sábado, 30 de novembro de 2019

Vitória em Guimarães...

Guimarães 1 - 3 Benfica
17-25, 21-25, 28-26, 18-25

Praticamente sem descanso, continuamos o percurso vitorioso... Na Quarta, já temos jogo em Itália, Perugia...

Vitória confortável...

Benfica 35 - 22 ISMAI
(18-13)

Na 1.ª parte os Maiatos ainda equilibraram, mas no 2.º tempo abrimos uma boa margem...

Na Quinta ficámos a saber a nossa sorte na Europa! Ficámos no Grupo A, com o Melsungen(Ale), o Bjerringbro(Den) e o Gwardia(Pol). Em teoria todos os nossos adversários são mais fortes e estão mais rodados, mas um Benfica a jogar perto do limite, pode ganhar a todos!!!

Nulo em Odivelas...

Belenenses 0 - 0 Benfica


Novo treinador, numa semana onde grande parte dos jogadores, jogou na Quarta em Lyon, contra um adversário com vários jogadores mais maduros fisicamente... Mesmo assim, num jogo com poucas oportunidades, fomos nós que as desperdiçamos...!!!
Gostei de ver a forma como todos os jogadores, incluindo os que estavam no banco, acreditaram até ao último segundo!

Adeptos de alta competição

"Da Alemanha vem a sensação que é possível embalar para uma época com exibições e conquistas

O Benfica nunca tinha conseguido sequer um empate na Liga dos Campeões em território alemão, mas empatar assim não soube bem.
Empatar na Alemanha depois de fazer um jogo competente e estar a vencer por dois golos aos 89 minutos deixa um travo amargo. Da Alemanha vem a sensação que é possível embalar para uma época com exibições e conquistas.
O Benfica montou uma estratégia e cumpriu com rigor durante aos de 80 minutos. Aquele lance de RDT podia ter dado o golo do ano e uma nova perspectiva europeia ao Benfica, mas assim não foi e não se justificam lamentos.
Tem razão Bruno Lage quando diz que não foi este o jogo que nos deixo fora da Liga dos Campeões, mas é também verdade que este poderia ter sido o jogo que nos colocava de novo nessa rota.
No Benfica os adeptos são de alta competição e não têm tempo para amarguras. Em Vizela mesmo quando a exibição não era boa e o resultado era adverso, eram os adeptos que levavam a equipa ao colo e por isso estamos com encontro marcado com o Braga rumo ao Jamor. Na Alemanha, primeiro na Youth Leagie e depois no Red Bull Arena, nunca faltou apoio dos adeptos benfiquistas.
Adeptos de alta competição nunca se deixam abater por resultados ou sorte madrasta. Adeptos de alto competição acreditam na equipa e vão ajudá-la nos objectivos. Objectivos que está aí com Marítimo amanhã e Covilhã na terça-feira.
O Campeonato Nacional é o principal foco, mas os demais não são secundários. O rescaldo das noites europeias trás sempre perigos associados e a exibição conseguida na Alemanha tem que ser tónico forte para consolidar a liderança. Frente a um adversário que vem com novo técnico e motivado.
Palavra obrigatória para os jovens benfiquistas que no frio alemão conseguiram o primeiro lugar no grupo e o apuramento para os oitavos de final. Assisti ao jogo e há ali muito talento. Morato, por exemplo, mostra uma maturidade muito acima do seu escalão.
Por fim referência à classificação do voleibol do Benfica para a fase de grupos da Liga dos Campeões, facto ímpar da nossa história e a classificação europeia do basquetebol encarnado com a vitória em Bratislava."

Sílvio Cervan, in A Bola

Rúben 2024

A renovação que faltava! Mais especificamente o aumento da clausula de rescisão, para números que 'afastam' alguns Clubes, deixando o Rúben 'vulnerável' somente aos mais ricos dos ricos!!!
Estas renovações recentes, deixam o plantel praticamente 'fechado' até 2024!!! Obviamente, vão aparecer 'negócios' e os jogadores não vão ficar cá todos... mas, com estas renovações estamos a dar sinais positivos: o tal Benfica Europeu que tanta celeuma tem dado... uma das variáveis que tem falhado, é o número de jogos que os nossos jovens da formação, fazem na equipa principal, antes de serem vendidos! Por exemplo, o Renato e o Félix! Se o Benfica quer aproveitar desportivamente a 'cantera', as nossas maiores 'potenciais estrelas' têm que fazer pelo menos 3 a 4 épocas na equipa principal, como titulares, e não 6 meses...
O Rúben e o Ferro dão garantias, mesmo com uma falha aqui o ali... e com o Morato e o Pedro Álvaro a crescer, temos o futuro próximo assegurado na zona Central...

OPA II

"Na semana passada enquadrei a OPA à SAD na promessa de 'devolução do Benfica aos benfiquistas'. Hoje, sem desprimor de outras questões que me parecem igualmente relevantes, abordarei a vertente do investimento financeiro.
Muito se tem falado sobre o custo desta operação - cerca de 32M€ - caso se revele inteiramente realizada. Erradamente, há quem refira que este montante poderia ser aplicado no reforço do plantel, mas não será a SAD a depender esse montante, será a SGPS, que em nada contribui para o orçamento da equipa de futebol.
Outros defendem que o dinheiro seria mais bem aplicado num aumento de capital da SAD, mas esse, se fosse, por exemplo, de 50M€ (para manter a quota do SLB - 63,65%), seria relativamente insignificante pois equivaleria a menos de um terço das receitas operacionais sem atletas e a cerca de 20% das receitas operacionais incluindo atletas da época passada. E está por provar se haveria investidores para os restantes 18M€ - há quase vinte anos, a procura ficou muito abaixo do expectável e foi necessário que três ou quatro sócios investissem largas somas para 'salvar' a operação. Mas há que considerar o lado do investimento financeiro. Nas últimas seis épocas, o SLB apresentou sempre lucro, e o resultado líquido acumulado neste período chegou aos 111M€. O impacto da SAD nestes lucros ascendeu a 80M€ (seis anos consecutivos a dar lucro, total de 136M€). Se, em vez dos 63,65%, o SLB detivesse 91% do capital da SAD, estimo que o impacto teria sido cerca de 113M€, ou seja, mais 33M€ em seis anos. E, com uma percentagem de capital tão elevada, será de considerar a possibilidade de a SAD optar pelo que, compreensivelmente, nunca fez até hoje, a distribuição de dividendos."

João Tomas, in O Benfica

O exagero

"Parece que já não há limites para a parolice e para o provincianismo. Há já algumas semanas que a coisa se estava a intensificar, mas no fim de semana passado ultrapassou todos os limites. Os sites dos jornais desportivos descobriram um filão com as 'noticias' relacionadas com o Flamengo e o seu treinador. E passaram a inundar as suas páginas com curiosidades, revelações e faits-divers sobre a actualidade do maior clube brasileiro de futebol, o SL Benfica do Brasil, portanto.
A actualidade desportiva portuguesa passou para segundo e terceiro plano porque o amigo treinador endeusado pela comunicação social ia disputar uma final. Frederico Morais, o surfista, venceu uma das mais importantes competições internacionais e assegurou, para 2020, um lugar entre a elite do surf mundial - nem uma chamada de capa; O andebol nacional, através dos seus principais clubes, faz brilharetes nas competições europeias - quase um total esquecimento; Dérbi endiabrado na principal divisão de voleibol com vitória fora do campeão nacional - olharam para o lado, como se de um Cashball se tratasse; Mentira desportiva sempre no hóquei em patins - assobiar bem alto para disfarçar as debilidades de uma modalidade sem expressão internacional.
Atenção, isto não é para tirar o mérito à equipa técnica portuguesa que alcançou o sucesso no Brasil, tal como Manuel José e seu staff já o tinham feito na maior competição futebolística de clubes em África ou José Mourinho e seus pares na Europa. É só para lamentar termos tido mais jornalistas a cobrir a carreira do Flamengo do que as eleições que colocam um boçal no poder do mesmo país. Sim, a bola é importante, mas não é tudo na vida. E tentar fazer portuguesa uma vitória de um clube de outro país é só coisa de gente sem mundo."

