"O regime nazi (1933-1945) utilizou uma estratégia para colocar em evidência a força da raça ariana e da Alemanha. As bandeiras nazis, hasteadas, esconderam a bandeira olímpica das seis cores. Adolf Hitler, no seu “Mein Kampf”, pretendia que os corpos treinados para a Pátria se tornassem a ponta de lança das forças armadas. A organização dos Jogos Olímpicos de Verão, em Berlim, em 1936, projectou a luz sobre o regime hitleriano. Os nazis aproveitaram para mostrar a força da sua ideologia, através de uma propaganda bem organizada, com o palco internacional aberto à sua comunicação. O filme de Leni Riefenstahl, “Os Deuses do Estádio”, realizado a pedido de Joseph Goebbels, testemunha a propaganda. Apesar das preocupações tomadas nas sucessivas Cartas Olímpicas, para precisar que “os jogos olímpicos são competições entre indivíduos e equipas e não entre países” (Carta Olímpica, 2016, p. 22), o que é um fato é que as manifestações nacionalistas não deixaram de se reforçar. “A nacionalização dos rituais, como o transporte da chama olímpica, a utilização permanente das bandeiras e dos hinos nacionais, a entrega das medalhas e dos finalistas, como a desqualificação dos atletas, lealmente vencedores no terreno, mas culpados das ofensas sobre os seus países, provam a omnipresença do espírito nacionalista que preside no desenrolar dos JO modernos” (Derlon, 2008, p. 187). De fato, o desporto pode ser considerado uma ideologia, uma visão global, totalizante, do homem e do mundo, ao mesmo título que o comunismo, o fascismo, o liberalismo, as religiões. É preciso ter consciência de que o desporto pode produzir os melhores e os piores efeitos, representando um meio de cultura. Não raras vezes se deixa devorar pela paixão dos homens e das mulheres, desejando ser o modelo."
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