reacção a capacidade do Vitória na reacção à perda e o ataque constante na verticalidade, procurando sair muitas vezes por fora, explorando a subida simultânea de André Almeida e de Grimaldo.

O golo
2. Em termos ofensivos, um Benfica assente num padrão posicional, com passe curto, demonstrando uma grande capacidade em jogo interior e em constantes apoios frontais (jogar de frente). João Félix é o avançado que procura mais vezes o jogo interior e exterior, com Seferovic mais em apoio frontal e no ataque a zonas de finalização. Neste ponto situa-se o momento do golo do Benfica com o movimento de João Félix nas costas do segundo central do Vitória, no espaço entre o lateral e o central (passe fantástico de Rúben Dias).

Transições
3. Em termos de transição ofensiva, destaco a clara intenção do Vitória em acelerar o jogo através do passo vertical, com canais exteriores bem definidos, através da relação lateral/ala. No momento da perda, o Benfica preocupava-se em reorganizar em termos posicionais, abdicando da primeira reacção de pressão, tentando rapidamente o equilíbrio estrutural.

Destaque
4. Uma palavra para os adeptos do Vitória, simplesmente extraordinários, pois num momento de desequilíbrio no resultado, incentivaram e deram uma energia extra de fora para dentro, capitalizada na forma como foi a reacção do Vitória na segunda parte. Termino, destacando a ascensão e a abrangência do jogo de João Félix, no passe, no movimento e acima de tudo na finalização."

Ricardo Soares, in A Bola

Jogo a jogo

"O campeonato português tem hoje um conjunto de treinadores bem preparados, actualizados e prontos a responder às mais altas exigências do futebol moderno. Há conhecimento e qualificações ao nível do melhor que existe na Europa.
Bruno Lage é o mais recente exemplo da qualidade que temos na Liga NOS. Ontem, num vibrante Vitória de Guimarães-Benfica (quartos-de-final da Taça de Portugal), o espectáculo foi prolongado para além dos 90 minutos pelas exemplares conferências de imprensa dos dois treinadores: respeito pelo adversário, vontade de explicar o jogo e enorme fair-play. Deveria ser sempre assim. Grande lição de desportivismo de Bruno Lage e Luís Castro.
O Benfica venceu mas tem já na próxima 6.ª feira novo duelo frente a esta mesma equipa, agora para o campeonato. É, como se sabe, um adversário de enorme qualidade. Trata-se de mais um teste de grande dificuldade, mas que acreditamos poder voltar a superar.
A temporada chegou a meio e o Benfica já vai com 34 jogos oficiais realizados. E continuando em todas as competições, está já garantido um mínimo de mais 22 jogos: 17 para o campeonato, 2 para a Taça de Portugal, 2 para a Liga Europa e 1 para a Taça da Liga. Ou seja, o Benfica 2018/19 fará, pelo menos, 56 jogos.
A possibilidade de atingir as finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga – e ainda a perspectiva de chegar o mais longe possível na Liga Europa – permite projectar um novo máximo nacional, talvez acima dos 60 jogos numa época.
O melhor mesmo é seguirmos todos o conselho de Bruno Lage: “Isto é jogo a jogo.” E no final fazem-se as contas."

Cadomblé do Vata

"1. Lage continua a repetir o erro de colocar João Felix a titular... a continuar assim, o LFV vende o puto antes do final do mês.
2. Jogo difícil, com adversário complicado e relvado impraticavel... para sacar uma boa exibição naquele batatal, tínhamos de ter no banco o Eng. Sousa Veloso em vez do Lage.
3. Nenhum adepto do SLB consegue disfarçar a alegria de ver a equipa sair a jogar a partir da defesa... isto até a bola chegar ao Jardel e começar tudo a gritar "chuta para a frente, mete para fora, livra-te dela".
4. Samaris voltou a ser a principal alternativa a Fejsa, mostrando que ainda sabe varrer aquele meio campo e dois ou três adversários como ninguém... o outro chama-se Alfa, mas no Glorioso o melhor comboio ainda continua a ser o grego.
5. Bela resposta de Bruno Lage à pergunta do tipo-género-mais-ou-menos jornalista da CMTV... todos os dias se discute a agressividade de Felipe e dp Rúben Dias em campo, mas a entrada a pés juntos da época foi feita pelo nosso técnico."

Pormenor...