Ricardo Santos, in O Benfica

Prontíssimo para a estreia na campeoanto

"Estou um pulgas para o arranque da nova temporada que se inicia amanhã. Parece que nunca mais chega a hora, irra! Não houve contratações, no entanto acredito plenamente no plantel para atacarmos o título em força. A pré-época foi curta, mas confio totalmente em Bruno Lage, que optou por testar a equipa apenas em dois desafios, diante do Vizela e do Leipzig.
O entusiasmo a cada estreia no campeonato é imenso, portant... alto, calma lá, o leitor dê-me só um segundo para escutar este anúncio da BTV, hum-hum, jogo com o Marítimo, muito bem, ah?!?! Da 12.ª jornada?! Pode lá isto ser possível! Ah, pode, pode! Agora é que me lembro! Até me sinto mal. Peço desculpa ao leitor por esta minha confusão, mas estas pausas no campeonato deixam-me completamente baralhado. Ainda nem sequer terminou a primeira volta, e eu sinto que já vamos para a quinta ou sexta. A liga portuguesa tem intervalos mais longos do que as temporadas de Game of Thrones. Gostaria muito de conhecer em pormenor quais as razões que motivam este tipo de calendário, pelo que vou continuar a aguardar na mesma cadeira onde tenho estado à espera das explicações sobre o preço de alguns bilhetes e tempo de entrada nos estádios.
Daqui a uma semana, no Bessa, um casal com dois filhos poderá ter de desembolsar 160€ para assistir ao jogo ao vivo, mas pelo menos haverá oportunidade de apreciar como deve ser o ambiente à porta do estádio - se chover, os miúdos até podem chapinhar nas poças de água e divertirem-se à brava. Enfim, é possível passar ali um bom bocado em família, afinal o acesso às bancadas costuma levar tanto tempo como o acesso à Wortem no Black Friday."

Pedro Soares, in O Benfica

Uma fraude

"Em criança, o Benfica chegava-me pela rádio. Ouvia futebol e hóquei em patins - que era então a segunda modalidade no país, e merecia transmissões directas até mesmo do Torneio de Abertura.
Desenvolvi, por isso, uma paixão muito especial pelo hóquei. Paixão essa que, anos mais tarde, alguns sujeitos tudo têm feito para aniquilar. Jogos e títulos totalmente adulterados parecem coisa banal para a FPP e seu Conselho de Arbitragem. Caso contrário já não veríamos nas pistas árbitros ostensivamente parciais, que de forma reiterada vão guiando jogos a seu bel-prazer, e oferecendo vitórias ao clube que não escondem proteger: o FC Porto.
Nos últimos 20 anos, os portistas conquistaram 35 competições nacionais enquanto os restantes clubes ganharam, no total, apenas 29.
Além-fronteiras, no mesmo período, o FC Porto não ganhou nada, enquanto as outras equipas portuguesas ergueram 15 troféus. Só isto já permitiria tirar algumas conclusões. Percebe-se porquê.
Aquilo que se vê semanalmente é algo que me enjoa, mais do que como benfiquista, enquanto desportista e amante da modalidade.
Com a mudança das regras, o hóquei tornou-se terreno ainda mais fértil para a arbitrariedade. Qualquer jogo pode ser decidido pelo juiz a qualquer instante, e basta uma interpretação enviesada de faltas e simulações para atribuir a vitória a quem bem entendem. E entendem sempre para o mesmo lado.
O presidente da FPP já foi vítima, enquanto treinador do Benfica, deste estado de coisas. Muito se estranha que agora, no lugar que ocupa, nada esteja a ser feito para ajudar o hóquei a sair das catacumbas onde o enfiaram."

Luís Fialho, in O Benfica

Parabéns!

"Esta edição do nosso jornal assinala mais um aniversário. Passaram 77 anos e continuamos na crista da onda, a informar, de forma rigorosa, lúcida e apaixonada tudo o que acontece no universo do Sport Lisboa e Benfica. O nosso clube cresceu muito, e o nosso jornal é um dos melhores meios de prova desse facto. Nesta edição, destaco a fantástica entrevista a Nené, um verdadeiro símbolo do Glorioso. Não havia melhor forma de comemorar o actual aniversário do que entrevistar o jogador que mais jogos realizou com o Manto Sagrado.
Cresci e aprendi a gostar do SL Benfica durante o período em que Nené fez as nossas delícias e ajudou a conquistar títulos atrás de títulos. Sou dos privilegiados por conhecê-lo pessoalmente. Nas conversas que tive com ele aprendi sempre. Nené respira Benfica e com ele percebemos que o Clube não se explica, sente-se.
A forma tão carinhosa como se refere ao maior clube português e a um dos maiores clubes da Europa é impressionante. O que mais admiro é a sua forma de estar. Nené revela sempre uma calma e uma serenidade incomuns numa figura pública.
A sua entrevista merece ser lida e relida. Está lá tudo o que é o SL Benfica e como se deve viver a instituição que atravessa a sua fase mais gloriosa do ponto de vista desportivo, económico, financeiro e patrimonial.
Advinham-se tempos ainda mais grandiosos, pois Luís Filipe Vieira vai cumprir a principal promessa que fez aos Sócios - devolver o Benfica aos Benfiquistas.
E sempre com o testemunho do jornal O Benfica.
Ao José Nuno Martins e a toda a equipa que lidera, um abraço muito apertado."

Pedro Guerra, in O Benfica

Eu quero!

"'Eu quero' remete para o lugar do sonho, mas também do projecto, que mais não é a que intenção da mudança ou da conquista. É de vontade que se fala e do caminho que se traça para a alcançar. É assim para todos e é também assim para aqueles a quem a natureza negou algumas das capacidades que deu à maioria, de onde se faz norma e termo de comparação. Mas que não se iluda quem anda na média ou se considera acima dela: os sonhos não são fáceis de atingir para ninguém, e a vontade, essa ocorre ou falta a cada um sem escolher normalidades ou deficiências. O valor deste 'querer' é universal e todos, sem excepção, podemos entendê-lo, porque é também o nosso, que se segue na nossa própria história de vida e uma das perguntas mais difíceis de responder: 'O que quero ser?' A coisa começa de brincadeira, na infância, atirando para a frente um 'quando for grande...'. Mas verdadeiramente acompanha-nos ao longo da vida porque nos remete para o sentido da mesma e para busca de felicidade que todos almejamos. Às vezes a pressão social é tanta, que as opiniões dos outros misturam-se com percepção que temos daquilo que o mundo espera do nós, e abraçamos por ceder à maré e abraçar estudos e profissões que, não raro, fazem toda a gente feliz excepto quem as exerce. Bem, o mundo gira assim e há sempre as férias, os hobbies, o voluntariado e, evidentemente, o futebol que tem o poder de levar multidões a pertencer e a conquistar, fora das lógicas mundanas do dia a dia, bem longe, na esfera do imaginário e das emoções. Não é, pois, de admirar que muitos sonhem participar no grande jogo, seja em que posição for, e que procurem o seu lugar na máquina complexa que movimenta o futebol, acreditando que as suas capacidades bastam para isso e não desistindo nem desacreditando deles próprios.
O futebol sabe disso e está cada vez mais atento, torna-se mais e mais inclusivo, proporcionando experiências de contacto e desenvolvimento para que todos, sem excepção, possam perseguir nele o sonho e encontrar nele bem-estar e alegria de viver. A vida, essa não se resume ao futebol, sabemos disso, mas que pode ser, e é em muitos casos, melhorada por ele, disso não tenhamos a menor dúvida. Que o digam os jovens que participam nesta campanha feliz!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Estatuto Editorial

"O jornal O Benfica é o semanário oficial do Sport Lisboa e Benfica, em publicação semanal impressa praticamente constante desde 28 de Novembro de 1942 e actualmente também editado em plataformas digitais.
O jornal O Benfica mantém os mesmos desígnios fundacionais segundo as orientações definidas pela direcção do jornal em articulação com os restantes suportes que constituem a esfera de comunicação audiovisual do Sport Lisboa e Benfica. A direcção e os jornalistas do jornal O Benfica reveem-se e pautam a sua conduta de acordo com os princípios da Constituição da República Portuguesa e procuram agir no respeito pela pessoa humana e pelos valores éticos do desporto, mediante o constante exercício da liberdade de expressão e sempre de acordo com a Lei de Imprensa e com o Estatuto do Jornalista.
O jornal O Benfica dedica-se fundamentalmente à publicação de conteúdos desportivos eminentemente consagrados à vida interna do Clube e às entidades que integram o grupo empresarial Benfica, considerando todas as temáticas dedicadas ao universo dos Sócios, adeptos e simpatizantes do Sport Lisboa e Benfica.
O jornal O Benfica pauta-se pelo rigor com que são reportados e publicados os registos das performances, marcas, testemunhos, imagens e gráficos relativos e todas as modalidades que reúnem centenas de equipa com milhares de praticantes em múltiplos escalões.
Os jornalistas do jornal O Benfica têm como princípio fundamental a minúcia com que constantemente pesquisam e referenciam as matérias informativas que produzem com estrito rigor jornalístico.

