"Com o encerramento da janela de transferências conclui-se também o debate sobre o reforço das equipas. Muito se tem comentado sobre a estabilidade do grupo, a sua composição, o reforço da equipa, mas pouco entendimento tem havido sobre o que significa reforçar o onze. Contratar jogadores não significa por si só melhorar a equipa. Aliás, é o que acontece em muitos casos. Contratam-se jogadores mas não se resolvem problemas. Por vezes, agudizam-se os relacionamentos. Todos os treinadores querem os melhores jogadores, ninguém prescinde dos mais capazes. Pelo contrário, ninguém quer jogadores que são apresentados como reforços mas têm poucas possibilidades de integrar o melhor onze. Esses trazem problemas acrescidos a qualquer treinador, mais vale abdicar deles. Os treinadores nesta fase querem quem seja mais-valia, ou então a tapar buracos mal resolvidos no defeso. É um pouco por isto que o período entre épocas é visto como o mais importante na composição do plantel.
Num nível completamente diferente, temos o regresso às aulas, e dessa forma inicia-se também a nova época desportiva para milhares de crianças. Um processo que levará alguns a serem reforços no futuro. Mas para serem efectivos reforços têm que gostar e aprender a jogar. Sem pressão, da família ou do clube. Temos hoje um problema na relação pais/treinadores que merece a maior atenção. Por muito que queiram ajudar os filhos, não podem os progenitores ultrapassar a acção dos treinadores/professores. Indicações vindas do exterior colocam a criança em situações difícil. O que fazer quando elas não são semelhantes? Família a escola são pilares fundamentais no desenvolvimento, devendo ser complementares. Deixar as crianças jogar, como nós o faziam no jogo na rua. É decisivo para o seu crescimento. Vamos a isso... deixem jogar!"
José Couceiro, in A Bola
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