"Terá passado despercebido à generalidade dos analistas de futebol mas ontem, Bruno Lage deu uma pista sobre o que o distingue como treinador e, de algum modo, essa declaração foi uma espécie de trombeta a anunciar os tempos vindouros. O novo treinador do Benfica explicou, com algum detalhe, que durante três anos tinha sido o autor de todas as observações que a equipa técnica de Carlos Carvalhal realizou aos adversários no futebol inglês.
Ou seja, foi Bruno Lage quem observou, retalhou e decifrou os planos mais escondidos de cada adversário que se atravessava no caminho das equipas treinadas por Carlos Carvalhal. Nos últimos anos, após o boom táctico que se verificou com a importância crescente que foi atribuída pelos treinadores à definição do modelo e a forma como ele se operacionaliza em treino e jogo, começou a emergir o interesse pela estratégia. E esse será, sem dúvida, o futuro.
Ou seja, caminhamos num sentido que atribui ao conhecimento do adversário pelo menos a mesma importância do que a definição de um modelo próprio de jogo. Conhecer bem o adversário tornou-se fundamental e quanto maior for esse conhecimento mais perto se estará de ter sucesso. A isso chama-se estratégia, em futebol e ela vai predominar nos próximos anos. Será factor crítico de sucesso. E se há treinador preparado para se impor nessa emergente característica de preparar uma equipa para a competição, ele é Bruno Lage."

A sopa perdida de Garcia Marquez

"Bogotá, Calle 7. O dr. Jorge Eliécer Gaitán e o seu grande amigo Plinio Mendoza Niera saíram de braço dado pela porta do edifício Agustín Nieto. Estava frio nesses primeiros dias de Abril de 1948, mas havia um sol acolhedor sobre a cidade da Santa Fé. E, na véspera, Gaitán estivera brilhante na barra do tribunal. Em Viver Para Contá-la, Gabriel Garcia Marquez fala desse momento: «Gaitán era o homem do dia em todos os noticiários por ter obtido um perdão para o tenente Jesus María Cortés Poveda, acusado de ter assassinado o jornalista Eudoro Galarza Ossa. (...) No meio de toda esta atmosfera intensa, sentei-me para almoçar na sala de refeições da pensão onde morava, a menos de três quarteirões do cruzamento entre Carrera Séptima e a Avenida Jimenez de Quesada. Ainda não tinha tocado na sopa quando Wilfrido Mathieu se sentou horrorizado à minha mesa: ‘Este país está fodido! Mataram Gaitán em frente ao El Gato Negro!’».
A vitalidade anfetamínica do repórter Garcia Marquéz, do jornal El Universal, fez com que saltasse da cadeira e corresse por entre as ruas apinhadas do centro de Bogotá até ao lugar onde Gaitán estivera estendido. Só encontrou uma poça de sangue e alguns doentios curiosos que a cheiravam como chacais. Ao lado, por detrás das grades de ferro da mercearia Granada, o homem que o baleara pelas costas, suplicava a um polícia: «Por favor, não deixe que me matem!». Tinha 26 anos, sofria de esquizofrenia e parece que odiava Jorge por lhe ter recusado um emprego. A filha de Gaitán, Gloria, não tardou a apontar o dedo acusador à CIA. Outra teoria, bem menos credível, baseava-se numa ordem dada por um jovem cubano ao serviço da União Soviética. O mesmo jovem cubano que tinha um encontro marcado com o advogado, pelas três horas dessa tarde: Fidel Castro. A morte antecipou-se.
Nos dez anos que se seguiram, os mortos tomaram conta da Colômbia e transformaram o país num corso infindável de cerimónias fúnebres. Chamaram a esse período triste ‘La Violencia’. Em contas, por alto, mais de 300 mil assassinados.
1948 foi o ano em que as balas se espalharam pelas ruas das cidades colombianas e foi, também, o ano em que se disputou o primeiro campeonato profissional de futebol do país. E sim, os fenómenos foram propositadamente coincidentes. O Governo de Mariano Ospina Pérez apoiou seriamente a competição numa tentativa declarada de encontrar um entretenimento popular. O professor e escritor Guillermo Ruiz Bonilla afirma-o firmemente: «Não tenho quaisquer dúvidas de que o futebol se tornou num apelo às massas para se afastarem da violência que surgiu após o assassínio de Gaitán. Uma arma que o Governo podia dominar. Nada se lhe comparava em entusiasmo. Quanto muito as corridas de cavalos. Se Gaitán não tivesse morrido, o campeonato teria sido adiado por mais dez ou doze anos». Assim sendo, de maio a Agosto, o futebol criou raízes nos campos da Colômbia como se fosse mais uma das 130 mil espécies diferentes de flores que crescem nos cerrados que rodeiam Bogotá.
Dia 11 de Agosto, 11 horas da manhã. Precisamente 126 dias sobre a morte de Gaitán, tinha início o primeiro jogo da que ficou conhecida pela Dimayor. Todo o poder financeiro e influência política levavam a crer que o Millionarios seria campeão com uma perna às costas. Afinal tinha como presidente um empresário e advogado, Manuel Briceño Pardo, proeminente membro do Partido Conservador. Só que o futebol tem dentro de si uma irresistível alma libertária.
Chonto é uma palavra que pode ser traduzida de muitas formas. Para começar, trata-se de um tomate, assim meio em forma de ovo. Depois serve como adjectivo ou alcunha: duro, forte, resistente. 
Enquanto os rapazes do Millionarios passeavam orgulhosos as suas camisas de linho, o Independiente de Santa Fe, dos estudantes do Colegio Mayor de Nuestra Señora del Rosario, ironicamente tratados por Cardenales, dedicou-se à tarefa de ser o primeiro campeão colombiano. Na baliza, tinha Julio Gaviria Zapata, ‘El Chonto Zapata!’. E nunca ninguém como Zapata. Um absoluto dominador dos ângulos. Um passo apenas, para frente ou para o lado, fechava o espaço do golo adivinhável. Uma agilidade voadora que abria bocas de espanto; uma forma de segurar a bola que fazia com que os seus braços parecessem asas que algum deus distraído se esqueceu de acabar. E ainda por cima, um emérito contrariador de penalties. Talvez a sua presença escura debaixo da trave assustasse os adversários. Ficava calmamente à espera de os ver correr para a bola, a sua imobilidade esticava-lhes os nervos até à tensão de uma corda de violino. Depois, simplesmente, encarnava o indomável coração de Santa Fé de Bogotá. Talvez Gaitán tenha aproveitado a morte para poder vê-lo do céu."