O jornal O Benfica, como referência da livre expressão, também não dispensa a opinião crítica com que outros colaboradores que honram as suas páginas defendem os princípios da verdade desportiva e analisam os contextos sociodesportivos nos planos nacional e internacional."


A Direcção do jornal O Benfica

77 anos cumpridos

"Do que está cumprido até aqui, podem restar as memórias inertes mas preservadas, dos grandes momentos de vitória, como dos sinais de infortúnio: essa é a essência do Jornalismo - não falhar no registo e na descrição pura do que aconteceu; não ignorar os protagonistas que se diferenciam dos restantes; dar notícia do que sucedeu, a quem não esteve lá ou a quem venha depois.
Os leitores veem os jornalistas como testemunhas e reconhecem que os jornais são pontes que em cada Presente estabelecem a ligação entre o Passado e o Futuro. Ou não. Tudo depende do cumprimento de códigos escritos que o tempo apurou quanto à conduta dos próprios jornalistas e do comprometimento que cada um deles assume, por si e no seio de cada Redacção, com os princípios e modelos de mediatização da Informação, conformes ao ambiente profissional em que operem.
No Jornal O Benfica, durante os setenta e sete anos que ontem se completaram e logo desde o primeiro dia em que, sob a ilustre pena do Director fundador José de Magalhães Godinho, o 'Semanário Oficial do Sport Lisboa e Benfica' viu a luz, em 28 de Novembro de 1942, escolhemos dedicar-nos à mesma rigorosa matriz de serviço informativo e jornalístico guiada pelos desígnios primordiais ratificados no Estatuto editorial que publicámos em 11 de Novembro de 2016 (edição #3785).
Aqui nos mantemos, assim, no mesmo caminho e com a mesma determinação. Ou seja, 'de acordo com os princípios da Constituição da República Portuguesa', os jornalistas do nosso Jornal 'procuram agir no respeito pela pessoa humana e pelos valores éticos do Desporto, mediante o constante exercício da liberdade de expressão e sempre de acordo com a Lei de Imprensa e com o Estatuto do Jornalistas', sendo certo que o 'Jornal O Benfica se dedica fundamentalmente à publicação de conteúdos desportivos eminentemente consagrados à vida interna do Clube (...), considerando todas as temáticas dedicadas ao universo dos Sócios, adeptos e simpatizantes' do nosso querido Benfica.
Por isso, setenta e sete anos cumpridos, nos sentimos orgulhosos com o que recebemos de volta, da parte dos nossos leitores: eles fazem-nos sentir que escolhemos bem esta via do rigor com que aqui são reportados e publicados os registos das performances, marca, testemunhos, imagens e gráficos relativos a todas as modalidades.
Considerado interna e exteriormente um ícone indispensável na vida do Grande Clube, o nosso Jornal há de permanecer muitos novos setenta e sete anos como referência da livre expressão, no qual todos defendemos os mesmos princípios da verdade desportiva, sabendo analisar a diversidade dos contextos sociodesportivos nos planos nacional e internacional.
É mediante o permanente compromisso com estes fundamentos essenciais que o Jornal o Benfica sempre servirá e continuará a defender a grandeza ímpar do Sport Lisboa e Benfica."

José Nuno Martins, in O Benfica

Benfica Europeu para totós

"Desde o último Verão que se tem voltado a falar muito do denominado Benfica Europeu. O Benfica Europeu que tem sido tão apregoado pela estrutura e que nós vemos estar cada vez mais distante.
Não é preciso perceber muito de futebol para chegar à conclusão de que o Benfica Europeu que a estrutura pretende e tanto fala não é o mesmo Benfica Europeu que nós desejamos e aquele que fez do Sport Lisboa e Benfica, um clube reconhecido no mundo inteiro e com uma dimensão à escala mundial.
Aquilo que vemos nos dias de hoje é um Benfica que procura encher os cofres e valorizar os seus próprios activos ao máximo, um Benfica que procura utilizar a Champions como uma rampa de lançamento para miúdos que por muito potencial que tenham, ainda se mostram verdes para estas andanças.
Actualmente, a política desportiva do Benfica está assente numa aposta cega na formação, política na qual se troca qualidade por potencial ao substituir uma figura de proa no plantel por um miúdo da cantera sem provas dadas na equipa principal; e na qual não se contrata um determinado jogador feito e com provas dadas para não tapar o lugar a um miúdo da mesma posição.
Quando jogadores como João Cancelo e Bernardo Silva começaram a dar-se a conhecer, foi quando se começou a falar de aposta na formação no seio dos adeptos do Benfica. Na altura, eu era um bocado céptico em relação a essa aposta na formação, pois duvidava que o Benfica fosse capaz de manter uma equipa competitiva em Portugal e lá fora apostando em jogadores sem experiência numa Primeira Liga ou em competições internacionais a mais alto nível.
Para além disso, apesar de sempre ter enaltecido a capacidade de Jorge Jesus em potenciar jogadores e espremer-lhes o seu melhor rendimento, tinha dúvidas de que o clube fosse capaz de valorizar os seus próprios jogadores da mesma forma que valorizava os jogadores recrutados através da política de prospecção que na altura vigorava no Benfica.
Ao longo dos últimos anos, verificando o exemplo do Benfica nos primeiros dois anos após a saída de Jorge Jesus e também alguns exemplos no estrangeiro, o futebol viria a mostrar que estava enganado. E isso deixou-me optimista quanto ao futuro do Benfica.
No entanto, o cenário que começou a verificar-se nos últimos dois anos é diferente. É possível construir uma equipa competitiva com uma base assente em jogadores da cantera. Mas essa aposta na formação tem de ser feita de forma gradual, com cabeça, tronco e membros, algo que não se verifica nos dias de hoje.
Mas afinal, o que é necessário para termos um Benfica Europeu? Quais é que serão os ingredientes necessários para se construir uma equipa capaz de dominar a nível interno e capaz de fazer frente aos tubarões europeus? Para começar a responder a esta pergunta, relembro aqui as declarações proferidas por Ricardo Araújo Pereira num episódio do "Governo Sombra" em 2016, após o Benfica se ter sagrado tricampeão nacional:
"No Real Madrid houve aquela coisa dos Zidanes e Pavones. (...) No Benfica tem de ser Renatos, Gaitáns e Jonas."
Após a saída de Jorge Jesus do Benfica, Ricardo Araújo Pereira assumiu imediatamente ser um crítico da mudança de política do clube, mais assente na aposta na juventude, reiterando a sua opinião em relação ao assunto um ano mais tarde, após a conquista do Tricampeonato.
Nessas declarações, Ricardo Araújo Pereira fez alusão à expressão "Zidanes e Pavones", que ficou célebre na primeira metade da última década, quando Florentino Pérez pretendia adoptar uma política desportiva na qual pretendia dosear a contratação de jogadores de topo com a aposta na formação. E defendeu que o Benfica deveria apostar numa política semelhante, adaptando a expressão para Renatos (formação), Gaitáns (prospecção) e Jonas (jogadores experientes).
Uma coisa que é necessário esclarecer antes de explicar estas três componentes é que, da mesma forma que Ricardo Araújo Pereira disse no programa que entre o Benfica e o Barcelona existe uma diferença radical, entre o Benfica e o Real Madrid também o é. Seja no Barcelona, no Real Madrid ou em qualquer outro clube de topo, só mesmo um pré-destinado consegue transitar directamente da formação para a equipa principal. Como tal, uma política de "Zidanes e Pavones" não iria resultar no Real Madrid.
Agora, começando a falar da componente dos Renatos, um clube como o Benfica não tem as ferramentas financeiras que um clube de topo tem. Por isso, a aposta na formação não deixará de ser uma realidade e o futuro também terá de passar pelo Seixal. No entanto, também é preciso entender que cada caso é um caso. Por muito potencial que um determinado jogador tenha, isso não significa que tenha a capacidade e maturidade necessárias para a assumir a titularidade no curto prazo. É preciso ter a capacidade de entender qual será o seu patamar competitivo mais adequado e fazê-lo evoluir sem queimar etapas.
Para além da formação e da prospecção, também existem certas oportunidades de mercado que o Benfica pode e deve aproveitar. A aposta em "Jonas" como Ricardo Araújo Pereira se referiu, resume-se a contratar jogadores que já têm uma certa experiência e provas dadas no futebol europeu, mas que por um ou por outro motivo, se encontram desacreditados ou desvalorizados no mercado .Foi nessas circunstâncias que chegaram ao Benfica jogadores como Aimar, Saviola, Júlio César e Jonas. A experiência destes jogadores também pode ser uma mais-valia para o balneário.
Quis deixar a componente da prospecção (Gaitáns) para último lugar porque é algo que deve ser explicado com maior detalhe. Tradicionalmente, os grandes clubes nacionais faziam uma forte aposta no mercado sul-americano, no qual o Benfica recrutou muitos jogadores que viriam a deixar a sua marca de águia ao peito.
No entanto, ao longo desta década, o mercado sul-americano foi-se tornando cada vez mais caro e concorrido, tornando-se num mercado cada vez mais difícil de apostar. Com isto, é necessário mudar a política de recrutamento e apostar noutros mercados mais "alternativos".
Um dos motivos pelo qual o futebol europeu está mais competitivo, é porque estão a aparecer cada vez mais equipas de campeonatos periféricos a deixar a sua marca nas competições europeias. Clubes como o RB Salzburg, o KRC Genk, o Estrela Vermelha e o Slavia de Praga têm conseguido competir na Europa e bater o pé aos tubarões graças a uma boa política desportiva, assente na prospecção e valorização de jovens talentos e na prática de um futebol positivo que valoriza o jogo e o jogador. 
Estes clubes apostam muito na prospecção de jovens jogadores em mercados com pouca visibilidade a preços acessíveis, que posteriormente se transferem para clubes e/ou campeonatos de topo por bons preços. Vou deixar aqui alguns exemplos de jogadores que foram contratados no âmbito dessa política:
Alfredo Morelos - do HJK Helsínquia para o FC Rangers por 1 milhão de euros
Sander Berge - do Valerenga para o KRC Genk por 800 mil euros
Giorgi Chakvetdze - do Dínamo Tbilisi para o KAA Gent por 750 mil euros
Petr Sevcik - do Slovan Liberec para o Slavia de Praga por 900 mil euros
Lovro Majer - do NK Lokomotiva para o Dínamo Zagreb por 2,5 milhões de euros
Ianis Hagi - do Vitorul Constanta para o KRC Genk por 6 milhões de euros
Daichi Kamada - do Sagan Tosu para o Eintracht Frankfurt por 750 mil euros.
O Benfica claramente tem condições para seguir uma política de prospecção deste género. Para isso, precisa de voltar a apostar forte no scouting em vez de agir tanto sob a influência dos empresários. 
São estes os ingredientes necessários para se construir um Benfica capaz de lutar em todas as frentes, capaz de dominar internamente e de ser competitivo contra os tubarões Europeus. Mas ainda há uma coisa a esclarecer: se tivéssemos coberto todas as lacunas no plantel no mercado de Verão, teríamos já um Benfica Europeu? Não. Um Benfica Europeu não se constrói de um ano para o outro. É preciso que esta política desportiva estabilize e que a equipa ganhe experiência, entrosamento, raízes e estabilidade.
Por exemplo, no jogo da primeira jornada contra o RB Leipzig na Luz, jogámos com uma linha defensiva na qual, o jogador mais velho (Grimaldo) tinha apenas 23 anos. Para termos um Benfica Europeu, é necessário que estes quatro jogadores permaneçam no clube por mais 3/4 anos no mínimo, ou, na melhor das hipóteses, que sejam substituídos por jogadores de igual valia. Na época passada, a comunicação do Benfica tanto enalteceu a prestação do Ajax na Champions com base na sua cantera, mas a verdade é que o clube holandês, para além de ter uma filosofia formativa que dura há décadas, também aposta na prospecção, como são os casos de David Neres, Lisandro Martínez, Edson Alvarez e Razvan Marin; e também aposta em jogadores feitos, tais como, Dusan Tadic, Daley Blind e Quincy Promes.
É esta a política desportiva que o Benfica deve adoptar para ter condições para chegar longe na Champions. Tem de encontrar um ponto de equilíbrio entre as três vertentes, estabelecendo uma política fiável, eficiente e menos movida por interesses externos."

