sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Desafio decisivo


"Hoje estou a escrever directamente de uma conferência em Vilnius. Treinadores, ex-jogadores, analistas, pessoas ligadas ao futebol, apresentam trabalhos e opiniões provenientes das mais diversas regiões da Europa. Para mim, é particularmente feliz regressar, 11 anos depois, a uma casa em que trabalhei. os jogadores de ontem são os treinadores e dirigentes no momento. Têm um trabalho enorme nas mãos, pois o nível de jogo necessita de ser melhorado e a qualidade da competição interna também. Mas não é sobre o plano de desenvolvimento ou de qualquer estratégia que quero hoje escrever. O que me interessa é salientar as relações humanas, que são a base de construção de qualquer equipa de futebol, de um clube ou de uma federação. Quando se esquece, e principalmente não se respeita, todos os seus elementos, estamos a inviabilizar acções presentes, mas também futuras. O mundo está mais pequeno, no sentido em que está mais próximo, mais global, mas também com desafios e conflitos diferentes! Não é comum que um nosso capitão da Selecção Nacional seja presidente da Federação, que outro tenha sido seleccionador, vários nas Direcções dos clubes, e dessa forma que se tente partir para um projecto de recuperação, de uma modalidade que não é a de maior destaque interno, mas a que já consegue ter mais praticantes. As relações humanas estabelecidas na década passada são agora fundamentais para estabelecer um clima de confiança entre todos estes elementos, que são decisivos para o sucesso da reforma que pretendem implementar. Todos eles percebem que o caminho não se pode fazer de forma isolada, contudo ainda não conseguem garantir que o façam juntos. Este é um percurso decisivo, que obriga a decisões difíceis, por vezes sem a concordância de todos, mas que só atinge um nível interessante se for inclusivo. As relações estabelecidas entre eles são agora fundamentais para que um projecto nacional seja bem sucedido. Esta geração atingiu o maior sucesso dentro do campo, agora vamos ver se o consegue fora dele."


José Couceiro, in A Bola

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