Dos interinos e dos riscos do instantâneo

"A diferença entre um técnico assumidamente a prazo e um técnico implicitamente a prazo reside apenas no advérbio.

Significado de interino:
1) aquele que exerce funções durante o impedimento ou falta do funcionário efectivo;
2) não efectivo, provisório.
Em última análise, a segunda leitura traduz a vida de qualquer treinador de alta competição, independentemente do que estipula o contrato que assinou com a entidade patronal. Do mesmo modo, a primeira definição não descarta a eliminação, a prazo, do carácter transitório para transformar o cargo numa certeza, a certeza possível numa realidade tão dinâmica como o desporto de elite. A diferença entre um técnico assumidamente a prazo e um técnico implicitamente a prazo reside apenas no advérbio.
Olhamos para o futebol actual e facilmente percebemos que a esmagadora maioria dos treinadores tem os dias contados e que essa contabilidade é feita de resultados. Mas nem todos carregam o mesmo fardo, mais que não seja porque o capital de tolerância dos jogadores e adeptos vai sofrendo um processo de erosão em função dos anticorpos gerados num passado recente. Nesse sentido, não, por enquanto Bruno Lage não está submetido ao mesmo rolo compressor de exigências que acompanhou a primeira época de Rui Vitória ou de Jorge Jesus no Benfica, assim como Ole Gunnar Solskjaer terá, até ver, uma margem de manobra mais ampla do que tiveram José Mourinho ou Louis van Gaal no Manchester United.
Não está em causa a desaceleração da obrigatoriedade de ganhar, especialmente em clubes que lutam endemicamente por títulos, mas tão-só o contexto em que os interinos iniciam funções. Chamem-lhes bombeiros de serviço, destinados a extinguir o fogo para que um “arquitecto” possa, mais tarde, desenhar o edifício de raiz; chamem-lhes gestores de fortunas, convocados para reconduzirem as contas das competições ao verde e evitarem a desvalorização dos activos. No imediato, serão sempre uma solução de recurso, um maquinista escolhido já com a locomotiva em andamento, a quem não se pode pedir mais do que evitar o descarrilamento.
Luís Filipe Vieira não quis comprometer-se com uma janela temporal para Bruno Lage. Compreende-se. Assim como se compreende que a direcção do Manchester United tenha tornado público que Solskjaer ficava até final da temporada. Pelo menos... Porque o ainda treinador do Molde está a fazer tudo para complicar a vida aos decisores e para, à medida que vai ganhando jogos e conquistando os sócios (o recente triunfo no terreno do Tottenham contribuiu ainda mais para essa aproximação), inviabilizar o plano A de arrancar 2019-20 com um nome tão consensual quanto possível, para um projecto de médio prazo.
É este traço de transitoriedade, esta habilidade para moldar o significado das palavras, que faz do futebol um universo aliciante. Só à luz desta esquizofrenia é possível aceitar, por exemplo, que um treinador “roubado” a um Campeonato do Mundo, com um contrato milionário de três temporadas, aguente o barco do Real Madrid apenas durante dois meses e meio (estamos a falar de Julen Lopetegui, obviamente), ao mesmo tempo que um treinador interino, chamado de urgência em Março de 2012, concretize, 75 dias mais tarde, o maior sonho da história do Chelsea, ao erguer o troféu da Liga dos Campeões, em Munique (referimo-nos, claro, a Roberto Di Matteo).
É a capacidade de ganhar repetidamente que determina a duração da lua-de-mel, por muito que as direcções dos clubes mais prevenidos tenham na forja casamentos futuros. Que sentido faz puxar o tapete a quem, em situação de emergência, conseguiu levantar uma equipa do chão? Como explicar aos adeptos a decisão de abdicar de um treinador que repôs o barco a navegar contra ventos e marés, somente para obedecer a um planeamento criterioso?
Foi com este dilema que se debateu o Chelsea no arranque da época 2012-13 — e também o Liverpool um ano antes, perante a recuperação operada por Kenny Dalglish, ou o Leicester City em 2017, quando Craig Shakespeare assumiu o cargo. Em comum, muitas destas fábulas (de duração e sucesso variáveis) têm como protagonista um homem da casa, com um passado no clube que permita construir uma ponte sólida com os adeptos.
É uma espécie de fórmula instantânea para consumo imediato, mas que ultrapassa muitas vezes a condição de mero instrumento de gestão corrente das direcções. Uma solução que corre o risco de ganhar vida própria e resgatar as rédeas do próprio destino."