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Ao Benfica é difícil ser Benfica

"O Benfica venceu 5 das últimas 6 Ligas e estamos insatisfeitos com Luís Filipe Vieira. O Benfica venceu 28 dos últimos 30 jogos para o campeonato e estamos insatisfeitos com Bruno Lage. O Benfica marcou 103 golos a época passada e nesta tem o melhor ataque e a melhor defesa e estamos insatisfeitos com os jogadores. A verdade é que o Benfica raramente é Benfica e por isso passamos boa parte do tempo insatisfeitos com o Benfica. Eu quase que aposto que a única vez que os benfiquistas estiveram verdadeiramente felizes com o clube foi em 2 de Maio de 1962 quando vencemos o Real Madrid por 5-3 e fomos bicampeões europeus. A partir daí foi sempre a descer.
É isto um mal dos adeptos da agremiação da Luz ou é extensível a todos os clubes? Sempre achei piada como o Nick Hornby no seu fabuloso livro "Fever Pitch" passa um capítulo a contar-nos o quão épico foi aquele golo do Michael Thomas em 1989 sobre o Liverpool no último minuto que lhe deu finalmente a conquista do campeonato que ele ambicionava há mais de 30 anos, a única coisa que perseguia desde criança, para no capítulo seguinte falar que "perdemos para o Benfica, fomos eliminados da Taça dos Campeões Europeus, e provavelmente nos próximos 30 anos não voltamos a viver nada disto". Isto é, ele passou 30 anos deprimido a querer o auge, teve o auge e rapidamente voltou à depressão. E que se engane quem glorifica esta estranha forma de viver: é isto a vida de um adepto fanático.
E é verdade. Eu estou insatisfeito com Luís Filipe Vieira. Porque não vejo nele o Benfiquismo e o esforço direccionado para a glória desportiva que queria de um Presidente. Duvido de algumas movimentações que me parecem pouco transparentes, como a recente OPA às acções da SAD em que vejo todos a saírem beneficiados, menos o clube, numa operação que poderá custar 32 milhões de euros. Estou insatisfeito com Bruno Lage porque a equipa joga pouco futebol como ainda agora se viu contra o Vizela e porque na Liga dos Campeões insistiu numa estratégia de rotação do plantel e de aposta em jovens jogadores claramente não preparados para o nível Champions. E que ainda no recente jogo contra o Leipzig, na elevada capacidade que tenho como treinador de bancada e de jogador de "Football Manager", me pareceu revelar uma ingenuidade tremenda ao não reforçar a defesa nos minutos finais em que os alemães atacavam Vlachodimos com todos os "panzers" em campo. E sim, estou insatisfeito com os jogadores que principalmente na Liga dos Campeões têm sido de uma ausência de atitude e crença notáveis, entrando em campo já derrotados e desmoralizados na competição que mais os devia excitar.
Significa isto que quero presidente, treinador e jogadores no olho da rua? Não, não quero. Para o primeiro é necessário que apareça oposição credível e isso passado 15 anos continua a não existir (até porque muitas vezes foi absorvida). E quanto aos outros há potencial para melhorar um cenário que não é tão negro assim. O Benfica vai muito provavelmente ser eliminado das competições europeias, mas a nível nacional há qualidade suficiente para o bicampeonato. E se o alcançarmos ficaremos felizes, pois manteremos o que conquistámos nos últimos anos. Então porquê o desapontamento? É que não demos passos em frente. Não elevamos o nível. Não estamos mais próximos do pico, do auge que muitas vezes um adepto de futebol só sente uma vez na vida. Como o Nick Hornby sentiu em 1989 ou os adeptos do Flamengo sentiram no passado fim-de-semana. O tal pico para um Benfiquista é a conquista de uma taça internacional e o Benfica está cada vez mais longe disso.
Mas a vida de um adepto é esta: no próximo fim-de-semana lá estaremos no estádio. E no próximo. E no próximo...meio irritados, meio deprimidos, meio entretidos, meio expectantes, meio entusiasmados...a acreditar que um dia, num glorioso dia, viveremos o pico. O auge. O dia em que por uns breves momentos tudo faz sentido. Em que o tempo pára. Em que avistamos o paraíso. E depois? Depois provavelmente passaremos 30 anos a resmungar que o pico já passou e não volta mais..."

