"Para o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002), existiam quatro capitais:
· O capital económico: factores de produção (terra, fábrica, trabalho) e bens económicos possuídos (rendimentos, património, bens materiais).
· O capital cultural: possessão de competências culturais (facilidade de linguagem, por exemplo), de bens culturais (quadros, obras, objectos de arte) ou ainda títulos escolares e outros diplomas institucionais.
· O capital social: conjunto de relações sociais que dispõe o indivíduo ou grupo. Esta rede deve ser mantida por intermédio de um trabalho de sociabilidade (lazeres comuns, saídas múltiplas…).
· O capital simbólico: conjunto de rituais construídos segundo o reconhecimento e prestígio. Para muitas sociedades, o nome de família, sobretudo os nomes nobres, são uma forma de capital simbólico, um capital de reconhecimento que tem a sua lógica de acumulação, de conservação, de transmissão e também de conversão em outras formas de capital.
Com base nos seus estudos, foi feito um diagrama (representação gráfica), designado “espaço das disposições sociais e dos estilos de vida”, procurando representar a distribuição dos agentes sociais segundo o volume global (+ e -) e os capitais cultural e económico (+ e -), que eles detêm. Desta forma, os detentores de um forte volume de capital global, como os patrões, os membros de profissões liberais e os professores das universidades, opõem-se globalmente aos mais desfavorecidos de capital económico e de capital cultural, como os operários sem qualificações, por exemplo. Globalmente, a cada categoria de posições corresponde uma classe de habitus (ou de gostos).
Os habitus, na perspectiva de Bourdieu, são geradores de práticas distintas e distintivas: o que se come e a forma de se comer, o desporto que se pratica e a forma de se praticar, as opiniões políticas e as formas de as exprimir, etc. O estudo dos “gostos” por Bourdieu é retomado por outros investigadores, em particular Christian Pociello, procurando estudar as práticas desportivas e a distribuição das classes sociais. Assim, as classes sociais dominantes preferem as práticas corporais aliadas à graça, estética, controle, ausência de contacto viril, desportos motorizados ou onerosos. As classes sociais populares preferem as actividades físicas e desportivas aliadas à força e viril, contacto corporal, espírito de sacrifício, exaltação da competição, o mérito, a produtividade e profissionalismo. Várias críticas podem ser feitas a este modelo interpretativo da realidade. Uma delas é que não explica como se diferenciam homens e mulheres relativamente às práticas desportivas e ao seu envolvimento."
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!