Vingar no futebol sénior: ciência ou sorte?

"Inúmeros são os atletas que, evidenciando algum nível de talento e tentando fazer o melhor ao seu alcance, nem sempre vingam na carreira profissional desejada. Em boa verdade, uma percentagem ínfima de praticantes chega ao tão desejado futebol profissional... pelo menos, ao futebol que “pinta” a imprensa e restante media.
A grande maioria, acaba por desenvolver a sua carreira em clubes de ligas menores – muitas vezes com elevados níveis de entrega e sacrifício pessoal (por serem empurrados para “carreiras duais” – trabalhando de dia e treinando de noite) mas sem o tão desejado reconhecimento e retorno financeiro.  
Aposta na Profissionalização? Nem Sempre
De facto, “futebol ciência” é um propósito vivido apenas nos grandes clubes onde, para se poder ter “futebol profissional”, se investe numa estrutura igualmente profissional – por outras palavras, o desempenho desportivo destes atletas, resulta da acção invisível de um conjunto de outros excelentes profissionais que, tendo também eles condições para se dedicar ao seu próprio trabalho, diariamente contribuem para transformar todas as acções/metas cada vez mais quantificáveis, avaliáveis, mensuráveis... logo passíveis de serem optimizadas através de processos com evidência científica. 
Curiosamente, mesmo quando um clube recebe um investimento externo (por ter sido comprado, por exemplo) a aposta passa por tentar adquirir o melhor treinador e os melhores atletas que o orçamento possa comportar (soluções a curto prazo – infelizmente, a “bandeira nacional”) e não num claro investimento na profissionalização da estrutura, essa sim, a única possível responsável pela elevação da qualidade que o Clube conseguirá “produzir” a médio/longo prazo (e que, paradoxalmente, poderá vir a garantir a subsistência do mesmo).

Soluções Para os Atletas? Foco na Tarefa!
Fruto deste enquadramento, o possível sucesso desportivo de um atleta resulta, invariavelmente, de 3 escolhas (tarefas):
- Aposta clara, durante o período de formação do Atleta (diria, pelo menos até aos 20/21 anos), em clubes que apresentem sólidos projectos de formação, assentes em boas condições desportivas e de estrutura, no que respeita aos profissionais que iram suportar a sua prática desportiva – ao invés de procurar o clube que, no imediato, “paga mais” (a curto prazo “muito apetecível”, mas a médio-prazo pode vir a revelar-se uma decisão que compromete claramente a progressão na carreira)
- Empresário – esta é uma área que, espera-se, esteja a mudar francamente em Portugal. Mais do que o “habilidoso em comunicação” que “diz” ter inúmeros contactos (infelizmente, ainda o mais usual), é importante que, na altura de se escolher, se encontre um “parceiro” – alguém com quem se partilhe valores morais e se construa um projecto comum, assente numa base de confiança e compromisso (algo que ainda não é muito comum, seja da parte do empresário ou mesmo do próprio atleta, que também precisa mudar a sua atitude neste tipo de relação). Felizmente, já começam a aparecer bons exemplos de profissionais/empresas que levam esta função também de forma profissional – cabe ao Atleta escolher um “aliado” que evidencie resultados... e não apenas que afirme que os tem.
- Por último, e o mais importante de tudo (por ser a Única coisa que o Atleta Controla), que de fato viva, desde já, a realidade que quer vir a experienciar no futuro ou, por outras palavras, não fique à espera de “ser” atleta profissional para se começar a Comportar como tal.

E a Sorte?
Sabemos, de facto, que as oportunidades surgem, com mais frequência, a atletas que, de forma consistente, evidenciam esforço, entrega e capacidade de sacrifício, encarando cada treino como mais uma oportunidade de crescimento e progressão que não querem, de todo, perder – entrega e intensidade são, desta forma, variáveis fundamentais para poder aumentar a probabilidade de sucesso. A “sorte” é aquela “pitada de sal” com a qual o atleta não deve contar e que, se surgir, irá (momentaneamente) elevar a sensação de realização que, desde sempre, o Atleta deve estar já a ser capaz de sentir.
Afinal, é suposto ser “Bom”... é suposto querer-se esta carreira porque, acima de tudo, o atleta se sente feliz – felicidade esta que, condicionando extraordinariamente o rendimento do atleta (que tende a evidenciar os melhores resultados sob esta emoção), depende apenas do próprio e não do retorno e reconhecimento externo – aliás, como tantos casos de “aparente” sucesso e clara desmotivação/infelicidade, assim o comprovam."