Antevisão SL Benfica – CS Marítimo: um jogo que é uma gota de água num oceano de jogos

"Na ressaca da eliminação da Liga dos Campeões, o SL Benfica recebe o CS Marítimo, na ressaca do despedimento de Nuno Manta Santos e da contratação de José Gomes, ex-Rio Ave FC e ex-Reading FC. Na Luz, defrontam-se duas equipas a precisar de vencer, não apenas para recuperar da ressaca, mas também para fugir dos perseguidores – os da casa – e da linha de água – os forasteiros.
No regresso da pausa para selecções, a turma de Bruno Lage mostrou duas faces e conheceu dois resultados. Na visita a Vizela, a exibição encarnada foi deplorável, mas a vitória (suada) não escapou. Em Leipzig, as águias voaram alto, mas caíram com estrondo, vendo confirmada a eliminação da liga milionária em escassos minutos. No fecho de uma semana assim, só a soma de uma vitória com uma exibição portentosa pode ter como resultado o agrado dos sócios e adeptos.
Mais premente se torna a necessidade de vencer e convencer este jogo caseiro – no regresso a casa e na estreia do novo relvado – quando colocado em perspectiva com o ciclo de jogos que o sucede. A recepção aos madeirenses não é apenas o fecho de uma semana difícil – é o início de um ciclo de muitas e árduas batalhas, em várias frentes.
Até ao final de dezembro, as águias decidem o seu futuro na Taça da Liga, na Taça de Portugal e nas competições europeias, defendendo em simultâneo o título de campeão nacional em partidas, por exemplo, frente ao Boavista FC ou ao FC Famalicão. Perder pontos em casa seria – ainda mais – inaceitável, nesta conjuntura.
Além de vencer e convencer, será preciso gerir a equipa de forma inteligente, para que esta possa enfrentar com frescura o ciclo de jogos que encerra o ano civil. A poupança maior (a la Black Friday) será, por certo, na terça-feira, na visita à Covilhã para a Taça da Liga. Todavia, depois da exigente partida na Alemanha, é provável que Bruno Lage altere algumas peças, fazendo ingressar no onze Florentino e, quiçá, Raul de Tomás.
O setubalense terá que delinear bem a estratégia, mais do que a táctica, para a recepção ao Marítimo e para os jogos seguintes. Um trabalho complexo mas importante, que, se se revelar frutífero, poderá conduzir os encarnados a um ciclo vitorioso que pode ser um dos mais importantes passos rumo a uma época positiva. No entanto, se os planos saírem gorados, o ciclo de dezembro, mais do que invernal, pode revelar-se infernal. E se o for, as consequências que disso advierem serão muitas e gravosas, para o conjunto e para as individualidades."

Desafio decisivo


"Hoje estou a escrever directamente de uma conferência em Vilnius. Treinadores, ex-jogadores, analistas, pessoas ligadas ao futebol, apresentam trabalhos e opiniões provenientes das mais diversas regiões da Europa. Para mim, é particularmente feliz regressar, 11 anos depois, a uma casa em que trabalhei. os jogadores de ontem são os treinadores e dirigentes no momento. Têm um trabalho enorme nas mãos, pois o nível de jogo necessita de ser melhorado e a qualidade da competição interna também. Mas não é sobre o plano de desenvolvimento ou de qualquer estratégia que quero hoje escrever. O que me interessa é salientar as relações humanas, que são a base de construção de qualquer equipa de futebol, de um clube ou de uma federação. Quando se esquece, e principalmente não se respeita, todos os seus elementos, estamos a inviabilizar acções presentes, mas também futuras. O mundo está mais pequeno, no sentido em que está mais próximo, mais global, mas também com desafios e conflitos diferentes! Não é comum que um nosso capitão da Selecção Nacional seja presidente da Federação, que outro tenha sido seleccionador, vários nas Direcções dos clubes, e dessa forma que se tente partir para um projecto de recuperação, de uma modalidade que não é a de maior destaque interno, mas a que já consegue ter mais praticantes. As relações humanas estabelecidas na década passada são agora fundamentais para estabelecer um clima de confiança entre todos estes elementos, que são decisivos para o sucesso da reforma que pretendem implementar. Todos eles percebem que o caminho não se pode fazer de forma isolada, contudo ainda não conseguem garantir que o façam juntos. Este é um percurso decisivo, que obriga a decisões difíceis, por vezes sem a concordância de todos, mas que só atinge um nível interessante se for inclusivo. As relações estabelecidas entre eles são agora fundamentais para que um projecto nacional seja bem sucedido. Esta geração atingiu o maior sucesso dentro do campo, agora vamos ver se o consegue fora dele."


José Couceiro, in A Bola

Cadomblé do Vata (patins...)

"Os resultados do SL Benfica na presente Liga dos Campeões estão a ter efeitos devastadores no clube. Primeiro, porque já era altura de mitigarmos as eternas saudades que temos de uma presença condigna na competição; depois porque os desaires europeus estão a deixar os Benfiquistas com os nervos tão em franja que até a excelente série de resultados internos é por eles diminuída: por fim porque com os olhos apenas postos nos 7 minutos do Caio Lucas, ninguém repara que nos preparamos aceleradamente para abandonar o hóquei em patins, o que para mim é uma facada no coração.
Na minha juventude, o hóquei em patins era a minha segunda modalidade, uns bons degraus abaixo do futebol e dois ou três acima das noites europeias do basquetebol. Melhor do que ver Dominique Wilkins soçobrar aos triplos de Lisboa e ao atleticismo de Jean Jacques, só ver a patinagem artística do cinco Fernando Almeida; Paulo Almeida, Vitor Fortunato, Luis Ferreira e Rui Lopes, bem secundados pelo gordinho Godinho, pelo esguio descabelado Ramalho e por Ricardo Pereira quando Rui Lopes deu à sola para a Coruña, que sob o controlo do Dantas pim, ia dominando o panorama nacional contra o Barcelos dos Alves e discutindo a supremacia europeia contra os catalães de Igualada. Infelizmente, como todas as modalidades do clube, excepto o pólo aquático, também o hóquei sofreu na pele a passagem do vulcão Azevedo e perdeu o domínio caseiro para um super FC Porto, malgrado termos nas nossas fileiras um Maradona sobre rodas e o mano Batistuta Velasquéz.
Após longos 13 anos a penar, o Glorioso comandado por Luis Sénica e mais tarde Pedro Nunes, voltou a conquistar o ceptro nacional e agarrou duas Ligas Europeias, para depois fazermos um Seppuku extremamente bem conseguido, quando revoltados com uma arbitragem, entregamos uma Taça de Portugal ao FC Porto por falta de comparência, numa bizarra decisão cujos benefícios estão hoje à vista: zero títulos desde o desvario e tudo como dantes no quartel de Abrantes. Aparentemente, não contentes com este momento de rara beleza desportiva e de exemplar espírito Benfiquista, estamos a preparar, com o mais revoltante beneplácito da Nação Encarnada, o fecho da secção de hóquei masculino profissional, porque a Federação e os árbitros e os adversários e os adeptos e tudo e tudo e tudo são maus para nós.
Falando-se actualmente tanto em exigência, qualquer coisa que não seja reforçar o investimento na modalidade e ganhar tudo para esfregar nos dentes de quem achamos que nos ataca, é do mais pura anti benfiquismo possível. "Eles são mauzões e eu fujo com o rabinho entre as pernas" é de coninhas. É de gente que em 1991 tinha chorado no balneário empestado das Antas, entrado no autocarro e de regresso a Lisboa feito queixinhas à mamã, enquanto na Avenida dos Aliados se festejava mais um campeonato. Não vejo outra forma de colocar a questão: é para acabar com o hóquei? O caralho é que é! O hóquei é para ser campeão este ano, ganhar a Taça de Portugal e a Liga Europeia fodasse! E festejar forte e feio! Nem que seja preciso desviar dinheiro do orçamento do futebol para reforçar a equipa. É para cima deles!"

