"Com o futebol a correr-lhe nas veias, o avançado só teve permissão para jogar futebol aos 18 anos
José Torres tinha o sonho de se tornar jogador de futebol, sentia 'pular em seu sangue o vírus de tão maravilhosa «doença»'. O pai, Francisco Torres, 'foi nos anos 30 um defesa valente do Carcavelinhos', e o tio, Carlos Torres, avançado do Benfica durante cinco épocas (1932/33 - 1936/37).
As intenções de Torres seriam defraudadas pelo seu pai. Francisco não permitia que o filho jogasse futebol, devido às consequências que lhe tinha trazido, 'partira as duas pernas e não falava com o seu irmão Carlos, justamente por causa da bola'. A resposta persistiu durante muito tempo. Francisco, habituado a travar duras batalhas com os avançados dentro de campo, conseguiu, de forma eficaz, dissuadir o aspirante a avançado. Contudo, Torres não desistia facilmente e a insistência viria a ter resultados. Aos 18 anos, o seu pai acabou por ceder, afirmando contrariado: 'perdi uma das maiores batalhas da minha vida... seja o que o destino quiser'.
Nas três épocas ao serviço do Desporto de Torres Novas, o avançado foi destaque nos juniores e, depois, na equipa principal. A sua qualidade fez com que Carlos acompanhasse mais de perto o percurso do sobrinho e o elogiasse a Silvério Gouveia, dirigente do Benfica. Após algumas observações, tornou-se jogador dos 'encarnados' a partir da temporada 1959/60.
Começou por disputar o Campeonato Distrital de Reservas. Na 2.ª jornada, apontou 10 golos e, na 4.ª jornada, marcou seis, motivos suficientes para merecer uma oportunidade na equipa de honra! Na sua estreia, o Benfica pressionava o Sporting da Covilhã, mas os 'leões da serra' mantinham a vantagem de 1-0, muito às custas da enorme exibição do guarda-redes. Perante o desespero de Torres, um defesa covilhanense espicaçou-o dizendo: 'tem paciência (...) no dia da minha estreia também perdi'. Todavia, o 'bom gigante' não era de se resignar. No segundo tempo, viria a empatar a partida e pouco depois Coluna garantiria o triunfo dos 'encarnados'. Esse mesmo defesa acabaria por desabafar com o avançado: 'pronto,«pá»! Lá me «roubaste» as minhas queridas coroas', fazendo referência ao prémio pela vitória. Foi o primeiro de 284 golos que marcaria ao serviço da equipa principal do Benfica em 347 jogos.
José Torres jogou de 'águia ao peito' durante 12 épocas e conquistou 16 títulos. Saiba mais sobre o trajecto deste esplêndido jogador na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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