Vermelhão: Manter o espírito de vitória...!!!

Guimarães 0 - 1 Benfica


Estamos nas Meias-finais da Taça de Portugal, onde vamos defrontar o vencedor do Feirense-Sporting de amanhã, em dois jogos. Foi um jogo sofrido, com uma segunda parte mal jogada pelas duas equipas (praticamente não houve oportunidades), com o Benfica a tentar controlar a vantagem mínima... e a conseguirmos!!! Foi uma vitória, sobre o Vitória, sem o Vitória (não resisti)!!!

Não foi só uma questão de eficiência, como o treinador do Guimarães disse: o Svilar fez uma exibição segura, mas sem intervenções de grau de dificuldade elevada...; o Benfica na 1.ª parte marcou o golo, e criámos pelo menos mais duas excelentes oportunidades...!!! A melhor oportunidade do Guimarães durante todo o jogo, acabou por ser um lance, antecedido por um fora-de-jogo não assinalado!!!
O Gabriel já tinha feito uma exibição positiva em Ponta Delgada, e hoje foi claramente o melhor em campo, está a ganhar ritmo e confiança. Em conjunto com o Félix, foi o jogador que mais beneficiou com a mudança para o 442... está a jogar no seu sítio! O Gedson terá sido o que mais saiu prejudicado com a mudança de 'sistema'!
O Svilar também merece destaque, não pelas defesas 'impossíveis', mas pela forma tranquila como jogou, transmitindo confiança, e muito bem nas saídas pelo ar...!!!

O Fejsa não tem estado em grande forma, mas espero que a substituição ao intervalo tenha sido somente por precaução, pois neste momento todos fazem falta. A equipa está numa sequência apertada de jogos, com pouco tempo de recuperação e todos são precisos!!! Por exemplo, as ausências do Jonas e do Rafa neste momento, são preocupantes...!!!

Quem estava à espera que a mudança de treinador, mudasse tudo, vão começar provavelmente a 'atirar-se' ao Lage. Mas a realidade não se adapta aos delírios dos heróis do FM!!! O Benfica praticamente não tem tempo para treinar... Estamos a fazer uma 'quase' pré-época, a meio da época, com jogos de 4 em 4 dias (neste caso 3!!!) Muito já o Lage fez... E nesta fase, mais do que jogar bonito, é preciso manter o espírito vitorioso...
Para Sexta, o mais importante será a recuperação física, o Seferovic, o Félix terminaram o jogo de rastos... o Pizzi saiu todo roto (devia ter saído mais cedo), e mesmo os defesas começam a ressentir-se do excesso de jogos! O Guimarães também não irá rodar muito, mas todos os minutos, até ao jogo da Liga, são necessários para recarregar as baterias!!!

Que dizer do Huguinho e do seu critérios disciplinar (por exemplo o Amarelo ao Pizzi!!!) Quando depois das arbitragens do fim-de-semana em São Miguel e no Alvalixo, poucos dias depois, os mesmos apitadeiros, são nomeados para os jogos decisivos da Taça, envolvendo as principais equipas, está tudo dito...!!!



Nulo, reforça liderança!!!

Rio Ave 0 - 0 Benfica


Com a derrota do Sporting, acabámos por 'ganhar' um ponto, com este empate!
O jogo foi fraquinho, mas durante a maior parte do tempo, fomos nós que criámos mais perigo... Nos últimos 20 minutos, acabámos por baixar de rendimento, e foi o Celton (e o poste) com mais uma grande exibição, a garantir o pontinho!!!
Mais um jogo, onde os nossos jogadores foram agredidos várias vezes, e o apitadeiro, nada fez!!!