O Brasil tenta com todas as forças manter o estado das coisas

"Nunca estive no Brasil, mas imagino que deva ser um país encantador.
Que outra justificação pode haver para D. Pedro ter abdicado do trono cá em Portugal para ficar no Brasil? De onde só saiu, aliás, o tempo estritamente necessário para dar uma tareia no irmão, que andava com a mania das grandezas, e voltou logo a correr para casa.
Por ser assim, um país tão encantador, deve ser fácil aos brasileiros tornarem-se arrogantes.
Os brasileiros que conheço são pessoas simpáticas, mas quando penso nos brasileiros enquanto povo não consigo afastar esta ideia de que são altivos e presunçosos.
Por exemplo nas piadas sobre portugueses. Ou na ideia de que não há outra cidade no mundo como o Rio. Ou até naquela certeza absoluta que eles têm de que são os melhores no futebol.
Já foram, sim, mas hoje não: hoje há gente que lhe dá uma surra em noventa minutos.
O Brasil continua a ser a pátria de um talento sem igual: todos os dias nascem verdadeiros prodígios com a bola nos pés, craques de futebol, de arte e de criatividade.
Mas a verdade é que isso não se traduz na qualidade do futebol brasileiro, do campeonato brasileiro ou da selecção brasileira. O campeonato brasileiro é fraco, aliás, tem muita luta, pouco futebol e um número escasso de oportunidades de golo.
Faz lembrar o futebol europeu de há vinte anos.
A selecção, essa, é pentacampeã mundial, mas hoje vive apenas do passado: o último título foi há quase duas décadas. Desde então, só deu verdadeiramente nas vistas quando sofreu sete golos em casa da Alemanha. Tem bons jogadores, lá está, mas não tem qualidade colectiva.
Mas que razão pode haver para este distanciamento entre a qualidade dos jogadores e a qualidade do futebol brasileiro?
Basicamente a altivez que falei logo no início desta crónica.
O futebol brasileiro ficou parado no tempo: os treinadores vivem na viragem do século e estão totalmente ultrapassados. Apesar disso, não fazem nada para mudar este estado de coisas.
Pelo contrário.
Se houve coisa que Jorge Jesus mostrou, foi precisamente isso: os treinadores brasileiros estão ultrapassados e não querem adaptar-se aos novos tempos. Continuam a jogar um futebol físico, com dois médios defensivos sem capacidade criativa, não sabem posicionar-se correctamente para a transição ofensiva e defendem as bolas paradas com marcações individuais.
Apesar disso, e em vez de olharem para Jorge Jesus como um alerta, olham para ele como uma ameaça. O que os leva a menosprezar o trabalho do português: que tinha o melhor plantel, que tinha mais dinheiro do que os outros, que foi empurrado pelos adeptos.
O que me obriga a estabelecer um paralelo entre o Brasil... e a Inglaterra.
Há coisa de vinte e cinco anos, o futebol inglês era feio, porco e mau. Os clubes já tinham dinheiro, mas os jogos eram muito físicos, muito atléticas, pouco espectaculares.
Inglaterra teve, no entanto, a humildade de perceber que estava mal – e vale a pena lembrar que é o país que inventou o futebol –, quis aprender, quis modernizar-se, quis ser melhor.
Encheu o campeonato de jogadores e treinadores estrangeiros, que trouxeram mais nível técnico, ideias mais claras, uma abordagem mais moderna.
Hoje o campeonato inglês é o melhor do mundo e até a selecção volta a fazer sonhar os adeptos. 
Inglaterra teve a humildade de reconhecer que não estava bem, que tinha de aprender com os estrangeiros, que estava obrigada a mudar. O Brasil teve em Jesus a prova de que não está bem, de que não tem conceitos que acompanhem o talento, mas recusa-se a mudar.
Pelo contrário, luta com todas as forças para manter exactamente o estado das coisas."