O presente e o futuro

"A tranquilidade vai voltando ao Benfica e com ela a consciência de que foi aplicada a medida mais sensata. Lage é um homem da casa que deixou de utilizar o 'eu' para valorizar o 'nós'

Luís Filipe Vieira quis gastar todos os cartuchos em hipotética contratação de José Mourinho, apostando na condição de desempregado em que se encontra e também em eventual saturação que pudesse facilitar o seu regresso a Portugal. Foi ambiciosa a pretensão, mas Mourinho afirmou não ser opção, neste momento, como teve o cuidado de sublinhar, e sugeriu que a melhor solução seria a promoção de Bruno Lage, tal como ontem, em definitivo, o presidente do Benfica comunicou oficialmente, adiantando ter-se tratado da primeira e única escolha.
A tranquilidade vai regressando e com ela a consciência de que foi aplicada a medida mais lógica e sensata. Trata-se de um homem educado, culto e da casa, que deixou de utilizar o eu para valorizar o nós, ou seja, delimitou as fronteiras entre o passado e o presente e o futuro.
Além disso, a Lage não poderá pedir-se que os antecessores não conseguiram dar . Partir-se desse inaceitável pressuposto, como exigência prévia para uma apreciação favorável no final da temporada, é o mesmo, como diz o povo, que começaram a fazer-lhe a cama onde o querem deitar.
Sobre este ponto, aliás, convém recordar que quer Jesus, quer Vitória apresentaram registos nada extraordinários, medianos, na ordem de 50 por cento: o primeiro ganhou três campeonatos em seis anos e o segundo dois em três e meio. Fizeram o que qualquer outro treinador interessado e com o mínimo de competência, em idênticas condições de trabalho e com os mesmos jogadores, teria feito.
Por outro lado, nesta fase da época, e com o calendário tremendo pela frente, não haveria no mercado génio interessado em arriscar: jogar fora para a Liga, com Vitória de Guimarães, Sporting, FC Porto e SC Braga, na segunda volta, defrontar, hoje, para a Taça de Portugal, o Vitória, em Guimarães, e dentro de uma semana medir forças com o FC Porto, na meia-final da Taça da Liga, é fogo. Geralmente, estas ementas difíceis de digerir os mestres do treino apreciam pouco, preferem dispensá-las aos novatos.
É altura, pois, de Vieira esclarecer a sua posição sobre um assunto que ele ajudou a promover, ao dar uma resposta em entrevista televisiva que originou abusivas interpretações sobre o que, como se sabe, tem fomentado a instabilidade no quotidiano benfiquista.
Ainda ontem, imediatamente a seguir a Lage ter sido confirmado como treinador principal, a expressão até ao final da época foi colocada em cima da mesa, suscitando as ilações que dele cada qual quiser extrair. Entendo que Luís Filipe Vieira foi suficientemente claro, mas se calhar tem de o ser ainda mais, sobretudo para tentar serenar as políticas comunicacionais associadas aos emblemas rivais, particularmente agrestes e até deselegantes nestes últimos meses, como se tem lido e ouvido.

Bruno Lage é o novo treinador do Benfica. A título definitivo, afirmou o presidente do Benfica. Só até ao fim da época, alertam os adeptos de Jesus. Muito bem, será, o que para mim continua a ser uma incógnita. Quando ele disse que o bom filho a casa volta admiti que estaria a pensar no Sporting, em cumprir o resto do contrato, por exemplo, ou talvez a casa fosse mais abrangente, o país, e, afinal, pretendesse referir-se ao FC Porto, clube que namorou, ou teve essa intenção, e à custa do qual assinou contratos milionários para a realidade portuguesa, primeiro com o Benfica e depois, mais exageradamente, com o Sporting. Divertido, por certo, Pinto da Costa assistiu à distância e mil vezes confessou que era amigo de Jesus e gostava muito dele, simplesmente.
Do fundo da minha ignorância, acredito que é mais forte o desejo de Jesus voltar ao Benfica do que a vontade desde em contratá-lo, por variadíssimas razões. Contudo, em nome da paz no futebol encarnado, convinha que o seu presidente,de uma vez por todas, acabasse com esta dúvida que alimenta a campanha antiáguia em segunda época e que está para durar, como já se percebeu.
Vitoria foi apenas a primeira vítima, embora seja minha convicção que o alvo a eliminar é o próprio Luís Filipe Vieira, por ser ele a trave mestra da solidez do Benfica. Escrevi por estes dias que se ele já era forte pelo trabalho, mais forte ficou pela razão que a Justiça lhe deu, a ele e ao clube a que preside, em resultado de um despacho de não pronúncia que gerou súbita e desajeitada vaga barulhenta em que só faltou pedir um castigo para a juíza que o preferiu.
Voltando a Bruno Lage, a questão não está na idade. Reside mais na vontade e na coragem de quem decide. Villas Boas chegou ao FC Porto com menos dez anos de idade e teve o sucesso que teve porque contou com o apoio de Pinto da Costa.
A Lage sugere-se-lhe humildade para ouvir, perguntar e aceitar opiniões, sem abdicar jamais de tomar a decisão final. Que não se deixe enredar pela treta das tácticas. Foi assim que Paulo Fonseca começou a ser torrado com a dúvida sobre o 1-2 ou o 2-1 no triângulo do meio-campo. São temas inúteis que, muitas vezes repetidos, massacram. Fuja desse tipo de diálogos e procure respaldo em quem está a seu lado e o pode ajudar. Construa a sua liderança com saber e concentre a atenção no lado humano, considerando que todos os elementos do plantel são importantes: com jogadores e sem tácticas pode jogar-se futebol; com tácticas e sem jogadores não existe futebol."