Jorge Jesus | Bem-aventurados os varões que joguem bonito

"O ego é algo presente em qualquer colectivo. É sempre a partir de um que existe um grupo. É no aglomerado de singular que algo plural tem existência. Uma equipa, na índole desportiva (e não só), pressupõe uma ideologia, por muito passageira que seja. Um ego comum.
Jorge Jesus é um ego absoluto. Há relatos que sempre o foi. Um individuo fiel à essência que compõe a sua mente e forma de pensar. Há quem tenha a “panca” por motores, há quem tenha o interesse por electrónica, há quem tenha a paixão por desporto, etc.
Jesus é um sujeito genuíno. Posso muito bem ser infeliz em debruçar-me sobre uma personalidade que conheço através do virtual, e não do real, mesmo sabendo que o primeiro tem a intenção de reproduzir o segundo. Porém, sempre de forma, por muitas vezes que possa ser reproduzido, parcial. 
Numa era em que a carreira de treinador assume uma popularidade e adesão imensa, o “português que redescobriu o Brasil” vem dos primórdios da profissionalização desse cargo. Vem do mais raso possível. O que o fez ser técnico deu-se ainda quando era atleta. Foram-lhe reconhecidas qualidades de liderança. Conhecimentos profundos em relação a aspectos tácticos. Um talento em potenciar colectivo.
Inserido num meio futebolístico, completamente enraizado na cultura portuguesa, quer se queira, quer não, quer se goste, ou não. Foi habituado, obrigado a transformar recursos escassos em resultados imediatos. Afinal, a vida de treinador profissional obriga resultados efectivos.
Chega ao grande palco, ao mediatismo absoluto, com a chegada ao Benfica. Em 2009, chega a um clube com recursos respeitáveis, mas cujos resultados não directamente proporcionais a tal. Pega num emblema recheado de êxitos, de glórias vividas maioritariamente a preto e branco.
Como é sabido, a sua chegada foi impactante. O sucesso foi imediato, e muito mais admirável que isso: surpreendeu. Poucos se lembravam de ver o Benfica jogar à bola como o fez com JJ. Em 2005, foi alcançado o campeonato, é certo, mas o título de 2010 foi muito mais do que resultado. Deu-se uma transição bastante clara. Foi um marco de mudança, não apenas no restabelecimento do estatuto do clube, que se perdia no tempo, ou se readquiria, de forma pontual, mas de um aumento significativo nas ambições dos encarnados, tendo em conta a hegemonia de um FC Porto sólido e extremamente bem-sucedido. Reergueu um estilo de jogo característico de outros tempos, de tempos quase esquecidos. Mas muito criticado, mesmo assim.
Ainda mais mediática, foi a sua chegada ao Sporting. Daquelas bombas de mercado que agitam até o simples simpatizante. Então em Portugal, sendo um país em que matérias do quotidiano futebolístico prevalecem sobre muitos temas de inquestionável interesse público, ainda mais.
O Sporting também não ganhava há muito. É certo que isso não mudou, mesmo com Jesus. Contudo, a sua marca no universo leonino é inegável. Mesmo batendo o recorde de pontos alcançados pelos leões em campeonatos, não foi possível sobrepor-se aos adversários. “Jogaram como nunca, perderam como sempre”. Fora rivalidades, torna-se algo factual, e muito característico do espírito sportinguista recente.
Só sai de Portugal por motivos drásticos. A sua saída de Portugal foi uma consequência. Um único ego, da mesma forma que é capaz de contribuir, construir, orientar; também pode ter o efeito contrário. E os egos não se medem por igual, cada um tem um peso específico, evidentemente.
Penso que a sua ida para a Arábia tivesse carácter temporário. Sem mercado nos três grandes, os únicos com capacidade viável de acolher o mestre da táctica, fê-lo então procurar alternativas fora de portas. Workaholic como é, parar certamente não foi sequer ponderado.
Descobriu que em tempos de globalização, sair de um sítio que nunca imaginou abandonar não é o que pensava que seria. Ir para uma cultura completamente diferente, deixar o seu círculo próximo de amigos, deixar o seu habitat, a sua zona de conforto.
Alargou a sua perspectiva em relação a muitas coisas. Compreendeu, certamente, o mundo globalizado, que talvez não representava mentalmente de uma forma ampla e mais próxima da realidade.
Sustenta, na sua forma de estar, que juventude é mentalidade. As qualidades, fundamentalmente as de relação interpessoal, foram aprimoradas. Tornou-se mais terra a terra. Fiel à sua essência, implementa no futebol da sua equipa a sua energia, o seu know how metódico, jogador a jogador. Faz conhecer a função de cada um no onze.
Chegou ao Flamengo, com óbvias intenções. Conheceu o projecto, sugeriu soluções, que foram prontamente acedidas pela direcção.
Foi notório que a sua arrogância nunca a tinha sido. Foi sim, interpretada como tal. Essa arrogância é, afinal, uma segurança muito própria do que sabe, e quem pedia as suas respostas era como se falasse uma língua diferente. Essa dita arrogância vinha ao de cima, pois as perguntas feitas, pouco ou mesmo nada se dirigiam ao núcleo desportivo. Ao que interessava verdadeiramente. E isso deixava-o possesso.
No Brasil, vimos em Jesus um homem que não apenas redescobriu uma filosofia de jogo perdida, um continente em que a retranca abolia a ginga fluída característica dos sul americanos. Redescobriu-se a si mesmo. Agora que soube contornar as ratoeiras em forma de pergunta, e evitar os confrontos que as mesmas impunham. O reconhecimento é obtido em duplo sentido. Preferiu fazer-se ignorante a ripostar verbalmente. Foi assertivo à sua bela maneira. Falou com bola, menos com boca. Mas claro que não se conteve, e desabafou em certos momentos. Mas, desta feita, em momentos oportunos. Toda a pressão que impede o resultado pretendido irá sempre existir, a “comitiva” de imprensa é o tribunal do futebol. E um treinador sempre se irá sentar ora como testemunha, ora como suspeito, indiciado, arguido ou réu. Depende do cenário. Dos números.
Toda a sua competência é finalmente reconhecida em absoluto. Hoje está bem cotado para subir à elite máxima. Chegou tarde, mas também chegou ao mais alto nível há dez anos. Mas também há mérito nos níveis mais baixos. Também se trabalha e existe pressão nesses patamares. Não tanta, mas qualquer emprego depende de um desempenho, do serviço prestado.
Por ser Jesus de nome, os brasileiros, no geral, pensaram logo em crucifixo, fora trocadilhos por associação. Num contexto, numa cultura onde o futebol também pesa muito, as pressões são constantes. A competitividade é imensa. Há muitas equipas candidatas ao título. As expectativas são altas, gerais e os despedimentos constantes.
A forma como desprezaram os méritos de Jorge Jesus foi maldosa. A maneira precipitada como avaliaram a chegada de um técnico experiente, cheio de conhecimento, cheio de vivacidade, dono de uma forma ímpar de desempenhar a sua função foi clara. Revelou-se pobre e desleal. Afinal, era um mero “portuga” … Alguém sem renome internacional. Para eles…
Perante o sucesso que ia obtendo, justificavam com a estrutura do Flamengo. Com os nomes que compunham o “time”. Com os laterais que trouxe. Com as contratações que efectuou. Foi difícil atribuir mérito. E agora, o que justifica este fim de semana passado? Libertadores, 38 anos depois; Brasileirão, dez anos após. E ainda com jornadas por disputar, já suprimiu o recorde de pontos do campeonato. Ainda restam argumentos?
Um treinador com um staff qualificado ao seu lado, a simbiose (João de) Deus e Jesus. Por muitos erros crassos que cometeu ao longo do seu trajecto, quer a nível de aposta formativa, quer a nível de discurso público, quer a nível de insistência desmedida numa dada ideia, a verdade é que tudo se tratou de um processo, que o trouxe até ao Brasil. Mais do que merecido. Deixou para trás várias frustrações decisivas. Vingou-se dos acréscimos de compensação. Desta vez os minutos finais trouxeram justiça para a sua equipa. Foi trabalho, apesar da sua idade supor decadência para os mais leigos. A idade é realmente um posto.
O português é patriota por natureza. Qualquer um se orgulha da história da pátria, que em séculos medievais, era olhada pela civilização europeia como o fim da terra, e o início do mar. Um povo que não resistia à ideia de se aventurar no desconhecido. Parafraseando o professor José Hermano Saraiva, “Os portugueses não têm raça. São uma anti raça.” São integradores e hospitaleiros, orgulham-se disso. Orgulham-se sobretudo do compatriota que eleva bem alto o nome da nação. Do compatriota que partilha dos mesmos valores e princípios. Do conterrâneo que vence assentando neles.
O oceano era tido como território nacional. O horizonte vislumbrado parecia tão perto e com fim à vista. Além da “sardinha de cada dia”, havia conquista possível além mar. E ao haver meios, evitemos rodeios.
Jesus, no século XXI, mergulhou de olhos abertos, e nadou até à terra prometida sem sequer pestanejar. Superou o adamastor em forma de xenofobia alheia sem rodeios. Com um carácter de fé, cultivou o seu olhar sobre o jogo que mais o apaixona. Já não lidou com Renato Gaúcho como fez com Rui Vitória, Tim Sherwood ou Lopetegui. Resistiu ao irresistível, e preferiu propagar a fé. Não a fé de Cristo, como era o intuito dos navegadores, mas a fé do joga bonito de Ronaldinho."

Mourinho, o Special London

"E enfim, Mourinho volta a treinar em Londres.
Surpreendente, não é? Pois, se calhar não. Aliás, não admiraria nada que lá para 2035, enquanto programamos o jantar para as oito através do telemóvel, ainda fôssemos interrompidos com uma notificação do género:
«José Mourinho é o novo treinador do Leyton Orient, da quarta divisão inglesa. Depois de passagens pelo Chelsea, Tottenham, Arsenal, West Ham, Fulham, Brentford, Dulwich e Barnet, o técnico português de 72 anos vai orientar novamente uma equipa londrina.»
Vê-se que ele gosta verdadeiramente da cidade, há ali paixão. E tal como um miúdo que perdeu a namorada que adorava, a Chelsea, ele vai continuar a namorar com todas as miúdas da rua para não perder a magia. Londres é a rua de José Mourinho, o Tottenham a sua nova Chelsea.
O Tottenham é, de resto, um enorme desafio para o treinador português.
O clube inglês tem 137 anos - quase tantos quanto a rainha – mas no plantel não existe nenhum galáctico como Ronaldo ou Pogba, pelo que Mourinho vai ter imensas dificuldades em chatear-se com alguém. Do que se irá alimentar a imprensa? Pior, do que se irá alimentar Mourinho? Não vai ser fácil.
Obviamente e por se tratar de um português, desejo-lhe toda a sorte do mundo. Os ingleses podem ter inventado o futebol, mas o Zé reinventou como se ele joga. No que depender dele, os monárquicos bigodes ingleses irão amochar frente à farfalhuda bigodaça tuga.
O início está a correr bem. Vitória sobre o West Ham e reviravolta na Champions frente ao Olympiakos. No final dos jogos Mourinho disse estar feliz e elogiou as equipas adversárias - o que me deixou bastante desapontado. Onde está o mister que espuma da boca? Não esperava uma desfeita destas. Espero que sejam apenas mind games.
Um desafio interessante para Mourinho é saber se conseguirá ficar muito tempo num clube mitra como o Tottenham: um clube que gasta menos de 500 milhões de euros em reforços não pode ter outro nome.Eu seria incapaz, pois detesto gentalha com vistas pequenas e bolsos fechados. Todos sabem que um jogador que custe menos de 100 milhões não é bem um jogador, é um boneco de matraquilhos, e já gasto. Onde ele se foi meter, coitado.
Mas o maior de todos os desafios será a carreira do Tottenham na Champions. Na época passada o clube chegou à final, com um golo a 10 segundos do término da meia-final.
Mourinho, sendo o Special One e querendo sempre superar os outros, vai tentar vencer a Champions, com um golo a um segundo do fim, marcado pelo guarda-redes, num pontapé de baliza, com o seu pior pé. E no fim vai dizer que foi assim porque ele quis. «As finais não são para jogar, são para ganhar, quando e como eu quiser.» E provavelmente será verdade.
Estamos contigo, Zé!

PS 1: Jesus é Deus no Brasil. Mas para ele isso é peanners.

PS 2: Fernando Santos foi eleito o melhor seleccionador do mundo. Por momentos achei que o vi a sorrir, mas não, era só aquele trejeito que ele faz com a boca."