Fernando Guerra, in A Bola

Sporting-Porto: contra quem?

"Será que houve uma manobra concertada de oferta de 'vouchers' de ingressos e tremoços para o Benfica encher o Estádio de São Miguel?

1. «És uma encomenda. Vieste aqui encomendado pelo Benfica!» foi o que árbitro do Tondela - Sporting ouviu a si dirigido e que valeu a expulsão nos momentos finais ao seu autor, ex-jogador e agora, pomposamente designado, team manager, Beto. Dado o facto de tal interjeição em forma de asserção ter acontecido muito perto do momento em que o jogador Acuña viu o quinto cartão amarelo - assim ficando impedido de defrontar o Porto - é provável que tenha havido alguma relação de causa-efeito.
Naquele singelo momento de jogo floral, eis-nos perante duas faces da mesma moeda (se quiserem, em vez de moeda, podem chamar-lhe outra coisa): por um lado, tudo o que de mal há ou haverá é culpa do Benfica, qual visão mefistofélica da águia; por outro lado, tudo o que de comovente existe passa pela união de facto entre leões e dragões. De um lado, a maldição; do outro lado, a mansidão.
Então não é que a decisão (entre outras) do árbitro - obviamente encadeado pela Luz - ao entender que o pobre argentino Acuña foi merecedor de um cartão amarelo, teve, afinal, o 'dedo' do Benfica! Será que Beto achou que, ardilosa e intencionalmente, 'a encomenda' do Benfica queria livrar o Porto do argentino para que, assim, os nortenhos tivessem a vida facilitada?
Tanta fantasia, tamanha obsessão!... haja ao menos lógica, mesmo que em tais devaneios.
Nesta última jornada, não me admiraria de ouvir ou ler mais umas tantas quimeras, a propósito da compulsiva culpabilidade do Benfica. Por exemplo:
- Será que Fábio Cardoso, em Ponta Delgada, pediu ao árbitro para trocar um penálti contra o Santa Clara pela sua expulsão, tudo, evidentemente, porque o rapaz andou alguns anos pelo Estádio da Luz?
- Será que houve uma manobra concertada de oferta de 'vouchers' de ingressos e tremoços, para o Benfica encher o Estádio de São Miguel com 12.500 espectadores, bem como antes de outros 'vouchers' para sportinguistas e portistas não irem a este estádio quando as suas equipas lá jogaram, com se poderia induzir dos números então verificados (SCP, cerca de 7.000 e FCP, pouco mais de 4.000)?
- Pergunto-me, ainda, se terá havido uma tramóia de uma qualquer senhora viúva intermediária do Benfica para pagar aos jogadores do Porto para perderem em Alvalade. Ou para empatarem. Ou para ganharem. É que 1X2 sempre é mais seguro...
E, tempos atrás e lembrando o jogo que detonou a crise de Alcochete, será que Rui Patrício ao dar o frango da época no Funchal, no derradeiro e decisivo momento, foi 'desiluminado' por uma qualquer fada benfiquista?

2. Volto ao ambiente tão amigo e festivo do clássico Sporting - Porto. Abraços, beijos, salamaleques, comentaristas unidos, comentadores distraídos, Sport TV de braços abertos, autocarros das equipas quase a chegar em jeito de atrelado (ou de side-car?), claques apáticas, tudo sob um céu azul luminoso.
Prélio enfeitado com estatísticas para todos os gostos e não esquecendo o tão almejado recorde de vitórias seguidas. A propósito, tanto alarido e tão sôfrega excitação por causa de se poder bater o número que Jesus alcançou no SLB (18 jogos), que, embora seja uma bitola significativa, não se compara ao mais notável e quase inigualável recorde que pertence exclusivamente ao Benfica. Refiro-me às 29 vitórias seguidas no Campeonato Nacional (1971-72 continuadas, ininterruptamente, em 1972-1973), que é também recorde europeu. Sim, ao campeonato, isto é, sem contar com joguinhos da Taça e da Taça da Liga que, apesar de tão maldita, é, para efeitos de recorde, aproveitada para somar ao campeonato.
Estive a ver o sonolento e cinzentão clássico: resultado nulo, como é habitual e era previsível. A considerada, até há pouco, máquina de fazer golos,  SCP de Keizer, não marcou e o Porto concluiu 180 minutos contra adversários de capital sem ter 'molhado a sopa'. Um resultado que maximizou os pontos perdidos por ambos (4), que deixou o FCP um pouco menos longe e o SCP um pouco mais longe.
Ao observar o antes, o durante e o depois desta partida, veio-me à memória uma história que se conta sobre o último Arquiduque dos Habsburgo, Oto von Habsburg (1012-2011), que tive a honra de conhecer. Indiferente ao futebol, ter-lhe-ão perguntado o que ele acharia do encontro que se iria disputar numa certa noite entre a Áustria e a Hungria, ao que ele respondeu «contra quem?». Pois não é que unidos pela obsessão até ao tutano de anti-benfiquismo, imagino já uma reacção idêntica perante a pergunta de que iria haver um Sporting - Porto. «Contra quem?». Aqui respondo eu: contra o Benfica...