Do pouco provável à preparação

"Começando pela chegada do novo treinador, Rui Fernandes, e desde o 9.º lugar conquistado no Campeonato do Mundo de 2018 realizado em Montemor-o-Velho que a presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 começou a ser uma grande possibilidade.
Após a chegada do técnico nacional Rui Fernandes e da introdução da sua metodologia de treino, observei um K4 com um desenvolvimento que, para além de rápido, demonstrou ser constante. A vontade e crer do treinador, aliada à nossa vontade, fez com que a época desportiva 2018/2019 fosse um sucesso, a nível do desempenho do grupo, comparativamente à época anterior (2017), na qual ficámos muito aquém no Campeonato do Mundo, não obtendo melhor do que a 17.ª posição, lugar que nos deixava afastados do apuramento olímpico caso fosse esse o ano da qualificação.
O aparecimento de óptimas exibições nas Taças do Mundo, com um 3.º lugar na primeira e um 6.º lugar na segunda, bem como um 4.º lugar nos Jogos Europeus, fez com que todos nós (treinador mais elementos do K4) estivéssemos seguros das nossas capacidades e que o apuramento olímpico fosse uma possibilidade cada vez mais provável.
Tal segurança no trabalho realizado, o espírito de grupo e o querer fizeram com que acabássemos a final do Mundial em 6.º lugar, obtendo a tão desejada vaga olímpica e ficando a meros 0,16 centésimos de segundo de conseguir um lugar no pódio.
Desta forma, sendo eu um estreante na maior e mais importante competição multidesportiva do mundo que vai decorrer na capital nipónica, Tóquio, vejo-me na obrigação de levar a minha preparação com um maior cuidado e uma atenção especial.
Uma vez que os Jogos Olímpicos são o apogeu de qualquer atleta, tendo esta prova a importância que tem, e sendo a experiência uma grande vantagem, busco procurar nos meus colegas de K4, Emanuel Silva e João Ribeiro, em especial no Emanuel Silva (uma vez que este irá participar nos seus quintos Jogos Olímpicos) todas as suas vivências e experiências que possam contribuir para a minha preparação. Ao nível que os atletas se encontram, acredito que serão os detalhes a fazer a diferença em Tóquio.
Para além de toda a ajuda que os meus colegas me podem oferecer, procuro a nível físico estar no meu ápice, sendo que para tal não basta seguir o plano de treino com rigidez. Há que ter um rigor alimentar aliado ao plano de treino. Tendo sempre em atenção aquilo que devo ou não ingerir, as suas quantidades e em que alturas é que posso ou não ingerir certos alimentos, pois há que ter a “máquina” bem oleada daqui a 35 semanas.
Já ao nível do foro psicológico é na família e nos amigos que obtenho todo o apoio e toda a força que necessito para enfrentar os obstáculos que vão aparecendo dia-a-dia, sendo eles um apoio fundamental na minha preparação.
Espero desta forma conseguir atingir aquilo que desejo. Uma performance irrepreensível que me orgulhe tanto a mim como aos portugueses."

Festas das Casas

"Será já amanhã, com o Marítimo às 18 horas, que a nossa equipa voltará a actuar no Estádio da Luz, 28 dias depois dos três pontos conquistados ante o Rio Ave, por 2-0.
Entretanto foram disputados quatro jogos fora de portas, com destaque para a vitória no campo do Santa Clara – a 14.ª consecutiva em deslocações a contar para o Campeonato Nacional, sendo o terceiro melhor registo de sempre do Benfica. Na passada quarta-feira foi a vez de Leipzig, onde, apesar do triunfo nos ter fugido nos últimos minutos, ficou bem demonstrada a qualidade da nossa equipa.
O jogo com o Marítimo será especial por ser dedicado às Casas do Benfica, no âmbito de uma homenagem anual, que já se tornou tradição, a quem se empenha diariamente no crescimento do Clube e na implantação do benfiquismo aquém e além-fronteiras.
Para esta partida, foram vendidos, até ontem ao final da tarde, 6264 bilhetes nas Casas do Benfica. Serão 2640, em 48 autocarros, os benfiquistas que chegarão ao Estádio através de transportes das Casas, das quais 132 estarão representadas no desfile que será feito no relvado durante o intervalo da partida.
Mas o dia será também de trabalho para as Casas do Benfica, o qual terá início às 14 horas com a recepção no auditório do Museu Benfica – Cosme Damião e uma reunião de trabalho, cuja duração prevista será de duas horas, com a presença do Presidente Luís Filipe Vieira e do vice-presidente Domingos Almeida Lima, na qual serão atribuídos prémios de performance e mérito às Casas relativos a 2018/19.
Uma nota ainda para a particularidade de o jogo com o Marítimo ser o 50.º de Bruno Lage à frente da equipa A do Benfica e, caso o nosso treinador opte pela utilização de Pizzi, este completar 250 jogos de águia ao peito em competições oficiais.
São muitas e boas as razões para vir ao Estádio da Luz, e recordamos aos detentores de Red Pass que, caso não possam marcar presença no Estádio, podem partilhar o seu lugar. O Estádio cheio e o apoio vibrante e incessante do início ao fim da partida serão certamente fundamentais para que a nossa equipa consiga ultrapassar mais um obstáculo na longa caminhada que se deseja rumo ao 38. #PeloBenfica

P.S.: A Federação de Patinagem de Portugal notificou a meio da semana a interdição do Pavilhão da Luz por dois jogos de forma a impedir qualquer recurso que fosse a tempo por parte do Sport Lisboa e Benfica. O sentido persecutório vem em linha com tudo o que se tem passado nestes últimos anos nesta modalidade. Convidamos todos a assistir às imagens de diversos lances – por exemplo dos dois últimos jogos – da nossa equipa de hóquei em patins para verificar as decisões incompreensíveis e escandalosas de arbitragem que envergonham qualquer um. Campeonatos falseados, total dualidade de critérios em arbitragens sucessivas leva a que a cada dia que passa ninguém leve a sério uma competição viciada na sua verdade desportiva e com uma Federação que faz gáudio da sua provocação ao SLB e reconhecida subserviência a outros."

Um plano quase perfeito

"A estratégia foi muito bem interpretada e os golos alemães surgiram em decisões individuais

Muito inteligente
1. O Benfica, na minha opinião, foi perfeito na forma como conseguiu anular e condicionar os alemães, com toda a equipa muito comprometida, jogando com um bloco mais baixo e de trás para a frente, com Vinícius sempre como primeira referência em termos ofensivos. Um jogo muito inteligente, com o onze de Bruno Lage a demonstrar sempre preocuparão em estar equilibrado, até ao período em que surge o penálti e depois o segundo golo do Leipzig, que acaba por ser algo ingrato para aquilo que o Benfica fez, malgrado, num determinado período da segunda parte ter defendido com muitos jogadores na zona da entrada da área. Mas, no computo geral, o Benfica esteve muito bem na forma como abordou o jogo, com os jogadores a interpretarem quase na perfeição o plano elaborado por Bruno Lage para esta partida.

Primeiro bloco de cinco
2. O Leipzig apresentou-se no seu habitual esquema de 3x5x2, com o qual o Benfica não está muito habituado a lidar, uma vez que, em termos nacionais, são poucas as equipas que jogam neste sistema táctico. Porém, a estratégia de Bruno Lage de colocar uma primeira linha de bloco com cinco jogadores - Cervi, Chiquinho, Gabriel, Taarabt e Pizzi - conseguiu cortar as acções do Leipzig. A estratégia foi muito bem interpretada e os golos alemães acabam por surgir em tomadas de decisão individuais, com Rúben Dias a estar os dois lances - primeiro no penálti, num deslize que decorre de movimentos de arrastamento por parte dos avançados contrários, e depois pela falta de cobertura da zona onde normalmente entra um médio após cruzamento.

Lage e as substituições
3. Os alemães, por norma, são muito intensos, mas sentiram muitas dificuldades em desmontar o Benfica. Agora, depois do jogo ter terminado com este resultado (2-2), é fácil dizer que Bruno Lage poderia ter mexido na equipa mais cedo e ter colocado em campo, por exemplo, Florentino no meio-campo, mas nenhum treinador vai fazer substituições no pressuposto de que pode sofrer dois golos nos últimos minutos.

Destaques individuais
4. Em termos de destaques individuais palavras para Vlachodimos, Pizzi e Carlos Vinícius. O guarda-redes fez diversas intervenções de qualidade a negar golos alemães, enquanto o internacional português, além do golo, esteve sempre esclarecido e saiu com critério para o ataque. Quanto ao brasileiro, teve trabalho específico para ser ele a referência de saída para o ataque e ainda anotou um golo. Em suma, um plano que se não foi perfeito porque o jogo terminou, injustamente, empatado."

Domingos Paciência, in A Bola