3. Concluída a primeira volta, o FC Porto parte com uma significativa vantagem, há que reconhecê-lo. Bem sei que não vale a pena chorar sobre leite derramado, mas bastaria o Benfica ter ganho ao Belenenses em campo neutro e ao Moreirense na Luz e estaria líder neste virar de página. Mesmo com alguns empurrões de VAR ou do seu apagão, os portistas foram mais estáveis e regulares, elementos primordiais para liderar uma classificação. Não que tenham feito uma categórica primeira volta (ganharam 7 vezes por um golo de diferença,ou seja 50% das vitórias e perderam 5 pontos em Lisboa), mas apresentaram uma melhor defesa e um meio-campo de combate. Já o Benfica que é a equipa com mais golos marcados (37, isto é, 3 à frente do FCP, 4 e 5 do SCP e Sp. Braga), revelou uma irregularidade danosa e uma vulnerabilidade incompreensível entre o meio-campo e o sector defensivo. A mudança de treinador poderá vir a revelar-se positiva e encorajadora, ainda que na segunda volta tenha de defrontar seis dos sete primeiros classificados fora da Luz, para o que não é despiciente saber-se haverá ou não reforços (literalmente falando) durante este mês.
Nesta primeira metade, o Benfica foi perdulário com os mais 'pequenos' e amealhador com os mais 'grandes', ainda que devamos considerar que já fez todos os jogos em casa com estes últimos.
Vejamos, então, a classificação seccionada:

Jogos entre os quatro primeiros classificados
1 - Benfica, 7 pontos; 3 jogos em casa
2 - FC Porto, 4 pontos; 1 jogo em casa
3 - SC Braga, 3 pontos; 1 jogo em casa
4 - Sporting, 2 pontos; 1 jogo em casa

Jogos com as restantes equipas
1 - FC Porto, 39 pontos; 8 jogos em casa
2 - SC Braga, 34 pontos; 8 jogos em casa
3 - Sporting, 33 pontos; 8 jogos em casa
4 - Benfica, 31 pontos; 5 jogos em casa

4. Uma vitória confortável nos Açores, onde os outros grandes tiveram manifestas dificuldades e beneficiaram de erros arbitrais. Gostei do modo como Bruno Lage montou a equipa. Gostei da pressão à saída da bola imposta sobre o Santa Clara. Pareceu-me uma equipa menos tensa e menos tolhida psicologicamente. Não fora a manifestação ineficácia na segunda parte do jogo e o resultado teria sido bem mais dilatado.
Hoje, há um teste sério à 'nova equipa': o mata-mata em Guimarães a contar para a Taça de Portugal, uma espécie de antecâmara do jogo de sexta-feira para a Liga entre as mesmas equipas, que não é um mata-mata, mas onde há o risco de vir a ser um ata-ata. Curiosamente, uma dose dupla entre um treinador interino que, afinal, acaba por não o ser e um treinador não interino de quem muitos falaram para o Benfica

Contraluz
- Treinadores: Aprecio a forma e o conteúdo das declarações do técnico Marcel Keizer. Sem alardes, quando ganhou copiosamente, sem desculpas parvas quando as coisas não lhe correm bem. Foi assim em Guimarães onde disse uma 'blasfémia' para os nossos hábitos, qual seja a de que o Sporting mereceria ter perdido por mais, foi assim em Tondela, foi assim contra o Belenenses e, há dias, contra o Porto. Longe da piromania ou dos aparvalhados jogos de palavras (alguns muito elogiados pelo tribo) que por cá abundam.
- Permutas: Agora há definitivamente outro desporto em Portugal: o jogado entre o círculo fechado de apresentadores e apresentadoras televisivas, com direito a, em plena guerra de audiências, serem sempre notícia (!) nos noticiários. Ora agora é a senhora A a entrevistar o senhor B na tv x, ora agora é o senhor B a entrevistar a senhora A na tv y. E assim sucessivamente, num conjunto restrito de sumidades. Sempre todos com umas lagriminhas ao canto do olho e - quem sabe - com direito a um telefonema presidencial. Portanto no seu mais saloio aparato, a que se junta a música pimba dos fins-de-semana com artistas mendicantes e duas rapariguinhas a manear a bunda... Que tristeza!
- Excelente: Significativa capacidade do voleibol português que consegue, em masculinos e femininos, apura-se conjuntamente pela primeira vez para os Europeus! Isto não é só futebol..."

Bagão Félix, in A Bola